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terça-feira, 12 de agosto de 2014

O ponto alto do mundo português é Ourique


1) O verdadeiro ponto alto da verdadeira nacionalidade portuguesa, do mundo português tomado como se fosse um lar, não são os descobrimentos, mas o sim que D. Afonso Henriques disse à missão que Cristo lhe confiou. Desse sim vieram os descobrimentos. 

2) Os descobrimentos são, pois, conseqüência do sim que foi dito lá em Ourique, em 1139. Isso é que selou o destino de Portugal, enquanto nação não só de seu próprio povo, mas de muitos, como são os brasileiros, angolanos e outros tantos.

A nacionalidade se dá no sim do soberano a Cristo, a ponto de se tornar pai de muitos


1) Quando um rei ou imperador segue o exemplo de D. Afonso Henriques e diz sim à missão que o próprio Cristo lhe confiou, povos inteiros ficarão debaixo de sua proteção e amparo. Logo, o rei, fundado em Cristo, será pai de povos inteiros, ainda que dispersos por todo o Globo, já que é de Portugal a missão de servir a Cristo em terras distantes, coisa da qual nós, como brasileiros, somos também herdeiros.

2) A verdadeira nacionalidade se deve ao fato de se tomar como pai um rei que diz sim a Deus e que assume ser pai da pátria e de povos inteiros sob sua proteção. É sob a liderança desse pai que aprendemos desde cedo a tomar o país como se fosse um lar.

3) O verdadeiro conceito de nacionalidade decorre da nacionidade, do fundamento de se tomar como um lar a pátria do céu e o conseqüente sim de um rei como pai da pátria terrena em Cristo.

A verdadeira História Constitucional começa em Ourique, em 1139

1) A verdadeira história constitucional do Brasil não se dá na Revolução Liberal do Porto, em 1820. 

2) A Lei de Deus, que organiza e rege tudo, se escreve na carne. E a organização política do Estado deve ser fundada nesta razão.

3) A verdadeira ordem constitucional brasileira se dá com o surgimento de Portugal, em Ourique em 1139, quando Cristo aparece para D. Afonso Henriques e o faz Rei de Portugal. E com isso, a missão de servir a Cristo em terras distantes.

4) É da aliança do altar com o trono que se nasce não só a verdadeira ordem constitucional como também a própria nacionidade, isto é o verdadeiro sentido pelo qual o país deve ser tomado como sendo o nosso lar. E essas duas coisas se dão em Cristo, que é o Rei dos Reis, o Juiz dos Juízes e Supremo Sacerdote

5) Esta meditação se faz necessária, pois as coisas devem ser ditas, sob fundamento na verdade, na bondade e na caridade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janerio, 12 de agosto de 2014 (data da postagem original).

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Comentários sobre a ambidestria política de D. João VI

1) A respeito da crise provocada pela Revolução Liberal do Porto de 1820, D. João VI praticou verdadeira ambidestria política.

2) Eis o conceito de ambidestria política, tal como eu defini: "ambidestria em política seria costurar aliança com parlamentares de direita (conservantista) e esquerda (revolucionária). Isso é o contrário do real significado do que é ser ambidestro na escrita - na verdade, é estar em cima do muro e conservar as coisas como estão porque é conveniente. Além disso, é covardia, pois a pessoa não lutará pela verdade, que decorre de Cristo".

3) No contexto daquela época, quem apoiava as idéias liberais era revolucionário. E eles queriam viver num estado de coisas em que as coisas do Estado tinham que ser necessariamente separadas dos valores da Santa Religião - enfim, eles queriam uma ordem onde os valores de Cristo e da Lei Mosaica não interfeririam nas coisas que se fundam no poder, que se alimentaria através da riqueza da população, através dos impostos. Em termos práticos, adotar-se-ia a lógica de Maquiavel: a política seria separada dos valores éticos, tal como vemos serem apregoados na Santa Religião.

4) Os liberais queriam libertar toda a sociedade desses valores que deram causa à fundação da nossa civilização, achando que a razão por si mesma bastaria para mantê-los. Pura ilusão! o século XX foi o século onde tudo se desaguou numa enorme tragédia.

5) Do outro lado estavam os conservadores, os defensores da aliança entre o altar e o trono. Gente do naipe de Sylvestre Pinheiro e conselheiro Thomaz Antônio, que viram os malefícios de uma constituição escrita pelo homem, divorciada de Deus, e do mal que isso poderia trazer, se D. João fizesse concessões perigosas a esses revolucionários.

6) A ambidestria política de D. João VI neste campo resultou no dualismo constitucional e na ulterior guerra civil entre D. Pedro e D. Miguel.

7) O Brasil passaria por muitas revoltas que quase esfacelaram a unidade territorial, de tal modo que isso só foi se resolver com a subida D. Pedro II ao poder.

8) Enfim, a História Constitucional Brasileira é marcada por revoltas e instabilidades políticas, tanto no seu surgimento, como um reflexo direto da revolução francesa, quanto nas sucessivas crises ao longo da república, em que a Constituição foi escrita e reescrita diversas vezes.


9) Seria mais sensato que D. Pedro I tivesse seguido o conselho de seu sogro: que não se preocupasse com constituições. Pois a aliança com a Igreja bastou para se criar uma ordem estável, tal como víamos na Idade Média.

A cláusula de permissão de saída do soberano é um ato de seqüestro

1) Quando um rei jura lealdade a uma constituição liberal e positivada, ele se submete ao arbítrio da permissão de saída. da mesma forma que um pai se rende ao domínio de um seqüestrador que lhe aponta uma arma na cabeça. 

2) E isso não é uma coisa boa, pois mata o caráter hereditário da monarquia, assim como a noção de que o pai de família sai de casa pelo bem dos filhos e da mulher, enquanto seu filho maior e capaz rege a pátria, em sua ausência, pelo bem de seu povo. 

3) Enfim, isso mata a estabilidade política e a nacionidade da pátria.


A verdade sobre os escândalos envolvendo as caçadas do Rei Juan Carlos Is

Esse problema da autorização das cortes para a saída do Rei pode ser usado para se fabricar escândalos, tal como houve na Espanha sobre as caçadas de Juan Carlos I. E para se fazer uma república, basta haver bons fabricadores de mentiras. Não é à toa que república e comunismo são irmãos no mal, pois basta se semear a mentira entre nós que o mal está feito.

Comentários sobre a crise que a Revolução Liberal de 1820 causou no Brasil e em Portugal


1) Quando houve a revolução liberal do Porto em 1820, como um reflexo decorrente da Revolução Francesa, o cenário era de flagrante incerteza, agravado ainda mais pelo temperamento de D. João VI, que era indeciso.

2) Do debate que havia entre o conselheiro Thomaz Antônio, que era absolutista, e o Conde de Palmella, que fazia concessões aristocráticas e prudentes ao movimento constitucionalista, D. João costurava uma idéia e outra - e a costura se fundava na linha tênue da incerteza. Ele pedia conselhos constantemente e protelava uma medida, uma ação necessária - ele não sabia se devia conceder uma constituição para apaziguar os ânimos ou reprimir de vez a sedição soldadesca, que estava querendo uma constituição nos moldes da Constituição espanhola da época.

3) A constituição espanhola da época tinha uma cláusula de que o rei não podia ausentar-se do reino sem a permissão das cortes, sob pena da perda da coroa para um aventureiro qualquer. Como isso é estopim para a formação de uma república, o conselheiro Sylvestre pinheiro esteve coberto de razão de ficar irritado, pois é uma ofensa à pátria e ao sentido da aliança entre o altar e o trono, uma vez que Cristo fez D. Afonso Henriques e seus descendentes reis de Portugal, de modo a que este sirva a Cristo em terras distantes. Sylvestre Pinheiro foi o único que votou contra a partida de del-rey D. João VI para Lisboa.

4) Enquanto D. João não se decidia, as idéias vintistas já se alastravam por aqui, via Pará e Bahia. No Rio de Janeiro, já havia o Revérbero Constitucional Fluminense. O infante D. Pedro, que seria mais tarde D. Pedro I do Brasil e D. Pedro IV de Portugal, já havia aderido às idéias constitucionalistas. Já defendia um dualismo constitucional, posto que Portugal e Brasil tinham costumes e circunstâncias diferentes. Na prática, isso implicaria cisão do Brasil num Império independente, sobretudo porque se semeou entre nós a idéia de que o português era um usurpador que preteria o filho da terra aqui.

5) Por fim, chegou-se à decisão de se adotar provisoriamente a constituição da Espanha, enquanto Portugal não fazia a sua, e a partida definitiva de El-Rey para Lisboa. Como já disse antes, na cláusula espanhola o rei não poderia se ausentar do país sem a permissão da corte, que representa seu povo. Se ele ficasse fora, é sinal de que teria abandonado a coroa. Do ponto de vista desses que adotam as idéias liberais, adota-se a falácia de que a mudança da corte para o Rio foi um ato de covardia do Rei. E essa solução constitucional, considerando-se a realidade do mundo português como um todo, não é uma solução sensata.

6) Admitindo-se o fato de que o Brasil estivesse sendo invadido por forças estrangeiras, é mais sensato o soberano pôr-se a salvo em um lugar mais seguro e coordenar a resistência de fora. Pois não há tempo hábil para se pedir permissão à corte para se ausentar do país. Foi o que de fato houve na Noruega, ao longo da Segunda Guerra Mundial, quando o reino foi invadido pelos nazistas.

7) No caso do Brasil, D. Pedro II estava em idade avançada e ele costumava ir à Europa e aos EUA em busca de alta cultura e de coisas que pudessem dar causa ao desenvolvimento econômico do país, a longo prazo. Essas viagens, que tinham caráter particular, são muito necessárias - e no fundo tem uma natureza pública.

8) Quando o imperador se ausenta, ele desde cedo ensina o povo a conhecer seu futuro sucessor quando faz de seu filho mais velho um regente, como foi no caso da Princesa Isabel. E quando o regente faz coisas fantásticas, como sancionar a Lei Áurea, é sinal de que o País estaria bem encaminhado, quando o imperador falecer, já com o decorrer da idade. Tal como o pai que sai à rua para comprar coisas necessárias para casa ou quando sai por conta do serviço, o filho mais velho maior e capaz cuida dos mais novos e passa a ouvir as queixas dos irmãos, de modo a pôr ordem na casa, enquanto o pai está ausente. Eis aí mais um sentido da estabilidade política que se dá pela monarquia hereditária - o rei ou imperador prepara seus filhos para o comando, enquanto ele se ausenta do país em viagem para o bem do país.

9) Se ele ficar vinculado à permissão das cortes, a coroa pode cair nas mãos de um aventureiro e o país descambar numa república. Essa limitação da saída do rei é um golpe fatal no governo hereditário, pois a regência é um estágio final para que o futuro rei governe sem incidente algum, que se dá por falta de experiência.

10) A permissão de saída do mandatário na república faz mais sentido devido à natureza provisória da figura do chefe de Estado e também pelo fato de ele ser tanto chefe de Estado quanto de governo.

11) Se o chefe de Estado, o rei ou imperador, deixa um príncipe como regente, isso é sinal de que a chefia de Estado não estará vaga. Pois nenhum rei, enquanto bom pai de família que é, deixa seu povo desamparado. O regente age como um mandatário, um longa manus do rei, pois ouvir as queixas do povo é papel do rei, fundado no fato de que ele é pai da pátria. E o mandatário, o regente, responde perante o rei, tal como o filho mais velho presta contas ao pai, por conta do deveres fundados na ausência boa e necessária.

12) O filho mais velho, ao se tornar mandatário do pai, ele é não padrasto, e com isso garante a estabilidade da família. O padrasto tende a ser visto como um aventureiro ou deseducador, o que destrói de vez a família, por falta da referência paterna. É o começo da republicanização da pátria, quando os filhos da terra se perdem por conta da referência paterna do Rei, que é pai de muitos, tal como os padres, nas suas paróquias.