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quinta-feira, 26 de maio de 2016

Notas sobre o estado da questão a respeito do liberalismo - da Condenação de São Pio X até os dias atuais

1) Quando São Pio X condenou o liberalismo, ele condenou um tipo de liberalismo, que é aquele praticado pelos modernistas - e isso foi apontado por Erik von Kuehnelt-Leddihn em seu artigo sobre os quatro liberalismos.

2) Esse liberalismo remonta à tradição greco-latina que é anterior ao cristianismo. É um liberalismo humanista, próprio de quem colecionava textos da época, tal como se coleciona moeda, hoje em dia - como documento virou monumento, então o documento acabou virando crença de livro, o que influenciou decisivamente o movimento protestante e a heresia neopagã. Enfim, como tudo que é próprio da moda, edificou mentalidade revolucionária.

3) A História como ciência ficou presa na tese de que documentos são monumentos. Se os movimentos nos apontam para algo fora da conformidade com o Todo que vem de Deus, são ídolos; se eles nos apontam para a verdade, são ícones, pois nos apontam para a verdade, para a conformidade com o Todo que vem de Deus.

4) Os ídolos não resistem à readequação das formas, de modo a servir àquilo que é conforme o Todo que vem de Deus, uma vez que esta está ancorada numa sólida tradição oral que é mais ampla do que as limitações próprias da linguagem escrita, documentalizada. Se isso acontece com a escrita, isso também acontece com a linguagem. 

5) Quando tratei de estudar a linguagem, eu percebi que o termos "liberalismo"  e "conservadorismo" foram corrompidos, pois foram usados de modo a abarcar idéias fora daquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. E isso foi usado intencionalmente, com o intuito de relativizar a verdade. Isso criou uma língua bifurcada - e só uma mente acostumada a dominar as mais diferentes nuances da linguagem é que poderá perceber a verdade, separando-a do erro. E só uma mente acostumada a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus e que tem empatia para com essa mesma verdade é quem poderá perceber essa sutil diferença.

6) Claude Lévi-Strauss pensava em termos dialéticos, pois a dialética se faz a partir de antônimos. Do cru, temos o cozido - e várias coisas vão acontecendo de modo a passar de um estado para o outro. Na Idade Média, para a ira pecaminosa se transformar em ira santa, era preciso uma transformação alquímica - e isso se dava no ferro, que era forjado constantemente até ficar na forma desejada. E isso é uma forma de conservar a dor em Cristo, pois a guerra total era convertida em guerra estratégica, feita para se matar o que era mau e poupar e a vida e as propriedades dos cidadãos civis, que não tinham nenhuma relação com a história.

7) Com isso, a noção de coisa do inimigo como sendo coisa nula foi se perdendo, pois isso está fora da boa razão - e o novo território passava a ser integrado à nova sociedade através de pretores peregrinos, de modo a que os costumes locais inspirassem aos costumes da nova terra de modo a que chegassem num denominador comum, até o momento em que o país como um todo acabaria fosse tomado como se fosse um só lar em Cristo. Exemplo disso foi a Guiana Francesa sob o tempo da ocupação portuguesa.

8) Para se perceber a heresia liberal condenada por São Pio X de maneira mais evidente, eu tive que criar um antônimo. O que é herético é libertário, pois busca liberdade fora da liberdade em Cristo - e isso é libertarismo; e o que se conserva o que é conveniente e dissociado da verdade é conservantismo. Como o libertarismo é alimentado por conservantismo - a ponto de produzir novos conservantismos, num processo de descapitalização moral -, trata-se de uma ordem libertário-conservantista, pois edifica um espectro de ordem, de ordem falsa tomada como se fosse verdadeira, que na verdade leva à desordem. Com isso, o liberalismo, dentro daquilo que era pensado antes da corrupção da linguagem, passou a ter o seu significado restaurado.

9) Quem me faz uma impugnação hostil está preso num positivismo histórico e num positivismo da linguagem. Ao fazer tábula rasa, dizendo que estou a confundir, acaba se reduzindo a um idiota útil, pois acaba não percebendo que a revolução cultural é inerente á mentalidade revolucionária e é anterior ao próprio Gramsci. O que Gramsci fez foi acoplar isso a uma tática da guerra, o que é conforme aquilo que já era pregado em Karl Marx. Com isso, ele atualizou a linguagem revolucionária, dando a ela uma flexibilidade que muitos dos que se dizem nominalmente de direita não possuem, por terem justamente rejeitado aquilo que decorre da Santa Tradição. Se isso não se der na carne, será impossível vencer a mentalidade revolucionária.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Notas sobre a arrogância dos conservantistas

1) Se há uma coisa que eu nunca faço é reagir de maneira peremptória, dizendo que alguém está completamente errado, sem antes examinar tudo o que este tem a dizer. Além de ser imprudente, isso é indício de se conservar algo conveniente e dissociado da verdade: a vaidade. E isso não é atitude cristã, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. 

2) Esse tipo de coisa eu espero de esquerdistas e protestantes, mas de católico eu jamais espero isso. Se alguém agir assim, trata-se de nominalismo, bem típico daqueles que ficam a acusar o outro de herege ao ouvir qualquer coisa que soe desconfortável àquilo que lhe é conveniente e dissociado da verdade.

3) Como conservantismo é estar à esquerda do Pai, ele se faz através de vaidade e soberba. O conservantista, como todo agente do mal, se revela - e eu não debaterei com alguém que não se move através do Santo Espírito de Deus. 

4) É fato sabido que a arrogância precede a queda. Tudo o que for feito a partir desse senso é nulo, pois a obra segue o principal, o caráter de quem poderia viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus e não o fez. 

5) Eis aí o maior problema do Brasil: essa vaidade intelectual. O dia em que começarem a tomar posturas civilizadas na rede social - como a de nunca reagir peremptoriamente a uma alegação, sem antes examiná-la por completo -, aí haverá senso verdadeiro de se conservar a dor de Cristo, pois estas posturas demonstram caridade intelectual.

A destruição cultural começa a partir do momento em que as palavras perdem o seu significado

1) Um amigo meu costumava dizer que as palavras perdem o seu significado quando perdem a liberdade, a sua razão de ser. A perversão das coisas começa pela perversão teleológica das coisas. E isso começa pela catacrese, pelo emprego de um termo emprestado e passa a se fazer disso um hábito. E isso pode ser usado com intenção revolucionária, pois leva ao irracionalismo da linguagem.

2) A mentalidade revolucionária, antes de preparar o caminho para o totalitarismo, para o Estado tomado como se fosse religião, começou pervertendo os termos "liberallismo" e "conservadorismo". Por meio da catacrese, eles retrabalharam o significado desses termos, de modo a que servissem liberdade fora do propósito salvífico, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus. Com isso, através de aspectos culturais, eles começaram a promover uma guerra total, de modo a perverter, trair ou relativizar tudo o que é mais sagrado.

3) E eles tinham consciência disso, pois foram doutrinando, usando a imprensa e o ensino público, criado por Napoleão Bonaparte.

4) A descristianização da sociedade começou a partir do momento em que liberalismo passou a ser sinônimo de cada um ter a verdade que quiser e conservadorismo como sinônimo de conservar as conquistas da Revolução Francesa. E isso é a perversão daquilo que se conhecia desde a Idade Média.

5) O libertário-conservantista estabeleceu heresias graves: americanismo, republicanismo e favoreceu a expansão do protestantismo pelo mundo. Não é à toa que isso é desgraça.

O verdadeiro católico é um conservador liberal, magnificente

1) Quem é conforme o Todo que vem de Deus conserva a dor de Cristo - e é por essa dor em Cristo que temos liberdade. 

2) Essa liberdade foi proclamada por um Deus feito homem, que é o caminho, a verdade e a vida - e que ninguém vem ao Pai senão por Ele. Como isso é magnificente, então é liberalismo.

3) O verdadeiro liberalismo, fundado na conformidade que vem de Deus, se funda num verdadeiro conservadorismo. Conservar a memória de Cristo e imitá-lo freqüentemente é a base do verdadeiro conservadorismo, pois é conveniente e sensato, além de buscar seguir o exemplo de Nossa Senhora: dizer sim a Deus e reproduzir no mundo as feições de seu filho, Jesus. E isso é próprio da Igreja militante - e a organização política dos cidadãos deve estar amparada justamente nesta fundação. Eis o sentido da Aliança do Altar com o Trono, no sentido de o país ser tomado como se fosse um lar em Cristo - se Cristo quis ser nosso irmão, então Ele quis ser nosso compatriota. Por isso que não podemos tratar um cristão como um estrangeiro, mas como parte de nossa pátria, ainda que tenha nascido em terras distantes.

4) Dito por essa forma, somos católicos e somos conservadores no sentido mais liberal, magnificente do termo.  

A verdadeira economia liberal nasce a partir de uma família estruturada

1) A liberdade fora da liberdade em Cristo produz uma verdadeira prisão. 

2) O indivíduo atomizado - sem vínculos com seus semelhantes e por estar numa cidade grande - tem que lidar com muitas despesas, seja com transporte, seja com alimentação, seja com impostos, seja com lazer, com vestuário e com outras tantas coisas. Como esse ser atomizado necessita trabalhar para os outros de modo a sobreviver, já que ele vive numa sociedade cuja crença na fraternidade universal simplesmente não existe, acaba se endividando cada vez mais. E isso acaba sendo trágico, pois ele perde a esperança de sair do atoleiro e se mata.

3.1) O ser humano livre só pode existir no âmbito familiar - e dentro de uma família estruturada, fundada no verdadeiro amor, coisa que se dá em Cristo.

3.2) Na família, o pai tem o seu papel, a mãe tem o seu papel e o filho tem o seu papel. Quando os papéis estão bem definidos, a liberdade surge, pois há mais segurança para se desenvolver os dons e empreender, de modo a servir aos outros. Pois empreender é caridade, serviço organizado de modo a atender às necessidades humanas. 

3.3) Pela minha experiência, morar com os meus pais, quando se é solteiro, reduz e muito as despesas, pois é mais seguro começar a vida independente desde um núcleo estabelecido e consolidado, que é o de uma família estruturada. Se somarmos o fato de que eu faço o meu trabalho em casa, escrevendo para os meus pares na rede social, para o país inteiro, eu fico livre das despesas de alimentação e transporte, pois isso está sob os auspícios da minha família - e com isso, o meu trabalho tende a ser mais liberal, pois sirvo às pessoas visando a que as pessoas possam tomar o país como se fosse um lar em Cristo e não como se fosse religião de Estado desta República. E desse trabalho liberal, magnificente, vem uma remuneração liberal, dada de maneira graciosa, por parte dos meus pares.

4.1) Enfim, o verdadeiro liberalismo não está naquilo que o mundo entende por "liberalismo", que é, na verdade, revolucionário - por ser libertário -, proletarizador e atomizante. O verdadeiro liberalismo está em Cristo - Ele é o caminho, a verdade e a vida. E ele é essencialmente católico.

4.2) Se gerações de uma mesma família trabalharem assim, de maneira liberal, a família sai da pobreza para a classe média de maneira gradual. E da classe média para a riqueza de maneira gradual, com o passar das gerações.

5.1) Se a riqueza vem a partir do trabalho, então a cultura de empreendimento deve partir de um núcleo duro e estabelecido, que é uma família estruturada. Se a família trabalhar com o intuito de servir ao próximo, a riqueza virá naturalmente, com o passar das gerações. E isso é um sinal de evolução, de progresso, pois o trabalho está lastreado numa fé verdadeira, na esperança de se conseguir o pão de cada dia - e se essa pessoa faz bem o seu trabalho, é beneficiado pela caridade da remuneração liberal, pois quem é beneficiado se sente moralmente obrigado a patrocinar o projeto do empreendedor.

5.2) Se a pessoa almeja a riqueza nesta vida, isso é um indício de que ela não crê na eternidade, muito menos em fraternidade universal. Trata-se de uma pessoa egoísta e pobre de espírito, destituída de imaginação moral, tão necessária para a vida virtuosa, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. Isso será empreendedorismo, pois o trabalho será tomado como se fosse religião. Eis a ética protestante.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Devemos odiar o comunismo e tudo o que prepara o caminho para ele

1) Meu amigo Paulo Henrique Cremoneze falou que devemos odiar o comunismo - se nós odiarmos o comunismo, nós amaremos tudo o que foi edificado com base na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2) Mas o comunismo existe porque alguém preparou o caminho para ele: tudo o que se fundar no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade deve e precisa ser exterminado. Esses movimentos pré-existem ao comunismo e edificam a liberdade para o nada. Eles não crêem em fraternidade universal, relativizam aquilo que decorre da Sã Doutrina e atacam os fundamentos da nossa civilização - todos eles ancorados na Santa Igreja Católica. Tolerá-los é um erro inaceitável, pois não se pode ser gentil com o inimigo.

3) É por essa razão que não serei tolerante com quem é anticatólico, pois esse ser está sabidamente à esquerda do Pai e é sabidamente apátrida, ainda que nascido no Brasil. Jamais farei alianças com conservantistas, pois sei que eles vão trair a eventual aliança política que se dará contra um inimigo em comum, justamente porque não crêem em fraternidade universal. A maior prova disso é que eles crêem em eleitos e condenados - e nós, que professamos a fé verdadeira e que somos herdeiros da missão que recebemos do Cristo Crucificado de Ourique, somos os condenados, segundo esta camada da população, que é escrava da sabedoria humana dissociada da divina. Por isso que os chamo de apátridas - e é por isso que eles não têm direito algum, pois estão fora da Lei Eterna, fora da verdade.

4) Enfim, a verdade está acima do pragmatismo - ou façamos o que é preciso ou sucumbimos.

Notas sobre a necessidade de se fazer uma cruzada contra o conservantismo insensato

1) O conservantismo esvazia o Cristianismo, pois faz da nossa fé algo que só pode ser vivido apenas no mundo privado. E isso é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. Cristo nos deu a espada - e a finalidade da mesma é fazer valer a Lei Eterna, ainda que seja pela força -  há insensatos conservando o que é conveniente e dissociado da verdade; eles são os moderados que preparam o caminho para os radicais, para os revolucionários, coisa que vem do anticristo.

2) Se nos omitirmos do nosso dever de restaurar o verdadeiro lugar de Cristo, que é ser adorado em praça em pública, o islâmico vai ocupar o espaço. Ou nós removemos esse obstáculo ou será o fim de nossa história.

3) Se a guerra atual se funda na prevenção, então façamos uma cruzada contra esse obstáculo agora. Uma cruzada contra tudo o que foi edificado pela República: fim da Aliança do Altar com o Trono, cruzada contra essa cultura de que cada um tem a verdade que quiser, cruzada contra a ordem fundada no amor ao dinheiro, cruzada contra tudo aquilo que vai contra o que foi estabelecido em Ourique.

4) Eu já estou em cruzada, desde que passei a conhecer a verdade. Agora, só resta a quem me lê e que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, coisa que nos leva à conformidade com o Todo que vem de Deus, fazer o mesmo.