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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Alguns cuidados a serem tomados ao escrever - estudo de um exame de caso

1) Nenhum sistema de escrita é completo o suficiente, a ponto reproduzir perfeitamente aquilo que vemos e percebemos de maneira não-verbal.

2) No mundo offline, o que você disser tem um peso - no mundo online, onde a escrita prevalece, o que você falar tem outro peso e está sujeito a diferentes tipos de interpretação, algumas em conformidade com o Todo que vem de Deus e outras fundadas no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

3.1) Digamos que a pessoa numa conversa offline diga que o fato de o Padre Jacques Hamel ter cedido um terreno para a construção de uma mesquita, 16 anos de seu martírio, parte desta máxima: quem cria cobras, cedo ou tarde, termina sendo envenenado.

3.2.1) Isso dá a impressão de que o padre foi mal-intencionado, ao adotar a política de dialogar com gente que está disposta a praticar violência contra aqueles que vivem a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, e da vida pacífica fundada nisso decorre o bem comum, coisa que está atualmente em perigo - como se preferiu dialogar a se adotar uma postura de legítima defesa da fé, isso denota um agir pusilânime, coisa que se funda no conservantismo e que leva ao inferno.

3.2.2) Ora, se tomarmos os fatos como se fossem coisa, isso não observa as regras do catecismo, que manda que o bem comum seja protegido e que os agressores sejam impossibilitados de fazer o mal. Como não opor-se ao erro é aprová-lo, então isso acaba relativizando o martírio dele, a ponto de este ser acusado de montanista, de forjar o seu próprio martírio, que será voltado para o nada.

3.3) Por outro lado, há esta interpretação: o padre acolheu os islâmicos com coração puro: deu um terreno para construírem sua mesquita, fez tudo o que a Igreja tem mandado fazer, tomando por base o princípio da unidade transcendental das religiões, tal como se pratica desde cúpula, desde o advento dos papas pós-conciliares: dialogar com eles de modo a que fossem convertidos ao catolicismo. A resposta à bondade do padre foi a ingratidão e o martírio. Como estava celebrando missa, era como se Jesus tivesse sido decapitado por essa gente. Mais do que uma agressão ao padre, houve uma agressão à fé católica e aos sacramentos. E este é o verdadeiro fundamento do martírio do Padre. E com base neste fundamento que me revoltei com aquilo que foi exposto no ponto 3.1, justamente porque isto não estava devidamente fundamentado, além de passar uma má intenção do agente escrevente. Eu não tenho como julgar as intenções do padre, se foram boas ou ruins - como parto do pressuposto de que um padre ama a Deus de todo coração, a ponto de dar sua vida pelas ovelhas, então a tendência é tomar o padre como uma alma pura, vítima dessa gente demoníaca, esses maometanos.

4) No mundo da escrita, você não pode usar marcas ou expressões próprias da linguagem oral - este é um erro muito comum de quem usa a rede social, pois muitos tendem a escrever a primeira coisa que vêm à cabeça, como se estivessem falando. Na escrita, tudo deve ser fundamentado e explicado de modo a que não haja múltiplas interpretações, como de fato acabou acontecendo. Como não conheço o caráter de quem escreve, dado que a rede social é um ambiente impessoal, então não há como julgar se eu fui ou não injusto com a pessoa, pois estava amparado no benefício da dúvida, por conta de não fundamentarem bem a mensagem que se queria passar. Um texto mal fundamentado pode denunciar uma intenção maliciosa do agente escrevente. E na rede social não há como fazer ouvidos moucos - o que é produzido entre os ouvidos pode assustar, o que denuncia um péssimo caráter, mesmo que este esteja mascarado de polidez e postura requintada, refinada.

5) Estou dizendo essas coisas porque sou escritor e já escrevi quase 2400 artigos, ao longo de minha carreira. Eu sempre digo que a fala é o ato mais irracional que pratico - nela, posso falar tolices e bobagens, pois as palavras vão ao vento e são esquecidas. Com a escrita, eu não posso fazer isso - eu estou diante de um ouvinte onisciente. Aquilo que falar de ruim pode e será usado contra mim - e na minha timeline há gente atenta a tudo o que digo. Por isso que exerço este ofício com extrema responsabilidade - se todos agissem da forma como eu faço todos os dias, a rede social seria um microcosmos do que era a universidade na Idade Média. Mas não é isso que ocorre: isto aqui é um campo de batalha, uma trincheira usada na guerra cultural. Foi a única liberdade que me sobrou e uso esta prerrogativa sabiamente.

Um regime virtuoso pede homens virtuosos

1) Sabe o que vai travar a restauração da aliança do altar com o trono, edificada desde Ourique? Os radtrads - eles não são tão caricatos quanto a esquerda que se diz de direita e que anda de uniforme camuflado, tal como ocorre com os militares.

2) São verdadeiros bárbaros que andam de banho tomado; são comportados, refinados, a ponto de agirem como verdadeiros anjos de candura; têm predisposição para a vida intelectual, mas só conservam o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de criar uma nova sola protestante: a sola traditio, como se Deus tivesse morrido no Concílio Vaticano II. E detalhe: muitos deles são pró-monarquia.

3) A presença dessa gente nefasta é um obstáculo à restauração monárquica. Nenhum sistema político funciona sem gente virtuosa. Antes de a monarquia ser restaurada, precisamos de um novo tipo de homem - não este, feito de papelão e cujo coração é feito de pedra, mas aquele que vive a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, capaz de ver a Cristo Crucificado de Ourique tal como vê os elefantes de Aníbal, a ponto de ir servir a Cristo em terras distantes, mesmo que isso custe a vida.

4) Se a cultura do fingimento existia nos tempos de Machado de Assis, então ela preparou o caminho para a República. Então mudemos este tipo de homem, pois isso é um pré-requisito à mudança de regime.

Das causas de pedir remota e próxima, fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus

1) A reação ao mal pede que você tome medidas imediatas, práticas - eis a causa de pedir próxima.

2) O ódio ao mal se funda em algo mais remoto: o amor à verdade, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. Eis a causa de pedir remota - ela pede que se guarde os mandamentos de Deus e que nos amemos uns aos outros, tal como o Deus feito Homem nos amou. E a maneira mais eficaz de amar é combater o mal negando tudo aquilo que nega a Cristo Jesus, coisa que se funda no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade - e isso é fora da dor de Cristo, o que relativiza a santidade de todas as coisas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 28 de julho de 2016 (data da postagem original).

Notas sobre a atual política espiritual do Vaticano, nas atuais circunstâncias

1) Posso estar enganado, mas acho que o Olavo falou que todos os papas desde o Concílio Vaticano II adotaram teses perenialistas, fundadas no fato de que há uma unidade transcendental das religiões e que todas levam à paz - muitos estão a falar mal de São João Paulo II e do Papa Francisco porque não estudaram o pensamento dos defensores da filosofia. Por conta dessa visão perenialista, adotaram a estratégia do ecumenismo: a necessidade de todas as grandes religiões dialogarem entre si de modo a que todas se unam à fé verdadeira, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. E esse ecumenismo é muito diferente do ecumenismo libertário, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus em que todos dividem o mesmo recinto religioso, pregam a verdade que quiserem e todos ficam satisfeitos.

2) Talvez o grande erro seja tomar o islamismo como se fosse uma religião - aquilo ali, como já foi dito, é um sofisticado sistema de dominação política e espiritual que usa métodos violentos a ponto de exterminar a religião verdadeira. Dizer que o islamismo é uma religião da paz é um erro grosseiro de conceito - o Alcorão prega violência e seu "profeta" era um crápula da pior espécie.

3) Na monarquia se um Rei é mal aconselhado, mal assessorado, o Rei não é culpado, posto que o seu trabalho é reger a nação de modo a que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo - já que se trata de compromisso de meio, não de resultado. Na cátedra de São Pedro ocorre a mesma coisa: estão assessorando o Papa muito mal desde a Cúria Romana. Da mesma forma que o Rei, prevalece este princípio: the pope can do no wrong. O trabalho do Papa, como vigário de Cristo, é cuidar do rebanho. A maior prova é que já houve papas ruins e mesmo assim o mal não prevaleceu sobre a Igreja, pois Cristo não vacilou - afinal, Ele é o verdadeiro Poder Moderador.

4) Enfim, o problema não está no Papado, mas na própria desobediência, fundada no fato de conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade. Este é, pois, o verdadeiro problema.

Do montanismo como heresia que preparou o caminho para o catarismo e para o neomontanismo

1) Tempos atrás, escutei que o montanismo se aproveitava da crucificação dos Cristãos como uma máscara para se edificar uma heresia gnóstica: que a crucificação deve ser usada como uma forma de nos libertarmos de nosso corpo, uma vez que a vida é sofrimento e que não merece ser vivida.

2) Os montanistas anteciparam por séculos o catarismo. Eles relativizavam o martírio dos cristãos, a ponto de instaurar um verdadeiro caos, uma verdadeira confusão, a ponto de matar a fé verdadeira.

3) Quem afirma que o padre Hamel estava criando cobra está relativizando o martírio desse santo, acusando-o de montanista. Quando na verdade o montanista de nossos tempos é aquele que prega mentiras e difamações e fica a criar intriga na rede social, a ponto de destruir a fé verdadeira, que continua viva, por conta da hermenêutica da continuidade, defendida por todos papas pós-conciliares.

Notas sobre o barbarismo de banho tomado

1) Tal como o Olavo fala, o conservantismo faz da polidez uma camisa-de-força, a ponto de edificar o politicamente correto.

2) É possível perfeitamente ser bárbaro usando terno e gravata, freqüentando missa tridentina diária e usar jargões intelectuais escritos no francês e no inglês. O segredo desse barbarismo de banho tomado e bem comportado é o fato de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de dizerem que a Santa Igreja de Deus morreu no Concílio Vaticano II. É como afirmar, de maneira camuflada, que Deus está morto, tal como os niilistas dizem.

3) Além da esquerda que se diz de direita e que adota farda, há ainda essa esquerda que se direita se esconde na Santa Igreja Católica e na Causa Monárquica. Tal como falei, o conservantismo não é fácil de ser diagnosticado, mas uma vez feito isso, combatê-lo se torna muito mais fácil: basta expô-los ao rídículo. Assim, eles nunca chegarão ao poder e cometer as mesmas atrocidades que os petistas costumam praticar.

4) Além da condenação ao Concílio Vaticano II, eles defendem a monarquia valendo-se de coisas foras de Ourique. Muitos deles, por não conhecerem a História de Ourique, estão presos ao quinhentismo - e raciocinam a História do Brasil nos mesmos parâmetros que os republicanos raciocinam.

5) É por essas e outras razões que a restauração da monarquia só vai começar a partir do momento em que a cultura de fingimento neste país começar a acabar. Precisamos de homens de carne e osso, que vivam a vida na conformidade com o Todo que vem de Deus. Essa polidez, esse barbarismo de banho tomado precisa acabar e já.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 28 de julho de 2016 (data da postagem original).

Sobre o neomontanismo dos conservantistas

1) O que querem os conservantistas, ao dizerem que Padre Hamel criava cobra, ao ceder um terreno aos islâmicos de modo a construírem sua mesquita 16 anos antes do martírio? Relativizar o martírio do padre, que morreu enquanto celebrava missa, enquanto estava in persona chirsti?

2) Quando denunciei essa canalhice no meu mural vieram postagens inbox justificando o injustificável e gente me acusando de louco e de que preciso de um psicólogo.

3) É como falei: essa gente não suporta 5 linhas de argumento racional, muito menos uma produção intelectual de quase 2400 artigos feitos neste mural, entre os anos de 2009 a 2016. Se há uma coisa que não sou é louco - sei muito bem o que é o certo e o que é errado. E não sou imbecil a ponto de falar a primeira asneira que me vem à cabeça, fundada no fato de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

4) Escrever é liberdade, que é prerrogativa de servir à verdade, coisa que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus. Assim como a palavra da boca de um padre não deve ser servida vazia na homilia, os meus dedos, ao digitar as teclas do teclado do computador, não devem servir palavras vazias. Já me acusaram de louco, de radical anacrônico e que meu lugar é o Vaticano, quando disse que poucos são os brasileiros de verdade porque poucos são os crismados, reproduzindo o que minha catequista falou, com as minhas próprias palavras. Disseram ainda que tinha de fazer exame de consciência. Ora, eu faço exame de consciência antes e depois de escrever, submeto meus textos aos párocos de minha paróquia e ainda me chamam de louco?

5) No fundo, o que vocês querem mesmo é que um muçulmano corte a cabeça de vocês todos, da mesma forma como os montanistas se ofereciam à crucificação de modo a relativizar o martírio, fundado na defesa da verdadeira fé. Acho que estamos vivendo um revival desta época tenebrosa.