Hoje, o território brasileiro é dividido em cinco grandes regiões, mas nem sempre foi assim. Você sabia que, em um determinado momento, chegaram a existir sete regiões, duas regiões nordestes e que São Paulo e Rio de Janeiro pertenciam ao sul? Pois é, é essa tentativa de agrupar os estados em áreas de acordo com as características econômicas, culturais, físicas e sociais que criaram diferentes regiões e venho aqui mostrá-las a ti.
A primeira proposta de regionalização brasileira foi realizada em 1913 pela extinta Diretoria Geral de Estatística, antecessora do IBGE. Nessa versão, o Brasil foi dividido em cinco regiões e teve como base apenas os aspectos físicos dos territórios, como o clima e vegetação, por exemplo. Assim tivemos a região setentrional ou Brasil Amazônico, o Norte e Oriental, a região central ou Brasil Ocidental, região oriental e a meridional. Note que nesse momento alguns estados ainda não existiam e o Distrito Federal ficava no Rio de Janeiro, então capital brasileira.
Já em 1940, o recém-criado IBGE elaborou uma nova proposta de divisão para o país, que além dos aspectos físicos, levou em consideração os aspectos econômicos. Nela, a região norte incorporou o Maranhão e o Piauí; Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais integravam a região centro; Bahia, Sergipe e Espírito Santo formavam a região leste. Já o nordeste era composto por apenas Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíbas e Alagoas. O sul estava um pouco maior: além dos três estados atuais, também fazia parte dessa região os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Poucos anos depois, em 1945, tivemos outra reorganização do território, sendo baseado em critérios de localização e no quadro físico do território, como clima, relevo, vegetação e agora também pela hidrografia. Conforme essa divisão, o Brasil passou a ter sete regiões. Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Centro-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e Sul. Note que aqui há a existência de territórios federais, que surgiram em 1943 em virtude da Segunda Guerra Mundial. Alguns deles, como Amapá, Rio Branco e Guaporé, futuramente se tornariam estados, e outros, incorporados ou reincorporados a estados, como Fernando de Noronha, Iguaçu e Ponta Porã.
Já na década de 1950, tivemos novamente outra alteração na regionalização brasileira e na divisão territorial do país, já que os territórios federais de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos. Os nordestes orientais e ocidentais se fundiram, assim como a leste meridional com a setentrional, formando a gigantesca região leste. A região central passou a ser chamada de centro-oeste, e o sul era composto por quatro estados.
Alguns anos mais na frente, já na década de 1960, tivemos alterações na divisão territorial. O Acre foi elevado à condição de estado, o Distrito Federal foi transferido para o centro-oeste, foi fundado o estado da Guanabara, onde hoje é a cidade do Rio de Janeiro e o território federal do Rio Branco ganhou o nome de Roraima.
A divisão regional atual do Brasil veio em 1970, possuindo como principal objetivo subsidiar o planejamento econômico do governo militar, com os critérios utilizados sendo a proximidade territorial e os aspectos naturais. A essa altura, já possuíamos um novo Distrito Federal e uma nova capital. São Paulo foi desmembrado do sul, enquanto Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo foram desagrupados do leste para formar o Sudeste, junto com São Paulo. O nordeste recebeu a Bahia e Sergipe. Todo o território de Goiás, ainda não dividido, continuou pertencendo ao centro-oeste. Mato Grosso foi dividido alguns anos depois, em 1977, dando assim origem ao estado de Mato Grosso do Sul.
Em 1988, ocorreram as últimas alterações significativas na divisão regional e territorial do Brasil, já que os territórios federais restantes foram elevados a estados, nascendo assim Amapá, Roraima e Rondônia, enquanto o território federal de Fernando de Noronha foi incorporado ao de Pernambuco, tornando-se um distrito estadual. O Goiás foi dividido, nascendo o Tocantins, que passou a fazer parte da região norte.
Ainda há propostas para um novo modelo de regionalização brasileira, como a proposta de 2001, idealizada pelos geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira. Essa proposta divide o Brasil em quatro regiões, no que é conhecido como os quatro Brasis. Nessa regionalização, o principal critério foi o econômico, e divide o Brasil em quatro regiões. Região Amazônica, Região Concentrada, Região Nordeste e Região Centro-Oeste.
Temos também a proposta idealizada pelo geógrafo José Donizete Cazzolato, que alega que a atual divisão regional do país não representa mais em partes as mesmas características de 50 anos atrás, quando ela foi elaborada. Em seu modelo, proposto em 2020, as mudanças significativas estariam no norte, que seria dividido em duas grandes regiões sendo o Noroeste uma exclusivamente amazônica e o Norte sendo uma região marcada pela mineração e expansão do agronegócio. Para as demais regiões, não haveria alterações, com exceção do Nordeste, que perderia o Maranhão.
Ainda há outra forma macro de dividir o país, como no caso do contexto geoeconômico, com os estados que integram essas regiões apresentando várias características em comum. Essa divisão estabelece três macro-regiões econômicas: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul.
Enfim, a divisão territorial e regional do Brasil sempre esteve em mudança - e não se espante se algum dia surgir uma nova região ou mesmo um novo estado, pois isso é normal.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=_yZ48trQdmw&t=310s
Chat GPT:
A Evolução das Regiões do Brasil reflete não apenas as mudanças políticas e econômicas do país ao longo do tempo, mas também as transformações culturais, sociais e ambientais que moldaram seu território. Vamos destacar os principais pontos desse processo:
1. A Primeira Regionalização (1913):
A divisão inicial, feita pela Diretoria Geral de Estatística, priorizou aspectos físicos como clima e vegetação.
- Cinco regiões: Setentrional, Norte e Oriental, Central, Oriental e Meridional.
- O Distrito Federal ainda era o Rio de Janeiro. Muitos estados atuais não existiam.
2. Reorganização pelo IBGE (1940):
Aqui, surgem critérios econômicos junto aos físicos, alterando a composição das regiões:
- Maranhão e Piauí no Norte.
- Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais no Centro.
- Bahia, Sergipe e Espírito Santo no Leste.
- São Paulo e Rio de Janeiro no Sul.
3. Sete Regiões (1945):
Critérios mais detalhados levaram à criação de subdivisões no Nordeste e no Leste, além de considerar a hidrografia:
- Nordeste Ocidental e Nordeste Oriental.
- Leste Setentrional e Leste Meridional.
- Inclusão de territórios federais como Amapá e Guaporé.
4. Simplificação e Fusão (1950):
- O Nordeste volta a ser uma só região.
- O Leste se torna uma única unidade.
- Algumas áreas, como Ponta Porã, deixam de ser territórios federais.
5. Transformações na Década de 1960:
- Elevação do Acre a estado.
- Transferência do Distrito Federal para Brasília.
- Criação do estado da Guanabara e renomeação do território do Rio Branco para Roraima.
6. Regionalização Atual (1970):
A divisão que conhecemos hoje surge para subsidiar o planejamento econômico do governo militar:
- Criação do Sudeste, separando Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo do Sul e do Leste.
- Bahia e Sergipe integrados ao Nordeste.
- Mato Grosso dividido em 1977, originando Mato Grosso do Sul.
7. Ajustes de 1988:
- Elevação dos territórios de Amapá, Roraima e Rondônia a estados.
- Criação de Tocantins a partir de Goiás, integrando-o ao Norte.
- Fernando de Noronha incorporado a Pernambuco.
Propostas Recentes:
Os Quatro Brasis (2001):
Milton Santos e Maria Laura Silveira sugeriram:
- Região Amazônica.
- Região Concentrada.
- Região Nordeste.
- Região Centro-Oeste.
Nova Regionalização (2020):
José Donizete Cazzolato propôs:
- Dividir o Norte em Noroeste (Amazônico) e Norte (mineração e agronegócio).
- Retirar o Maranhão do Nordeste.
Macrorregiões Econômicas:
- Amazônia.
- Nordeste.
- Centro-Sul.
Reflexões:
As divisões do Brasil sempre se ajustaram às demandas de planejamento e administração. Com o crescimento populacional, econômico e ambiental do país, novas propostas e ajustes são inevitáveis. Este processo demonstra a constante necessidade de reavaliar como o território é entendido e governado, sempre buscando uma representação mais fiel de suas complexidades regionais.
Dettmann: O planejamento do território deve ser feito de modo que as virtudes da população se tornem tão manifestas a ponto de uma comunidade se revelar para a Cristandade nos méritos de Cristo - e para isso, nós devemos atender o que as pessoas necessitam dentro de suas circunstâncias geográficas e temporais, pois o homem é ele mesmo dentro de suas circunstâncias. E circunstância não é determinismo, a ponto de ser uma prisão.
Chat GPT:
O planejamento do território sob essa perspectiva exige uma abordagem integral e humanística, que transcende critérios meramente técnicos e econômicos. A ideia de que as virtudes de uma população possam se manifestar plenamente e revelar uma comunidade à Cristandade nos méritos de Cristo implica considerar a organização territorial como um meio para promover o bem comum, a dignidade humana e a plenitude espiritual.
Aspectos Chave para esse Planejamento:
Atenção às Necessidades Humanas Contextualizadas:
O reconhecimento de que "o homem é ele mesmo dentro de suas circunstâncias" aponta para a necessidade de um planejamento territorial que respeite as particularidades geográficas, culturais, econômicas e históricas de cada região. Isso requer:
- Educação: Promover o acesso à educação de qualidade para que as virtudes possam ser cultivadas e floresçam.
- Infraestrutura: Garantir que as condições básicas, como saúde, transporte e moradia, sejam adequadas às necessidades da população local.
- Apoio à Cultura Local: Incentivar práticas culturais que reforcem os valores cristãos e o senso de comunidade.
Circunstância como Oportunidade, Não Prisão:
A circunstância geográfica e temporal não deve ser vista como um limite, mas como um cenário no qual o homem pode exercer sua liberdade para realizar o bem. Planejar com essa visão significa:
- Desenvolver políticas que considerem as potencialidades locais, como recursos naturais, talentos da população e a vocação da região.
- Estimular iniciativas que valorizem a criatividade e a autonomia dos indivíduos em suas comunidades.
Cristandade e Comunidade:
Para que uma comunidade se revele à Cristandade, é necessário criar um ambiente que fomente:
- Solidariedade: Um sistema que promova o cuidado mútuo e a partilha de recursos.
- Justiça: Leis e políticas que respeitem a dignidade de cada pessoa e combatam a desigualdade.
- Espiritualidade: Espaços e tempos para a vivência da fé e a prática das virtudes cristãs.
Planejamento Territorial com Propósito Espiritual:
A organização do espaço físico deve refletir a ordem divina e a busca do bem maior. Isso pode ser alcançado por meio de:
- Zonas urbanas planejadas para facilitar a convivência e a vida comunitária.
- Preservação do meio ambiente como expressão do respeito à criação.
- Desenvolvimento rural que valorize o trabalho humano e a harmonia com a terra.
Conclusão:
Esse planejamento não é apenas técnico, mas ético e espiritual. Ele exige líderes e comunidades comprometidos com os valores cristãos, que enxerguem o território não como um mero espaço a ser administrado, mas como um campo onde as virtudes humanas podem florescer e testemunhar a glória de Cristo. Ao atender às necessidades dentro das circunstâncias, preservando a liberdade e a dignidade, o território torna-se um reflexo da ordem divina e um caminho para a edificação de um mundo melhor.
Dettmann: Pode indicar uma bibliografia que trate dessas coisas que eu falei?
Chat GPT
1. Filosofia e Teologia
- A Cidade de Deus (De Civitate Dei) – Santo Agostinho: Explora a ideia de uma comunidade ordenada segundo a vontade divina e as virtudes cristãs, contrapondo-a à cidade terrena.
- A Filosofia da Lealdade – Josiah Royce: Investiga como os ideais de lealdade e comunidade podem fundamentar a vida em sociedade, aplicável à construção de uma Cristandade.
- Meditaciones del Quijote – José Ortega y Gasset: Introduz a famosa frase "Eu sou eu e minha circunstância" e discute como as circunstâncias moldam, mas não determinam, a ação humana.
- O Poder: Um Estudo Filosófico sobre a História e o Sentido do Mundo Moderno – Romano Guardino: Reflete sobre como o poder deve ser exercido em harmonia com os valores cristãos e como isso influencia a organização territorial e social.
- "Rerum Novarum" – Papa Leão XIII: Encíclica que aborda o papel do trabalho, propriedade e organização social com vistas à justiça e ao bem comum.
- "Quadragesimo Anno" – Papa Pio XI: Complementa a Rerum Novarum e reflete sobre a ordem social e econômica segundo os princípios cristãos.
2. Geografia, Planejamento Territorial e Desenvolvimento Humano
A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção – Milton Santos: Explora a relação entre o espaço geográfico e o homem, destacando a influência das técnicas, das circunstâncias e da ação humana no planejamento territorial.
A Produção do Espaço – Henri Lefebvre: Um clássico da geografia crítica que aborda como o espaço é moldado pelas relações sociais e econômicas.
Espaço e Tempo na Modernidade: Geografia e Planejamento Urbano – Roberto Lobato Corrêa: Analisa como as circunstâncias geográficas moldam a organização do território e como o planejamento pode atender às necessidades humanas
Os Quatro Brasis – Milton Santos e Maria Laura Silveira: Proposta de regionalização que conecta território e economia, útil para entender a organização geográfica a partir de um prisma humanista.
Regionalização e Planejamento – Aziz Ab’Saber: Reflete sobre a relação entre geografia, território e planejamento no contexto brasileiro.
3. Cultura, Sociedade e Espiritualidade
A Transformação da Cultura – Christopher Dawson: Discute como a cultura cristã moldou o Ocidente e pode servir como base para planejar comunidades.
After Virtue: A Study in Moral Theory.– Alasdair MacIntyre:
Trata das virtudes no contexto da comunidade e como estas se manifestam
em diferentes realidades e circunstâncias históricas e sociais.
Heart of the World, Center of the Church: Communio Ecclesiology, Liberalism, and Liberation Theology – David L. Schindler: Examina como a comunhão cristã pode ser refletida na organização das comunidades e no planejamento do espaço físico e social.
O Milagre de Ourique e a Cultura Portuguesa – Paulo Loução: Explora
como o imaginário cristão moldou a cultura e o território de Portugal,
oferecendo paralelos para reflexões sobre Cristandade.
Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda: Analisa a formação da cultura brasileira e os desafios de construir comunidades com base em virtudes locais
4. Urbanismo e Sociedade
Arquitetura e Liturgia – Dom Hans van der Laan: Explora como o espaço físico pode ser moldado para expressar valores espirituais e comunitários.
Cidades para Pessoas – Jan Gehl: Aborda como o planejamento urbano pode fomentar comunidades mais humanas e virtuosas.
Urbanização Brasileira – Flávio Villaça: Focado na urbanização brasileira, destaca como questões sociais e econômicas moldam o território.
5. Relação Entre Fé, Cultura e Espaço
Introdução ao Espírito da Liturgia – Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger): Explora como a geografia e a arquitetura litúrgica expressam a espiritualidade cristã e influenciam a organização da vida comunitária.
O Jardim das Aflições – Olavo de Carvalho: Reflete sobre a relação entre o homem, o espaço e o sagrado, abordando questões de planejamento e espiritualidade.
6. Filosofia do Espaço e Sociedade
Humanismo Integral – Jacques Maritain: Propõe um modelo de sociedade fundamentado nos valores cristãos, com implicações para a organização do território.
O Sagrado e o Profano – Mircea Eliade: Explora a sacralidade dos espaços e sua influência na vida das comunidades.
7. Complementares
- As Bases do Planejamento Regional – Milton Santos: Reflete sobre como planejar territórios de forma a respeitar e potencializar as características locais.
- Cristianismo e Cultura – T. S. Eliot: Investiga o impacto do cristianismo na formação cultural e territorial das sociedades.
- O Espírito das Leis – Montesquieu: Trata das relações entre leis, cultura, geografia e virtude no contexto das sociedades humanas.