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terça-feira, 12 de abril de 2016

Notas sobre a senhoreagem

1) Numa decisão judicial, o juiz deve fazer o diagnóstico com base nos fatos narrados na petição inicial - e para isso deve colher o depoimento das partes, das testemunhas, apurar os documentos que foram arrolados nos autos de modo a chegar a uma conclusão e decidir sobre a matéria, dentro de sua competência. E ao tomar uma decisão, no sentido de administrar um remédio judicial para a lide em curso, ele deve ser capaz de antever os efeitos colaterais decorrentes da aplicação desse remédio - e como o médico, deve ser capaz de fazer uma prognose. E a modulação dos efeitos da decisão é uma marca dessa prognose.

2) No exercício do Poder Moderador, seja no âmbito político ou no âmbito econômico, o Rei, ou o Imperador, deve ser capaz de fazer a mesma coisa.

3) No âmbito econômico, em particular, quando ele vai manipulando o teor da qualidade do metal da moeda através da senhoreagem, ele deve fazer uma prognose, de modo a que esta não desvalorize a moeda demais, de modo a fazer o empobrecimento geral da população, por meio da inflação. Da mesma forma, ele não pode valorizar a moeda demais de modo a que a exportação dos produtos da terra fique inviável, pois o produto tenderá a ficar caro. 

4) Como o monarca é juiz, então ele deve ouvir a todas as classes produtivas da nação de modo a que tome uma decisão, visando ao bem-estar geral - por isso havia os Estados-Gerais, antes de haver uma medida dessas. Por isso, a senhoreagem, que é um imposto inflacionário, necessita de uma audiência pública, tal como há nas audiências que julgam a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei, em face da Constituição - como isso obriga a todos, então todos devem ser ouvidos.

Notas sobre o exercício do Poder Moderador no âmbito econômico

1) Se as terras são um alicerce do Estado, então tudo o que está acima e abaixo da terra é alicerce do Estado. E se o mar é a estrada que dá acesso a outras terras, então quem controla os mares tem o controle de tudo. É dentro desta lógica que o mundo antigo é, pois, um mundo totalitário. E esse totalitarismo começou a ser vencido somente através da ação do Cristianismo, a religião por excelência, por se fundar naquilo que é verdadeiro, conforme tudo aquilo que vem do Deus verdadeiro.

2) Se tudo está no Estado, então a propriedade privada não passa de um direito de superfície, de uma concessão que o Estado, fundado em sabedoria humana dissociada da divina, dá aos particulares, uma vez que este sabe, por conveniência, que a livre iniciativa, coisa própria dos colonos, é mais eficiente do que a economia de guerra, coisa própria dos soldados. Dentro dessa lógica, a ordem fundada na liberdade fora da liberdade de Cristo necessita do Estado, de modo a que economia seja livre para toda uma ordem fundada no amor ao dinheiro - como tudo é concessão e tem fundamento precário, então isso edifica uma falsa liberdade.

3) A liberdade, a lei natural que se dá na carne, se dá em Cristo, que deu pleno cumprimento a essa lei com base no amor fundado na compreensão, ágape. Como isso é anterior à organização dos governos, então essa lei deve ser observada a todo o momento. Por isso, o povo deve ser Cristão e conforme o Todo que vem de Deus, de modo a estar eternamente vigilante quanto aquilo que não deve ser traído. Toda legislação de Estado só é constitucional se a lei positiva estiver em conformidade com o Todo que vem da Lei Natural, coisa essa que vem de Deus. Eis o natural right, pois o ordenamento jurídico natural se dá exatamente nesse tipo de aliança que se dá entre o Altar e o Trono.

4) Por força da Lei Natural, todo homem livre recebeu de Deus as prerrogativas de ocupar a terra como sendo o seu lar - por isso, o que está abaixo e o que está acima da terra podem ser explorados, desde que isso não acarrete prejuízo a seus semelhantes, por conta do direito de vizinhança. O que for produzido daí, que decorreu de descoberta ou invenção, é próprio de quem ocupou a terra de maneira 
mansa e pacífica, sem causar prejuízo a ninguém. Eis os direitos de propriedade - como isso decorre de Deus, governo nenhum tem o direito destruir isso, através da forma de concessões fundadas no fato de se tomar o país como se fosse religião. Isso é traição, abuso, tirania.

5) Do subsolo da terra encontramos metais preciosos - prata, ouro, cobre. O valor desses metais depende da produtividade das minas. Como o proprietário da mina é necessariamente produtor de dinheiro, então é natural, por conta da livre iniciativa, realizar a atividade bancária, uma vez que acessório segue a sorte do principal

6) O limite ético da produção do metal está relacionado às necessidades da economia fundada na prestação de serviço - se a atividade for muito intensa, então esta exigirá mais empreendimento por parte da atividade mineradora. E quando alguém, por força do trabalho, acumular metais demais, a tendência é que esse metal seja substituído por um título de crédito, por um papel-moeda, lastreado numa moeda padrão, geralmente a mais escassa: o ouro.

7) Aquele que realiza a atividade bancária, se for honesto, emite um certificado que atesta a qualidade da moeda e do crédito. Por isso, ele tem um poder muito grande, por conta de uma responsabilidade muito grande - e o perigo reside neste fundamento: se a ordem econômica for fundada numa ética protestante e no espírito do capitalismo, então esse poder será quase absoluto, quase divino, pois o banqueiro manipulará a moeda, de modo a gerar um verdadeiro calote, uma verdadeira crise econômica. Por isso que o Estado, por conta da soberania, tem poder para emitir moeda como algo próprio do Poder Moderador - e quem tem poder para emitir moeda tem poder sobre a atividade bancária, no sentido de garantir o crédito. Estas duas coisas estão relacionadas ao Poder Moderador exercido no âmbito econômico, uma vez que a economia está diretamente vinculada a decisões políticas - isso coíbe a ganância, além de evitar a protestantização da sociedade por vias naturais, por conta do culto ao dinheiro como se fosse um Deus.  

8) A grande questão do nosso tempo não é desestatizar a moeda, mas recristianizar o Estado, de modo a que não traia os direitos naturais, fundados na Aliança do Altar com o Trono. O Estado é necessário como um limite à ganância humana - por isso, o governante deve viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus e moderar as ambições dos agentes políticos, seja se eles estão no Congresso, seja se eles estão atuando na vida social, através do livre mercado. Se o apetite dos políticos for moderado, então o apetite dos que estão mais abaixo da hierarquia, os banqueiros, será moderado, por força do exemplo. 

A doutrina do preço justo está relacionada ao princípio da paridade contratual

1) Quando um trabalho é feito de maneira artesanal, aquele que adquire o serviço leva em conta o esforço do operário, o tempo que foi dispendido e a dedicação do artista. Resultado: ele paga pela peça feita um bom preço, por conta de todos esses fatores - não era algo barato, de modo a depreciar o trabalho do artista, e nem algo caro, fundado na ganância, coisa que está evidente nas intenções de quem vende a peça.

2) A doutrina do preço justo está relacionada à paridade contratual - os contratantes tomam um aos outros como se fossem irmãos em Cristo - por isso, eles agem de maneira leal, reciprocamente falando. As duas partes negociam e chegam num acordo. Logo, a doutrina do preço justo chega a ser o preço de equilíbrio. Isso é algo objetivo - porque se funda na Lei Natural - e é subjetivo, porque se funda na circunstância da venda.

3) Em tempos de economia fundada na automação industrial, onde a peça é feita repetidas vezes e de maneira idêntica, através de trabalhos padronizados e sem levar o toque do artesão - que também é um artista -, o preço tende a ser baixo, de modo a atender necessidades massificadas, presentes ou futuras, o que favorece à especulação. E tudo tende a atender a um padrão geralmente ditado pelo governo, fundado em sabedoria humana dissociada da sabedoria divina. Como tudo é impessoalizado, a tendência é haver um conflito de interesses entre o produtor, o empresário, e os consumidores. E a relação contratual tende a ser judicializada, por ser massificada. 

4) É justamente por conta da judicialização dos contratos que temos também a politização do consumo, que é uma forte marca de ordem totalitária, onde a lei do Estado é tomada como se fosse religião. Ela se funda numa ordem fundada na inexistência da crença na fraternidade universal, que é um dos elementos da ética protestante, da qual o capitalismo tem a sua base. Não é à toa que é uma ordem herética, pois esta ordem se funda no amor ao dinheiro, que é tomado como se fosse sinal de predestinação, salvação, coia fora daquilo que foi dito pelo Cristo: a verdade.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Relação do distributivismo com a bricolagem

1) Eis uma verdade conhecida: se você quer algo bem feito, então faça isso você mesmo.

2) Se no distributivismo cada um é proprietário dos próprios meios de produção, então a bricolagem é o norte dessa cultura.

3) A impessoalidade se caracteriza quando eu passo a delegar a um terceiro algo que é da minha competência, mas que por preguiça eu deixo para uma terceira pessoa. E isso é pecado capital, pois é acídia.

4) Numa sociedade marcada pela impessoalidade, pela delegação sistemática, a gente só tem apenas o elemento da confiança, no sentido de esperar que o serviço seja bem feito. Ora, se a sociedade é impessoal e se funda no amor ao dinheiro na não crença na fraternidade universal, então essa esperança é vã.

5) Para se vencer a impessoalidade, é preciso que você aperfeiçoe os seus dons. Não delegue para um terceiro algo que você pode fazer bem feito. Faça aquilo que pode ser bem feito, pois viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus é compromisso com a excelência - se Cristo é a verdade, então Ele é a excelência. Ele foi pescador de homens e carpinteiro - e fez isso muito bem.

Notas sobre a economia editorial fundada no distributivismo

1) Se no distributivismo cada um é proprietário dos próprios meios de produção, então é perfeitamente possível que eu possa fazer editorações artesanais, mais ou menos como as digitalizações artesanais que faço. Se eu encontrar um contato com alguém com formação em jornalismo, que ame e rejeite as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, eu já terei a possibilidade de aprender com ele esse negócio de editorar um livro - faço a revisão, a copidescagem, preparo os originais e ainda faço o registro do mesmo na Biblioteca Nacional, de modo a que o livro fique protegido da contrafação.

3) Comprarei máquinas para imprimir material e contratarei um capista. E aí começarei a fazer pequenas tiragens - o primeiro livro comporá o acervo da família, como parte do conhecimento ancestral, que não pode ser perdido. À medida que vou encontrando gente que ama e rejeita as mesmas coisas, tendo por Cristo fundamento, eu vou dando livros, de modo a que esse conhecimento seja compartilhado, mais ou menos dentro da mesma lógica quando se tem uma horta familiar - você vai trocando seus serviços pelos serviços de outros e laços vão se fortalecendo por conta disso.

4) Como conhecimento de família é algo que implica uma tradição, uma ligação permanente com o passado, a sua apropriação será perpétua. Logo, os direitos autorais fundados neste saber são perpétuos, por força da lei natural, uma vez que isso decorre do fato de se tomar o país como se fosse um lar em Cristo.

5) Os direitos autorais temporários, tal como temos hoje, se fundam numa economia comercial e de massa - e a individualidade do autor acaba sendo devorada pela massa, numa verdadeira antropofagia cultural - e isso mata a tradição, a individualidade, a criatividade, pois a impessoalidade é a regra neste regime revolucionário. Isso existe por conta da ética protestante e do espírito do capitalismo, que é uma cultura de morte, pois o dinheiro é mais amado do que a Deus.

O processo de metropolização começa com a pesca sistemática dos homens

1) Cristo fala que devemos ser verdadeiros pescadores de homens. Se o próprio Cristo Crucificado de Ourique nos mandou que servíssemos a ele em terras distantes, então as ruas virtuais estão livres para o trabalho dos colonos que pescam homens de modo a tomarem este país como se fosse um lar em Cristo, apesar destes 127 anos de República.

2) Todo aquele que pesca os homens nesta rua virtual o faz escrevendo. Como na rede social os virtuosos associados tendem a formar uma metrópole virtual, o mural de um acaba se tornando o longa manus do outro, com base no princípio de que "minha terra é sua terra - faça dela o que quiser, desde que dentro da conformidade com o Todo que vem de Deus".

3) A expansão do trabalho do colono necessita mesmo da parceria com outros colonos associados, pois o processo de tomar o país como se fosse um lar passa pelo processo de metropolização - e isso implica compartilhar recursos uns com os outros de modo a que o trabalho de um possa desenvolver-se em função do outro. Isso cria um poderoso processo de capitalização moral e espiritual, pois chama ainda mais gente por força da virtude daquele que pesca os homens escrevendo.

4.1) A verdadeira federação nasce desse processo de metropolização. Se um homem virtuoso serve salvando milhares de pessoas, ele é a expressão viva de uma cidade por si mesma. 

4.2) Exemplo vivo disso é o Olavo, por conta do que ele faz este seria rei de sua própria cidade virtual - e as cidades que se associam a ele, como a minha, acabam formando uma metrópole, pois pegam por empréstimo muita coisa que ele desenvolveu e aperfeiçoa. Como diferentes perfis atendem diferentes necessidades específicas, novos territórios são colonizados - e da conjugação desses territórios temos uma verdadeira federação, onde aquilo que é comum, aquilo que é tomado como se fosse um lar por força do Cristo Crucificado de Ourique, acaba sendo o eixo de todas as coisas. Se esse processo começou por um só homem, então ele tem o direito de reger a todos os demais, por força do exemplo e da sabedoria. Eis a monarquia enquanto caminho natural das coisas.

A rua virtual é o espaço do colono, assim como a rua física é o espaço do soldado

1) Muita gente fala que todos devem estar nas ruas. À verdade é que os colonos já estão nas ruas - nas ruas virtuais, exercendo seu ofício cultural, servindo a pátria de modo a ser tomada como se fosse um lar em Cristo, na medida de suas circunstâncias, pois a atividade intelectual é um dom e o efetivo exercício da mesma é liberdade, prerrogativa essa fundada na lei eterna, na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2) Quem tem não tem vocação intelectual tem mais é que ir para a rua física. Essa pessoa não precisa da internet como parte essencial de sua vida - do jeito como a pessoa leva à vida, a internet é algo dispensável. Por isso, a rua física é seu lugar mais apropriado, sua vocação. Como a política do mundo moderno é essencialmente materialista, por conta da falta da Aliança do Altar com o Trono, então esses peões do mundo físico, se quiserem ter uma vida melhor, precisam ocupar as ruas e botar pressão no governo, de modo a que as coisas possam ser feitas.

3) O colono, este que fez da Internet seu espaço para exercer sua vocação, este não precisa ir à rua, fisicamente falando, pois na rua virtual ele já se encontra, servindo a Cristo em terras distantes.