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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Sobre os dois tipos de fraqueza

1) Existem dois tipos de fracos: os fracos que são vítimas de um governo canalha, que rege as coisas do mundo fundado em sabedoria humana dissociada da divina, e os fracos que conservam o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de agirem por covardia, quando a lei natural os obriga moralmente a agirem da maneira contrária: com coragem e firmeza, em face do mal praticado.

2) Nietzsche chama o cristianismo de "protetorado dos fracos". O problema é que ele define fraco de uma maneira errada, justamente porque existe uma cultura civilizatória em se tratar o conservador e o conservantista como se fossem sinônimos.

3) O fraco - o cativo que espera o seu libertador - é, na verdade, um forte, pois suportará por todas as cargas a opressão - ele enfrentará o mal com dignidade, pois sabe que Cristo virá para libertá-lo. Olhando por este ponto de vista, o Cristianismo é, sim, o verdadeiro protetorado dos fracos e dos oprimidos, pois ele é a verdade e justiça.

4) O fraco que conserva o que é conveniente e dissociado da verdade é um covarde. E a covardia leva à desobediência, pois ele não fará boa obra, ao não lutar o bom combate - o combate contra o mal. 

5) O conservantismo, o governo dos covardes, dos descristianizados, edifica o inferno na terra. É neste ponto que se encontra o pensamento de Nietzsche, ao definir o cristianismo de maneira falsa. Hitler, como seguidor desse pensador, criou uma ordem extremamente totalitária e anticristã.

Do mundo do cru e do mundo do cozido

1) A terra é o mundo do cru, o mundo do "aqui se faz, aqui se paga". O mundo da dor, marcado por conta do pecado original, por conta da sabedoria humana dissociada da divina.

2) O mundo do Céu é o mundo do sábio, do experimentado. O que é algo cozido senão a arte ou a ciência de preparar algo a partir do cru e que possa alimentar o corpo e a alma?

3) Para adquirir experiência, precisamos sofrer. E ao sofrer, nós conservamos a dor. Nós conservamos o que é sensato - e quanto mais conservarmos isso, mais próximos estaremos da verdade - até o momento de conservar a dor definitiva, que decorre do fato de se conservar a dor de Cristo. Ele é o caminho, a verdade e a vida - e não existe outro caminho que não isso.

4) O homem é um ser que sabe - e ele sabe as coisas provando e experimentando de tudo, de modo a ficar com o que é conveniente e sensato. Ou seja, ele troca o mundo do cru pelo mundo do cozido.

5) Se a eucaristia é o pão da vida, e pão é algo cozido, então o mundo do céu é o que mais devemos desejar - e é para ele que devemos nos preparar. Não existe nada mais claro do que isso.

Quem conserva a dor de Cristo guarda os mandamentos

1) Quem conserva a dor de Cristo guarda os mandamentos. E quem guarda os mandamentos ouve a Cristo - por essa razão, está em conformidade com o Todo que vem de Deus, pois ama e rejeita as mesmas coisas que Cristo amou e rejeitou. Logo, o conservador sempre será católico, pois a política deve ser buscada no alto dos céus, tal como se estabeleceu em Ourique.

2) Quem conserva o que é conveniente e dissociado da verdade escolhe o que quer acreditar - e rejeita a verdade, ao jogar fora o que não é do seu agrado. Ele faz isso baseado em sabedoria humana dissociada da divina e tende a edificar ordem diversa daquela que Cristo edificou, Se o herege é um revolucionário - por estar à margem da Lei Natural, à margem da verdade -, então o conservantista está necessariamente à esquerda do pai, pois está se revoltando contra a boa razão, fundada na fé verdadeira. E protesto sem um bom motivo leva ao desligamento da pátria no céu -  e o que é desligado no céu é também desligado na terra. Nada mais apátrida do que isso.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O verdadeiro nacionalismo é um instinto de defesa do lar invadido

1) Aquele que só ama um país, e apenas um país, tenderá a ver esse amor, fundado em Cristo, se degenerar em país tomado como se fosse religião - em religião de Estado de uma república totalitária e bananeira.

2) Essa segunda religião não descansará até destruir a primeira e a verdadeira, fundada na pátria celestial. E quando consegue ser a primeira religião, o país se torna ateu e morre por dentro, tal como aconteceu na União Soviética. Eis a razão pela qual o nacionalismo é um verdadeiro câncer, pois o comunismo e o ateísmo não passam de mentira.

3) Um dos papas, não lembro o nome agora, falou em nacionalismo verdadeiro, quando o país, tomado como se fosse um lar, é agredido por uma força estrangeira, aquela mesma que se toma como se fosse religião e que quer tomar o mundo inteiro. 

4) Esse nacionalismo verdadeiro só é possível se houver antes um amor fundado no fato de se tomar o país como se fosse um lar em Cristo, coisa que leva as pessoas a agirem num puro instinto de defesa coletivo. Pois o soldado vai à guerra motivado por todo o amor à terra que ele deixa pra trás, de modo a defendê-la - e não pelo ódio ao inimigo. Se fosse ódio, as duas civilizações acabariam e não haveria trégua. Eis o que podemos tirar desta lição de Chesterton.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2015 (data da postagem original).

Notas sobre o nacionalismo verdadeiro

1) Aquele que só ama um país, e apenas um país, tenderá a ver esse amor, fundado em Cristo, se degenerar em país tomado como se fosse religião - em religião de Estado de uma república totalitária.

2) Essa segunda religião não descansará até destruir a primeira e a verdadeira, fundada na pátria celestial. E quando consegue ser a primeira religião, o país se torna ateu e morre por dentro, tal como aconteceu na União Soviética. Eis a razão pela qual o nacionalismo é um verdadeiro câncer, pois o comunismo e o ateísmo não passam de mentira.

3) Um dos papas, não lembro o nome agora, falou em nacionalismo verdadeiro, quando o país, tomado como se fosse um lar, é agredido por uma força estrangeira, aquela mesma que se toma como se fosse religião e que quer tomar o mundo inteiro. 

4) Esse nacionalismo verdadeiro só é possível se houver antes um amor fundado no fato de se tomar o país como se fosse o lar, coisa que leva as pessoas a agirem num puro instinto de defesa coletivo. Pois o soldado vai à guerra motivado por todo o amor da terra que ele deixa pra trás, de modo a defendê-la - e não pelo ódio ao inimigo. Se fosse ódio, as duas civilizações acabariam e não haveria trégua. Eis o que podemos tirar desta lição de Chesterton.

Nova nota sobre a diferença entre patriota e nacionista

1) Todo nacionista é um patriota. 

2) O patriota, a título singular, só ama um lugar; geralmente, o lugar onde nasceu ou foi criado. O nacionista, a título universal, ama vários lugares, a ponto de juntar vários corpos geográficos num só, coisa que terá de ser reproduzida pelo exemplo e pelo ensino, coisa que só pode se reproduzir inicialmente no âmbito familiar.

3) O nacionismo é por essência algo que deve ser reproduzido inicialmente na Igreja Doméstica, algo que deve ser ensinado de pai para filho - e depois, aos poucos, isso vai se distribuindo a todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas, tendo por Cristo fundamento.

4) Ele precisa da mesma velocidade com a qual o Cristianismo foi pregado - lentamente, de modo a ganhar as almas de uma a uma. E tende a crescer de maneira avassaladora a partir do momento em que a pessoa paga com a vida o fato de defender a verdade até o fim, pois a verdade se impõe a todos aqueles que amam a boa-fé e a justiça.

Notas sobre o auto-retrato

1) Em tempos de Cristianismo, o auto-retrato era pintado e o artista tinha que ter muito senso de si mesmo, de modo a se guiar esteticamente e retratar a si próprio da melhor maneira possível.

2) Ele olhava a si próprio como a imagem e semelhança de Deus. E esses retratos de si próprio, quando olhados por essa via, faziam as pessoas admirarem a pessoa pelo que ela era e pelo que ela fazia. Eram coisas eventuais e reservadas.

3) Em tempos online, em tempos já descristianizados, o auto-retrato é uma idolatria de si mesmo: como todos têm a sua própria verdade, o que o retrato mostra é só a projeção de uma alma vazia e doente - e a distribuição dessa imagem torna isso um hábito banal tão vazio quanto a imagem produzida.

4) Outro fator importante, que torna o hábito do auto-retrato ser o oposto à prática dos grandes pintores medievais e renascentistas, está no fato de que a câmera digital tornou a fotografia algo banal, a ponto de deixar de ser uma arte. Não é preciso mais senso de estética ou de proporções, de modo a retratar a si mesmo. O grotesco da sua alma será retratado e distribuído. E se isso for vazado, será aproveitar-se da própria torpeza, tal como ocorreu com a Carolina Dieckmann.