quarta-feira, 14 de agosto de 2013
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Brasil e Egito - uma análise comparada, tomando por base os fatos mais recentes
"O Egito tem enfrentado a uma grave convulsão social nos últimos anos, desde que o presidente e ditador Hosni Mubarak assumiu o governo há 30 anos. Os manifestantes, em sua maioria jovens que nasceram e cresceram sob o regime opressor de Mubarak, se organizaram e levaram multidões às ruas da capital egípcia, Cairo, onde protestam contra o alto desemprego, a miséria e a inflação galopante do país. Além disso, a população indignada busca destituir o presidente vitalício e iniciar uma nova era de prosperidade, democracia e liberdade individual no país.
Esta explosão de manifestações em prol da liberdade e de um sistema democrático efetivo no Egito nos faz recordar a década de 70 e 80 no Brasil, quando milhares de pessoas foram às ruas e se organizaram para lutar contra o regime militar que nos governou por 20 anos. Muitos foram mortos, outros tantos desapareceram ou foram exilados. Por fim, o regime ditatorial foi derrotado, mas ainda lutamos por uma democracia plena, com ampla participação ativa da população nas decisões políticas do país e por uma verdadeira liberdade individual e de imprensa. O fantasma da censura ainda nos assombra.No caso do Brasil, ao longo destes 124 anos de República, vivemos três grandes golpes de Estado (o da Proclamação da República, o do Estado Novo de Getulio Vargas e o militar de 1964), passando por longos períodos de censura, centralização política e supressão da liberdade individual. Umas das primeiras medidas adotadas pelo governo militar de Marechal Deodoro em 1889, foi de censurar os jornais da época e punir todo e qualquer manifestante contrário ao novo regime implantado no Brasil. E pior, a ideia não veio do círculo militar e sim de Benjamin Constant, um civil e intelectual.
Além disso, no fim do Império de D. Pedro II cerca de 20% da população brasileira tinha direito ao voto, número considerado alto para a época. Com as restrições sobre o direito de voto, impostas nos primeiros anos da República, menos de 4% poderiam escolher seus representantes. Se o regime republicano deveria libertar à população oprimida e trazer plena democracia ao país, como prometiam os republicanos, por que então censurar e prender? Cai por terra mais um paradigma que nos é ensinado, meio que subliminarmente, desde os bancos escolares.
Democracia e República não são a mesma coisa, assim como Ditadura e Monarquia não são sinônimos. A Monarquia não é um lugar de reis absolutistas que mandam cortar a cabeça de quem pensa de forma diferente, assim como a República não é um local de paz, plena liberdade e total participação popular. Tanto um regime quanto o outro está suscetível a um golpe de Estado, a um megalomaníaco centralizador ou ao controle excessivo da liberdade e da democracia. A diferença é que a Monarquia é comprovadamente um modo de governo mais estável, menos sensível a instabilidades provocadas por políticos de baixa estirpe e com um governante que está mais preocupado com o futuro da nação do que da perpetuação de seu poder pessoal".
Fontes:
1) República - Um governo ditatorial: http://adf.ly/QftF
2) Olavo de Carvalho - A liberdade como parteira da tirania: http://adf.ly/N20f
3) Egito não mudará com a saída de Mubarak: http://adf.ly/QW34
4) José Octavio Dettmann - O que Karl Marx e os descendentes de Tiradentes têm em comum? - http://adf.ly/SQ3Uv
Detroit, a capital mundial do automóvel, pede falência
Antes de ler a notícia, leiam o comentário de Luiz Fernando Vaz (acesso ao perfil dele: http://adf.ly/SQQyx)
O 'grande portal' só esqueceu de avisar aos seus leitores que a cidade do Robocop foi governada por sucessivos governos democratas ao longo dos anos. A demagogia populista levou a cidade à falência. Mas para o G1 o mais importante é passar a impressão de que a falência de Detroit é resultado do 'modelo capitalista americano'. Desinformação: a gente vê por aqui.
Agora leiam a notícia. Fonte: G1 (Esgoto Online): http://adf.ly/SQQe5
O que Marx e os descendentes de Tiradentes têm em comum
Como a República no Brasil é FDP! Não contentes em promover heróis fakes, como Tiradentes, Zumbi dos Palmares (prova de que seu heroísmo é fake está aqui: http://adf.ly/MlLg) e outros tantos, a gente ainda é obrigado a pagar pensão pros descendentes desse "Cristo Republicano". E um deles admitiu, nesta reportagem (http://adf.ly/MkMs), que nunca trabalhou. Igualzinho a Karl Marx, que também nunca trabalhou e que coisas ruins só vieram da pena dele (prova disso está aqui: http://adf.ly/SRhgG)
* * *
É fato notório que as repúblicas têm um caso de amor com a tirania: A União das Repúblicas Socialistas Soviética que o diga. E a nossa República não fica atrás em termos de tirania:
01) Em 1893, após a Renúncia de Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto governou até a conclusão do mandato, desobedecendo a Constituição de 1891, que determinava que o vice tinha que convocar novas eleições. Foi a primeira ditadura.
02) Arthur Bernardes governou o país em Estado de Sítio.
03) Revolução de 1930. Vargas exerce um governo provisório, mas a constituição nunca vinha. Guerra Civil em 1932 por uma nova Constituição, em São Paulo
04) 1937-45, Governo passa a ser o dono do Brasil de vez. Estado Novo.
05) 1946-64, volta a democracia. Insurreições esquerdistas, suicídio de Vargas, condecoração de Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul e muitos outros fatos levaram a um governo de exceção, que durou até 1985.
06) 1986 em diante: Sarna assume o Poder. O País já vive uma época de hiperinflação, após décadas de políticas estatistas.
07) 1989: Collor se torna o primeiro presidente eleito, desde que a democracia foi restaurada. Sequestra a poupança dos brasileiros. Em 1992, responde a um processo de destituição no Congresso, mas renuncia para evitar a condenação.
08) 1993: Em 21 de abril, criam um plebiscito fajuto, que deveria ocorrer em 1926. E o golpe de 1889 é confirmado por uma geração que desconhece a história do Brasil e que estava acostumada a ser cativa deste regime ditatorial que nos acomete desde então.
09) 1994: o Plano Real é criado. A inflação é controlada.
10) 1994-2002: FHC governa. Começa a Era das Bolsas, coisa que vai ser aperfeiçoada pelo PT
11) 2002-presente. O PT assume o controle do País. Este famigerado partido aperfeiçoa o voto de cabresto instituindo o Fome Zero, o Bolsa Família, a cota pros negros e outros tipos de crime contra os valores do povo que ainda restaram após mais de um século de república. A crise de corrupção é a mais grave de todo o período republicano
Diante de tudo isso, você insiste em ser republicano? O que há por trás dos presidentes é uma conjugação de interesses pessoais que se beneficiam do Poder, em detrimento da população. Quer ordem e justiça? Que se ponha no Poder um juiz neutro e apartidário, que modere o apetite desses ratos. Assim teremos estabilidade por décadas. Se você quer paz e justiça, é melhor que se restaure o Poder Moderador e a Monarquia. Ela sempre funcionou e com certeza vai funcionar, pois este é o regime que valoriza as tendências desta terra. Se você prefere o contrário, é porque você ignora a História.
Nós não vivemos numa república, mas, como diria meu amigo Emerson Oliveira (acesso ao perfil dele: http://adf.ly/SQGFp), num republicu. É republicu mais evidente do que nunca, já que a turma da sauna gay saiu do armário e declara, a plenos pulmões, que o cu deles, sim, é revolucionário. Nós, que não temos nada a ver com isso, é que nos fodemos por causa disso.
Como se dá a gênese desse republicu? Lima Barreto fala bem disso, em um trecho de Os Bruzundangas: http://adf.ly/SQF4x
Se olharmos bem, o país não mudou nada, de uns tempos pra cá. É... a coisa tá feia mesmo.
Nós não vivemos numa república, mas, como diria meu amigo Emerson Oliveira (acesso ao perfil dele: http://adf.ly/SQGFp), num republicu. É republicu mais evidente do que nunca, já que a turma da sauna gay saiu do armário e declara, a plenos pulmões, que o cu deles, sim, é revolucionário. Nós, que não temos nada a ver com isso, é que nos fodemos por causa disso.
Como se dá a gênese desse republicu? Lima Barreto fala bem disso, em um trecho de Os Bruzundangas: http://adf.ly/SQF4x
Se olharmos bem, o país não mudou nada, de uns tempos pra cá. É... a coisa tá feia mesmo.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Projeto RDD - Rodadas de Debate
P: Do que politico tem medo?
R: De gente séria organizada.
P:Agora a pergunta, o que é gente 'séria?
R: De gente séria organizada.
P:Agora a pergunta, o que é gente 'séria?
R: Pessoas que não irão se vender por dinheiro, cargo, verba, ONG, ou
mesmo ameaça. Que farão o que devem fazer pelo desejo de bem estar e
melhoria da nação.
P: E o que é organizada?
P: E o que é organizada?
R: Pessoas que aceitam debater temas e propostas, pensar em conjunto, fazendo a somatória das inteligências maior que uma uma inteligência genial isolada. Organizar é isso, mas também levar a cabo as propostas colocadas na mesa de debates.
Em breve teremos um centro de debates, feito para aqueles que desejarem ser mais que um mero compartilhador de noticias, e desejarem passar para a esfera da ação. A idéia já tem nome: RDD. Não, não é o Regime Disciplinar Diferenciado - na verdade, são as rodadas de debate que eu, José Octavio Dettmann, organizo, quando posto pra vocês links adf.ly com postagens relevantes através inbox do facebook pra vocês.
Durante anos eu reuni no meu perfil gente com opiniões sensatas - agora, eu vou aproximar vocês todos para debaterem entre si. Trata-se de um embrião de um think tank. Hoje, 08/07/2013, comecei o projeto - e logo de cara vi que alguns mostraram-se tão estúpidos quanto os socialistas e foram logo desamigados.
A todos, eu agradeço a oportunidade de entenderem bem o espírito do meu trabalho em informá-los e bem servi-los com conhecimentos e debates.
Não se sintam incomodados com o fato de chamá-los para as rodadas de debate que promovo. Para alguns, o RDD é tão ruim quanto aquele que é destinado ao Beira-mar, mas para a maioria dos que conheço está sendo muito bom. Convide seus amigos, os que são inteligentes e que não são esquerdistas, para esses RDD's que promovo e vocês vão adorar. Tenham uma boa noite vocês todos!
Em breve teremos um centro de debates, feito para aqueles que desejarem ser mais que um mero compartilhador de noticias, e desejarem passar para a esfera da ação. A idéia já tem nome: RDD. Não, não é o Regime Disciplinar Diferenciado - na verdade, são as rodadas de debate que eu, José Octavio Dettmann, organizo, quando posto pra vocês links adf.ly com postagens relevantes através inbox do facebook pra vocês.
Durante anos eu reuni no meu perfil gente com opiniões sensatas - agora, eu vou aproximar vocês todos para debaterem entre si. Trata-se de um embrião de um think tank. Hoje, 08/07/2013, comecei o projeto - e logo de cara vi que alguns mostraram-se tão estúpidos quanto os socialistas e foram logo desamigados.
A todos, eu agradeço a oportunidade de entenderem bem o espírito do meu trabalho em informá-los e bem servi-los com conhecimentos e debates.
Não se sintam incomodados com o fato de chamá-los para as rodadas de debate que promovo. Para alguns, o RDD é tão ruim quanto aquele que é destinado ao Beira-mar, mas para a maioria dos que conheço está sendo muito bom. Convide seus amigos, os que são inteligentes e que não são esquerdistas, para esses RDD's que promovo e vocês vão adorar. Tenham uma boa noite vocês todos!
Compartilhe caso deseje participar de modo organizado.
Perfil de José Octavio Dettmann, o organizador dos RDD's: http://adf.ly/RhvKi
Perfil de José Octavio Dettmann, o organizador dos RDD's: http://adf.ly/RhvKi
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Comentários à crítica ao distributivismo de Tiago Cabral Barreira
Os seguintes comentários são referentes a este texto: http://tiagocabral91.wordpress.com/2013/05/28/liberalismo-e-distributismo/
2) O estudo da praxeologia, por ser de essência formal e por não permitir fazer juízo de valor, permite a escolha otimizada, racional e eficiente acerca de quais seriam os melhores meios para se satisfazer um fim, que é a necessidade humana. A praxeologia é neutra, indiferente quanto ao valor do bem em si - e nem todo fim buscado para saciar uma necessidade é honesto e bom por si mesmo.
3) Exatamente por isso que falei no ponto 2 de minha crítica que o estudo da praxeologia deve ser limitado a fornecer quais seriam os melhores meios para atender as necessidades humanas boas por si mesmas, conforme à verdade revelada - o que é ruim, nefasto não deve sequer ser objeto de consideração, de deliberação, pois fazer ciência no mal é perverter a verdade e promover a mentira, tal como se verdade fosse. Sem esse limite, ocorre a ruptura completa entre economia, enquanto estudo da ação humana, e a moral. Esse divórcio é a causa do relativismo moral, pregado por todos os libertários.
Resposta de Tiago Cabral:
Concordo que o kantismo traz em seu cerne o relativismo moral, mas a lei econômica pode ser defendida sem Kant. Rothbard usava o princípio escolástico de que toda ação visa um bem como fundamento da lei praxeológica sobre o qual se deduz toda a lei econômica. E separar campos de estudos em ciências naturais e morais, não implica na relativização deste último. Ajudar o próximo é bom moralmente, mas ela não pode violar leis dadas pela natureza, como a gravidade, ou as leis do mercado.
Resposta de Guilherme Freire a Tiago Cabral:
1) Eu acho bom que ela seja defendida sem Kant. Só que a separação de estudos em categorias estanques não pode ser confundida com a própria realidade. Nenhuma ciência é capaz de abarcar os vários fatores complexos da realidade e concatenar eles. Reduzir a economia a algo como meras "leis do mercado", e excluir fatores políticos, morais, entre outros é fugir da realidade. Esse é um problema de quase toda a Escola Austríaca (não só a de economia, Weber perdeu a cabeça por causa disso).
2) Me parece que a Escola Austríaca foi a que chegou mais perto da realidade, em comparação com escola keynesiana ou mesmo a monetarista. Muito do que é dito por Hayek, Mises e outros é verdadeiro. No entanto, isso não é o bastante, pois negligencia uma série de outros conhecimentos, na busca da tal ciência pura kantiana que, na verdade, não existe. Pior são os que tentam transpor constatações de mercado para a ética, como Ayn Rand.
Crítica de Guilherme Freire: os Escolásticos tardios, nos quais o Woods se baseia, não são liberais que magicamente brotaram de um meio hostil ao livre mercado. Eles são a continuação do próprio pensamento econômico desenvolvido por São Tomás de Aquino, que é a base do distributivismo. O que ele viu de liberal nos escolásticos espanhóis é um dos aspectos do distributivismo, que se baseia na livre iniciativa. Acho curioso que ele saiba tão pouco sobre o assusto. Nunca vi ele discutindo a noção de distribuição Universal, que nada mais é do que dar a cada um o que é devido, ou a filosofia tomista por trás das encíclicas.
Crítica de José Octavio Dettmann:
1) Há que se considerar também o sentido de liberdade, defendido pela Igreja. A livre iniciativa, como um elemento do dom de si, deve ser exercida para se chegar a um fim, que é bem servir à verdade, ou seja, de servir bem a quem necessita e estar conforme os planos de Deus.
2) Um dos quatro pressupostos da qualidade dos bens está justamente no poder se dispor deles para servir a um determinado propósito - e esse propósito deve ser necessariamente bom para ser útil.
3) O conceito de bem, fundado na verdade, antecede à utilidade. Como a verdade não é minha e nem sua para que seja nossa, a utilidade de um bem se difunde em razão do seu uso sistemático, difundido e ampliado, já que é bom por si mesmo - e isto é a causa da chamada "mão invisível", descrita por Adam Smith. É o caso dos costumes, dos padrões de qualidade, procedimentos técnicos. Isso favorece à integração social e a responsabilização os indivíduos em sociedade.
4) O liberal vê a liberdade como uma libertação de uma amarra. Sua visão de justiça ou de injustiça depende daquilo que é conveniente, enquanto política de Estado que possa maximizar riqueza para toda a população. Exemplo: vender ópio para a China é bom para a Inglaterra porque gera divisas, mas não é bom por si mesmo porque gera um bando de gente viciada e prejuízo de cunho social para toda a China. A utilidade da medida, para o liberal, antecede os valores e podem ser aplicados pelo governante, mesmo que sejam reprováveis, se eles beneficiarem a população de seu país, ainda que às expensas da outra. O utilitarismo da medida econômica se divorcia dos valores fundados na lei divina.
5) As conveniências, se não estiverem fundadas na justiça, são fonte de verdadeiras relações de assimetria do poder, causa de todo conflito, seja no âmbito do Direito Internacional, ou no Direito Interno, principalmente nas questões de Direito do Trabalho ou Direito do Consumidor.
"No século XIX, historiadores alemães criariam um falso mito sobre o pensamento econômico medieval, e uma ênfase excessiva foi dada a von Langenstein e sua noção de preço justo. Woods continua:
'Esses historiadores glorificaram uma sociedade de status não-existente na qual cada pessoa e grupo se encontrava em uma estrutura hierárquica harmoniosa, não perturbada por relações de mercado ou ganância capitalista. [...] Essa visão sem sentido da Idade Média e doutrina escolástica foi primeiro proposta por socialista alemães e historiadores corporativistas estatistas Wilhelm Roschner e Werner Sombart no final do século XIX.'
Essas teorias historicistas sobre a economia rejeitariam os pressupostos da lei econômica, tida como um abstrativismo generalizante. As relações econômicas seriam apenas produtos arbitrários de circunstâncias históricas e possíveis de serem corrigidas pela vontade humana. Não existe mais preço de mercado definido por oferta e demanda, mas “preços justos” fixados por guildas e governos. Um salário não mais é definido pela lei natural do mercado, correspondente ao grau de escassez do trabalho e as circunstâncias de atender as necessidades dos consumidores, mas deve ser determinada arbitrariamente pelo empregador conforme critérios de subsistência do trabalhador.
A Doutrina Social da Igreja muito incorporaria dessas ideias. Segundo a Rerum Novarum:
“Façam, pois, o patrão e o operário todas as convenções que lhes aprouver, cheguem, inclusivamente, a acordar na cifra do salário: acima da sua livre vontade está uma lei de justiça natural, mais elevada e mais antiga, a saber, que o salário não deve ser insuficiente para assegurar a subsistência do operário sóbrio e honrado. Mas se, constrangido pela necessidade ou forçado pelo receio dum mal maior, aceita condições duras que por outro lado lhe não seria permitido recusar, porque lhe são impostas pelo patrão ou por quem faz oferta do trabalho, então é isto sofrer uma violência contra a qual a justiça protesta. “
Essa constituiria a formulação moderna de salário justo. Tais intenções e propósitos de valorizar a dignidade do trabalho são nobres e bons, e não é a questão principal a ser discutida aqui. Mas tais propósitos jamais serão alcançados sem respaldo na lei econômica. Não é possível definir o melhor salário possível sem que haja livre vontade entre operário e patrão"
Crítica de Guilherme Freire:
1) O distributivismo não é historicismo, pois o seu fundamento principal não é o isolamento do aspecto histórico, no seu sentido mais puro, divorciado de outros aspectos, com o fim de se criar determinismo ou fatalismo. Isso contraria a doutrina do livre arbítrio, fonte da livre iniciativa. Belloc isola o aspecto histórico no sentido de destacar ou melhor explicar o fato - a análise dele não faz tábula rasa e não depende de purismo metodológico algum para ser compreendida nesses termos. Se a análise dele estiver errada, isso não invalida a proposta distributivista. De qualquer forma, me parece que as previsões dele foram muito acertadas. Ainda que essa seja uma corrente, existem outras correntes dentro da teoria distributivista (a começar pela teoria da nacionidade de Dettmann, é claro)
2) A idéia de um preço regulado pelo Estado é incompatível com o distributivismo. Aliás, a burocracia estatal moderna é incompatível com o distributivismo.
Resposta de Tiago Cabral a Guilherme Freire:
1) Reconheço que o distributivismo é contrário a burocracia estatal moderna, mas ele, ainda assim, defende a regulação de preços, operada pelas guildas. Tais associações eram o alvo das críticas dos escolásticos tardios e vejo isso como contrário à livre iniciativa.
Tréplica de Guilherme Freire:
1) Só que o distributivismo não é necessariamente a favor do controle de preços pelas guildas. o ponto é que me parece claro é que o Woods acha que distribuição universal tem algo haver com Estado ou burocracia, o que não é verdade.
Tiago Cabral: "A escola austríaca de economia defende a praxeologia, ou seja, que o estudo do mercado deva ser todo baseado em deduções lógicas extraídas a partir de um fato irrefutável e parte da premissa de que toda ação humana visa a um bem determinado. Esse fato enunciado por Ludwig von Mises, e explicado à maneira kantiana como um dado a priori, também encontraria respaldo na filosofia clássica e tradição escolástica católica".
Crítica de José Octavio Dettmann:
1) Quando se busca a satisfação das necessidades humanas, há que se considerar os bens lícitos, bons por si mesmos, fontes de toda a virtude, por estarem conforme os planos do Criador, e os bens ilícitos, fontes de todo o vício e pecado, maus por si mesmos, cuja busca em si nos afasta desses planos.
2) O estudo da praxeologia, por ser de essência formal e por não permitir fazer juízo de valor, permite a escolha otimizada, racional e eficiente acerca de quais seriam os melhores meios para se satisfazer um fim, que é a necessidade humana. A praxeologia é neutra, indiferente quanto ao valor do bem em si - e nem todo fim buscado para saciar uma necessidade é honesto e bom por si mesmo.
3) Exatamente por isso que falei no ponto 2 de minha crítica que o estudo da praxeologia deve ser limitado a fornecer quais seriam os melhores meios para atender as necessidades humanas boas por si mesmas, conforme à verdade revelada - o que é ruim, nefasto não deve sequer ser objeto de consideração, de deliberação, pois fazer ciência no mal é perverter a verdade e promover a mentira, tal como se verdade fosse. Sem esse limite, ocorre a ruptura completa entre economia, enquanto estudo da ação humana, e a moral. Esse divórcio é a causa do relativismo moral, pregado por todos os libertários.
Resposta de Tiago Cabral:
Concordo que o kantismo traz em seu cerne o relativismo moral, mas a lei econômica pode ser defendida sem Kant. Rothbard usava o princípio escolástico de que toda ação visa um bem como fundamento da lei praxeológica sobre o qual se deduz toda a lei econômica. E separar campos de estudos em ciências naturais e morais, não implica na relativização deste último. Ajudar o próximo é bom moralmente, mas ela não pode violar leis dadas pela natureza, como a gravidade, ou as leis do mercado.
Resposta de Guilherme Freire a Tiago Cabral:
1) Eu acho bom que ela seja defendida sem Kant. Só que a separação de estudos em categorias estanques não pode ser confundida com a própria realidade. Nenhuma ciência é capaz de abarcar os vários fatores complexos da realidade e concatenar eles. Reduzir a economia a algo como meras "leis do mercado", e excluir fatores políticos, morais, entre outros é fugir da realidade. Esse é um problema de quase toda a Escola Austríaca (não só a de economia, Weber perdeu a cabeça por causa disso).
2) Me parece que a Escola Austríaca foi a que chegou mais perto da realidade, em comparação com escola keynesiana ou mesmo a monetarista. Muito do que é dito por Hayek, Mises e outros é verdadeiro. No entanto, isso não é o bastante, pois negligencia uma série de outros conhecimentos, na busca da tal ciência pura kantiana que, na verdade, não existe. Pior são os que tentam transpor constatações de mercado para a ética, como Ayn Rand.
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Tiago Cabral: "Thomas Woods, em seu livro The Church and the Market: A catholic defense of the free economy, mostra como o pensamento econômico liberal e sua doutrina subjetiva e voluntarista se desenvolveu no seio da Igreja Católica. Os Escolásticos tardios Juan de Mariana, San Bernardino de Siena e Sant’Antonio de Florença criticaram as regulações de salários como geradoras de desemprego, bem como controle de preços e segredos de informações em guildas. Eles foram os primeiros a ter um entendimento sobre o real funcionamento do mercado. Usando a prova lógica, argumentavam como as regulações impostas pelas guildas levariam a fins contrários ao que se pretendiam inicialmente, e que havia uma lei natural de mercado, imposta pela Divina Providência, sobre a qual todos devem se submeter."
Crítica de Guilherme Freire: os Escolásticos tardios, nos quais o Woods se baseia, não são liberais que magicamente brotaram de um meio hostil ao livre mercado. Eles são a continuação do próprio pensamento econômico desenvolvido por São Tomás de Aquino, que é a base do distributivismo. O que ele viu de liberal nos escolásticos espanhóis é um dos aspectos do distributivismo, que se baseia na livre iniciativa. Acho curioso que ele saiba tão pouco sobre o assusto. Nunca vi ele discutindo a noção de distribuição Universal, que nada mais é do que dar a cada um o que é devido, ou a filosofia tomista por trás das encíclicas.
Crítica de José Octavio Dettmann:
1) Há que se considerar também o sentido de liberdade, defendido pela Igreja. A livre iniciativa, como um elemento do dom de si, deve ser exercida para se chegar a um fim, que é bem servir à verdade, ou seja, de servir bem a quem necessita e estar conforme os planos de Deus.
2) Um dos quatro pressupostos da qualidade dos bens está justamente no poder se dispor deles para servir a um determinado propósito - e esse propósito deve ser necessariamente bom para ser útil.
3) O conceito de bem, fundado na verdade, antecede à utilidade. Como a verdade não é minha e nem sua para que seja nossa, a utilidade de um bem se difunde em razão do seu uso sistemático, difundido e ampliado, já que é bom por si mesmo - e isto é a causa da chamada "mão invisível", descrita por Adam Smith. É o caso dos costumes, dos padrões de qualidade, procedimentos técnicos. Isso favorece à integração social e a responsabilização os indivíduos em sociedade.
4) O liberal vê a liberdade como uma libertação de uma amarra. Sua visão de justiça ou de injustiça depende daquilo que é conveniente, enquanto política de Estado que possa maximizar riqueza para toda a população. Exemplo: vender ópio para a China é bom para a Inglaterra porque gera divisas, mas não é bom por si mesmo porque gera um bando de gente viciada e prejuízo de cunho social para toda a China. A utilidade da medida, para o liberal, antecede os valores e podem ser aplicados pelo governante, mesmo que sejam reprováveis, se eles beneficiarem a população de seu país, ainda que às expensas da outra. O utilitarismo da medida econômica se divorcia dos valores fundados na lei divina.
5) As conveniências, se não estiverem fundadas na justiça, são fonte de verdadeiras relações de assimetria do poder, causa de todo conflito, seja no âmbito do Direito Internacional, ou no Direito Interno, principalmente nas questões de Direito do Trabalho ou Direito do Consumidor.
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Tiago Cabral:
"No século XIX, historiadores alemães criariam um falso mito sobre o pensamento econômico medieval, e uma ênfase excessiva foi dada a von Langenstein e sua noção de preço justo. Woods continua:
'Esses historiadores glorificaram uma sociedade de status não-existente na qual cada pessoa e grupo se encontrava em uma estrutura hierárquica harmoniosa, não perturbada por relações de mercado ou ganância capitalista. [...] Essa visão sem sentido da Idade Média e doutrina escolástica foi primeiro proposta por socialista alemães e historiadores corporativistas estatistas Wilhelm Roschner e Werner Sombart no final do século XIX.'
Essas teorias historicistas sobre a economia rejeitariam os pressupostos da lei econômica, tida como um abstrativismo generalizante. As relações econômicas seriam apenas produtos arbitrários de circunstâncias históricas e possíveis de serem corrigidas pela vontade humana. Não existe mais preço de mercado definido por oferta e demanda, mas “preços justos” fixados por guildas e governos. Um salário não mais é definido pela lei natural do mercado, correspondente ao grau de escassez do trabalho e as circunstâncias de atender as necessidades dos consumidores, mas deve ser determinada arbitrariamente pelo empregador conforme critérios de subsistência do trabalhador.
A Doutrina Social da Igreja muito incorporaria dessas ideias. Segundo a Rerum Novarum:
“Façam, pois, o patrão e o operário todas as convenções que lhes aprouver, cheguem, inclusivamente, a acordar na cifra do salário: acima da sua livre vontade está uma lei de justiça natural, mais elevada e mais antiga, a saber, que o salário não deve ser insuficiente para assegurar a subsistência do operário sóbrio e honrado. Mas se, constrangido pela necessidade ou forçado pelo receio dum mal maior, aceita condições duras que por outro lado lhe não seria permitido recusar, porque lhe são impostas pelo patrão ou por quem faz oferta do trabalho, então é isto sofrer uma violência contra a qual a justiça protesta. “
Essa constituiria a formulação moderna de salário justo. Tais intenções e propósitos de valorizar a dignidade do trabalho são nobres e bons, e não é a questão principal a ser discutida aqui. Mas tais propósitos jamais serão alcançados sem respaldo na lei econômica. Não é possível definir o melhor salário possível sem que haja livre vontade entre operário e patrão"
Crítica de Guilherme Freire:
1) O distributivismo não é historicismo, pois o seu fundamento principal não é o isolamento do aspecto histórico, no seu sentido mais puro, divorciado de outros aspectos, com o fim de se criar determinismo ou fatalismo. Isso contraria a doutrina do livre arbítrio, fonte da livre iniciativa. Belloc isola o aspecto histórico no sentido de destacar ou melhor explicar o fato - a análise dele não faz tábula rasa e não depende de purismo metodológico algum para ser compreendida nesses termos. Se a análise dele estiver errada, isso não invalida a proposta distributivista. De qualquer forma, me parece que as previsões dele foram muito acertadas. Ainda que essa seja uma corrente, existem outras correntes dentro da teoria distributivista (a começar pela teoria da nacionidade de Dettmann, é claro)
2) A idéia de um preço regulado pelo Estado é incompatível com o distributivismo. Aliás, a burocracia estatal moderna é incompatível com o distributivismo.
Resposta de Tiago Cabral a Guilherme Freire:
1) Reconheço que o distributivismo é contrário a burocracia estatal moderna, mas ele, ainda assim, defende a regulação de preços, operada pelas guildas. Tais associações eram o alvo das críticas dos escolásticos tardios e vejo isso como contrário à livre iniciativa.
Tréplica de Guilherme Freire:
1) Só que o distributivismo não é necessariamente a favor do controle de preços pelas guildas. o ponto é que me parece claro é que o Woods acha que distribuição universal tem algo haver com Estado ou burocracia, o que não é verdade.
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(esta postagem está inacabada. Ela será ampliada em uma outra oportunidade)
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