1) Na relação do homem com as coisas, toda coisa nova pode ser descoberta ou inventada. Se o homem tiver o conhecimento técnico necessário, essa coisa nova pode ser aprimorada e reproduzida, fabricada.
2.1) Quanto à questão da imaginação, o homem não tem ainda o contato físico com as coisas, mas um dia pode vir a ter.
2.2) Se alguma coisa imaginada se funda naquilo que é conforme o Todo que vem de Deus, então essa coisa, fundada na verdade, é descoberta e revelada, mas não inventada. O homem não tem o condão de fabricar coisas que o próprio Deus criou, já que ele não é Deus - além disso, o próprio Deus está falando através de fatos, palavras e coisas e devemos falar as coisas da formas como elas são - eis aí a própria noção de realidade. A própria noção de fabricar algo imaginado revela uma invenção, um tipo de sabedoria humana dissociada da divina que tem a intenção de perverte a própria realidade, pois esta vai ficar mais conforme a sabedoria humana dissociada da divina.
2.3) Se nós temos imaginação, a questão é que não só podemos antever a dor dos outros e tomá-la como se nos fosse própria - o que nos tornaria mais humanos e mais próximos de Deus - como também antever todas as outras coisas que poderiam decorrer de algo sobre o qual ainda não se pensou, mas que já é conhecido.
3) Antever as conseqüências de algo que não foi pensado é um ato de empreendimento. E a literatura, enquanto empreendimento voltado a nos deixar em conformidade com o Todo que vem de Deus, deve ser encarada neste fundamento. Uma boa literatura necessita de muito senso de se conservar a dor de Cristo e de muito senso para se tomar a dor dos outros como se fosse própria daquele que a escreve - e isso é um tipo de distributivismo.
4) Só em lugares onde Deus deixou de ser o centro de todas as coisas é que temos uma literatura vazia e que não reproduz a realidade espiritual de um povo, de modo a tomar o país como se fosse um lar, em Cristo.