A economia, enquanto ciência da administração dos bens e da produção, está profundamente ligada à teologia da história. No contexto da doutrina católica, a ordem econômica deve estar subordinada à ordem moral e espiritual, pois somente a verdade pode garantir a verdadeira liberdade. Neste artigo, exploraremos a relação entre economia e teologia da história, com ênfase na necessidade de um liberalismo magnânimo inspirado na tradição medieval, em oposição ao liberalismo moderno que frequentemente se dissocia da verdade e desemboca no totalitarismo.
Economia como Luz nas Trevas do Comunismo
A palavra polonesa gospodarka, que significa economia, ecoa foneticamente o termo gospel (evangelho) em inglês e traz consigo um significado providencial. Em tempos de crise e escuridão ideológica, a economia baseada na verdade pode ser luz contra as trevas do comunismo e outras formas de totalitarismo. A economia justa e ordenada deve, portanto, ser guiada pela verdade e pelo princípio da subsidiariedade, que reconhece a primazia da liberdade humana dentro da ordem estabelecida por Deus.
A Igreja sempre ensinou que a economia não pode ser um fim em si mesma, mas um meio para o bem comum. O Papa Leão XIII, em Rerum Novarum, enfatizou que o capital, longe de ser um instrumento de exploração, deve ser fruto da santificação pelo trabalho e do esforço contínuo para edificar uma sociedade justa. Assim, a acumulação de bens deve estar subordinada à moral cristã e ao dever de servir a Deus e ao próximo.
O Liberalismo Magnânimo dos Medievais
A sociedade medieval cristã praticava um modelo econômico e político que pode ser descrito como um liberalismo magnânimo, ou seja, um sistema que reconhecia a liberdade dos indivíduos, mas dentro de uma ordem moral superior. Ao contrário do liberalismo moderno, que frequentemente exalta uma liberdade desvinculada da verdade, o liberalismo medieval estava ancorado na fé cristã, na caridade e na justiça.
Esse modelo permitia que os homens fossem servos livres em Cristo, por Cristo e para Cristo, orientando sua vida econômica e social segundo os princípios do Evangelho. A guilda medieval, por exemplo, não apenas protegia os interesses econômicos de seus membros, mas também promovia a solidariedade, a educação moral e o culto divino. Era um sistema econômico que visava não apenas o lucro, mas o bem comum, respeitando a dignidade do trabalhador e o propósito final do homem: sua salvação.
A Economia e a Cruz de Cristo
O cristão deve compreender que a verdadeira liberdade econômica só pode existir quando alinhada com a verdade revelada. Isso implica aceitar o sacrifício da Cruz como princípio ordenador da vida, inclusive no campo econômico. O sofrimento redentor de Cristo nos ensina que não devemos buscar apenas aquilo que é conveniente, mas aquilo que é verdadeiro e justo.
O liberalismo moderno, ao rejeitar essa verdade transcendente, acaba se tornando um caminho para o totalitarismo comuno-fascista, onde a liberdade é sacrificada em nome de ideologias que negam a dignidade humana e a ordem natural. Dessa forma, a economia deve ser estruturada não sobre a conveniência momentânea, mas sobre princípios eternos.
Conclusão
A economia deve ser compreendida à luz da teologia da história, reconhecendo que o desenvolvimento econômico verdadeiro só ocorre quando enraizado na verdade e na moral cristã. O liberalismo magnânimo dos medievais oferecia um modelo onde a economia servia ao bem comum e à glória de Deus, enquanto o liberalismo moderno, ao afastar-se da verdade, prepara o caminho para o totalitarismo.
Assim, cabe aos cristãos santificarem-se através do estudo e do trabalho, para que possam edificar uma economia que não seja apenas próspera, mas também justa e ordenada ao bem supremo: o serviço ao verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Em tempos de crise e escuridão ideológica, a economia cristã deve ser a luz que dissipa as trevas do erro e da opressão.
Bibliografia
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