1) Certa ocasião, um contato afirmou-me de maneira irresponsável que poupança é investimento obsoleto.
2) Considerando que poupança é o investimento dos mais pobres e que os pobres são o banco de Deus, tal afirmação soa uma grave ofensa a Deus, uma vez que a poupança depende do esforço pessoal, posto que é trabalho acumulado. Se devemos nos santificar através do trabalho, então a nossa prosperidade depende do fato de se estar constantemente dependente das graças do Pai, a ponto de se viver em conformidade ao todo que d'Ele decorre.
3) Pelo menos uma parcela considerável da população que depende da poupança para poder progredir na vida se sentiria tão ofendida quanto eu, pois me senti ofendido ao ouvir isso. O cara que fez tal afirmação, além de soberbo, também não tem senso de proporções - considerando que o Brasil tem proporções continentais, então o pecado a ser reparado será de proporções gigantescas, tamanha foi a ousadia em se fazer tal afirmação, que não foi nem um pouco prudente.
4.1) Além disso, afirmar que poupança é investimento obsoleto é afirmar que o trabalho honesto e a diligência pessoal são coisas de gente condenada - por isso, os pobres não entrarão no reino dos Céus segundo essa lógica, pois o esforço deles é vão. Nada mais injusto do que isso.
4.2) Se a pessoa que faz tal afirmação é católica, então ela já não é católica no sentido da política e da economia, uma vez que devemos organizar o bem comum de modo que o maior número possível de pessoas vá para a pátria definitiva, que se dá no Céu. E por conta disso, está fora da comunhão, pois a fé católica e sua doutrina social devem ser aplicadas em todas as situações de vida, dentro e fora do âmbito paroquial. Não dá para ser católico na fé e ser protestante na ética - isso edifica liberdade com fins vazios, o que soa bem herético.
4.3.1) O ecumenismo já começa por aí: na economia política, na praça - da praça para o interior da Igreja, um pulo. Se você é católico e tem ética protestante, então você já é ecumênico e não sabe disso.
4.3.2) Não dá para se dialogar com uma ética decorrente de uma heresia - isso é errado, pois o protestantismo, enquanto doutrina que dá razão a essa ética, já foi condenado.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 9 de novembro de 2019.
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