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domingo, 16 de março de 2025

A Ordem Econômica Cristã e a Integração das Necessidades na História Global

A relação entre economia, história e teologia pode ser analisada sob a ótica da integração das necessidades humanas na ordem objetiva estabelecida por Deus. No idioma português, a estrutura linguística permite que as necessidades subjetivas e objetivas se harmonizem através da ordenação pessoal. Esse princípio reflete uma realidade mais profunda: a conformidade entre a economia, a moral e a verdade última, cuja medida suprema é Cristo.

1. A Natureza da Necessidade e sua Estrutura Linguística

No polonês, distingue-se entre potrzeba, que se refere a uma necessidade subjetiva, e konieczność, que representa uma necessidade objetiva, ligada à verdade e à realidade incontornável. Já no português, o termo "necessidade" abrange ambas as dimensões, permitindo uma síntese entre a ordem subjetiva e a objetiva. Essa distinção linguística reflete a própria estrutura da realidade: as necessidades humanas podem ser ordenadas corretamente quando submetidas à verdade absoluta.

Na economia, essa distinção ressoa com o debate entre a Escola Austríaca e as concepções objetivas de valor. A Escola Austríaca enfatiza a subjetividade do valor econômico, argumentando que as necessidades e preferências individuais determinam a precificação dos bens. No entanto, essa abordagem deve ser subordinada a uma hierarquia objetiva, onde Cristo, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, representa a medida última de todas as coisas. Dessa forma, a ordenação das necessidades humanas deve ser orientada pela conformidade com a verdade, e não apenas pelo desejo subjetivo.

2. Ouro, Prata e a Ordem Cristã Global

A história econômica global foi moldada pela ação de Portugal e da Espanha, cuja expansão marítima inaugurou o primeiro sistema econômico verdadeiramente global. O ouro ("złoto" em polonês, remetendo a "zigoto" como princípio inicial da vida) representa Cristo como medida última e fundamento da ordem mundial. O cérebro por trás dessa ordem não é outro senão o Logos, a Sabedoria divina que governa o mundo.

A prata ("srebro" em polonês) desempenhou um papel fundamental na construção da economia global, pois o dólar espanhol, cunhado a partir da prata extraída nas colônias ibéricas, tornou-se a primeira moeda globalmente aceita. Essa estrutura econômica não foi um fenômeno meramente material, mas um reflexo da expansão da Cristandade e da ordem providencial de Deus. O comércio global, viabilizado pelo trabalho de Portugal e Espanha, foi o instrumento pelo qual a civilização cristã ampliou suas fronteiras, promovendo a difusão da fé e do conhecimento.

3. A Economia e a Ordem Providencial

A economia não pode ser separada de sua dimensão moral e teleológica. O acúmulo de capital e a estrutura de mercado devem ser compreendidos à luz da santificação pelo trabalho e pelo estudo, conforme ensinado na encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII. O capital, entendido como trabalho acumulado ao longo do tempo, não deve ser apenas um instrumento de ganho material, mas um meio de conformação à ordem divina.

Nesse sentido, a verdadeira economia não pode ser baseada unicamente na maximização de interesses individuais, mas deve integrar a subjetividade humana à objetividade da verdade. Essa integração ocorre quando o homem ordena suas necessidades segundo a lei natural e a revelação divina, promovendo uma economia que não apenas gera riqueza, mas que sustenta a civilização cristã.

Conclusão

A história econômica mundial revela um princípio maior: a integração entre economia, moral e teologia não é um ideal utópico, mas uma realidade histórica vivida através da Cristandade. O ouro simboliza a medida última, Cristo; a prata representa o meio pelo qual a ordem se manifesta no comércio e na economia. A globalização iniciada por Portugal e Espanha não foi apenas um fenômeno mercantil, mas um reflexo da expansão da verdade cristã pelo mundo.

A verdadeira economia deve reconhecer essa ordem providencial e submeter-se à verdade, permitindo que as necessidades humanas sejam integradas à ordem objetiva de Deus. Somente assim a atividade econômica poderá cumprir seu propósito final: não apenas gerar riqueza, mas ordenar o mundo à luz da justiça divina e da verdade eterna.


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