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sábado, 7 de maio de 2016

O distributivismo é orgânico e imita os princípios inerentes da criação

1) Em polonês, as palavras rico (bogaty) e pobre (ubogi) derivam de bóg (Deus).

2) O rico é aquele que foi abençoado por Deus com dons de modo a servir à comunidade, de modo a edificar uma santa ordem na conformidade com o Todo que vem de Deus. A riqueza, tal como um dom, ele a recebeu de Deus - e por isso deve dar uma destinação justa, de modo a que a nação como um todo seja tomada como se fosse um lar em Cristo.

3) Como na biologia, a riqueza deve se dirigir a ambientes de maior concentração para ambientes de menor concentração, de modo a que todos possam prosperar juntos, através do bom trabalho e da mútua confiança. Ela deve se dar por meio do trabalho honesto e por meio de acordos cujo objeto não fira de morte à Lei Natural, lei essa que se dá na carne.

4) Esse tipo de ordem livre, voluntária, precisa de medidas legais e judiciais feitas de tal maneira a que as transações não sejam prejudicadas, seja pela desonestidade alheia ou por meio de ação revolucionária, que toma o direito, enquanto mecanismo de legítima defesa, como se fosse preconceito.

5) Dentro desses pressupostos, o papel do rico é amparar o pobre, de modo que ele possa progredir na vida - e quando progredir na vida, o pobre se torna rico.

6) O fundamento do distributivismo é orgânico. Se a vida na Terra teve um criador, então este modelo imita os princípios que são inerentes da própria criação. Se a água é vida, é riqueza, então ela deve sair de um ambiente de maior concentração para um ambiente de menor concentração. A mesma coisa deve se dar através do dinheiro.

7) Se o distributivismo é caridade sistemática, então o melhor ato de caridade que se pode dar é um emprego para o pobre de modo a que ele possa crescer como um ser humano digno. E é este o papel do rico, pois dedicar-se a uma atividade economicamente organizada é também um tipo de apostolado.
 
José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro, 07 de maio de 2016 (data da postagem original).

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O costume nasce do senso de se tomar o lugar onde se vive como se fosse um lar

1) Quando um lugar é tomado como se fosse um lar, as pessoas, por conta do senso de fraternidade universal, buscarão resolver seus conflitos de maneira amigável. 

2) Os primeiros acordos se fundarão na boa convivência, a partir dos direitos de vizinhança e nos direitos decorrentes da sociedade conjugal - esses acordos devem se pautar na conformidade com o Todo que vem de Deus e nenhum governo fora dessa conformidade com o Todo deve interferir naquilo que é sagrado, uma vez que tomar o país como se fosse religião é completamente incompatível com o senso de se tomar o país como se fosse um lar.

3) Para que essa cultura de acordo e colaboração surja, é necessário que o povo seja recristianizado novamente. E uma vez recristianizado o povo, devemos ter a garantia de que o governo não perverterá aquilo é de mais sagrado - e eis o verdadeiro fundamento da constituição escrita: ser subsídio de algo que se dá na carne. Ela deve ser feita de modo a garantir aquilo que será estabelecido por costume entre as pessoas que tomarão este país como se fosse um lar em Cristo. Eis o fundamento de uma verdadeira magna carta.

3) O processo será lento - e é através do tempo e das gerações que todos os vícios da mentalidade revolucionária serão decantados de modo a que haja uma ordem consuetudinária e foraleira. Esse processo durará gerações, mas é melhor do que uma invencionice modernista, pois a boa vida pede estabilidade e estrutura - e não instabilidade, fundada no amor ao dinheiro. 

4) O princípio da não-traição à verdade revelada observa um outro o princípio: nenhuma inovação legislativa será introduzida sem o consentimento de todos aqueles que tomam o país como se fosse um lar em Cristo, posto que as pessoas amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Toda mudança que não seja fundada em uma boa razão, fundada na lei natural, é traumática - isso sem contar que gera entropia. E essa entropia é que faz com que as pessoas percam o senso da fraternidade universal e passem a tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele.

5) Sempre que surgir alguma circunstância nova, em que o conjunto das pessoas, por força do costume, não puder oferecer uma solução para aquele problema em particular, a lei municipal resolve o problema; se do conjunto dos municípios não houver uma solução, o Estado resolve; se do conjunto dos Estados nada puder ser resolvido, a federação resolve, com a moderação do Imperador. É por meio da subsidiariedade que se tem o senso de nacionidade.

terça-feira, 3 de maio de 2016

O senso de tomar o país se fosse um lar nasce de uma humildade macroscópica

1) Tal como Cristo nos falou, os últimos serão sempre os primeiros. Pois os que servem bem ao longo da vida sempre serão bons regentes, quando tiverem a oportunidade de assumir essa prerrogativa.

2) Se isso é verdade em escala microscópica, posto que edifica humildade, então isso é também verdade, em escala macroscópica. O primeiro cidadão da pátria é sempre o último dos cidadãos na Pátria do Céu, pois perante Deus ele, o Rei, é um servo com um propósito específico. Todo Rei deve agir como sendo o servo dos servos ao ser o senhor dos senhores de sua terra. Ele deve ser o exemplo - se o povo vir nele a figura de Cristo, então o país inteiro será tomado como se fosse um lar em Cristo.

Estado laico enquanto extensão do Estado sacerdotal

1) O Papa é um vigário de Cristo - enquanto Cristo não volta, ele cuida das ovelhas para Jesus, enquanto este está preparando as moradas no Céu para todos nós.

2) O Rei tem sua autoridade porque recebeu mandato do Céu, tal como vemos em Ourique. Em países que não foram contemplados com um milagre semelhante, esse mandato do Céu se dá através da Igreja, a ponte por excelência que liga a Terra ao Céu - o vigário de Cristo coroa o rei como se fosse o próprio Cristo.

3) Dizer que o Rei é o corpo espiritual da pátria é endeusar o Rei -  logo, o Estado organizado por ele será tomado como se fosse religião, o que leva à apatria sistemática, pois o povo todo estará fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. Não é à toa que isso é herético.

4) Quando o Rei recebe mandato do Céu, então ele se torna o servo dos servos sendo o senhor dos senhores. Ele é a vitrine, ele é o exemplo - ele é o primeiro cidadão da pátria, este microcosmos da República Cristã, e deve mostrar ao povo como se deve tomar o país como se fosse um lar, em Cristo, levando-se conta a missão que recebeu do próprio Cristo, seja se esta se dá por força de um milagre - tal como se deu em Ourique, onde Portugal recebeu seu mandato diretamente de Cristo -, ou por meio de um corpo intermediário, através da Igreja e do vigário de Cristo, o Papa.

5) Diante disso, nós temos uma aliança do Altar com o Trono, pois as prerrogativas do Estado estão tão bem definidas quanto às da Santa Religião. Uma e outra se completam e uma não interfere na outra, o que cria todas as condições possíveis de modo a fazer com que os estrangeiros tomem o país onde há isso como se fosse seu lar também, a tal ponto de quererem ser parte da nação cristã também. Eis o fundamento da laicidade do Estado - o trabalho do leigo é uma extensão do sacerdócio naquelas circunstâncias que não são próprias do sacerdócio, pois os homens não são onipotentes, como Cristo. 

Somos monarquistas porque somos descendentes de portugueses

1.1) Tomando por base o que Antônio Sardinha dizia, em sua Teoria Geral das Cortes, somos monarquistas porque somos portugueses.

1.2) Em Ourique recebemos a missão de servir em terras distantes por força do Cristo Crucificado de Ourique. Quando nós casamos a causa nacional à causa universal, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus, nós tomamos nosso país como se fosse um lar em Cristo. Nosso Rei tem sua posição porque Cristo Jesus fez de D. Afonso Henriques nosso Rei, vassalo do Rei dos Reis, do Deus verdadeiro que decorre do Deus verdadeiro - e quem assumir o trono de D. Afonso deve ser capaz de ver o mesmo Cristo e servir a Ele, mais ou menos como se dá na Cátedra de São Pedro.

2.1) Somos monarquistas porque somos descendentes de portugueses.

2.2) Por conta da missão que foi herdada em Ourique nossos ancestrais descobriram terras distantes, neste Novo Mundo, e consagraram esta terra à Santa Cruz. O Brasil descoberto é o desdobramento desta antiga tradição. Por conta de suas circunstâncias, o Brasil nasceu nobre e destinado à grandeza.

3.1) É por isso que somos brasileiros - quem rompe com Ourique e faz do descobrimento marco zero, de modo a negar àquela santa missão da qual somos herdeiros, não passa de apátrida.

3.2) Somos brasileiros e somos poucos - sabemos por que estamos aqui e tomamos nosso país como se fosse um lar porque somos herdeiros da missão, fundada em Cristo Jesus. Por isso, nós honramos nossos ancestrais: somos brasileiros e portugueses. Somos também ouriqueanos, pela graça de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 03 de maio de 2016.

Da nacionidade como um microcosmos da fraternidade universal

1) É perfeitamente possível definir a nacionidade como um microcosmos da fraternidade universal: se você tomar o seu país como se fosse um em Cristo, então você verá no seu compatriota a figura do Cristo.

2) Se Nossa Senhora é o atalho para o caminho, a verdade e a vida, então crer em Nossa Senhora, enquanto uma causa de unidade nacional, é causa de nacionidade. É dessa forma que as casas de madeira se tornam castelos de pedra, no plano da realidade - isso é perfeitamente válido para aqueles povos que não receberam, por força de milagre, a missão de servir a Cristo em terras distantes, tal como se deu em Ourique com portugueses. E os poloneses são um exemplo deste caso.

3) A pátria só será uma janela para o mundo quando o povo for virtuoso nestes fundamentos. E é assim que se deve descobrir a pátria - se a pessoa não se universalizar primeiro, ela tomará o país como se fosse religião de Estado, pois será escrava do paganismo moderno, uma vez que este gera liberdade para o nada, ao conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, coisa essa que se dá em Cristo Jesus.

Por que entendo que amigo é aquele que ama e rejeita as mesmas coisas, tendo por Cristo fundamento?

1) O problema desta definição - amigo é aquele que ama e rejeita as mesmas coisas que você - está no fato de que isso pode levar à falsa noção de que todos têm a sua verdade. Se todos têm a sua verdade, então a amizade não passa de uma aliança temporária, marcadamente fisiológica. Ela tem, pois, um ranço de paganismo. Por conta disso, ela não gera fraternidade, senso de tomar o país como se fosse um lar.

2) Quando defino que amigo é aquele que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, isso me força a ver o outro como um espelho de mim mesmo. Se sou Cristão e vivo a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, então eu preciso ver no outro a presença do Cristo. Se esse conserva a dor de Cristo - posto que é o caminho, a verdade e a vida - então eu tenho um amigo de verdade.

3) Não há liberdade sem verdade. Se Cristo é a constituição de todas as coisas, então a aliança se funda na eternidade e tende a edificar uma comunidade ao longo das gerações, com o passar do tempo. E isso começa a partir da figura da família.