Cinco sinais do declínio da influência da Rede Globo no Brasil
Durante décadas, a Rede Globo ocupou o posto de maior e mais influente emissora do Brasil, com forte impacto sobre a opinião pública, a política e a cultura nacional. No entanto, nos últimos anos, sua hegemonia tem sido questionada e visivelmente abalada. Ao completar 60 anos de existência em abril, a emissora enfrenta uma realidade distinta: perdeu grande parte do poder que um dia deteve sobre o povo brasileiro.
Este artigo apresenta cinco sinais claros que indicam o enfraquecimento da Globo no cenário nacional.
1. Queda acentuada na audiência
A audiência é, talvez, o termômetro mais evidente da perda de influência da emissora. O Jornal Nacional, por muitos anos o principal meio de informação para os brasileiros, já não atrai os mesmos números de telespectadores. Programas de entretenimento, como novelas que antes paravam o país, hoje lutam para manter índices razoáveis. A mudança no hábito de consumo de mídia, com a ascensão da internet e das plataformas digitais, tirou da Globo o monopólio do conteúdo e da narrativa.
2. Enfraquecimento financeiro
O império publicitário construído pela Globo está longe de sua época de glória. A emissora tem enfrentado cortes de pessoal, perda de contratos milionários e necessidade constante de reestruturação. Ainda que continue sendo a maior empresa de comunicação televisiva do país em termos de faturamento, seu domínio absoluto ficou no passado. Parte dessa crise é atribuída a seu envolvimento político-partidário, especialmente à sua aproximação com pautas de esquerda — postura que nem sempre encontra respaldo na maioria da população.
3. Ascensão da mídia independente
Com o crescimento de canais alternativos no YouTube, redes sociais e plataformas independentes, milhões de brasileiros passaram a buscar informações fora do circuito tradicional. A Globo perdeu o monopólio da narrativa, e suas versões dos fatos têm sido constantemente confrontadas — e, muitas vezes, desmentidas — por influenciadores e jornalistas independentes. A emissora, em resposta, tem se posicionado de forma combativa em relação às mídias alternativas, buscando recuperar seu espaço e sua autoridade perdida.
4. Perda de influência política
Se antes a opinião da Globo era capaz de moldar o cenário político, hoje sua influência é limitada. O governo de Jair Bolsonaro, por exemplo, resistiu aos ataques sistemáticos da emissora, mantendo apoio popular considerável. Mesmo com a volta de Lula ao poder, a Globo parece ter assumido um papel mais submisso, adaptando-se aos interesses do governo federal. A força de sua opinião, contudo, já não define os rumos do debate público como no passado.
5. Rejeição pública e riscos à equipe de jornalismo
A hostilidade enfrentada por jornalistas da Globo em coberturas ao vivo é um reflexo direto da rejeição popular. Em diversas ocasiões, repórteres foram vaiados ou até agredidos em público. A emissora chegou a emitir alertas internos para que seus profissionais evitassem multidões, e passou a contratar seguranças para acompanhá-los nas ruas. O próprio William Bonner, âncora do Jornal Nacional, foi alvo de hostilidade durante a cobertura das enchentes em Porto Alegre — um sinal claro da deterioração da relação da Globo com parte significativa da população.
Considerações finais
A perda de influência da Globo não se resume apenas a números ou contratos, mas à desconexão com o sentimento popular. Além da desconfiança política, artistas associados à emissora também são frequentemente criticados por assumirem posições ideológicas distantes da realidade vivida pela maioria dos brasileiros. Essa desconexão, somada aos fatores anteriores, ajuda a explicar o declínio de uma emissora que, por muito tempo, reinou soberana sobre o imaginário nacional.
Resta saber se a Globo será capaz de se reinventar, resgatar parte de sua credibilidade ou se seguirá perdendo relevância em um cenário cada vez mais plural e descentralizado no campo da comunicação.
Tony Rodrigues
Além da Notícia
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