1) Eu aconselho aos meus leitores a nunca terem uma mente dialética, no sentido modernista do termo.
2) A mente dialética, no sentido modernista do termo, é aquela que faz tese, antítese e síntese a partir de seus próprios pensamentos, sem ouvir a outra parte.
3) A mente dialética é a coisa mais subjetiva que tem: ela quer assumir o papel de Deus. Acha que a sua sabedoria basta. Em resumo: ela pensa ser a dona da verdade.
4) A verdade não precisa ser minha ou sua para ser nossa. Faça a caridade de ouvir o que o outro tem a dizer, se o que for dito por essa pessoa for bom e necessário. Sempre temos algo a aprender de outras pessoas ou de nossa própria sabedoria, se formos sensatos, aos olhos de Deus. Se você quiser limpar a sujeira decorrente da dialética de seus próprios pensamentos, confesse-os a quem tudo vê e observa, de modo a tirar a postura arrogante vinda de seu si, marcado pelo pecado original, pois todos nós somos seres humanos e não deuses. Santo Agostinho deu-nos uma valiosa lição quanto a isso
5) Quanto mais ouvirmos de gente sensata, mais aprendemos. O mesmo modo se dá quando nos confessamos com freqüência. Eu mesmo aprendi mais dando atenção ao que os outros tinham a dizer de sensato no facebook - além disso, eu sempre tenho por hábito confessar-me com freqüência. A gente poupa bem mais tempo ouvindo uma opinião sensata ou prestando contas a Deus do que lendo 80 livros por ano. A tradição, fundada no compartilhamento do saber, é uma excelente forma de economizar tempo.
6) Se você sentir que há algo que não bate, você pode buscar as bibliografias lidas pelo autor da opinião e examiná-las você mesmo - ou examinar sua própria consciência, de modo a não ser leviano nesse exame. É mais trabalhoso, mas faça isso, se sentir que vale a pena examinar. Faça no sentido de servir à verdade e não para ficar fazendo pose ou para maldizer o opinante. Este comportamento é nocivo e afeta praticamente 9 dentre 10 dos que se dizem conservadores aqui no Brasil. É este tipo de conduta que os leva à heresia política do conservantismo.
7) Para servir bem à verdade, você pode fazer uma dialética examinando fatos e opiniões sensatas partindo do seguinte:
7-A) Examinando o que foi dito de sensato entre A e B
7-B) Examinando o que A disse de sensato e as conclusões a que você chegou, partindo, se necessário, de experiências anteriores
7-C) Examinando o que B disse de sensato e as conclusões a que você chegou, partindo, se necessário, de experiências anteriores
7-D) Revendo todo o estado anterior de uma eventual controvérsia
7-E) Examinando o conjunto da conversa entre A x B x você mesmo
7-F) Do que está errado, do que é eventualmente ignorado podemos também aprender muita coisa, de modo a chegar à verdade
8) Fazendo tese, antítese e síntese a partir de fatos objetivos, sensatos e verdadeiros, a síntese acarretará a possibilidade conhecer várias situações prováveis, que podem vir a acontecer e que podem afetar as nossas circunstâncias pessoais.
9) Na dialética clássica, a dialética é o exame lógico do provável. Quando nós fazemos essa investigação do provável, mais perto estamos do caminho de Deus, que é o verdadeiro autor do que é certo e errado.
10) Quando se contrasta o provável com a ortodoxia divina, aí veremos se o fato está conforme o todo ou não.
11) Quando os fatos são conformes ao todo, o ensinamento será seguro e será proferido ex cathedra
12) À medida que vários ensinamentos ex cathedra se acumulam, por estarem em conformidade com o todo, aí é que temos os dogmas, que são o resumo desses ensinamentos, condensados em normas de conduta seguras a quem deseja viver a vida conforme o todo.
13) Em resumo: ouça sempre seus semelhantes, pois aí você estará servindo ao todo. Faça a dialética a partir de fatos objetivos e não da pretensa sabedoria humana. Quanto mais sensata for uma opinião, mais objetiva ela é, pois o opinante está se servindo de instrumento de Deus, de modo a que conheçamos a verdade. E ao a conhecermos, nós nos libertaremos de toda a sorte de vícios que fazem com que tomemos nossa nação como religião, quando o correto é tomá-la como sendo nosso lar.