Pesquisar este blog

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A catalogação das experiências humanas deve servir à caridade em Cristo


1) Quem toma os fatos sociais como coisa em si tende a fazer catálogo das coisas, como se na estrutura das coisas, sejam elas humanas ou anti-humanas, houvesse a sua própria verdade.

2) Quem tende a fazer isso é indiferente à fonte de toda verdade, que é Cristo Jesus. Se Ele é o caminho, a verdade e a vida, então as coisas em si denunciam o que há de bom e o que há de ruim nelas - se temos por Deus a nossa referência na pátria do Céu, então devemos reter o que é bom e rejeitar o que é ruim.

3) Deus permite o pecado justamente para nos aperfeiçoarmos nesse processo de reter o que é bom e rejeitar o que é ruim. Basta que se conheça uma pessoa que viveu esta experiência ruim e que é honesta que passaremos a viver de forma reta e sábia da melhor maneira possível. Pois a sensatez é a base de toda santidade, dado que aprendemos a partir da experiência de outras pessoas. E tradição é, pois, sensatez sistemática; a revolução, o inverso disso - ela é insensatez sistemática, que ocorre quando a sabedoria humana fica dissociada da divina.

4) Enfim, a catalogação das experiências humanas, sejam elas boas ou ruins, pode ser útil, desde que a finalidade delas seja servir-se de instrumento para a caridade, de modo a que isso melhor prepare para se conhecer o caminho de Cristo melhor. Pois é servindo de modo caridoso que você atende melhor às necessidades da verdade, permitindo que mais gente a conheça.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Prefira o trabalho do arqueólogo ao do bombeiro

1) Para uma mente investigadora, é muito importante acumular e revisar constantemente os fatos que pululam aqui e ali e que se tornam públicos. Só assim sairemos do sensacionalismo da casa em chamas para o exame racional das coisas, quando tudo está em ruínas, documentado.

2) Tive a oportunidade de comentar sobre isto nesta postagem aqui: http://adf.ly/q05OT

3) Estou passando em revista tudo o que foi publicado de 2006 pra cá. Tudo o que iria acontecer, de fato já aconteceu.

4) Exemplo: já em 2006, mostrou-se que a população que iria mais ser massacrada seria a dos Cristãos do Iraque. E foi o que de fato aconteceu: o ISIS está praticamente evacuando o Iraque de Cristãos, que é um velho sonho dos sunitas há bastante tempo.

5) Por isso, eu recomendo a quem estiver interessado fazer essa revisão constantemente, comparando o que já foi publicado na época com o que ocorre hoje. Só assim você estará melhor ciente das coisas. 

6) Só quem tem má consciência conservará o mal que o sensacionalismo semeia porque isso convém, ainda que dissociado da verdade. A eternização do sensacionalismo é a eternização do conservantismo e do irracionalismo na política. 

7) O sensacionalismo alimenta o salvacionismo e as coisas boas que decorrem da meditação, da análise, do debate sério são ignoradas. Pois a eficácia das boas soluções se mede no tempo de Deus; o salvacionismo, no tempo dos homens - e é fato sabido que a sabedoria humana dissociada da divina só agrava as coisas, ainda que se tente remediar o mal. 

8) Sem Deus, o mal nunca será remediado com o bem, mas com um mal ainda mais grave; ainda que se opte por um mal menor, o mal menor qualifica o mais grave a longo prazo, pois o mal chama o mal, tal como o dinheiro chama o dinheiro, a partir dos juros. Pois toda atividade revolucionária é de destruição a longo prazo. Então, toda restauração deve ser feita a longo prazo, a partir do exame arqueológico das ruínas, pois as coisas boas do passado chamam as pessoas que são boas no presente de modo a se restaurar e reerguer em prol dos bons que virão no futuro, a partir das futuras gerações.

9) Por isso prefira o trabalho do arqueólogo ao salvacionismo dos bombeiros, que apagam as chamas no desespero. Pois o apagar das chamas sem se saber quem foi de fato o incendiário só elimina o vestígio do flagrante. Trata-se, pois, de heroísmo superficial, de heroísmo falso, que só terá efeito concreto somente nas eleições republicanas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2014 (data da postagem original).

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A soberania implica servir ordem, de modo a que se tome um país como se fosse um lar e não como uma religião

01) Soberania implica a capacidade de servir ordem: baixar leis em resposta às circunstâncias que surgem, aplicar as leis na resolução de conflitos de interesse qualificados por uma pretensão resistida e aplicar leis de modo a promover e conservar o bem comum, assim como favorecer a integração entre as pessoas, de modo a que estas possam tomar o seu país como se fosse um lar


02) Para um país ser livre, o soberano deve servir ordem, de modo a que possa ser respeitado. E quando ele serve sistematicamente seu povo ao longo das gerações, nós passamos de bom grado a bem servi-lo a ponto de tomá-lo como sendo o pai de nossa pátria.

03) Os soberanos servem seu povo regendo-o, de modo a que fique em conformidade com o todo estabelecido por Deus. Cristo os chama à vocação de servirem dessa forma - não é à toa que Papas coroaram muitos reis e imperadores, pois reger um povo de modo organizado é um modo de se promover a caridade entre nós.

04) Desse modo, os reis e imperadores agem do mesmo modo como foram os primeiros patriarcas: chefes de uma família, já que uma nação é uma família ampliada.

05) A partir do momento em que o Rei ou Imperador declara que é o senhor dos senhores e não o servo dos servos, está implantada a tirania entre nós: e o rei ou imperador precisa ser deposto. O soberano não pode confiar demais na sabedoria humana dissociada da divina; do contrário, o país todo deságua numa tragédia revolucionária difícil de sair

06) Um soberano sábio chama seu povo a colaborar com ele: é por essa razão que existem prefeitos e presidentes de província para cuidar de cada canto do território; ouvidores, para ouvir as queixas do povo quando alguém não faz o que deve; juízes de relação, para aplicar as leis que visam pôr fim aos conflitos de interesse qualificados por uma pretensão resistida e reconciliar as partes, além de um corpo de representantes do povo que o ajuda na elaboração das leis e na moderação dos conflitos de interesse que surgem entre os poderes decorrentes da soberania de uma nação. 

07) A soberania decorre da autodeterminação: Cristo chama um povo a um trabalho específico, em nome da Cristandade. E quando o soberano diz sim, todos por extensão dizem sim. É desse chamado em Cristo que decorre todo o poder de organizar uma nação não só para essa missão civilizacional, que é servir a Nosso Senhor Jesus Cristo, como também para fazer com que se tome o país como se fosse um lar.

08) Monarquias são mais democráticas do que repúblicas, pois não há uma multidão de pessoas governando a partir da própria cabeça, mas uma multidão de pessoas administrando em nome de um que zela pelo bem de todos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o Rei dos Reis. O maior perigo que há numa monarquia é quando quem deve bem servir seu povo regendo-o passa a se arrogar o papel de Deus. É preciso uma eterna vigilância quanto a isso.

09) Estas são as considerações que teço sobre o assunto, à luz da teoria da nacionidade.

Diferença entre patriotismo e nacionismo


01) Há quem me pergunte a diferença entre a patriotismo e nacionismo. Eles são sinônimos?

02) O patriotismo é um jeito de ser já formado, consolidado. É uma coisa tão edificada que tomamos o fato como coisa - enfim, ela se torna norte sociológico.

03) Mas quais são as causas do patriotismo tal qual ele o é? Aí que entra o estudo da nacionidade, ou seja, a ciência de se tomar o país como um lar e não como religião. Aí teremos que ver as circunstâncias da nossa fundação enquanto pátria e a experiência dos primeiros colonizadores, ao colonizar esta terra, e como isso foi se passando para as gerações seguintes, por meio do ensino e da tradição. 

04) Quando Portugal se formou, já se conheciam verdades de antemão quando este país foi fundado. E essas verdades, que se fundam em Cristo, precisam ser conservadas e distribuídas pelo mundo afora. E foi assim, em Cristo Jesus, que nasceu a vocação de Portugal de desbravar os mares.

05) Quando nosso país foi fundado, nós nos tornamos herdeiros desta tradição. Nós somos produtos da relação triangular envolvendo Europa, África e América. Aquilo que se estabeleceu em 1139 e os fatos culturais decorrentes da relação de comércio triangular é que dão causa para o Brasil ser Brasil.

06) Somando tudo isso, além da aparição de Nossa Senhora em Aparecida, nós temos toda uma gama de informações que dão causa para que possamos seguir nosso caminho, seja como um país independente, ou como parte de um Reino Unido a Portugal.

07) A grande tragédia desta nação foi jogar fora tudo o que se conhecia de antemão e abraçar a cultura liberal do século XIX, que deu causa a tragédia republicana do século XX e à dominação nazi-petista do século XXI

08) Quando se visa a estudar o modo como devemos tomar o país como um lar, a teoria deve radicar-se no Brasil. E não adianta povo nenhum imitar a gente: cada povo deve buscar estudar as razões e circunstâncias pelas quais o país deve ser tomado como um lar e corrigir aquilo que é errado e que leva ao esfarelamento da pátria, em face da ação comunista ou liberal.

09) Todo patriotismo deriva de causas e circunstâncias pelas quais o país é tomado como um lar e não como religião. Sem o estudo da nacionidade, não há verdadeiro patriotismo.

Saber narrar implica formar imagens

1) Saber narrar, descrever ou argumentar implica formar imagens

2) Essas imagens, para serem virtuosas, elas precisam servir de ícones, de exemplos para que possamos imitá-los melhor, de modo a estarmos em conformidade com o todo.

3) Essas imagens do bom exemplo permitem a construção da nossa memória, da nossa razão de ser enquanto povo. A boa literatura dá causa para que o país seja tomado como se fosse um lar.

4) Para se fazer boa literatura, além de saber dominar a linguagem, é preciso correr atrás de exemplos que dêem causa à edificação sistemática de virtudes humanas. Basta que se registre com precisão o comportamento de um que ele se distribui para todos os outros.

5) Não é à toa que todo o debate político é reflexo das imagens que são registradas e fomentadas por nossos escritores.

6) A literatura pobre é indício de que as fontes usadas para a construção de imagens é pobre. Muito disso se deve à forma errada de se interpretar o destino da pátria.

7) Onde o dinheiro fala mais alto que a vocação de servir Cristo, certamente os tipos mais detestáveis de ser humano servirão de modelo para se edificar o que há de pior entre nós, pois a imagem de um se distribui para vários ao passar do tempo, quando esse tipo é registrado por escrito. Eles se tornam então modelos satânicos, coisa que devemos evitar ser.

8) A causa dessa má consciência está numa interpretação economicista da história da Pátria ou num amor exagerado à sabedoria humana, a ponto de se afastar dos valores divinos. Ou no processo de se tomar a nação como se fosse religião, em vez de tomá-la como se fosse um lar, que é a causa de estarmos em conformidade com o todo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2014 (data da postagem original).

domingo, 17 de agosto de 2014

Do uso e do abuso do tempo

1) Santo Tomás de Aquino diferenciou empréstimo de investimento.

2) Quando você empresta um dinheiro a alguém sem participar do risco do negócio do outro, ele só vai devolver a quantia paga. E se houve deságio por conta da inflação, ele só vai te devolver o dinheiro corrigido.

3) Quando você empresta dinheiro a um irmão, de modo a que ele organize uma atividade de modo a servir a outros irmãos, você está investindo na missão do outro. Se a missão frutificar, ela se dará no tempo de Deus, e remunerará os esforços coordenados. Quando o dinheiro for devolvido, ele será acrescido de juros, pois deu causa a algo bom, fundado em Cristo, Nosso Senhor.

4) Se formos ver o ponto 2, o banqueiro não vê o tomador do empréstimo como um irmão. Se o tempo for usado só para chamar mais dinheiro, então ele não teve uma finalidade produtiva, justa, conforme o todo, pois o interesse foi apenas ganhar mais dinheiro.

5) O investimento no irmão dá a liberdade de ele servir sistematicamente a outros irmãos. Ele servirá observando as circunstâncias de cada um, dando a cada um o que é seu.

Escolha a ordem fundada em Cristo a ordem fundada pelos magnatas da indústria

1) Há quem diga que, para ser um bom católico, você precisa ler pelo menos 20 hagiografias.

2) No entanto, alguns deles não querem ter o trabalho de ler a biografia dos magnatas americanos e ingleses. E mesmo assim, defendem a ordem de coisas que esses magnatas construíram.

3) Se formos olhar a biografia de pelo menos um desses magnatas, Rockfeller, os métodos dele foram sujos, fora da conformidade com o todo edificante de Deus. Se juntar a de todos os outros, fica transparente que defender tal ordem fundada na falta de ética nos negócios ofende a nosso senhor Jesus Cristo.

4) Enfim, não dá para se defender duas ordens: a ordem fundada por Cristo, cujo retrato perfeito são os santos, e a ordem do dinheiro, cujo retrato são os magnatas, os barões da indústria.

5) O próprio Cristo disse que não devemos servir a dois senhores: a Deus e ao dinheiro. Um deles será amado em detrimento do outro. Por isso, é preferível amar a Deus ao dinheiro, de modo a se estar em plena conformidade com o todo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2014 (data da postagem original).