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terça-feira, 30 de setembro de 2014

O dever de ter preconceito nasce da amizade


1) Ao dizer sim a Deus, eu não tenho o direito de ser tolo - além disso, tenho o dever de ter preconceito - se escolho como amigos todos os que amam e rejeitam as mesmas coisas, tendo por fundamento aquilo que Nosso Senhor Jesus Cristo amou e rejeitou, então estou também preterindo todos aqueles que não agem da mesma forma. E é por não agirem da mesma forma, por semearem o pecado entre nós, que eles, os preteridos, não são dignos da minha amizade, pois eles zombam da verdade que se dá em Cristo. E se fazem isso, é porque são todos apátridas, pois são incapazes de tomar o país como um lar, com base na pátria do Céu.

2) Eu odeio o pecado que os infames semeiam e devo rezar para que eles se convertam e se arrependam. E devo defender a todos aqueles que serão agredidos por esses imbecis que preferem viver na tolice a servir a Cristo. Pois a tolice é a causa de todos os crimes que são e serão praticados contra a pátria.

3) Desses que amam e rejeitam as coisas tal qual Cristo o faz surge uma elite que vai ensinar a todo o povo que virá a bem servir o Senhor.

4) Se a verdadeira ordem política nasce da amizade, não é à toa que a excelência dá causa à formação de toda uma elite que semeará entre nós o senso de se tomar o país como um lar, de modo combater o senso errado, o de tomar o país como se fosse religião, que nos afasta da conformidade com o todo que vem de Deus.

O direito constitucional de ser tolo se funda em algo fora da conformidade com o todo de Deus


1) O fundamento do direito constitucional de ser tolo se baseia neste princípio: "peca forte, mas crê no senhor. Tua fé é que vai te salvar, ainda que tenhas feito má obra".

2) Se o fundamento da democracia de sufrágio universal é uma fundação protestante, de uma ordem fora da conformidade com o todo que vem de Deus, desse princípio igualmente emerge o fato liberal de que todos têm a sua verdade e que as pessoas do povo devem viver suas vidas fundadas nisso, pouco importando as conseqüências. Desse fato execrável, nasce uma ordem em que a fraternidade universal, base sob a qual o país será tomado como um lar, será impossível.

3) É por essas razões que sou tão anti-republicano quanto sou anti-protestante. De uma heresia surge a justificação política necessária de modo a que mentira seja tomada como se fosse verdade e ela será semeada entre nós como se fosse uma verdade sacrossanta, matando-se a esperança e caridade de combatê-la, fundada em Cristo, Nosso Senhor.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2014.

Comentários:

Róger Badalum: O que seria pais tomado como se fosse um lar? Isso se daria sem pecado original?

José Octavio Dettmann:  País tomado como se fosse um lar implica este ser tomado como um lar em Cristo na conformidade com o todo que vem de Deus, uma vez que a verdadeira liberdade decorre da verdade - e a verdade se conserva ao se conservar a dor de Cristo, por meio da eucaristia. É um caminho de santidade, coisa que se dá imitando sistematicamente Aquele que foi igual a nós em tudo, exceto no pecado. Para alguns, será um caminho reto; para outros, tortuoso.

José Octavio Dettmann: Não estou negando o pecado original. Mas o que sei é que o fogo eterno é garantido quando se conserva o que é conveniente e dissociado da verdade, pois a pessoa preferiu ser neutra ou indiferente à verdade em tempos de crise.

José Octavio Dettmann: Além disso, o artigo é uma crítica Às Seis Lições,  do Ludwig von Mises. E foi neste texto que Mises defendeu o direito de ser tolo, no sentido de que cada um tem direito à verdade que quiser, conservando o que é conveniente e dissociado da verdade, o que é um verdadeiro absurdo.

Róger Badalum: Direito de ser tolo (pecador) não dá direito algum. Mero projeto de tomada de poder (pensamento contemporâneo), sem sustentabilidade.  

Róger Badalu: Confesso que não vejo solução mágica , já que a história da salvação não é dá pela humanidade, mas por aqueles que acreditam em Deus, vivendo a vida na conformidade com o Todo que vem d'Ele. Afinal, mentira é para ser combatida - e sempre! E confesso não saber qual racha foi pior: A Reforma Protestante ou o Concílio Vaticano II

 Róger Badalum: 

1) Confesso que não saberia o que colocar no lugar do sufrágio universal. Ao meu ver, cairíamos numa teologia da libertação, no sentido de se buscar uma salvação na política ou no judiciário. Afinal, não sou eu que julgarei minha obra, muito menos o Ministério Público ou nosso Poder Judiciário. 

2) Se estivesse na qualidade de juiz, não saberia o que fazer com um Aécio Neves, apesar dos pecados que ele tenha cometido. Penso que ele não é o responsável maior de nossos problemas, ainda que Lula tenha uma participação bem maior. Acredito nesta força moralizante que vem varrendo este país e o mundo: a força de Deus! Enfim, espero estar ajudando.

A verdadeira democracia é aristocracia distribuída, por graça de Deus

1) A democracia, fundada no sufrágio universal, é a ordem justamente daquilo que Mises declara: indivíduos com o direito constitucional de serem tolos fazendo escolhas erradas e destruindo sistematicamente o senso de se tomar o país como um lar.

2) Quem toma o país como um lar primeiro serve aos que são mais próximos e esses que são mais próximos, por caridade à verdade, servem aos que são mais próximos e assim sucessivamente. É da elite para o povo que se distribui a noção de país tomado como um lar. 

3) Sem uma aristocracia não há povo santo. A verdadeira democracia é na verdade aristocracia distribuída sistematicamente, pois a santidade de um se multiplicou por todo o povo, por graças ao bom Deus.

A soberania não se funda no direito de ser tolo


1) Mises fala que o indivíduo é soberano porque lhe assiste o direito de ser tolo.

2) Quem toma o país como um lar não tem o direito de ser estúpido, a ponto de tomar o país como se fosse religião.

3) Quem toma o país como um lar deve servir aos seus irmãos, aqueles que amam e rejeitam as mesmas, tendo por Cristo fundamento, de modo a que possa construir um legado, de modo a que o país seja tomado como um lar com base na pátria do céu - e esse exemplo de santidade e de serviço desse bom cidadão deve ser distribuído e lembrado, pois é ato de heroísmo, dado que serviu à pátria do céu ao tomar seu país como um lar, em Cristo.

4) Ele serve isso ensinando a quem mora na mesma circunstância geográfica que a dele, estando ele dentro ou fora do país, e também para os filhos, de modo a que esse legado seja expandido e distribuído ao longo das gerações a quem interessar possa. Pois quem serve a Cristo não se prende a determinismos geográficos, mas à vontade de Deus, tal como ocorre com Portugal, por exemplo, que serve a Cristo em terras distantes, por força de Ourique.

5) Quem age a serviço de Cristo não pode confiar na sua própria sabedoria, de tal modo a que ela fique dissociada da divina, causa de toda a tolice. Ele deve se servir de instrumento de tal modo a que Deus edifique uma nação na idéia de tomá-la como um lar, com base na pátria do céu.

Dos limites da soberania


1) Não se deve confundir soberania com o direito de dizer o direito com base no fato de que cada povo tem a sua verdade. Pois a verdade não precisa ser minha ou sua para ser nossa.

2) O direito de dizer o direito em um determinado território se funda em Cristo - é Ele quem coroa os soberanos e é Ele quem determina e autoriza a fundação de determinados reinos, de tal modo a que estes sirvam a Ele, dentro dos limites da missão que Ele próprio determinou.

3) Enquanto um povo for capaz de estar na conformidade com o todo de Deus, ele será livre e soberano, de tal modo que pode tomar seu país como um lar, com base na pátria do Céu.

4) A partir do momento em que o pecado se torna o projeto de vida de uma nação, a soberania será pervertida de tal modo a que o país seja tomado como se fosse religião, o que dá causa ao inchamento do Estado, que passa a regular cada aspecto da vida privada dos cidadãos. 

5) Quando o pecado se torna o norte da vida de um povo, isso é um indício de que o país morreu. E só os poucos que são fiéis a Cristo é que podem restabelecer a missão que se perdeu.

6) No mundo em que nos encontramos, os poucos brasileiros que são fiéis à missão de servir a Cristo em terras distantes são tão estrangeiros quanto os que não nasceram aqui, justamente por serem mais brasileiros que os idiotas que nasceram aqui.

Todos os Impérios foram fundados por Cristo ou a mando d'Ele

Há quem diga:

"O Império Austro-Húngaro tem uma similitude espantosa com Portugal. Foi fundado pelo rei apostólico e santo Estêvão I".

Eu respondo:

1) Se Portugal foi fundado de modo a servir a Cristo em terras distantes, então o Império Austro-Húngaro foi fundado para servir a Cristo dentro do continente europeu, servindo como um contrapeso prático contra toda e qualquer tentativa de se conter a ideologia revolucionária dentro do continente.

2) Se formos ver atentamente, todos os reinos foram fundados por Cristo ou a mando de Cristo, de tal modo a que servissem a Cristo em algum trabalho específico. E enquanto bem servissem a Ele, seriam livres e regeriam seus povos com base em leis fundadas na conformidade com o Todo de Deus. E isso é o verdadeiro fundamento da soberania das nações - ele se funda na cláusula de bem servir, razão essa pela qual os países devem ser tomados como um lar, com base na pátria do céu.

A Europa não foi grande o bastante para vários países tomados como se fossem religião

1) O que é a Primeira Guerra Mundial senão uma guerra civil entre vários países que são tomados como se fossem religião? E o que é a Segunda Guerra Mundial senão uma prorrogação da primeira, por conta da paz humilhante que os franceses impuseram aos alemães, em Versalhes?

2) A Europa, contaminada pela ideologia liberal, se tornou pequena demais para vários países que queriam ser tomados como se fossem religião. 

3) E houve uma competição entre esses países por supremacia: seja buscando desenvolver um formidável exército para conquistar todos os outros países ou para "salvar" outras nações da ignorância e do atraso, levando a uma corrida neocolonialista, no século XIX.

4) Se a Europa se tornou pequena demais para esses grupos totalitários, então o sistema de equilíbrio forjado na Paz de Westfália não é capaz de frear a ambição estúpida. Muito menos um governo mundial.