Na década de 1990, a guerra dos consoles entre Sega e Nintendo não se dava apenas nos produtos finais ou nas campanhas publicitárias. O sucesso dependia de uma complexa rede de atividades internas: pesquisa e desenvolvimento, produção industrial, marketing, logística e atendimento ao consumidor. Cada setor contribuía de maneira direta para o desempenho da empresa, mas a avaliação tradicional de produtividade era, em grande parte, subjetiva e arbitrária.
1. A limitação da medida abstrata
Historicamente, a performance dos trabalhadores era avaliada por hierarquia, títulos ou percepção de gestores, muitas vezes movida por paixões pessoais ou preconceitos. Essa abordagem apresenta problemas claros:
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Subjetividade: decisões dependem do julgamento individual, que pode ser enviesado.
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Inconsistência: diferentes gestores podem avaliar o mesmo trabalho de formas distintas.
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Ineficiência: talentos ou recursos podem ser mal alocados, comprometendo o resultado final.
No contexto de uma guerra intensa de mercado, como a competição entre Sega e Nintendo, essa subjetividade pode custar milhões em receita perdida ou oportunidade desperdiçada.
2. Aplicando a lógica do Moneyball à indústria
O Moneyball, conceito popularizado no beisebol americano, baseia-se na análise objetiva da produtividade: jogadores são avaliados pelo que realmente entregam em campo, e não pela fama ou reputação. Transportando essa lógica para o mundo corporativo:
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P&D: medir eficiência de desenvolvimento, número de bugs críticos resolvidos, inovação entregue por unidade de tempo.
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Produção industrial: avaliar taxa de produtos corretos, redução de desperdício, custo-benefício.
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Marketing e vendas: mensurar retorno real de campanhas por dólar gasto, engajamento do consumidor, conversão em vendas.
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Logística: medir tempo de entrega, precisão de inventário e eficiência de transporte.
Cada funcionário ou equipe seria avaliado objetivamente pelo valor produzido, gerando um modelo de produtividade por unidade de tempo, similar ao cálculo de “valor por segundo” aplicado a atletas.
3. Benefícios de uma econometria em tempo real
Implementar uma econometria industrial em tempo real traria vantagens decisivas:
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Redução de subjetividade: elimina favoritismos e decisões baseadas em paixões ou percepções enviesadas.
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Ajustes instantâneos: problemas e gargalos podem ser identificados e corrigidos rapidamente.
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Decisões fundamentadas em dados: alocação de recursos e talentos passa a ser objetiva, aumentando o retorno operacional.
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Comparabilidade: permite comparar equipes, departamentos ou até empresas inteiras, criando benchmarks internos claros.
4. A produtividade como moeda real
Em um cenário competitivo como o dos consoles, cada segundo de trabalho poderia ser medido e monetizado. A lógica é semelhante ao Moneyball esportivo: enquanto um jogador é avaliado pelo gol, assistência ou defesa, cada setor da empresa poderia ser avaliado pelo impacto real no resultado financeiro e estratégico.
O valor real de um trabalhador ou de uma equipe não é o título ou posição, mas o que ela entrega efetivamente, segundo por segundo, tarefa por tarefa.
5. Conclusão
A guerra dos consoles dos anos 1990 mostra que medidas subjetivas e arbitrárias podem custar caro em ambientes de alta competição. Aplicar uma lógica objetiva de produtividade, inspirada no Moneyball, permitiria:
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Avaliar cada setor e colaborador pelo valor real entregue.
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Tomar decisões estratégicas baseadas em dados, e não em paixões desordenadas.
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Otimizar recursos e maximizar resultados financeiros e de mercado.
Em última análise, a lição é clara: quanto mais objetiva a medida de produtividade, mais próximo do retorno real estamos, seja no esporte, nos investimentos ou na indústria.
Bibliografia
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