1) Todo país tomado como se fosse religião tende a praticar uma espécie de protecionismo burro, ao restringir as importações só porque o referido produto foi feito fora do Brasil.
2) O protecionismo, enquanto subproduto do nacionalismo econômico, ignora a noção mais básica de que o comércio é uma espécie de aproximação - e é na aproximação, própria da amizade, que você ensina aos povos mais atrasados todo o conhecimento acumulado das civilizações mais avançadas. Não só se aprende o que se sabe, mas também o que não se sabe e o que não se deve fazer, que são o erros decorrentes do processo tecnológico, já que a busca do saber é um processo constante de tentativa e erro.
3) Quando se importa um maquinário, novos conhecimentos são gerados, por conta das diferentes circunstâncias que devem ser levadas em conta, de tal maneira a que esta tecnologia possa trazer o máximo de rendimento possivel ao país que importa. Para isso, duas coisas são feitas: engenharia reversa e adaptações, de modo a atender a realidade local.
4) O conhecimento prático disso leva não só ao conhecimento teórico, como também ao desenvolvimento de novas tecnologias que podem ser levadas para outros lugares no futuro.
5) A rigor, a colonização tecnológica, feita pelo comércio, não é ruim. O que é ruim é o uso dela de tal maneira a que seja tomada como se fosse uma religião, de tal modo a gerar uma entropia, inviabilizando qualquer novo tipo de conhecimento que se possa ter quando do uso de uma tecnologia mais tradicional, mais antiga. A conjugação do novo com o antigo deve ser feita, de tal maneira a que não gere entropia alguma.
6) A civilização do modismo, da aquisição de coisas voltada para o nada, para o exibicionismo, é a coisa mais fora da conformidade com o Todo que há. Ela gera entropia, ao abolir as coisas só porque são fora de moda, antiquadas. Eis aí o lado perverso do amor ao dinheiro.