José Octavio Dettmann:
01) Muitos liberais falam em pagador de impostos, quando, na verdade, temos prestadores de impostos. Pois o pagador, por sua natureza, assume sacrificar uma parte de sua renda, visando o bem de sua nação, já que ele foi chamado a servir a pátria, através da prestação de impostos, pois pagar pressupõe dor e sacrifício. Se o governo é fundado numa mentalidade revolucionária, a liberdade será para o nada, assim como o dever de lealdade e sacrifício para com o governo será voltado para o nada.
02) Prestar impostos é pagar, pois decorre de uma obrigação de fazer por força de lei, que é a de dar moeda para o erário. Se a gente paga impostos por força de lei, então somos prestadores de impostos. Como o país é tomado como se fosse religião, o governo tende a nos enxergar como um órgão que apenas confirma suas decisões arbitrárias, depois de um período de 4 anos de mandato. Como somos vistos como um coletivo, um amontoado de pessoas que não se entendem. então não temos liberdade nenhuma. Eis aí a gênese do conflito entre prestadores e consumidores de impostos, segundo a perspectiva de Calhoun. E essas são as duas facções que brigarão até a morte pelo controle do Estado, tal como vemos em todas repúblicas liberais, das quais os EUA são modelo.
03) Já o pagante se aplica a consumir aquilo que lhe convém. Tem a mesma questão do conservantista - quando ele consome aquilo que é conveniente e dissociado da verdade, ele causa prejuízo a toda a população, dando causa ao consumismo, que é a liberdade sistemática para o nada.
04) Enquanto no inglês só existe a figura do payer, nós temos a figura do pagador, do pagante e do prestador. Por isso que é importante dominarmos a linguagem, antes de falar. Há vários termos sutis e sinônimos no português.
Tiago Barreira:
01) Interessante. Não tinha pensado nisso: paga + dor.
02) Então, o pagador de impostos se aplica a quem paga imposto de renda, já que ele sofre expropriação de uma parcela de sua propriedade, enquanto o prestador é quem paga imposto sobre consumo ou serviço, já que o governo deu causa para o desenvolvimento de sua atividade?
José Octavio Dettmann:
01) Se você é tributado na renda, você sofre dor, pois é o fruto do seu trabalho acumulado que lhe é tomado. Para se tomar uma parcela do que é seu, de modo a fomentar o desenvolvimento da nação, você vai precisar de um governo sério e confiável, que respeite a cultura de se tomar o país como um lar e que não traia tudo aquilo que é de mais sagrado e que nos leve à conformidade com o Todo que vem de Deus. Só um governo que respeite a Lei Natural é que tem bons motivos determinantes para me chamar a colaborar de modo a que este assegure o bem comum a toda população. E o meio prático para se fazer isso é expropriando uma parcela da minha renda sob uma justa causa. Se não houver um justo motivo determinante que justifique um aumento dos impostos, então o governo está a praticar tirania.
02) Se você presta ou consome um serviço de utilidade pública ou que seja de interesse público, você presta impostos e é pagante, pois você está consumindo e vai ter direito ao que merece. No caso, nós temos taxa.
03) Imposto destina-se a toda a coletividade e volta-se para abastecer aos cofres públicos; a taxa pode ser individualizada e presta-se a remunerar quem trabalhou pra você.
Facebook, 18 de março de 2015 (data da postagem original).
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