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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Notas sobre ação dos consertadores no poder

1) Todo conservador que é chamado de modo a reger seu povo, no tocante a boa conservação ou promoção do bem comum, é chamado de consertador, pois conserta (restaura) aquilo que foi jogado fora, por conta de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. Além disso, ele conserta concertando (regendo, governando, fazendo acordos de modo a que o país se desenvolva e progrida tanto economicamente quanto espiritualmente).

2) Se tudo na vida tem jeito, então o que se funda na eternidade tem jeito, pois Cristo veio para nos dar vida - e vida em abundância. 

3) Se a destruição leva à morte, então todas as coisas fundadas na eternidade serão restauradas. Se Cristo venceu a morte, então o acessório segue a sorte do principal.

Dos fundamentos da imaginação literária

1) Na relação do homem com as coisas, toda coisa nova pode ser descoberta ou inventada. Se o homem tiver o conhecimento técnico necessário, essa coisa nova pode ser aprimorada e reproduzida, fabricada.

2.1) Quanto à questão da imaginação, o homem não tem ainda o contato físico com as coisas, mas um dia pode vir a ter. 

2.2) Se alguma coisa imaginada se funda naquilo que é conforme o Todo que vem de Deus, então essa coisa, fundada na verdade, é descoberta e revelada, mas não inventada. O homem não tem o condão de fabricar coisas que o próprio Deus criou, já que ele não é Deus - além disso, o próprio Deus está falando através de fatos, palavras e coisas e devemos falar as coisas da formas como elas são - eis aí a própria noção de realidade. A própria noção de fabricar algo imaginado revela uma invenção, um tipo de sabedoria humana dissociada da divina que tem a intenção de perverte a própria realidade, pois esta vai ficar mais conforme a sabedoria humana dissociada da divina.

2.3) Se nós temos imaginação, a questão é que não só podemos antever a dor dos outros e tomá-la como se nos fosse própria - o que nos tornaria mais humanos e mais próximos de Deus - como também antever todas as outras coisas que poderiam decorrer de algo sobre o qual ainda não se pensou, mas que já é conhecido. 

3) Antever as conseqüências de algo que não foi pensado é um ato de empreendimento. E a literatura, enquanto empreendimento voltado a nos deixar em conformidade com o Todo que vem de Deus, deve ser encarada neste fundamento. Uma boa literatura necessita de muito senso de se conservar a dor de Cristo e de muito senso para se tomar a dor dos outros como se fosse própria daquele que a escreve - e isso é um tipo de distributivismo.

4) Só em lugares onde Deus deixou de ser o centro de todas as coisas é que temos uma literatura vazia e que não reproduz a realidade espiritual de um povo, de modo a tomar o país como se fosse um lar, em Cristo.

A carta de 1988 é inconstitucional

1) Nunca confie numa constituição que invoca a proteção de Deus e que ao mesmo tempo concede isenção tributária a templos de "qualquer natureza".

2) Invocar a proteção de Deus pede necessariamente Aliança do Altar com o Trono. E isso pede Aliança com aquilo que funda no Deus verdadeiro e em tudo aquilo que foi edificado em Sã Doutrina.

3) Dar isenção tributária a templos de "qualquer natureza" é incentivar o relativismo moral. É violação do princípio da não-traição à verdade revelada - e o Regime Republicano é especialista nisso, por ser revolucionário.

4) Não é à toa que a atual Constituição da República, a de 1988, é tão inconstitucional quanto todas as outras constituições: a de 1891, a de 1937, a de 1946, a de 1967 e a de 1969.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2016 (data da postagem original).

Notas sobre o princípio da simetria

1) Aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus obedece o princípio da simetria. Se a ordem que vem de Deus é uma monarquia, então aquilo que liga a Terra ao Céu nos pede um soberano que sirva a Cristo regendo o seu próprio povo tanto em seu próprio domínio quanto em terras distantes, tal como se dá com os portugueses, desde Ourique. Esse soberano rege esse povo pensando nas próximas gerações e toma o seu país como se fosse um lar, em Cristo - e o seu povo é a sua família, seu maior tesouro que foi posto sob sua proteção, tal como um patriarca.

2) Se o Direito Natural é o direito constitucional por excelência, então esse princípio da simetria é de reprodução obrigatória, pois decorre da realeza de Cristo: se Ele é a verdade, então Ele é necessariamente a liberdade. 

3) Qualquer princípio de simetria fundado em sabedoria humana dissociada da divina só vai levar ao centralismo e ao senso de se tomar o país como se fosse religião. E isso leva ao totalitarismo.

A monarquia celestial precisou vencer o republicanismo celestial primeiro

1) Para a verdade se impor, aquela de que Deus é um só e rege todas as coisas, ela primeiro precisou vencer uma guerra que se travou no Céu primeiro, tal como há no Apocalipse de São João.

2.1) O inferno no Céu está no fato de que todos os deuses, os falsos, têm sua própria verdade.

2.2) Se todos têm a sua própria verdade, então o panteão é a república que se dá no céu.

2.3) Se há anarquia no Céu, então ela vai se ligar à Terra, gerando uma verdadeira anarquia sobre ela, e isso é um abuso do poder das chaves. Isso explica o quanto o Império Romano, fora do Cristianismo, foi uma das piores sociedades humanas da História.

2.4) O Deus verdadeiro expulsou os falsos deuses do Céu e os colocou no seu devido lugar: debaixo da Terra. E a ligação da Terra com o seu subterrâneo está na personificação de seres rastejantes e peçonhentos, que ficam a tentar aos homens de modo a que possam desobedecer a Deus, tal como vemos no Éden.

2,5) É por conta desse grave perigo que Deus mandou seu filho único muito amado para nos salvar, de modo a que tomemos o nosso país como se fosse um lar em Cristo.

2.6) O restabelecimento do paganismo, do republicanismo celestial como justificativa cosmológica do republicanismo na Terra, levou à promoção do libertarismo de todo o gênero (protestantismo, iluminismo, comunismo e globalismo). E foi esse libertarismo que sedimentou o caminho para o totalitarismo, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele.

3) É com base nesse neopaganismo que o Estado - o ponto culminante das realizações humanas, no dizer de Hegel - se torna uma "Igreja", uma Embaixada do Panteão na Terra - e seu  presidente, ou Imperador tomado como se fosse um Deus vivo, um "papa" fundado neste republicanismo celestial, que nada mais é do que obra do anjo decaído.

4) Não é à toa que a Aliança do Altar com o Trono, fundada naquilo que é conforme o Todo que vem do Deus verdadeiro, é necessária para a sobrevivência do próprio Estado, enquanto instituição humana criada de modo a que possa servir aos homens, de modo a que se mantenham próximos uns aos outros e na conformidade com o Todo que vem de Deus.

Como o libertarismo mata a união trabalhista

1) Em algumas classes profissionais, a chaga do libertarismo foi altamente destrutiva. Exemplo disso são os médicos.

2) Por conta do cientificismo e do ateísmo militantes, cada médico se tornou um Deus que tem a sua própria verdade. Num panteão de deuses que agem desse modo, jamais haverá fraternidade universal - logo, o colega de profissão é um rival, um inimigo que deve ser destruído.

3) Como pode haver união trabalhista, se nenhum médico enxerga ao outro como se fosse um irmão em Cristo? Se não há fundamento para um sindicato de médicos, muito menos uma sociedade empresária será capaz de formar uma guilda, de modo a servir a sociedade como um todo.

4) Logo, uma cooperativa médica será impossível. 

Das condições que formam uma sociedade economicamente organizada

1) Se amigo é quem ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, então dois são os fundamentos para se aprender a amar e a rejeitar as mesmas coisas.

1.1) O primeiro fundamento é tomando a dor do outro como se fosse sua própria. Como já falei antes, é mais fácil você aprender a tomar a dor do outro como se fosse a sua própria quando se convive com o seu semelhante, seja no âmbito familiar, seja no âmbito profissional. Quando as pessoas se importam umas com as outras, elas se associam de modo a defender os interesses de sua classe profissional, seja na forma de guilda, quando se é um trabalho autônomo, seja na forma de sindicato, quando se é um trabalho fundado numa economia subordinada, servil.

1.2) O segundo fundamento é investindo numa pessoa em especial porque você admira o seu trabalho - a atividade profissional organizada ou em vias de ser organizada é uma projeção da alma, pois esta pessoa diz sim a Deus servindo ao próximo naquilo em que ela é capaz de fazer. E este serviço pode ser levado a terras distantes, como se fosse uma espécie de evangelização.

2) Quando você investe num trabalhador em especial, você está transformando-o em sócio - e isso é fato gerador de uma sociedade empresária, uma vez que a questão da affectio societatis está presente nessa relação.

3) Se você investe em seu corpo profissional, de modo a que todos sejam sócios da mesma empresa, então todos se tornam donos dos meios de produção da empresa. Logo, os poderes de usar, gozar e dispor são distribuídos a todos os interessados, o que implica distributivismo dos poderes inerentes da propriedade, o que acaba criando um ambiente de trabalho mais familiar, pois todos conhecem a todos - e os conflitos de natureza profissional terminam sendo resolvidos dentro do âmbito da própria empresa, o que leva a uma menor intervenção do Estado e de seu direito totalitário, positivado de modo a ficar fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4) A cooperativa não só resgata os elementos da guilda como também reafirma a tendência natural de os indivíduos se associarem por conta de amarem e rejeitarem as mesmas coisas, por conta de viverem juntos ou trabalharem juntos. Se isso tem fundamento em Cristo, o sindicato é o primeiro passo para se converter a economia subordinada, fundada no amor ao dinheiro, em economia livre, fundada no fato de a empresa ser uma comunidade econômica, formada de modo a servir a cidade como um todo.

5) Enfim, do particular para o geral, começa-se a natural expansão da economia cristã, fundada na justiça e na fraternidade universal, de modo a que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo - e não como se fosse religião de Estado da República.