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domingo, 29 de março de 2015

Debate sobre o fim do desvio antropológico que reina na Ciências Sociais


1) Quando se toma o fato social como se fosse coisa, você tende a reduzir a sociologia a um método de catalogação das estruturas sociais, sejam elas humanas ou anti-humanas. 

2) O homem é criatura e seu destino é viver em conformidade com o todo que vem de Deus - quando se nega que a história da humanidade é uma luta constante de modo a que Deus nos salve do pecado original e dos vícios da desobediência, a história torna-se apenas uma mera catalogação, pois o materialismo histórico esvazia todos os fundamentos metafísicos sobre os quais se versa a vida humana, desvinculando a história de seu agente principal, assim como de toda a verdade que decorre de Cristo Jesus, que é o juiz de todos nós, por todos os séculos e séculos.

3) E é por conta desse materialismo, desse determinismo e do fato de a história se reduzir a um método que vise a mera catalogação das estruturas que Claude Lévi-Strauss disse que a história pode levar a qualquer caminho - a tal ponto que história deixa de ser narrada ou investigada e passa a ser justificada ideologicamente.

4) Eis aí porque não levo a antropologia de Claude Lévi-Strauss a sério, muito menos a sociologia de Dürkheim. Mas tem muita gente que se diz de direita, sobretudo liberal, que adora o pensamento desses dois.

Haroldo Monteiro:

1) Eu acho que o grande problema hoje é a tendência à adoção de metodologias cada vez mais mecanicistas ou behavioristas nas ciências sociais, que visam a meramente catalogar as coisas e a tentar definir se elas são humanas ou anti-humanas a partir daí, como se tivessem sua própria verdade. Tudo isso decorre de um fato que eu estou começando a perceber agora: do fato de que o homem, desde o inicio do quinhentismo, já não está mais ancorado nem na igreja e nem na idéia de império, assim como também não está sob o abrigo de um cosmos que nos leva à conformidade com o todo que vem de Deus.

2) Desde aquela época começou-se a difundir a crença de que o homem, com o advento dos estados nacionais, encontrava-se só, em um estado de natureza - e essa suposta solidão, fundada em sabedoria humana dissociada da divina, levou a humanidade a descrer nas sagradas escrituras, fundando no meio dela todo um viés gnóstico, como se estivessem afirmando o seguinte: "Bem, agora estamos sós e ninguém mais nos dá um sentido para a vida. Vamos começar tudo do zero!" 

3) Eis aí que surge um Descartes: ao formular o seu princípio, "penso logo existo", nesta época crucial, a humanidade acabou por perder a cognição crescente que vinha adquirindo sobre todas as coisas, enquanto vivia a vida em conformidade com o Todo que vinha de Deus. E esse vazio deu lugar à modernidade, gerando toda uma neurose que se agravou e que deu causa a uma era em que as ideologias passaram a ditar toda a nossa razão de ser.

4) Esse desvio antropológico só será sanado quando as ideologias perderem o momento, a sua razão de ser, abrindo aí a possibilidade de um retorno à substância dos símbolos que expressam a experiência humana universal e real. Enquanto isso não ocorre, a humanidade estará envolta em uma atmosfera conceitual que, em si mesma, é uma deturpação de tudo o que esses símbolos expressam; ao mesmo tempo, trata-se também de um reflexo inconsciente de que esse retorno clama aos céus, de modo a que isso realmente aconteça. 

5) A premissa básica tripartida do monge calabrês tem que ser demolida, pois só assim poderemos voltar a idéia de uma evolução que não é nem progressivista ou cronocêntrica - enfim, uma evolução que nos leva a uma perspectiva mais abrangente e mais consciente acerca da eternidade.

6) Confesso estar muito otimista quanto a estas novas gerações - elas estão encarando de frente tudo aquilo que decorre da neurose moderna. Logo, logo a consciência da humanidade estará tão aberta a tanta experiência histórica que até o menor dentre todos nós vai ser tomado como se fosse um gênio, para os nossos padrões - e isso será assombroso! No fim das contas, o imaulado coração triunfará!

José Octavio Dettmann: 

1) Não é à toa que percebi um ponto de contato entre a análise do Olavo sobre a teoria do Estado e o senso de se tomar o país como um lar, tal como se edificou em Ourique. Essa concepção, que nasce da nossa circunstância, vai restaurar esse entendimento. E aí o Brasil será uma importante civilização neste aspecto, se retomar esses fundamentos. 

2) O Brasil, desde a independência, abraçou tudo esse mal que nasceu da revolução francesa e da revolução liberal do Porto. E desde então o progresso aqui foi feito a base de se decair moralmente - e isso vem sendo feito de modo a descer ladeira abaixo.

Haroldo Monteiro:

1) Acho que o Brasil terá um papel crucial nesta guerra mundial contra as idoelogias O Mário Ferreira dos Santos já havia previsto isso - e o Olavo, mesmo dizendo que é pouco provável, muitas vezes deixa transparecer isso! 

2) O sincretismo que hoje corre nos subterrâneos da mente progressivista está todo sintetizado e resumido nas filosofias de Lavelle, Voegelin, Zubiri, Lonergan, Mário etc. Já existe todo um aparato conceitual para essa virada antropológica e o retorno à matriz cognitiva que fundou o ocidente. As monarquias começaram a voltar - e isso é incontornável!

3) A democracia foi apenas um arranjo intermediário e também ruirá, junto com a ruína do iluminismo que a plasmou!

José Octavio Dettmann:

1) Em meio a esse contexto, aquilo que se perdeu por volta do primeiro império vai ser restaurado: o permanente debate entre o partido português e o partido brasileiro, e isso se dará não no fundamento de país tomado como se fosse religião, mas no fundamento de que o país deve ser tomado como se fosse um lar em Cristo, dando marca a toda uma verdadeira natureza colaborativa que marca o governo parlamentar e constiucional. 

2) Não haverá duas ideologias antagônicas, fundadas em uma guerra entre facções, mas dois caminhos a seguir, onde a escolha de um implica a renúncia do outro até certo ponto: esses caminhos são o do Império independente, que será defendido pelo partido brasileiro, ou o do Reino Unido, tal como D. João VI havia criado, que será defendido pelo partido português.

3) O parlamento dá chance para o diálogo e para a escolha mais adequada de um caminho a seguir, de modo a Cristo seja bem servido nestas terras distantes. Pelo menos, esse é o verdadeiro o sentido de pátria que precisamos ser, de modo a renovar aquilo que se edificou em Ourique. 

4) Eu tenho analisado a vocação do Brasil, porque este é o caminho o que posso seguir, pois foi o que me sobrou. Quanto aos demais casos, eu não tenho como falar, pois não estudei. Enfim, meu forte é a História do Brasil e tento entender sua verdadeira vocação.

Haroldo Monteiro:

1) Sim, é verdade. E eu estou focado no problema espiritual mais geral da nossa civilização! O seu trabalho completa o meu.

Haroldo Monteiro: 

1) Essa restauração das coisas não somente ocorrerá no Brasil, mas também em o todo mundo! 

2) Estas rupturas abruptas um dia serão sanadas: 

2.1) Os franceses ao negarem a escolástica, afirmaram descartes; 

2.2) Os ingleses, negando o catolicismo, afirmaram Bacon;

2.3) Os alemães, deixando cair a evocação de império que eles geraram, apegaram-se a Kant. 

3) Enfim, esse mal das ideologias só veio apenas para ensinar a humanidade de que não há salvação fora da Igreja, muito menos caminho alternativo a ela, fundado em sabedoria humana dissociada da divina!

4) Hayek esta certo: grande o problema do ocidente foi que ele se afastou demais do cristianismo. Gasset também está certo quando diz que a Igreja Católica está perdendo o mando, o que desorientou os povos. A Igreja tem que voltar a mandar no mundo! Só assim a consciência de eternidade voltará!

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