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quinta-feira, 20 de março de 2025

Linguística, História e Economia: Conectividade, Corporativismo e a Ordem Transcendente

A palavra towarzyszem, que em polonês significa "companheiro", revela uma sutil interseção entre língua, história e economia quando decomposta em sua fonética inglesa: towards system ("sistema avançado, rumando para a verdade, já que Cristo, é o caminho, a verdade e a vidade"). Essa leitura, ainda que etimologicamente especulativa, sugere um princípio organizacional que se manifesta tanto na linguagem quanto nas estruturas econômicas e sociais, especialmente no modelo medieval das corporações de ofício. Esse princípio contrasta com a lógica das grandes corporações modernas, cujo sentido materialista está frequentemente desvinculado do transcendente.

As Corporações de Ofício e a Ordem Social Medieval

Na Idade Média, as corporações de ofício constituíram um modelo econômico baseado na união entre produção, espiritualidade e solidariedade. Inspiradas pelo conceito de "corpo místico", as guildas funcionavam não apenas como associações profissionais, mas também como expressões concretas da ordem cristã na economia. O trabalho não era apenas meio de sustento, mas também via de santificação, integrando os ofícios manuais e intelectuais à ordem superior do Reino de Deus.

A missão de servir a Cristo em terras distantes, estabelecida com o Milagre de Ourique e que ressoou no iberismo, encontrou no modelo corporativo medieval um instrumento de propagação da fé e de expansão econômica. Ao integrar a economia local à missão evangelizadora, as corporações mantinham a conexão entre a produção e a transcendência, diferentemente das corporações modernas, cuja razão de ser se apoia exclusivamente na lógica do lucro.

A Ruptura com o Transcendente e a Crítica às Grandes Corporações

Com o advento do capitalismo moderno e a ascensão das grandes corporações, a economia desvinculou-se de sua função teleológica. A produção, antes orientada pelo senso de comunidade e pelo ideal de santificação através do trabalho, passou a ser regida pelo individualismo e pelo utilitarismo. O crescimento dessas corporações gerou uma nova forma de "sistema", na qual a conexão entre os trabalhadores e o sentido transcendental do trabalho foi dissolvida em um pragmatismo materialista.

Essa desumanização se evidencia na precarização das relações de trabalho, na instrumentalização do indivíduo e na subordinação do social à lógica dos mercados. O capitalismo transnacional desconectado da ordem cristã reflete uma economia que perdeu sua âncora metafísica, diferentemente da sociedade medieval, onde a economia servia à comunidade e à transcendência.

A Teologia da Conectividade e a Restauração da Ordem Cristã na Economia

A crise atual da economia global aponta para a necessidade de uma nova abordagem, que poderíamos chamar de teologia da conectividade. Inspirada na doutrina social da Igreja, essa perspectiva busca reconciliar a economia com sua dimensão transcendente, resgatando princípios das corporações de ofício medievais e aplicando-os à era digital e globalizada.

A conectografia moderna, conceito que descreve a interdependência global das redes comerciais, financeiras e tecnológicas, pode ser reinterpretada sob uma lente cristã. Ao invés de uma interconectividade puramente utilitarista, a economia poderia ser reorganizada em torno de princípios como subsidiariedade, solidariedade e bem comum.

Se as grandes corporações operam como sistemas fragmentadores, promovendo uma visão de mundo materialista e desconectada do transcendente, a teologia da conectividade propõe uma reintegração da economia à sua dimensão sagrada. Para isso, seria necessário um novo modelo econômico fundamentado na dignidade do trabalho, na justiça distributiva e na restauração da consciência de que todo ofício humano deve servir a um fim maior: a glória de Deus.

Conclusão

A observação linguística a respeito da palavra towarzyszem sugere uma conexão entre linguagem, estrutura social e princípios econômicos. Enquanto as corporações de ofício medievais operavam dentro de uma ordem cristã e teleológica, as grandes corporações modernas perderam essa dimensão, adotando uma lógica puramente materialista. A teologia da conectividade propõe uma reintegração da economia global a um princípio transcendente, restabelecendo a ordem cristã na interconectividade mundial e devolvendo ao trabalho seu caráter sagrado. Assim, a globalização pode ser reorientada não como um fim em si mesma, mas como um meio de servir a Cristo em todas as nações, conforme o espírito do Milagre de Ourique e da expansão ibérica.

Bibliografia

  • CARVALHO, Olavo de. O Jardim das Aflições. Editora Record, 1995.

  • CHAUDHURI, K. N. Trade and Civilization in the Indian Ocean: An Economic History from the Rise of Islam to 1750. Cambridge University Press, 1985.

  • HEILBRONER, Robert. The Worldly Philosophers: The Lives, Times and Ideas of the Great Economic Thinkers. Simon & Schuster, 1999.

  • ROYCE, Josiah. The Philosophy of Loyalty. Vanderbilt University Press, 1995.

  • TURNER, Frederick Jackson. The Frontier in American History. Henry Holt and Company, 1920.

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