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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Saber narrar implica formar imagens

1) Saber narrar, descrever ou argumentar implica formar imagens

2) Essas imagens, para serem virtuosas, elas precisam servir de ícones, de exemplos para que possamos imitá-los melhor, de modo a estarmos em conformidade com o todo.

3) Essas imagens do bom exemplo permitem a construção da nossa memória, da nossa razão de ser enquanto povo. A boa literatura dá causa para que o país seja tomado como se fosse um lar.

4) Para se fazer boa literatura, além de saber dominar a linguagem, é preciso correr atrás de exemplos que dêem causa à edificação sistemática de virtudes humanas. Basta que se registre com precisão o comportamento de um que ele se distribui para todos os outros.

5) Não é à toa que todo o debate político é reflexo das imagens que são registradas e fomentadas por nossos escritores.

6) A literatura pobre é indício de que as fontes usadas para a construção de imagens é pobre. Muito disso se deve à forma errada de se interpretar o destino da pátria.

7) Onde o dinheiro fala mais alto que a vocação de servir Cristo, certamente os tipos mais detestáveis de ser humano servirão de modelo para se edificar o que há de pior entre nós, pois a imagem de um se distribui para vários ao passar do tempo, quando esse tipo é registrado por escrito. Eles se tornam então modelos satânicos, coisa que devemos evitar ser.

8) A causa dessa má consciência está numa interpretação economicista da história da Pátria ou num amor exagerado à sabedoria humana, a ponto de se afastar dos valores divinos. Ou no processo de se tomar a nação como se fosse religião, em vez de tomá-la como se fosse um lar, que é a causa de estarmos em conformidade com o todo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2014 (data da postagem original).

domingo, 17 de agosto de 2014

Do uso e do abuso do tempo

1) Santo Tomás de Aquino diferenciou empréstimo de investimento.

2) Quando você empresta um dinheiro a alguém sem participar do risco do negócio do outro, ele só vai devolver a quantia paga. E se houve deságio por conta da inflação, ele só vai te devolver o dinheiro corrigido.

3) Quando você empresta dinheiro a um irmão, de modo a que ele organize uma atividade de modo a servir a outros irmãos, você está investindo na missão do outro. Se a missão frutificar, ela se dará no tempo de Deus, e remunerará os esforços coordenados. Quando o dinheiro for devolvido, ele será acrescido de juros, pois deu causa a algo bom, fundado em Cristo, Nosso Senhor.

4) Se formos ver o ponto 2, o banqueiro não vê o tomador do empréstimo como um irmão. Se o tempo for usado só para chamar mais dinheiro, então ele não teve uma finalidade produtiva, justa, conforme o todo, pois o interesse foi apenas ganhar mais dinheiro.

5) O investimento no irmão dá a liberdade de ele servir sistematicamente a outros irmãos. Ele servirá observando as circunstâncias de cada um, dando a cada um o que é seu.

Escolha a ordem fundada em Cristo a ordem fundada pelos magnatas da indústria

1) Há quem diga que, para ser um bom católico, você precisa ler pelo menos 20 hagiografias.

2) No entanto, alguns deles não querem ter o trabalho de ler a biografia dos magnatas americanos e ingleses. E mesmo assim, defendem a ordem de coisas que esses magnatas construíram.

3) Se formos olhar a biografia de pelo menos um desses magnatas, Rockfeller, os métodos dele foram sujos, fora da conformidade com o todo edificante de Deus. Se juntar a de todos os outros, fica transparente que defender tal ordem fundada na falta de ética nos negócios ofende a nosso senhor Jesus Cristo.

4) Enfim, não dá para se defender duas ordens: a ordem fundada por Cristo, cujo retrato perfeito são os santos, e a ordem do dinheiro, cujo retrato são os magnatas, os barões da indústria.

5) O próprio Cristo disse que não devemos servir a dois senhores: a Deus e ao dinheiro. Um deles será amado em detrimento do outro. Por isso, é preferível amar a Deus ao dinheiro, de modo a se estar em plena conformidade com o todo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2014 (data da postagem original).

Dar a cada um o que é seu implica dar conforme as circunstâncias do pedido


1) Quando você serve bem a um, você servirá a todos os que necessitarem de você, não importa o tempo e o lugar.

2) Isso implica dar a cada um o que é seu sistematicamente.

3) Ao se dar a cada um que é seu, é bom e necessário observar as circunstâncias pessoais de cada demanda. Pois cada ser humano é único na sua razão de ser.

4) O uso de padrões visa a não se respeitar essas circunstâncias pessoais. E isso é uma injustiça à conformidade com o todo de Deus.

5) Todo padrão técnico se funda em sabedoria humana dissociada da divina. E esses padrões passam a ser regulados por lei, substituindo a vontade das partes.

6) Se o capitalismo visa à massificação, então ele desumaniza a demanda, moldando-a à sua imagem e semelhança, tal qual um Deus.

7) Se ele desumaniza a demanda, então ele distribui injustiça, lesão sistemática.

8) Se ele cria lesão sistemática, ele provoca a crise de confiança, a crise contratual. E os contratos se tornam contratos de adesão, gerando uma assimetria fundada no poder econômico. E isso clama mais Estado.

A moeda de ouro tem seu curso por força da Lei Natural

1) Se a moeda de ouro é compromisso com os seus semelhantes em toda a sua extensão universal, então ela é um espelho de justiça, de conformidade com o todo de Deus.

2) Logo, o curso da moeda de ouro é natural por força da Lei Natural de se dizer a verdade - e a melhor forma de se dizer a verdade é servindo aos seus irmãos naquilo que eles tanto necessitam e ser remunerado por conta da gratidão pelo serviço prestado.

3) Faz todo sentido, quando se falta com a verdade, dizer o seguinte: "contra o perjúrio, coloque uma moeda na boca".

4) Quem presta o desserviço de atentar contra Deus comete falso testemunho à verdade de Jesus Cristo. E contra o perjúrio, é bom que se ponha uma moeda de ouro na boca.

A moeda é símbolo de compromisso

1) A moeda é símbolo de compromisso.

2) O ouro, por sua escassez, é padrão universal de valor.

3) A moeda de ouro é simbolo de compromisso para com os seus semelhantes, não importa onde eles se encontrem.

4) Como a verdade em Cristo se destina a todos os povos e lugares, não importando o tempo e o lugar, então servir a seus semelhantes implica ser recompensado com moedas de ouro.

5) Quando você serve a seu irmão com presteza, isso significa que você fez por ele aquilo que ele realmente precisava. Se você faz algo bom para um, o exemplo se arrasta a todos os demais semelhantes, não importando o tempo e o lugar.

6) Um bom serviço é servir sempre a Deus, todos os dias.

sábado, 16 de agosto de 2014

Sobre a miopia dos conservantistas



"É óbvio que viver nos Estados Unidos é melhor do que viver no Brasil. É uma vida... o que direi agora parecerá contraditório, parecerá até absurdo, mas a verdade é que a vida nos Estados Unidos é mais segura, mais pacífica... mais calma do que no Brasil. Porém, ah, porém, isso não significa que os Estados Unidos sejam melhores do que o Brasil, nem que os americanos sejam melhores do que os brasileiros. Não são.

A prova é o comportamento dos brasileiros nos Estados Unidos. Ou no Japão, ou na Austrália, ou em qualquer país da Europa Ocidental. Nesses lugares supostamente tão mais civilizados, os brasileiros se comportam como os locais, com educação, com respeito, com discrição, com civilidade.

Os Estados Unidos são continentais; o Brasil também. Os Estados Unidos estão repletos de belezas e recursos naturais; o Brasil também. Os médicos, os jornalistas, os empresários, os operários e, pasmem!, os políticos brasileiros não são piores do que os americanos. Mas a medicina, o jornalismo, as empresas e a política dos Estados Unidos são melhores do que seus similares do Brasil. Por quê?

A vantagem dos Estados Unidos começa no começo: na colonização. Não, não é o que você está pensando. Não estou dizendo que os colonizadores ingleses eram superiores aos portugueses. Isso é uma bobagem de leve laivo racista. A principal colônia inglesa, a chamada joia da coroa, era a Índia, que não é nenhum modelo de bem-estar social. Já para a Austrália, os ingleses só mandaram ladrões, assassinos, banidos religiosos e escroques de todo gênero, e a Austrália, sim, é um dos modelos de bem-estar social.

Qual é, então, a diferença?

É o tipo de colonização. Os ingleses que foram para a Austrália e para os Estados Unidos foram para ficar, para construir uma nação. Os ingleses que foram para a Índia, bem como os portugueses que foram para o Brasil, só queriam tirar da terra tudo o que havia de valioso e levar o mais rápido possível para a matriz, onde se repimpariam longe da selvageria tropical.

O Brasil e a Índia cresceram tortos porque ninguém se importa em estabelecer regras num local em que só se está de passagem. Tudo no Brasil foi sempre provisório e, de certa forma, continua sendo. O Brasil não fica pronto nunca.

Mas um dia o Brasil haverá de compreender que é preciso voltar ao começo, que é preciso recomeçar, e que a única forma de recomeçar é pelas crianças, investindo maciçamente, quase que unicamente nas crianças. Um dia. Só que vai demorar. Testemunhando a exibição triste, morna e deprimente dos candidatos a presidente da República, suspiro de dor. E sei que ainda vai demorar."

(Por David Coimbra)

Comentários ao texto:

Só pra ver como a visão dos conservantistas é bem míope:

1) Alega-se neste texto que a glória dos Estados Unidos e a desgraça no Brasil está no tipo de colonização que tivemos: que os EUA foram colônia de povoamento e o Brasil colônia de exploração. Argumento determinista, fatalista e que não condiz com a realidade.

2) Este texto decorre das mentiras marxistas clássicas, contadas por Caio Prado Júnior e de quem escreveu o livro As Veias Abertas da América Latina.

3) Os territórios de além-mar tinham sua importância, não só como um lugar de refúgio quando se sofre perseguição política, como um entreposto comercial e embaixada, quando se lida com outras potências de além-mar, mas também como um lugar para se tentar a sorte, em busca de uma vida melhor. A rigor, não existe diferença entre Estados Unidos e Brasil nisso.

4) Desde que o homem se tornou escravo do pecado, por culpa do pecado original, qualquer lugar na Terra, para onde ele é mandado cumprir pena, é e sempre será um vale de lágrimas, não importa se é na Sibéria ou se é na Amazônia tropical. As penitenciárias e colônias penais surgiram como um lugar para se expiar os pecados graves, que causavam dano social, como também serviam ao propósito de recuperar gente, de modo a que se tornassem bons servos que aprenderiam a servir a Cristo em terras distantes. Acreditava-se que, mandando os criminosos para o Novo Mundo ou para terras distantes, eles se tornariam novos homens e se tornariam homens virtuosos em Cristo, o que ensejaria uma espécie de renascimento em Cristo, ao ser mudado de lugar. Neste ponto, Brasil e Austrália foram terras que receberam muitos degredados.

5) Muitos dos atuais imigrantes que vão para os EUA estão de passagem, pois só querem saber de ganhar dinheiro e voltar pra casa, uma vez dispondo de capital para tocar seus projetos na terra nativa. Se estão de passagem, não teriam compromisso com a pátria que temporariamente os acolhe, de modo a tomá-la como se fosse um lar - logo, isso os leva a indiferença, a ponto de  tomar o país como religião, pois só estão interessados em benefícios sociais ou em facilidades para os seus projetos, sem nada produzir em troca. A maior prova disso é que o imigrante ilegal, que tem direito a voto nos EUA, elege sempre democratas. Esses imigrantes ilegais, são, pois, verdadeiros parasitas, dado que são verdadeiros apátridas.

6) Nos pontos 3 e 4, as colônias, para prosperarem, necessitavam explorar os recursos da natureza e estabelecer boas relações com mercadores tanto dentro da colônia quanto na pátria-mãe, de modo a que atendessem a demanda interna e externa, de modo a terem renda e poderem investir no aprimoramento das atividades econômicas da localidade. Uma colônia era uma atividade de altíssimo risco econômico e político - a maioria dos empreendimentos coloniais nas Américas do Norte e do Sul fracassou. Muita gente morreu de fome, atacada por animais selvagens, ou pelos próprios selvagens, sem mencionar o frio do inverno ou os naufrágios. Isso sem falar em assassinatos entre os próprios colonos, pois as condições sociais nos primeiros anos eram péssimas. A vida como pioneiro ou como peregrino ou como bandeirante ou degredado não era nada fácil. 

7) Só quando se estabeleceram boas relações com o nativos e com a conseqüente cristianização dos mesmos é que coisa foi melhorando. Se não houvesse o domínio de certos cultivos de conhecimento dos nativos da região, nenhuma colônia na América se estabeleceria. Este é o caso clássico do milho, nos EUA, e da mandioca, no Brasil.

8) Estes são alguns dos argumentos, mas é só pra apontar que o texto é furado do começo ao fim.

9) Enfim, o que sempre falo: o grande diferencial entre o Brasil e os EUA está no fato de que a república brasileira jogou por terra toda a estrutura fundacional criada pelos pais fundadores desta nação, que são os membros da Família Imperial Brasil. E quando viramos república, viramos uma espécie de imitadora dos EUA - e essa imitação nos reduz a um nível de colônia, coisa nunca fomos. Eis a nossa tragédia!