Luiz Henrique Werneck me fez esta pergunta:
"Dettmann, você sabe me dizer qual é a diferença entre a monarquia fundada em Ourique e a monarquia de 1822?"
1) A resposta está no modelo de monarquia. Enquanto a primeira foi fundada de modo a servir a Cristo em terras distantes, a segunda foi fundada no amor de si sistemático até o desprezo de Deus e do Crucificado de Ourique, de tal maneira que o Brasil fosse tomado como se fosse religião em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, o que caracterizaria apatria sistemática.
2.1) A primeira monarquia faz o país ser tomado como um lar em Cristo.
2.2) Se o vassalo imita o Rei dos Reis, o povo vê no vassalo a figura de Cristo e o aclama, de tal maneira que povo e rei se tornam cúmplices nesta missão civilizacional que foi confiada a Portugal, em que o interesse nacional é servir ao universal, ao que é conforme o Todo que vem de Deus - a razão de ser da verdadeira soberania.
2.3.1) Servir a Cristo em terras distantes faz edificar um Império de cultura de tal maneira que o Espírito Santo guie o país naquilo que foi fundado em Ourique, criando um novo tipo de era em este exemplo é distribuído ao mundo inteiro, fazendo com que os países sejam tomados como um lar em Cristo se cooperarem nesta missão que foi confiada a Portugal.
2.3.2) Portugal teve navegadores dinamarqueses a seu serviço e pilotos árabes. Por essa razão, a missão foi distribuída a esses povos também, se bem servirem a Portugal, que serve a Deus.
3) O Brasil teve seu império rompendo com esta nobre tradição, alegando que foi colônia de Portugal. Foi um império criado na mentira. É um império de domínio - por isso mesmo, centralista. A figura do paternalismo é a marca do centralismo - e os republicanos mantiveram essa característica.
4.1) A monarquia portuguesa era uma monarquia republicana. O vassalo de Cristo era o príncipe - o primeiro cidadão da nação tomada como um lar em Cristo, escolhido diretamente pelo próprio Cristo, uma vez que Ele também queria um Império para Si.
4.2) E na qualidade de primeiro cidadão, o Rei de Portugal tinha que ser exemplo a todos os que estavam sujeitos à sua proteção e autoridade.
4.3) Como povo e rei eram cúmplices nesse projeto, então eram os reis, os sucessores de D. Afonso Henriques ao longo das gerações, eram primos inter pares, dado que o povo tinha nobreza e podia fazer parte da aristocracia se fosse chamado a servir à Coroa. Por isso, o Rei era senhor dos senhores e servo dos servos em Cristo, ao passo que a monarquia brasileira, por força de sua fundação feita à base de traição, não tinha nada disso.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 5 de novembro de 2017.
Notas de pós-escrito: esta postagem foi baseada em vários vídeos do professor Loryel Rocha. Recomendo ao leitor que veja os vídeos dele no youtube para mais detalhes.