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terça-feira, 18 de agosto de 2020

A busca pelo conhecimento disperso no mundo se dá por conta de vivermos tempos de crise

1) Na escola austríaca, o homem quando sente algum desconforto, sempre vai buscar alguma coisa que lhe agrade, de modo a satisfazer suas necessidades, uma vez que ele está em busca de si mesmo, tal como fez a Espanha ao lançar-se aos mares, sem mandato do Céu. Durante o processo de busca, ele vai reunindo o conhecimento que está disperso no mundo de modo a fazer esta descoberta.

2) A causa desse processo de busca é sempre movida por uma crise, isto é, quando a situação conhecida e comumente obedecida já não responde aos desafios dos novos tempos. Isso leva a tempos onde os homens se separam, por conta de prezarem mais o conveniente e dissociado da verdade, a ponto de estarem cada vez mais à esquerda do pai.

3.1) Os tempos de separação, de diácrise, tendem a ser encerrados por tempos de reunião, de síncrese. 

3.2) A descoberta decorrente do fato de se reunir o conhecimento disperso no mundo pode felizmente apontar para a conformidade com o Todo que vem de Deus, levando o que estava antes separado a reunir-se novamente. E o sentido dessa unidade original, antes perdido, passa a ser renovado, pois a verdade foi reconhecida e voltou a ser obedecida. É o que vai acontecer com o Brasil, quando conhecer sua verdadeira história - todo aquele processo revolucionário de 1822 será posto abaixo, posto que se fundou na mentira.

José Octavio Dettmann

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Do mercador e do sacerdote - lições históricas de economia à luz da filosofia da crise de Mário Ferreira dos Santos

1) Dois cultos eram associados a Hades: o culto a Thanatos (o deus da morte) e Pluto (o deus do dinheiro).

2) Os mercadores da Grécia Antiga eram trabalhadores que induziam à sociedade a um comportamento concupiscente e crematístico. Eles praticavam a usura, a ponto de serem vistos como verdadeiros marginais. Eles, como os vendilhões do templo em Jerusalém, são a negação da filosofia.

3) Desde que Cristo derrotou Hades, houve uma revolução no comportamento ético do mercador. Ele passou a colaborar com a comunidade atravessando bens e serviços escassos - sua conduta era rigidamente controlada pela guilda dos mercadores, além de serem fortemente fiscalizados pelos príncipes das cidades, que estavam prontos a aplicar a doutrina do justo preço na sociedade.

4) Com a chegada de grandes quantidades de ouro da América, com a reforma protestante e com a presença cada vez maior de judeus na classe mercantil, o pecado começou a entrar novamente por esta classe de homens, a ponto de afetar a sociedade por completo. 

5.1) Se o amor de si até o desprezo de Deus faz os homens se dispersarem e perecerem por conta do fato de conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade, o que os leva a uma vida completamente destituída de sentido, por outro lado há uma classe de homens que agem tais como se fossem outros Cristos de tal maneira a reunir as ovelhas perdidas em razão do pecado. 

5.2) Se a autoridade aperfeiçoa a liberdade de muitos,  então os melhores escritos de economia sempre terão a salvação e a vida eterna como o maior objetivo de todas as coisas, uma vez que verdade conhecida é verdade obedecida, como diria Platão. 

5,3) Afinal, ele foi testemunha ocular da decadência da democracia grega e da maneira como mataram seu mestre Sócrates. E os prazeres da vida concupiscente levaram à sociedade de sua época à ruína, à completa falta de sentido, a ponto de deixar de existir historicamente.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2020.

Do empréstimo de livros físicos como investimento na atividade econômica organizada de um digitalizador - considerações sobre isso

1) Vamos supor que eu peça a um amigo tantos reais emprestado de modo a comprar um livro A. Esse livro seria digitalizado e o dinheiro arrecado com a venda de edições digitais desse livro seria usado para pagar os juros que são devidos a esse investimento que ele me fez. Para que o pessoal não venha a me chamar de pirata, considere que o livro é antigo e o autor tem mais de 70 anos de falecido - portanto, livre de direitos autorais.

2) Em contraproposta, o amigo não tem o dinheiro demandado, mas empresta um livro B nessas condições que falei. Digitalizado o livro, o exemplar é devolvido. E uma vez feitas as vendas do livro digital, uma parte do que é arrecadado é dada para o meu amigo na qualidade de cômodos da coisa digitalizada, uma vez que o livro B deu causa para minha atividade econômica organizada, a ponto de servir de investimento. E a todo investimento cabe juros, por ser justamente produtivo.

3.1) No mundo da digitalização, o investimento no trabalho do digitalizador se dá na forma de dinheiro ou na forma de coisas, no caso os livros. 

3.2) O livro emprestado facilita meu trabalho de ganhar dinheiro - tenho só o trabalho de digitalizar; o dinheiro emprestado leva a ter de planejar a aquisição do material qualidade, a ponto de escolher o melhor material com o menor custo possível. Por envolver toda uma operação mais complexa, os juros devidos em razão do tempo e do trabalho gasto tenderão a ser mais altos, em razão do custo de oportunidade.

3.3) Por essa razão, um empréstimo de coisa infungível nunca é gratuito. Trata-se de um investimento fundado na qualidade pessoal do digitalizador. Esse empréstimo deve ser pago com honras - por isso, uma parte da venda dos e-books é devida na forma de juros, pois acessório segue a sorte do principal.

3.4) Uma vez paga a dívida, os lucros auferidos da venda do livro B, se forem acumulados, servir-me-ão de base para comprar o livro A. E quando começar a vender cópias digitalizadas do livro A elas gerarão juros sobre capital próprio, visto que a cópia digital do livro B é parte do meu acervo, de minha propriedade.

4.1) Eis a economia fundada na fungibilização do que antes era infungível, como um livro antigo.

4.2) Para quem trabalha com design, para quem vive de copiar coisas, o empréstimo nunca será gratuito. O empréstimo de coisa a ser copiada e que vai ser vendida na forma de digital é uma forma de investimento. Como se deu coisa em vez de dinheiro, é uma dação de investimento.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2020 (data da postagem original).

Notas sobre arquitetura sagrada - da mitologia como explicação provisória do mundo até a chegada de Cristo, que deu sentido ao logos

1) O Antigo Testamento narra todo o caminho que foi preparado para a vinda do Adão definitivo, que substituiu o primeiro, pois este pecou. Por esta razão, o Antigo Testamento Hebraico contém toda uma explicação do mundo provisória, que seria revista quando o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem viesse.

2) O Antigo Testamento Hebraico tem mais ou menos o mesmo peso das mitologias grega e romana - explicações provisórias acerca da origem das coisas antes que chegasse o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que daria sentido a todas as coisas, a ponto de todos viverem a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) A mitologia é a primeira habitação que se faz no Céu; a Cristologia é a arquitetura, a segunda construção que atualiza a primeira. Trata-se da obra do segundo Adão, que faz com que a construção original tenha seu sentido completo e acabado em Cristo. É a antropologia definitiva, o verdadeiro fundamento para se entender os homens, pois Cristo foi-nos igual a nós em tudo, menos no pecado. É a mônada, o dado irredutível da ciência.

4) Quando os cristãos converteram os gregos, eles estudaram mitologia, a filosofia e como o horizonte cosmológico grego começou a ser demolido a partir da retórica dos sofistas e de seu charlatanismo. Esse charlatanismo já estava degradando a polis.

5.1) A conversão dos gregos levaria não só a restauração da ordem do ser das coisas, tal como havia na mitologia antiga. Essa mitologia seria atualizada, pois ganharia seu completo sentido em Cristo Jesus, uma vez que muitas explicações provisórias dessa mitologia acerca da realidade apontam para a conformidade com o Todo que vem de Deus, uma vez que Cristo venceu a morte e se tornou o novo Senhor do Olimpo.

5.2) Afinal ele era mais poderoso que esses deuses, pois era onisciente - por isso, mais humano que esses deuses, a ponto de ser o verdadeiro rosto do Deus vivo, o Deus da criação do universo.

José Octavio Dettmann

Argumentos cristológicos acerca da economia da salvação

1) O arado serve à espada. Não é toa que os colonos, os que lavram a terra, eram as forças de reserva em caso de guerra no tempo feudal. Em tempos de crise, eles pegavam a espada por seu senhor e por Cristo Jesus.

2) Ares, o deus da guerra na mitologia grega, não era odiado por Hades, o deus do submundo. Os soldados mortos se tornavam os colonos que iam habitar o submundo, a ponto de ser um enorme latifúndio, um enorme feudo improdutivo. Os colonos mortos lavravam o subsolo, a ponto de gerar as riquezas minerais - como morto não se reproduz, as gemas e os metais nobres, usados para cunhar moedas, não se reproduzem, tal como o ouro e a prata.

3.1) Quando Cristo veio trazer a espada, uma das primeiras coisas que Ele fez foi descer a mansão dos mortos e derrotar Hades.

3.2) A morte deixou de ser o fim, mas o recomeço de uma nova vida em Cristo. Os soldados que morreram lutando o bom combate deixaram de cultivar minerais e passaram a ser intercessores no Céu - eles passaram a ser santos, amigos de Deus. Foi a partir daí, da vitória da vida sobre a morte, que se estabeleceu a confiança como a base da riqueza, a ponto de a moeda se tornar um título de crédito de natureza fiduciária, um símbolo de verdade, de justiça servida à causa da verdade, enquanto fundamento da liberdade.

4) Não foi à toa que foi na Idade Média, a época onde os homens mais colaboraram com o projeto salvífico de Deus, que se surgiu o banco e o título de crédito. Foi a época onde os povos trocaram o paganismo bárbaro pelo cristianismo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2020.

Postagem Relacionada:

https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2020/08/notas-sobre-arquitetura-sagrada-da.html

Notas sobre a vantagem de estar instalado num determinado lugar (lições básicas de História da Civilização Humana)

1) O lado bom de se estar fixo num lugar é que você sabe ao menos onde o sol nasce e onde o sol se põe. Por isso, você tem uma idéia de direção.

2) Da idéia de direção vem a idéia de endereço. E do endereço a noção de domicílio, a de ser encontrado de modo a responder pelos compromissos que você assume perante a sociedade, no tocante ao bem comum.

3.1) Quando se é nômade, errante, você não sabe pra que lado vai. Você é que nem esta república: você é uma biruta de aeroporto - você vai até onde o vento, ou a ambição estúpida, apontar. 

3.2) É por esta razão que bárbaros errantes eram mais perigosos do que os exércitos regulares das civilizações rivais. Eles vinham sem aviso - e como todo bom marginal, eles faziam guerra como se não tivessem nada a perder. A mera vitória em batalha já é lucro para eles.

3.3) Embora sejam terrivelmente agressivos, eles não são páreo quando lidam com os exércitos de um rei que investe em inteligência, que manda exploradores de modo a fazer reconhecimento do território de tempos em tempos de modo a evitar a instalação e a expansão dessas pragas em forma humana, desses indesejados.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2020.

Notas sobre uma lição que aprendi como vendedor de ebooks

1) Desde que comecei a fazer campanhas de modo a vender os e-books que digitalizo, uma coisa é certa: eu aprendi o significado de que o freguês sempre tem razão, principalmente se ele sabe mais do que eu.

2) Tive excelente conversa de História do Brasil com um doutorando recentemente que extrapolou a mera relação de compra e venda, a ponto de se tornar uma verdadeira parceira, se essa conversa continuar ocorrendo ao longo do tempo.

3.1) Do ponto de vista de quem estabelece uma atividade econômica organizada de vender e-books digitalizados, principalmente aqueles que são difíceis de achar, eu estou oferecendo mais do que e-books, mas também minha experiência de investigador na seara das ciências sociais.

3.2) O fato de estar exercendo a mercância é um fato muito pouco comum entre os que fazem ciência social - e neste ponto, estou me enquadrando na definição de gênio de Ortega y Gasset: estou inventando minha própria profissão, a ponto de exercer influência na sociedade num cenário onde as universidades estão todas aparelhadas por comunistas. Como a internet foi o único cenário livre que me sobrou, então eu abracei estas circunstâncias como se fossem a minha e fiz disso minha razão de ser.

3.3) De certo modo, por conta disso, estou reintroduzindo a idéia do pensador econômico voltar a ser um homem que se santificou através do trabalho de servir a outros homens, a ponto de vender-lhes livros capazes de torná-los ainda mais inteligentes, uma vez que o propósito do livro é livrar as pessoas do mal da ignorância, a ponto de ser um verdadeiro remédio contra a ideologia. E esta, sem dúvida, é a missão, embora não seja a única.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2020.