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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A conformidade com o todo é a causa da vida


1) O todo orgânico é mais do que a soma das partes. 

2) Ele não é uma coleção porque não é uma representação feita a partir de natureza morta.

3) Ele é um retrato vivo em movimento. Uma obra de Deus - e Deus fala em fatos, palavras e coisas.

4) O ser humano só pode fazer retratos a partir de naturezas mortas (descrição), que se tornam movimentos, a partir de sistemas (um movimento imperfeito, fundado a partir de algo concreto, de uma descrição sistematizada). 

5) O ser humano não pode ser Deus porque não é capaz de dar alma a uma natureza morta, convertendo-a numa natureza viva, exuberante. Ele não tem o dom da Criação, mas o da derivação. Ele não pode criar algo a partir do nada: só Deus pode, por ser onipotente.

Da perversão do uso da metonímia

1) Metonímia é uma figura de linguagem em que a parte representa o todo e o todo representa a parte. Essa figura de linguagem deriva do fato de que é preciso que se conheça a verdade, em Cristo, de modo a que possa se dizer bem as coisas.

2) Numa cultura em que todos têm sua própria verdade, a metonímia leva a dois caminhos:

2.1) Ao coletivismo

2.2) Ao Reducionismo (positivismo)

3) O mundo possui vários sistemas que podem ser reunidos numa coleção. 

3.1) A coleção é um modo de representar, como um modelo, um cosmos, a existência desses sistemas, que funcionam através do trabalho coordenado dos indivíduos que fazem parte de cada sistema tomado individualmente, assim do trabalho coordenado entre os vários sistemas, quando tomados a partir de dois. 

3.1) Quando se faz da coleção tábula rasa, ela vira coletivismo - e todos os sistemas que dele fazem parte são ignorados, assim como o trabalho dos indivíduos em cada sistema tomado individualmente.

3.2) Quando se estuda um sistema individual, de modo a estudar o comportamento de cada elemento do sistema, o reducionismo é um meio de se entender as coisas, mas ele não pode ser tomado como se fosse religião, de tal forma a que isso tenha sua própria verdade e se torne uma coleção.

4) Essas duas metonímias induzem uma tremenda má consciência e induzem uma baita ignorância entre nós. É isso que dá causa ao modernismo como uma Era das Trevas.

Do papel da indústria no distributivismo


1) O que é subjetivo decorre da experiência humana, quando interage com o meio ambiente. Essas experiências são pessoais - e o indivíduo é um laboratório em si mesmo.

2) O subjetivo é sempre heterogêneo - para um mesmo objeto, você pode ter infinitos pontos de vista. Isso cria a ilusão de que a verdade tem várias facetas. E essa experiência compartilhada leva ao comflito, dada a falta de um padrão objetivo de justiça, fundado na verdade.

3) Cristo deu pleno cumprimento à lei natural porque Ele é o caminho, a verdade e a vida. Ele foi humano em tudo menos no pecado - então Ele é o padrão mais seguro que se conhece, o amigo perfeito que precisamos ter.

3) Se Cristo é a verdade, Ele é também o belo e simétrico, causas de conformidade com o todo.

4) Quando os homens buscam trabalhar as coisas, de modo a que elas tenham um padrão de qualidade, de excelência, eles tomam por referência Cristo. Cristo, como filho de carpinteiro, é o modelo da verdade na indústria, da arte de se poder trabalhar os corpos de madeira em objetos úteis à comunidade.

5) Quando as coisas são feitas sistematicamente e dadas sistematicamente a quem realmente necessita delas, então há distributivismo. Quem se acostuma a ser bem atendido com objetos de boa qualidade acaba se tornando um fiel tomador dos serviços dessa indústria. Enfim, uma boa indústria dá causa a que um país seja tomado como um lar em Cristo, pois faz do padrão de excelência algo que nos leva à verdade em Cristo. Ela transforma a lealdade em padrão.

6) A distribuição e padronização das coisas decorre da confiança - se a empresa serve, ela, enquanto pessoa jurídica, recebe a confiança da comunidade, fundada por pessoas reais e jurídicas. É uma economia pessoal sistemática, horizontal.

Kant, o pai da porcaria


Algumas notas importantes do prof. Olavo de Carvalho sobre a sua crucial análise crítica de Kant, a quem em tempos acertadamente apelidou de "o pai da porcaria".

01) Prestem atenção: Em nenhum momento acuso Kant de idealismo subjectivo, ou de qualquer forma de subjectivismo. Esse é um erro que muitos críticos cometeram, e que uma leitura mais atenta basta para impugnar. O problema do kantismo é muito outro. De todos os inimigos do cristianismo, nenhum se atreveu a declarar que o dogma e a existência da Igreja são crimes. 

02) Vimos na última aula do COF que Kant faz precisamente isso, segundo as suas próprias palavras. É curioso que tantos autores católicos e protestantes ainda insistam em ver nele uma boa alma. Também em filosofia existe a doença do tucanismo.

03) O objetivo de toda a filosofia de Kant é suprimir o cristianismo histórico e inaugurar uma nova religião na qual a moralidade impõe crer num Deus que não tem sequer a capacidade de criar objectos dotados de propriedades inteligíveis.

04) Se nenhum objecto sensível possui em si mesmo qualidades inteligíveis, mas estas lhe são impostas pela racionalidade humana, um quadrado não tem em si mesmo quatro lados e quatro ângulos iguais, ele apenas os toma emprestados da racionalidade humana.

05) Minhas formas "a priori" do espaço e do tempo podem coordenar as minhas percepções sensíveis, mas não podem, por si mesmas, coordenar o deslocamento objetivo dos corpos no espaço e no tempo. Quando vejo um leão a dois metros de distância saltando para me devorar, minhas formas "a priori" do espaço e do tempo enquadram e dominam perfeitamente minha percepção dos acontecimentos, mas, como diria Groucho Marx, isso não melhora em nada a minha situação.

06) Segundo Kant, as formas "a priori" do espaço e do tempo criam a base para a coordenação dos dados sensíveis. Isso é exato, mas de que adiantaria coordenar os dados dos sentidos se as coisas mesmas das quais estes provêm não estivessem coordenadas de maneira homogênea ou ao menos compatível com a coordenação das percepções? 

07) Kant pula fora desse problema alegando que, como a coordenação das percepções é idêntica em todos os seres humanos, e todos os seres humanos estão obrigados pelo imperativo categórico a crer num Deus bondoso, podemos acreditar que nossas percepções, se nada nos informam sobre as "coisas em si mesmas", são pelo menos "válidas". 

08) Isso é uma reedição mais complicada do apelo cartesiano a Deus como garantia da existência do mundo exterior. Kant apenas introduz aí a noção da "comunidade humana" como intermediária da garantia divina. 

09) Como conseqüência imediata, a convicção unânime ou majoritária da comunidade passa a valer mais que o testemunho dos sentidos. 

10) Decorridos dois séculos e picos, um feto pertencer ou não à espécie humana deixa de ser um fato da natureza para se tornar uma decisão da comunidade, e ninguém pode alegar contra isso o testemunho dos sentidos, cuja validade está submetida, ela também, à aprovação da comunidade. 

11) Não foram os marxistas que inventaram a Novilíngua. Foi Kant.

Notas organizadas por Artur Silva

Critica da lei da preferência temporal


1) O x da questão, na lei de preferência temporal, é a seguinte: a maioria prefere bens presentes a bem futuros. Ou seja, a maioria quer gozar a vida a buscar a vida eterna. O norte da economia será o hedonismo e não a vida beata - uma ordem em que o pecado será tomado como se fosse virtude será buscada.

2) Obviamente, o uso do tempo, de tal modo a garantir a satisfação dessas necessidades do presente, se opera a partir da sabedoria humana.

3) A sabedoria humana dissociada da divina buscará métodos fundados no fato de que todos têm a sua própria verdade. Eles buscarão meios de tal forma a satisfazer essas necessidades que decorrem do tempo presente.

4) Dispor do tempo e buscar meios de tal forma a se construir uma ordem livre fora da liberdade que se dá em Cristo gerará um tipo de capitalização que se funda no relativismo moral.

5) Quando Angueth falava em "heresia austríaca" (sic), ele estava correto neste ponto. Pois a escola é essencialmente kantiana. Olavo apontou que Kant tinha a intenção de derrubar o cristianismo.

6) Se os bens presentes não forem vistos como um meio de tal forma a se buscar a vida eterna, então o processo de capitalização será fora da conformidade com o todo. Eis a gênese da corrupção.

A economia de massa se alimenta da impessoalidade


01) Numa sociedade de impessoais, o semelhante, ainda que nascido no mesmo país que você, não será visto como um irmão ou um amigo, mas como um estranho, um inimigo.

02) Se a bíblia fala que ao irmão não se deve emprestar com usura, então essa regra da bíblia acaba sendo violada. Pois é na impessoalidade que todos são vistos como estranhos, de modo a gerar uma luta de classes.

03) A economia de massa, fundada no amor ao dinheiro e no uso do tempo fundado numa sabedoria humana dissociada da divina, dá causa ao comércio de dinheiro, o qual é reduzido a uma commodity de tal forma a criar uma nefasta cultura de que dinheiro chama dinheiro, como um fim em si mesmo.

04) Utilitaristas com Jerey Bentham já escrevam artigos defendendo a famigerada usura.

05) Esses utilitaristas foram os que mais promoveram a nefasta cultura liberal de que cada um tem a sua verdade. E se todos têm a sua verdade, todos podem interpretar a palavra de Deus do jeito que quiserem ou usar o tempo do jeito que quiserem.

06) Mas a palavra de Deus não deve ser servida vazia e nem com fins particulares - nem mesmo o tempo deve ser usado para frutificar coisas vãs e infrutíferas, coisas essas que não decorrem de algo concreto, fundado no trabalho humano, causa por que se toma o país como um lar.

07) Se riqueza é fruto de trabalho, então o trabalho concreto, para ser bem vigiado e administrado, depende da pessoalidade. 

08) Quando a economia é de massa e impessoal, mais difícil fica a vigilância e o trabalho tenderá a ser abstrato. E é por conta dessa cultura de trabalho abstrato que nascem as fraudes, as pirâmides financeiras.

sábado, 1 de novembro de 2014

Lula como a incarnação da metanacionalidade


1) O Lula é um metabrasileiro. Ele casa o senso paulista de se tomar o referido estado, e as instituições que marcam essa identidade regional, como sendo sua religião com o senso de ser paraíba, no sentido pejorativo do termo, que chega no lugar, destrói tudo e finca seu barraquinho no alto do morro. Ele mistura estadualismo, esse microcosmos do nacionalismo, com apatria.

2) Pois é: ele ferra paulista e nordestino ao mesmo tempo, jogando inevitavelmente um contra o outro. Nele está a síntese desse conflito. Ele mistura indeterminismo geográfico com determinismo geográfico.

3) A personalidade dele é binária: é 0 ou 1 ao mesmo tempo, tendendo ao mais infinito. Essencialmente dialético - uma criatura tão complexa que nem mesmo os melhores personagens da nossa literatura conseguem descrevê-lo bem.

4) Eu notei que nem vocação pra ser marxista ele tem. A única vocação de Lula é ser caudilho - e só. O fato de ser caudilho se mostra no jeito personalista como ele conduz o PT.
 
José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro, 1 de novembro de 2014 (data da postagem original).