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quinta-feira, 13 de março de 2025

Djibouti: Geopolítica e Geoeconomia em uma Região Estratégica

Introdução

Djibouti é um pequeno país com pouco mais de um milhão de habitantes, mas que possui uma importância geopolítica e geoeconômica significativa devido à sua posição estratégica na Bacia de Aden. Apesar de carecer de recursos naturais, o governo de Djibouti tem procurado transformar o país em um centro econômico semelhante a Singapura ou Dubai, apostando em infraestrutura e na sua localização privilegiada para o comércio marítimo.

Importância Geopolítica de Djibouti

Djibouti abriga diversas bases militares estrangeiras, sendo o país com a maior concentração de instalações desse tipo no mundo. Os Estados Unidos, China, França, Japão, Itália, Alemanha e Espanha possuem presença militar em seu território. Sua localização na entrada do Mar Vermelho, uma das rotas comerciais mais importantes do mundo, faz com que Djibouti seja estratégico para a segurança marítima e o fluxo global de mercadorias.

A receita proveniente do aluguel dessas bases é um dos principais pilares da economia djibutiana, arrecadando cerca de US$ 300 milhões por ano. Essa dependência das rendas militares levanta preocupações sobre a soberania do país e sua dependência de potências estrangeiras.

A Geoeconomia de Djibouti

Djibouti está situado em uma das regiões mais estratégicas para o comércio mundial, por onde passa cerca de 12% do tráfego marítimo global. O país tem investido pesadamente em infraestrutura portuária, muitas vezes com financiamento estrangeiro, principalmente da China. O desenvolvimento do Porto de Doraleh e da ferrovia que liga Djibouti à capital da Etipóia, Addis Abeba, são exemplos desse esforço para transformar o país em um hub logístico.

Atualmente, Djibouti obtém grande parte de sua receita do serviço de transporte de mercadorias para a Etipóia, que depende de seus portos para acessar mercados globais. Quase 95% do comércio etíope passa por Djibouti, tornando o país um parceiro comercial indispensável para a maior economia da África Oriental.

Desafios para o Desenvolvimento

Apesar de seus avanços, Djibouti enfrenta desafios econômicos significativos, incluindo:

  1. Falta de Recursos Naturais: O país depende fortemente da importação de alimentos devido à escassez de terras agricultáveis (menos de 5% do território é cultivável).

  2. Dependência de Investimentos Externos: Grande parte do financiamento para infraestrutura vem da China, resultando em uma dívida pública elevada.

  3. Predomínio de Empresas Estrangeiras: Setores estratégicos, como telecomunicações e portos, são amplamente controlados por companhias estrangeiras, limitando a autonomia econômica do país.

  4. Distribuição Desigual do Desenvolvimento: A concentração dos investimentos na capital resulta em assimetrias econômicas entre as regiões do país.

Conclusão

Djibouti desempenha um papel vital na geopolítica internacional graças à sua localização estratégica. Sua economia é sustentada pelo arrendamento de espaço para bases militares estrangeiras e pelo setor logístico vinculado à Etipóia. Entretanto, o crescimento sustentável do país ainda enfrenta desafios significativos, como dependência de capital externo, escassez de recursos naturais e desigualdade no desenvolvimento interno. Seu sucesso em se tornar um "Dubai da África" dependerá da capacidade do governo de lidar com essas questões estruturais e garantir um crescimento equitativo.

Bibliografia

  • Kaplan, R. (2013). The Revenge of Geography: What the Map Tells Us About Coming Conflicts and the Battle Against Fate. Random House.

  • Clapham, C. (2017). The Horn of Africa: State Formation and Decay. Hurst & Company.

  • Menkhaus, K. (2013). "State Failure, Collapse & the Prospects for Peace in Somalia". Somalia: State Collapse and the Threat of Terrorism, Routledge.

  • De Waal, A. (2015). The Real Politics of the Horn of Africa: Money, War and the Business of Power. Polity Press.

  • United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD). (2021). Djibouti's Economic Profile. Disponível em: https://unctad.org/

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