1) A manipulação do mercado de capitais é a prática financeira mais sórdida e comum nestes tempos de economia globalizada. Mas o problema é muito mais complexo que a mera abordagem econômica.
2) Escândalos são forjados pelos controladores das companhias para derrubar o valor de face dos papéis de modo que estes possam ser recomprados pela metade do preço. Há também o caso no qual informações privilegiadas sobre o futuro de determinada companhia são vendidas a especuladores que sempre calculam a propina pelo tamanho do retorno. Isso se dá nas esferas pública e privada, a única coisa que muda é que os burocratas sempre são um poder maior que os empresários, porque aqueles ditam as regras do jogo.
3) A análise da lógica de mercado tal qual ela se apresenta na contemporaneidade mostra que, independentemente da esfera em questão, o problema social mais aparente é a corrupção em todos os aspectos, como nos exemplos supracitados ou em outras formas, por exemplo, o nepotismo que também acontece em ambos os casos, só que nas empresas privadas isso não é tido como corrupção, embora isso possa causar trágicos danos à saúde financeira dos demais sócios pelo simples fato de que o sujeito não é contratado pela competência, mas por ser parente de alguém, normalmente do sócio majoritário.
4) Como vimos nos parágrafos anteriores, a corrupção é o principal problema que assola a economia moderna, entretanto, essa prática não tem um fim em si mesma como a ampla maioria das pessoas acredita. A corrupção nunca foi um fim, mas sempre um meio de centralização de poder e existe desde antes da invenção da Escrita. Isso mostra, então, que o principal problema social não é a corrupção em si, mas a ambição desmedida de controlar a vida alheia, porque a maior potência deste mundo é a ação humana orquestrada.
5) Sujeitos ao tempo, os homens descobriram que a única forma de marcar seu poder ao longo da história seria mediante a formação de grandes famílias e assim alastrariam o poder da sua linhagem através dos tempos. É tanto assim que na Roma Antiga os proletários podiam apenas ter prole, daí que vem o nome, mas eram proibidos de criar famílias. Foi a partir desse conhecimento que surgiu a idéia de dinastia e é a origem antropológico-social de todas as casas reais do mundo inteiro, por isso que o rei é tido como o pai da nação, da grande família nacional.
6) A ordem da história ou a história da ordem, como diria Erich Voegelin, é, por conseguinte, a luta entre as diversas dinastias pelo poder de guiar as massas. Esse é o problema que integra todos os demais problemas sociais, da política à economia, do capitalismo ao comunismo, ou seja, são apenas discursos retóricos em cada nível do conjunto das ações humanas. Sendo assim, o formato do discurso em cada uma das derivadas não surtirá efeito determinante no integral, o que fará serão apenas os agentes históricos no topo de cada dinastia, isto é, os poderes ordenador e desordenador.
7) Todavia, esta saga da humanidade em que todos nós atuamos e sofremos não está sujeita somente às vicissitudes do tempo e do espaço, não está sujeita exclusivamente à manipulação das grandes dinastias sedentas pelo poder. Caminhou entre nós uma Pessoa que nos ensinou que todos podemos ter a nossa família, mas que devíamos amar o próximo e quem ama não escolhe qualquer meio para arrebatar mais poder, não é corrupto e nem destrói o lar das outras famílias, é prudente com o dinheiro, não promove a guerra e nem a carestia. Jesus de Nazaré ensinou-nos muito sobre a boa economia através do amor. E é exatamente isso que faz falta nos dias de hoje.
Thomas Dresch