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quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Como criar uma ciência da ação humana, sem que ela seja liberal e misesiana

Dettmann: De que forma podemos elaborar uma ciência da ação humana, levando em conta a economia aristotélica e a plutologia, sem que ela seja necessariamente liberal e miseana?

Chat GPT:

Elaborar uma ciência da ação humana sem que ela siga os moldes liberais e misesianos exige uma base teórica que se afaste do individualismo radical e do utilitarismo, promovendo uma visão mais holística, ética e teleológica da economia. A economia aristotélica e a plutologia oferecem boas referências nesse sentido. Podemos destacar alguns pontos centrais para a construção dessa ciência alternativa da ação humana:

1. Teleologia Aristotélica e o Bem Comum

Aristóteles via a economia como parte da ética, onde as ações humanas visam um fim último: a eudaimonia (felicidade ou bem-estar). A economia aristotélica se preocupa com o uso dos bens e riquezas para alcançar a virtude e o bem comum, e não para satisfazer desejos individuais ou maximizar utilidade. Em contraste com a abordagem liberal, a ação econômica deve ser avaliada segundo critérios éticos, e não apenas de eficiência ou lucro.

Essa ciência da ação humana tomaria como ponto de partida uma visão teleológica, ou seja, as ações humanas são dirigidas a fins mais elevados que o mero benefício pessoal ou acumulação de riqueza. O bem comum seria central, orientando a economia para a promoção de virtudes cívicas e morais, ao invés de focar no indivíduo como agente autônomo de maximização de utilidade.

2. A Plutologia e o Estudo do Acúmulo de Riqueza

A plutologia, ou o estudo da riqueza em sociedade, pode fornecer uma base complementar. Diferente da economia liberal, que tende a justificar o acúmulo ilimitado de riqueza sob o pretexto de progresso e liberdade individual, a plutologia busca entender a distribuição e o uso da riqueza em termos de justiça social e responsabilidades morais.

Para uma ciência da ação humana mais orientada ao bem comum, seria importante reconhecer que o acúmulo de riqueza deve ter limites éticos e que a riqueza, em si, deve ser distribuída e gerida de maneira que contribua para o desenvolvimento moral e espiritual das pessoas, em vez de ser apenas um indicador de sucesso econômico.

3. Hierarquia dos Desejos e Necessidades

Ao contrário da visão liberal, que muitas vezes assume que os desejos individuais são dados e não devem ser julgados, uma ciência da ação humana influenciada pela economia aristotélica e plutologia reconheceria que os desejos e necessidades humanas podem ser hierarquizados. Alguns desejos são virtuosos e contribuem para o bem comum, enquanto outros são excessos ou futilidades que podem corromper o caráter.

A ação econômica, assim, deveria estar subordinada a essa hierarquia, promovendo uma economia de necessidades verdadeiras e limitando os excessos que levam à degradação social e pessoal. Isso implica em uma crítica ao consumismo e à maximização de lucros a todo custo.

4. A Comunidade e as Relações Humanas

Uma diferença crucial em relação ao liberalismo econômico é a centralidade da comunidade. Para Aristóteles, o ser humano é essencialmente um zoon politikon (animal político), e sua realização plena ocorre em comunidade. Logo, a economia deve ser orientada a fortalecer as relações sociais e familiares, e não a promover um individualismo atomizado. A ciência da ação humana, portanto, veria a comunidade como o contexto natural onde as trocas e decisões econômicas se realizam, em contraste com a visão de mercado impessoal que predomina na tradição liberal.

5. Trabalho como Ato Humano e Ato de Criação

Nessa visão, o trabalho não é visto apenas como um meio de obtenção de renda ou de satisfação de necessidades, mas como uma extensão da ação humana criativa e cooperativa. A economia seria considerada um campo de realização pessoal e comunitária, onde o trabalho dignifica e contribui para a virtude.

6. Critério de Justiça Distributiva

A distribuição de riquezas e recursos seria baseada em uma visão aristotélica de justiça distributiva, onde cada indivíduo recebe de acordo com seu mérito e sua contribuição ao bem comum, evitando tanto a concentração excessiva de riqueza quanto a negligência das necessidades dos menos favorecidos. Essa noção de justiça é menos quantitativa e mais qualitativa, buscando a harmonia social.

7. Crítica ao Homo Economicus

Uma ciência da ação humana, inspirada nesses princípios, não consideraria o homem apenas como um ser racional voltado para a maximização de interesses próprios, o homo economicus do liberalismo. O homem, neste caso, seria visto como um ser dotado de racionalidade, mas cuja finalidade é a busca pela excelência moral e pela harmonia com a comunidade.

Conclusão

Para uma ciência da ação humana alternativa ao liberalismo e ao misesianismo, seria necessário desenvolver uma economia orientada à virtude, ao bem comum, à justiça distributiva e ao reconhecimento da interdependência social. A economia aristotélica e a plutologia oferecem uma base sólida para essa empreitada, fornecendo princípios éticos e sociais que subordinam a riqueza e a atividade econômica aos fins mais elevados da vida humana.

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