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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Notas sobe nacionidade e medicina

1) No sistema de saúde, se olharmos do ponto de vista prático, nem o sistema público e nem o privado funcionam.

2) Eles não funcionam porque atendem a uma lógica de ordem pública, voltada para a satisfação dos interesses de Estado, fundados nas razões de Estado, coisa que busca poder absoluto, sem se submeter à autoridade de Deus; como a saúde é vista como sendo um dos pilares da civilização, então o hospital mantido pelo Estado se tornou a referência por excelência. O sistema de saúde privado existe como uma forma de completar as eventuais falhas do sistema público, do ponto de vista da eficiência econômica - por isso, esse sistema é tolerado, pois é conveniente para o Estado a existência desses hospitais. No final, o sistema de saúde se torna único, pois se pauta num cientificismo que busca arrogar para si o estado de exatidão em algo que não é exato.

3) Ora, a medicina é baseada em evidências e não em exatidão. E os indivíduos, em suas circunstâncias pessoais e profissionais, descobrem as coisas, tomando por base evidências que observam. E tudo isso leva em conta a individualidade desse médico, desse pesquisador, seja por conta de seus métodos de diagnóstico, as próteses que ele usa, os medicamentos que prescreve, assim como a que corrente da medicina ele faz parte. E como isso não é ciência exata, os medicos vivem o tempo todo em embate. 

4) O cientificismo, base da medicina de ordem pública, nada mais é do que uma fogueira das vaidades. Por isso que nunca dá certo - e não é à toa que a classe médica formada nessa linha médica é toda totalitária, pois tomam o país como se fosse religião.

5) Se a medicina é humana, então a investigação médica deve levar em conta que o outro é um espelho de meu próprio eu. E essa investigação leva em conta o fato de que tomo o meu país como se fosse um lar e que meus pacientes são como se fossem meus irmãos em Cristo. Eis aí porque a individualidade do médico edifica um verdadeiro personalismo, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus. Trata-se de um serviço privado, cuja sucessão se torna complicada, difícil de ser satisfeita. É mais comum encontrá-la em pessoas da família do médico ou em alunos que passaram pela escola de medicina que ele construiu, de modo a passar sua técnica aos outros. 

6) Eis os fundamentos da verdadeira medicina que se perdeu e que precisa ser resgatada. Se eu não descobrir o outro, então eu não posso ser médico.

Róger Badalum

Notas sobre a navegação da Arca de Pedro em águas traiçoeiras

1) O fato de a Igreja estar usando terminologia marxista não está no fato de que ela, a Igreja, se tornou marxista. Ela está tomando como se fosse coisa o fato de que as pessoas só se expressam dessa forma, uma vez que estão todas contaminadas pelo marxismo cultural que polui a nossa realidade. Ressalvado o risco de que essa terminologia, se tomada como se fosse coisa, relativiza a fé verdadeira, então é o risco que se corre quando se promove a verdade.

2) Ainda que haja padres e bispos sacanas atentando contra as tradições da Igreja, é verdade sabida que o mal não prevalecerá na Embaixada do Céu na Terra.

3) O marxismo cultural usa muitos elementos da lógica formal, pois está tratando como se fosse ciência exata algo que é profundamente inexato. E a melhor forma de se estudar a realidade é lidando com as contradições que há entre o que é a coisa e o que se diz sobre a coisa - e isso pede que se analise as coisas dentro de uma lógica paraconsistente, que admite as contradições, coisa que a lógica formal não tolera.

4) Se a encíclica é uma descrição da realidade divina, um discurso sobre o que se vê, então essa descrição deve ser a mais reta possível. Num mundo onde o marxismo é uma cultura, você deve falar as coisas de um jeito que a maioria das pessoas entenda e isso é um caminho tortuoso - afinal, a maioria dessas pessoas são vítimas das estratégias dos comunistas e se perceberem que foram enganadas, elas se voltarão contra a fé, pois não foram educadas no estudo da lógica paraconsistente.

5) Como diz a Bíblia, num mundo de desonestos, ser honesto é até um atentado contra si próprio. E a Igreja, ao escrever dessa maneira, está sendo conforme o Todo desse ensinamento que está contido na Bíblia, pois o marxismo é desonesto e se tornou cultura. O que ela fez foi navegar neste mar de lama - como a arca não vai afundar, então ela assumiu esse risco, mesmo pagando caro pelo martírio da incompreensão.

Capitalismo não é economia de mercado

1) Há quem diga que a Igreja não é contra o capitalismo. Dizem que, na verdade, a Igreja é contra os abusos, decorrentes do capitalismo.

2) As pessoas não percebem que o termo "capitalismo" foi inventado por Karl Marx e que estão tomando como se fosse coisa termos marxistas para explicarem a realidade das coisas, como se isso fosse a própria expressão da verdade. Se Marx era desonesto, então não faz sentido chamar capitalismo como sinônimo de economia de livre mercado, pois elas não estão percebendo que há uma tremenda diferença entre economia de mercado e capitalismo.

3) A economia de mercado pede pessoalidade, pois ela pede que os serem humanos, enquanto criaturas amadas por Deus, sejam todas levadas em conta. Os consumidores devem ser tratados como pessoas importantes - e que seus pedidos levam em conta suas necessidades pessoais, marcadas por suas circunstâncias únicas. O fato de a vida humana ser marcada por circunstâncias únicas não admite necessariamente padronização da cultura, base para a cultura de massa, assim como da economia de massa. 

4) Quando se ama mais o dinheiro do que as pessoas, então tudo é feito de modo a se retirar Deus do centro das coisas - e no lugar de Deus, fica o homem e toda a sua sabedoria humana dissociada da divina como senhores do universo, o que é um tremendo de um absurdo.

5) Uma economia de mercado sem Deus certamente terá a marca da impessoalidade. E como o dinheiro é visto como sinal de salvação, de predestinação, então a melhor forma para se chamar mais dinheiro para o patrimônio da empresa está no fato de atender necessidades de massa. E isso leva a concentração do poder econômico em poucas mãos - e isso os leva a ter poderes quase que divinos.

6) Como toda inovação tende a ser um desafio a toda essa ordem artificial, fundada em sabedoria humana dissociada da divina, então esses senhores da economia de massa se associam ao governo e acabam criando uma ordem totalitária, onde tudo está no Estado e nada pode estar fora dele. E não é à toa que o capitalismo leva ao comunismo, como Chesterton bem apontou.

O Espírito Santo conhece todas as lógicas

1) Quando pedimos a intercessão do Espírito Santo, nós não estamos pedindo necessariamente que examinemos as coisas com base na lógica formal, mas que examinemos retamente todas as coisas, segundo esse mesmo Espírito. E a melhor forma de se examinar retamente todas as coisas, onde até mesmo as encíclicas possuem terminologias marxistas, é readequando a encíclica ao Espírito da verdade Cristã. É com isso que se abraça a verdade, apesar das contradições aparentes.

2) Se eu tivesse de fazer uma leitura formal dos textos da encíclicas dos papas pós-conciliares, por conta da presença de termos como "capitalismo "ou "justiça social", eu terminaria como o Peinado ou mesmo o Lustosa: um sedevacantista.

3) Antes de você entrar nesses assuntos da Igreja, você deve dominar a linguagem, estudar lógica e estudar a mentalidade revolucionária durante um bom tempo. E isso não se dá da noite para o dia.

Como a abraçar a verdade em tempos onde a Igreja usa termos correntes do marxismo

1) Não quero ser um radical tradicional, mas o uso de termos marxistas em encíclicas da Igreja acaba gerando o risco de se relativizar a verdade.

2) Para se não se jogar fora a verdade dita pela Igreja, é preciso que se faça a readequação da forma da encíclica sem esses termos marxistas, de modo a que sirvam melhor à verdade. Então, a leitura da encíclica deve ser fundada em lógica paraconsistente, de modo a lidar com as contradições acidentais, aparentes, do texto. O texto não pode ser mais lido de maneira formal, mas dentro do espírito cristão, que se funda na verdade. A própria presença do Papa Francisco mesmo pede que examinemos as coisas na verdade, readequando as contradições acidentais dos textos ou dos ensinamentos que ele passa.

3) Cristianizar usando termos da linguagem marxista, como "justiça social", "capitalismo", tudo isso levará à perda da fé, pois as pessoas foram educadas a tomarem o fato como se fosse coisa. Até mesmo a educação das escolas leva à promoção da lógica formal como sendo a rainha ou mesmo a mestra da verdade.

4) O radicalismo tradicional é fruto da promoção da lógica formal como sendo a ordem do dia. Mas o verdadeiro radicalismo cristão pede necessariamente que se lide com as contradições acidentais com caridade - e isso pede lógica paraconsistente. Enquanto essa readequação não é feita, devemos ler como católicos - e a chave está na lógica paraconsistente, que admite essas contradições, pois sabe que a mente humana, marcada pelo pecado original, é falha.

A incoerência dos libertários é incontornável

1) Não tem jeito: para ser altamente lucrativa, uma economia massificada pede necessariamente planejamento. E para se atender ao conjunto dos empresários que atuam no atendimento da economia de massa, até mesmo o governo deve adotar políticas que imitem o comportamento das fábricas. Logo, terá que adotar planejamento - e isso leva a uma intervenção cada vez mais crescente na economia, a ponto de dizerem que tudo está no Estado e nada pode ficar fora dele.

2) Os libertários são incoerentes. Eles são contra o Estado, mas eles não percebem que ao massificarem os seus serviços, por conta do amor ao dinheiro, eles estão edificando toda uma ordem totalitária fundada no fato de que a fraternidade universal não existe, além do fato de que os ricos vão para o Reino dos Céus, por conta de terem sido escolhidos por Deus para isso - e uma dessas evidências está no fato de que a riqueza é um sinal de predestinação.

Por que a Igreja é contra o capitalismo

1) Quando a Igreja é contra o capitalismo, ela está sendo contra a ordem econômica fundada na impessoalidade e na massificação, pois ela coisifica o homem e retira a noção de que ele é um ser amado por Deus.

2) Além disso, a massificação se funda na abstração, pois o homem quer arrogar o papel de Deus, o que não passa de uma tremenda utopia.

3) A ordem econômica fundada na massificação pede necessariamente uma ordem social fundada na massificação e que atenda aos interesses de uma economia massificada - e isso pede uma burocracia cada vez mais crescente, de modo a dirigir tudo, com base no tempo dos homens e no capricho dos mesmos. E é nesse ponto que libertários preparam o caminho para os totalitários, pois conservam o que é conveniente e dissociado da verdade.