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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Conservadorismo é sinônimo de tradcionalismo


1) Conservar o que é bom e conveniente é conservar a tradição dos santos apóstolos. Nesse ponto, tradicionalismo é conservadorismo, pois a tradição apostólica decorre de conservar a dor de Cristo, o que levou a edificar uma civilização inteira.


2) Quando se apela à tradição, no sentido de desobedecer os ensinamentos dos Santos Concílios e aos ensinamentos ex cathedra do Papa, então o tradicionalismo é herético, posto que se funda no conservantismo.



3) Recusar-se a chamar de conservadorismo o que é em essência o verdadeiro tradicionalismo é de uma ranhetice sem sentido, coisa que só pode fundar numa mente ignara, incapaz de dominar a própria linguagem que fala.

Eis o que dá quando não se domina a linguagem


Teve um que soltou esta farpa:

"O conservadorismo é um movimento político moderno, de ascendência britânica, e filosoficamente amparado nas premissas do iluminismo: a epistemologia das ciências é insuficiente para dar lastro intelectual à ideia de uma reforma radical da sociedade, portanto esta deve se deixar guiar pelas tradições e hábitos estabelecidos. Os principais teóricos conservadores, embora se opusessem à revolução, defendiam uma fundamentação da moral bastante contrária àquela da lei natural, e abriram espaço para o voluntarismo político e para o liberalismo. O pensamento político católico não é e nunca foi 'conservador'."

Eu respondo:

1) Se é moderno, então conserva-se o que conveniente, ainda isso esteja dissociado da verdade. Quem conserva a verdade em Cristo conserva, necessariamente, a dor de Cristo, que deu causa à nossa civilização - por essa razão, ele pode ser chamado de conservador. Quando se conserva o que é conveniente, ainda que dissociado da verdade, isso se chama conservantismo.

2) Eu venho fazendo reflexões sérias sobre o assunto, tomando por base aquilo que deve ser e merece ser conservado, por ser bom por si mesmo, coisa essa que se funda nas verdadeiras fundações da pátria e na lógica sob a qual se assenta o nosso idioma. O pensamento conservador brasileiro, da forma como estou a pensar, é conforme o Todo que vem de Deus, pois decorre do que foi edificado em Ourique; o que surge na Inglaterra e nos EUA, que são países protestantes, não é conservadorismo, mas conservantismo. Portanto, que se dê o nome correto das coisas - trata-se de questão de caridade intelectual, de compromisso para com a verdade

3) O tal do "conservadorismo", enquanto movimento político britânico decorrente do iluminismo, é colocar um gato doméstico numa jaula de zoológico onde está escrito "leão". Você vai chamar um gato doméstico que está na jaula do zoológico de "leão"? 

Devemos dar o nome correto das coisas


1) Deveríamos retirar o termo "revolução" desse evento de 1932, posto que tinha por ideais valores passados, conservadores.

2) Para fazer essa alteração de nomenclatura, podemos inaugurar novo nome nas futuras publicações de conservadores. Aprendi a importância de dar os justos nomes às coisas com o Prof Olavo, pois dar nomes incorretos é germinar o conservantismo.

Sobre o conservantismo natural

Tiago Cabral: 

01) Existem sociedades tradicionais, cujos valores podem coincidir com o cristianismo.

02) Só que elas não são conservadoras propriamente. Este é o caso da sociedade milenar japonesa

Dettmann:

01) O Japão cai no caso de conservantismo natural ou circunstancial, que não tem nada a ver com o conservantismo qualificado que tanto combato, por ser revolucionário

Cabral: me explique este ponto

Dettmann: 

1) O conservantista natural conserva as coisas porque é bom e conveniente, mas não sabe, por circunstância, que isso está conforme o todo, já que não conheceu Jesus Cristo. Se você fez isso, sem conhecer Jesus, em razão de circunstância, você será salvo pela Igreja. É conservantismo natural, pois se funda no fato de se ignorar Cristo, por conta de circunstância. É o caso dos japoneses. 

2) Isso é bem diferente do conservantista qualificado, aquele que tanto repudio. Ele conhece Jesus, sabe que Ele é a verdade, mas O rejeita - e edifica tudo longe da conformidade com o todo.

3) Pra ser conservador é preciso conhecer Cristo. Sem Cristo, conserva-se o que convém. Ou não se sabe o que é verdade, como ocorre com os japoneses; Ou se sabe, mas a rejeita, como se dá com os revolucionários de toda espécie.

Cabral: Sim, pois eles não têm culpa de nascerem em uma sociedade que nunca viu Cristo.

Dettmann: o que existe no Japão é fumaça de conformidade com o todo. Estão perto de descobrirem a verdade - basta que descubram Cristo.

O conservantismo natural prepara o caminho para o Senhor


01) Sócrates, Platão e Aristóteles são anteriores circunstancialmente a Cristo. 

02) Aristóteles defendeu os valores da família, pois sabia, no campo da ação prática, que isso era bom. Como não conheceu Cristo, ele conhecia a fumaça de conformidade com o todo.

03) Moisés serviu a Deus e libertou o povo judeu da escravidão no Egito.

04) A obra de Moisés é anterior circunstancialmente a Cristo. O marco que aponta a libertação dos hebreus no Egito se conservava como tal por ser bom e conveniente, já que o salvador ainda não chegou.

05) As leis romanas, decorrentes da sabedoria prática, são anteriores circunstancialmente ao crucificado. Como essa sabedoria prática é conforme o todo, Jesus também a confirmou.

06) Como a salvação se dirige a todos os povos, Cristo confirma o que é benigno e que veio antes dele.

07) Não há verdade sem Cristo. O que se conserva por ser bom e conveniente é apenas uma noção do que é conforme o todo - em outras palavras, é fumaça de bom direito, pois é indício de que isso agrada de fato ao Criador. Trata-se de conservantismo natural. Como tudo isso agrada a Deus, Cristo confirma tudo.

O conservantismo natural não termina mesmo quando se conhece Cristo


1) São Paulo dizia: "experimentai de tudo. Ficai com o que convém".

2) A sabedoria humana é imperfeita, por conta do pecado original. Quando nos desviamos daquilo que está no Pai, nós pecamos. E conhecendo o mal do pecado, pois ele é destrutivo, nós voltamos para a casa do Pai, porque isso é bom. Isso é o que se espera de quem tem uma boa e sólida consciência cristã.

3) Alguns, por inocência ou induzidos por mal sistemático prévio, estão tão perdidos que não têm mais a noção de onde está a Casa do Pai. Aí é que a pesca dos homens se faz tão necessária.

4) Quando uma sociedade conhece a palavra de Cristo, o que é bom e conforme o todo é confirmado por Cristo Jesus. Mas o conservantismo natural não termina a partir do momento em que a palavra de Cristo é conhecida; com o passar do tempo, novas circunstâncias e novos fatos surgem a todo o momento e precisam ser experimentados. Se Deus permite o pecado, é justamente para esta finalidade: discernir o que é bom e o que é ruim; o que é bom será confirmado em Cristo e o que não for será condenado.

5) Como falei no ponto 2, por conta do pecado original, sempre haverá gente que ficará tão perdida que não terá mais a noção de onde fica a casa do Pai. Logo, a pesca das almas é um serviço permanente e necessário de modo a que o povo de Deus fique conforme o todo.

6) Quem for sensato aprende de antemão, o máximo que puder, todas as experiências conhecidas previamente. Só assim será um modelo de santidade perfeita. Às vezes, precisará passar pela experiência do pecado, de modo a melhor internalizar a importância da santidade, de ser um imitador perfeito de Cristo.

7) Enfim, uma coisa é certa: o pecado de um dá causa para se alimentar a santidade do outro. Eis aí o exemplo vivo dos mártires.

Talvez mudando o esporte a consciência se restaura

1) O dia em que o futebol for tomado pelo que ele é - um mero passatempo, uma mera distração, em que os pais levam os filhos para se divertir -, eu passarei a cobrir as histórias do futebol. É neste aspecto privado da família que vemos o futebol como parte da pátria - em outras palavras, neste pequeno cosmos é que vemos o país ser tomado como se fosse um lar

2) Enquanto ele for uma paixão nacional, ele dará causa a que o País seja tomado como se fosse religião. E o futebol, pelo que o povo toma, é o instrumento perfeito para políticas de totalitárias, onde o pão e circo é um dos elementos dessa estratégia.

3) Brasileiros são formados em famílias desestruturadas. É uma constante histórica as famílias crescerem sem a referência de um pai. Isso é uma verdade patente entre os que são mestiços. Quem ler o livro Bandeirantes e Pioneiros, de Vianna Moog, saberá do que estou falando.

4) No seio de uma família desestruturada, a paixão e irracionalidade desenfreadas dão causa às neuroses. E o que mais se tem aqui é neurose sistemática. Eu já tive uma namorada que cresceu em lar desestruturado - o comportamento dela era fundado mais na emoção do que na razão. Se a razão não é trabalhada, a má consciência será sistemática e destruirá a pátria, pois é uma força endêmica disseminada entre nós, por conta dos pecados das gerações anteriores que povoaram esta terra. A má consciência da geração anterior é uma herança maldita para as gerações futuras, pois o pecado se tornou projeto de vida e isso se difundiu ao longo da sociedade.

5) Some-se a isso o fato de que o tempo do futebol, ao contrário do tempo do baseball, não permite que se dialogue. O bom do baseball é justamente isso - enquanto há contemplação, pai e filho conversam numa boa, enquanto o jovem se torna homem a partir do ensinamento do pai. Essa conversa é essencial para a própria formação da sociedade americana. É essa conversa, em que o baseball se torna circunstância secundária por alguns momentos, que forma as pessoas na consciência de que se deve conservar o que é bom e necessário, posto que se funda em Cristo Jesus. A paixão desenfreada, ao contrário, conserva o que convém, ainda que dissociado da verdade. Lidar com pessoas que agem mais com a emoção do que com a razão é lidar com barril de pólvora - estas pessoas são muito difíceis de lidar. Elas atuam como se fossem tsunames que tentam inundar e destruir de vez as poucas ilhas de consciência que se formam, assim como o projeto de Deus de continentalizar essas ilhas a longo prazo, mesmo com todas essas circunstâncias nefastas.

6) Talvez trocando a cultura do futebol pela do baseball, a partir da necessidade de se semear consciência, que talvez a gente consiga tomar melhor o país como se fosse um lar - e não como religião de Estado da república, como tem sempre havido. Digo isso por experiência própria - muito do meu trabalho intelectual nasce da contemplação no baseball, em que minha consciência conversa comigo mesmo de modo a poder servir aos meus irmãos naquilo que precisa ser ouvido. A conversa não tem prazo para acabar - ela dura enquanto durar o jogo, que se baseia em eliminações e não em 90 minutos de jogo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de julho de 2014 (data da postagem original).