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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Notas sobre a natureza do depósito

1) Num tempo de grande instabilidade como a Idade Média, havia a regra do rebus sic stantibus. Enquanto houvesse estabilidade, as regras costumeiras valiam.

2) Uma forma de se preservar o patrimônio das constantes catástrofes - seja por força da ação natural, seja por conta das constantes guerras, carestias e dos constantes assaltos nas estradas -, era depositar a produção em celeiros ou os ganhos num banco. Esse depósito era necessário, miserável - protegia os depositantes de um desastre, já que o banco e o celeiro atuavam como um seguro.

3) Se essa praxe era feita numa praça, isso era repetido sistematicamente em várias praças, a tal ponto que os bancos passaram a ter relações entre si, uma vez que cidadãos de diferentes cidades passaram a ter relações mercantis com outras praças, com cidadãos de outras cidades a ponto de um direito costumeiro mais cosmopolita, fundado no fato de se tomar vários locais como um mesmo lar em Cristo. E para facilitar a integração, títulos de créditos eram gerados, fazendo com que a produção de um cidadão de uma cidade A beneficiasse a toda a comunidade de cidadãos de uma cidade B integrando as cidades de tal maneira a ponto de serem tomadas juntas como um mesmo lar em Cristo.

4) Um desses títulos era a moeda fiduciária (o famoso papel-moeda). Essa moeda tinha o selo do banco emitentes e garantia o pagamento das obrigações avençadas. E quando terminasse o tempo da obrigação, esse dinheiro podia ser sacado do banco.

5) Com o tempo, títulos foram criados de modo a representar uma produção em grande quantidade, de tal monta que transportá-la em grandes comboios de navios ou mesmo em caravanas seria impossível, não só por falta de segurança, como também por impossibilidade física mesmo. Esses papéis circulavam, o que tornava fungível algo que antes era difícil de se substituir.

6) Se a pessoa quisesse reclamar o produto ou uma parte do produto, bastava ir ao armazém onde esse estoque estava armazenado e converter o ativo armazenado (geralmente matéria-prima) em algo útil, o que estimulava a produção industrial da cidade. Isso dava uma excelente proteção às transações.

7.1) Enfim, do depósito necessário, miserável, vem o depósito conveniente e sensato.

7.2) E como o professor Olavo de Carvalho disse, foi da nobreza que surgiram os primeiros conciliadores, mercadores e corretores da história, incluindo os banqueiros; era ela que tinha as armas, a ponto de servirem e protegerem todos os que viviam da terra e do artesanato, que estavam sujeitos à sua proteção e autoridade, nas cidades.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2018 (data da postagem original).

Um povo excelente se mede pela lei de Deus que se dá na carne de cada indivíduo, sistematicamente falando. Resumindo: ele se mede pelas obrigações morais e nunca pelos direitos fundados em lei humana dissociada de Deus

1.1) Um povo excelente se mede pela lei de Deus dentro da carne de cada indivíduo, já que por meio da santa eucaristia Deus faz morada no coração da cada pessoa a ponto de converter um coração de pedra - fundado no de si até o desprezo de Deus - em um coração de carne, conforme o Todo que vem de Deus. Afinal, Deus opera todas as coisas em todos o tempo todo, agindo sistematicamente.

1.2) Essa lei, por meio da evangelização, é distribuída sistematicamente a todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, a ponto de uma comunidade inteira tomar o país como um lar em Cristo, uma vez que Ele se torna primeiro cidadão (príncipe) sistemático de cidades inteiras, a ponto de se tornar Rei de um país inteiro, tal como ocorre na Polônia - ou no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, como aconteceu um dia.

2.1) Essa lei que se dá na carne gera obrigações. E uma dessas obrigações é dar ao irmão o que se pede, a tal ponto de este ser tomado como um irmão na comunidade dos que vão para a pátria definitiva, que se dá no Céu, e fazer parte da herança que antes foi destinada aos judeus, pois Deus é nosso pai também.

2.2) A cidade dos homens que imita as virtudes da cidade de Deus tem por base essas obrigações morais. E a lei positiva protege a lei moral -  com base na lei positiva, o processo passa a ser visto como um exercício da legítima defesa de tal modo a punir aquele que conserva o que é conveniente e dissociado, evitando assim que ele prejudique a todos, ao começar a prejudicar uma só pessoa por meio de ações egoísticas, contrárias ao bom direito. Desta forma, as obrigações civis decorrem das obrigações morais.

2.3.1) As obrigações civis descumpridas levam à condenação daquele que age contra o direito, uma vez que o descumprimento é como um prédio sendo consumido pelas chamas - e essas chamas precisam ser apagadas, antes que tudo vire ruínas.

2.3.2) Quando tudo virar cinza, por força da prescrição, a única maneira de se recuperar o que é devido é por meio do apelo à boa razão, seja por meio da conciliação ou por meio da educação, uma vez que as ruínas falarão da dívida prescrita falarão por si mesmas - e isso só pode ser feito a partir da geração seguinte, já que o ancestral era rico em má consciência a ponto de se tornar irrecuperável, por estar fechado para se Deus. Se a geração decorrente do pecador for bem educada na virtude os pecados da geração anterior serão apagados na geração seguinte.

2.3.3) Se devemos educar os meninos de modo a não punirmos gravemente os homens, então as dívidas prescritas, as dívidas históricas, começarão a ser pagas por meio da educação das futuras gerações na virtude.

2.3.4) O pagamento dessas dívidas históricas por força da educação virtuosa gera uma poderosa forma de capitalização moral, que é feita de tal maneira que o pecador ancestral, já falecido, é readmitido à comunidade dos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, ainda que isso se dê postumamente. Não é à toa que as chamas do purgatório são chamas de amor, uma vez que a pessoa morta no pecado começa a ser recuperada pelo bom exemplo da geração seguinte, corrigiu os erros da geração anterior, rica no amor de si até o desprezo de Deus, causa de má consciência.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2017 (data da postagem original). 

Postagem relacionada:

http://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2018/01/a-realidade-e-transcendente-e-eterna-ou.html

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Como o empréstimo sistemático de coisas aos irmãos necessitados promove a integração social tão necessária para se tomar o país como um lar em Cristo?

1.1) Um dos cinco efeitos da propriedade é a integração entre as pessoas - e é pela integração que se distribui o senso de responsabilidade, por força do poder de dispor da coisas.

1.2) O poder de dispor pode ser confiado a uma outra pessoa, que fica guardando e administrando os bens confiados pelo titular a ela mediante instruções - e uma dessas instruções é a defesa em juízo.

2.1.1) Desde o começo dos tempos Deus deu aos homens o direito de ocupar as coisas - e ao ocupar as coisas, ele deu aos homens o poder de usar, gozar e dispor das coisas. 

2.1.2) Se esses poderes forem usados com boa finalidade, eles atendem os princípios da criação, da conformidade com o Todo que vem de Deus. Se Cristo fala que é preciso dar ao irmão o que se pede, ele pede que se exerça o poder de dispor com um fim bom de modo que o fraco e oprimido seja integrado à sociedade como um irmão, de modo que tome o país como um lar em Cristo e seja parte da filiação divina, da herança decorrente da pátria celestial, para a qual nós iremos um dia. Ou seja, ele condenou o monopólio, a concentração máxima de bens em poucas mãos ou numa única só.

2.2) Pelo mesmo poder de dispor, nós organizamos as coisas de modo a atender às necessidades de nossos irmãos - mão só de pão, mas também da palavra de Deus. E quando fazemos isso sistematicamente, nós distribuímos.

3.1) Se o capital é o complexo de bens decorrentes do trabalho perpétuo e acumulado de se ocupar as coisas de modo que tenham caráter produtivo - integrando mais e mais pessoas de modo que tomem o país como um lar em Cristo, amando e rejeitando as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento -, então esse capital pode ser emprestado ao irmão que pede, que também deseja colaborar na atividade produtiva, ao ser companheiro nesta empreitada.

3.2.1) Por essa razão o empréstimo, quer de coisas fungíveis ou infungíveis, deve se fundar no fato de que tomador e cedente amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, criando uma affectio societatis.

3.2.2) Quando o assunto passa a atingir a esfera comunitária, então o empréstimo necessita de um intermediador, e esse intermediário deve também amar e rejeitar as mesmas coisas neste fundamento, assim como a comunidade dos tomadores também. E o comunitarismo é basicamente a distribuição sistemática dessa affectio societatis, uma vez que a amizade é a base da sociedade política e também da produção de riquezas de tal modo que nossa vida seja confortável o bastante de modo que isso nos prepare adequadamente para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

4.1) Quando se preza mais o dinheiro do que a Deus, o que intermedeia a oferta de capital a quem está demandando dinheiro para fazer uma atividade produtiva está abusando da confiança tanto de A quanto de B, pois está olhando para o próprio interesse. Ele está vendendo um bem que não lhe pertence, cobrando juros cujo motivo determinante é fazer a administradora ganhar dinheiro às custas da confiança depositada pelos poupadores. O banqueiro, dentro da ética protestante que deu origem ao capitalismo, é o administrador desonesto.

4.2) E neste ponto, ocorre a perversão dos bancos - e a filantropia é um sintoma dessa perversão, pois instituições culturais ou filantrópicas são criadas de modo a se pagar menos imposto. E essas fundações filantrópicas elas fomentam toda sorte de atividade revolucionária, já que a riqueza se tornou sinal de salvação - a tal ponto que a salvação se dá nesta vida mesmo, como se nós fôssemos deuses.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 2018.

Comentários: 

Vito Pascaretta: os pontos 4.1 e 4.2 poderiam por si só virar artigos.

José Octavio Detttmann: vou meditar sobre isso depois.

Por que digo que sou um polonês espiritual?

1.1) Até onde sei, minha árvore genealógica espiritual remonta até Adam Sapieha. Ele foi arcebispo de Cracóvia e foi ele quem fez de Karol Wojtyła (São João Paulo II) um padre. 

1.2) D. Karol Wojtyła, quando foi arcebispo de Cracóvia, fez do Monsenhor Jan Kaleta padre. 

1.3) Monsenhor Jan Kaleta é meu padrinho de crisma, mas eu não segui o caminho do sacerdócio como o padre Evandro, que também é afilhado de crisma do Monsenhor Jan Kaleta. 

1.4) Eu sou padrinho de batismo, pai espiritual de meu irmão Gregório, que um dia vai ser pai, chefe da igreja doméstica que decorrerá de seu ramo, que no momento se encontra no Chile.

2) Adam Sapieha foi príncipe da Polônia e senador da Segunda República Polonesa - era membro da szlachta (nobreza) de Cracóvia. Karol Wojtyła, ordenado por ele, se tornou São João Paulo II.

3.1) Diante da minha posição, eu preciso ser tanto nobre quanto um santo. E isto é de enorme responsabilidade. 

3.2) Em mim há uma parte importante da história de Cracóvia, bem como da Polônia e de toda a Cristandade. Por isso que preciso tomar a Polônia como um lar tanto quanto o Brasil, por força daquilo que meus ancestrais de sangue, os portugueses, receberam diretamente de Cristo em Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 2018.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O que penso hoje sobre economia decorre da minha experiência dentro de casa, com a minha própria família

1.1) Um dos fundamentos do distributivismo é honrar pai e mãe.

1.2) Como família é a base da sociedade, então a confiança é tudo - e é por força dela que os filhos sucedem aos pais na titularidade das coisas, quando estes forem para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu

2.1) Eu comecei a meditar sobre práticas bancárias a partir das relações que tenho com a própria família. Eu costumo emprestar dinheiro para os meus pais, quando estes mais precisam.

2.2) Como sou católico, e a ética protestante não me serve, então eu decidi aplicar nas minhas relações com eles os fundamentos da Santa Religião, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.3) Como devo honrar pai e mãe e não posso cobrar sobre coisas destituídas de caráter produtivo - a tal ponto de estar com isso amando mais o dinheiro do que a eles -, então eu fui aplicando essas regras básicas e comecei a perceber que elas realmente funcionam - e costumam funcionar muito bem aqui em casa.

3.1) Eu seria um hipócrita se pregasse abertamente a DSI sem antes experimentar fazer essas coisas dentro de minha própria casa, primeiro. Fiz com a DSI aquilo que São Paulo, Apóstolo, bem recomendou: experimentei a DSI e fiquei com o que é conveniente e sensato, isto é, com todos os aspectos da Doutrina Social da Igreja.

3.2) Muitos dos que defendem a DSI jamais tiveram a audácia de experimentar em sua própria casa as coisas propostas pela Igreja de modo que a lei moral, que se dá na carne, seja restaurada em cada indivíduo e distribuída a todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento - e neste ponto assumem uma posição de sola traditio, preferindo a letra à ação humana - e a letra mata, pois é fé sem obra.

3.3) Como a realidade é a mãe de todas as proposições, então pregar algo sem isso ter sido passado pelo crivo da experiência social é conservar um quê de insensatez, pois a experiência pessoal é um microcosmos da experiência social - e essa insensatez é dissociada da verdade.

3.4) Por essa razão, você deve perguntar a todo defensor da DSI se ele praticou os ensinamentos da Santa Madre Igreja em sua própria casa, antes de pregá-la abertamente em praça pública ou rede social. E se ele fez a lição de casa, então é sensato e prudente que ele mostre os resultados, antes de ficar vociferando doutrinarismo hipócrita.

3.5) Eu posso falar por mim mesmo porque eu sempre pratico o que prego. E toda experiência que faço tem sempre relatório e vira artigo - e vocês, meus leitores, são testemunhas disso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 2018.

Dos conciliadores, comerciantes e corretores como os primeiros economistas

1) Os primeiros economistas eram pessoas que se dedicavam ao ofício de aproximar pessoas de modo que buscassem um acordo em comum. Essas pessoas eram geralmente magistrados, quando havia conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. Nos tempos atuais, essa função cabe aos conciliadores.

2) A praxe da conciliação leva a prática da corretagem, aproximando pessoas de modo a fazerem um acordo comum no tocante à produção de bens e serviços, essenciais à produção da riqueza. E por meio da corretagem vinha o seguro, a garantia de que, se algo der errado, haverá a cobertura dos prejuízos, por força do princípio de que a confiança rege todas as coisas, de modo que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo, o que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

3.1) À prática do intermédio entre pessoas se estende a uma relação entre produtores e consumidores. E neste ponto o intermédio vira comércio, pois o bem comum é servido por meio de bens e serviços que são úteis a todos aqueles que necessitarem de um produto específico.

3.2.1) O comerciante é o agente garantidor que faz com que o trabalho do produtor atinja os seus consumidores, criando uma ponte onde antes não havia.

3.2.2) É próprio da natureza do comerciante a publicidade, dado que ele anuncia a todo público que se encontra na praça tudo o que está disponível para a venda, de modo que o serviço do produtor, se for bom, seja devidamente remunerado.

4.1) A diferença entre uma economia de mercado onde as pessoas se encontram de modo a se servirem umas às outras e a economia de mercado onde a riqueza é vista como um sinal de salvação e tem um fim nela mesma é uma questão de ética, dado que afeta a lei natural, pois afeta a amizade dos homens para com Deus.

4.2) Onde o mercado é visto como um encontro, o país será tomado como um lar em Cristo; onde a riqueza é vista como sinal de salvação, então a riqueza tem um fim em si mesmo, que é vazio. E neste ponto o mercado é um ponto de sujeição, a ponto de reproduzir o mau aspecto de que a polis tem um fim nela mesma, a ponto de ser tomada como se fosse uma religião - e isso é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.3) Eis a diferença entre capitalismo e distributivismo. É uma questão ética (lei que se dá na carne distribuída a outros que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento). E isso é uma questão que vai muito além do mero direito positivo, mas que afeta a constituição de todas as coisas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de janeiro, de 2018.

Notas sobre as relações bancárias

1.1) Quando você está numa economia subordinada, a sua relação bancária é de correntista.

1.2) O seu salário tem caráter alimentar. Como os patrões costumam ter conta nesse banco, então sua conta é acessório que segue a sorte do principal, a conta da empresa. 

1.3) Se o banco administra as contas, então ele cobra do correntista pelos serviços da gestão dessa conta. Como essa cobrança se dá sobre algo improdutivo, posto que o dinheiro pago tem caráter alimentar então ela se torna um tipo de usura, pois o banqueiro se torna um tipo de feitor de escravos. 

1.4) Num país onde a maioria da população trabalha em economia subordinada, a tendência é que todos sejam correntistas, a ponto de fazer da usura uma prática "comercial" - "legítima", por força da permissão que a lei positiva, divorciada de Deus, concede aos banqueiros.

2.1) Quando você não está na economia subordinada, a sua relação bancária é a de poupador. Torna-se uma relação de confiança.

2.2) No Brasil, o dinheiro da poupança é usado para a construção de moradias populares. Se a atividade bancária não fosse pautada pela ética protestante e pelo espírito do capitalismo, onde a riqueza é vista como um sinal de salvação e essa salvação pode se dar nesta vida por meio da filantropia, então a atividade bancária seria mais livre, a tal ponto que o banqueiro, ao coordenar o trabalho de todos os gerentes e bancários, criaria pontes de intermediação entre os que poupam e os que tomam o dinheiro emprestado de modo fazer algo bom, de tal modo que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo, criando uma relação de distributivismo sistemático, uma espécie de sociedade de confiança.

2.3) Nesta sociedade de confiança, a taxa de juros não seria de 5 reais por mil reais emprestados, arbitrada pelo Bacen. Como a relação entre o banqueiro e eu é uma relação de confiança, societária, então eu tenho direito a 50% do dinheiro que foi emprestado pelo banco, se esse empréstimo se deu por força do meu dinheiro que está depositado no banco, por força do princípio da causalidade.

3) Se eu tiver uma relação bancária de longo prazo, então o meu dinheiro pode ser emprestado para os melhores pagadores cadastrados no banco. Eu ganharia um pouco mais, pois meu dinheiro está nas mãos de um tomador excelente. Se sou poupador novo, o meu dinheiro vai para tomadores novos - a taxa de juros é um pouco mais alta, dado que o banco está protegendo meu dinheiro de um eventual calote - e para isso, vai precisar de todo um corpo jurídico que proteja meu dinheiro dos maus pagadores. E isso é uma forma que o banco tem de servir confiança a mim - é um incentivo a mais.

4) Como a relação bancária se dá de forma quase que eletrônica, impessoal, então tanto faz ser correntista ou ser poupador. Banco que não trabalha para os seus clientes de modo a servir confiança, isso para eles não passa de agiotagem - e a base de operações da agiotagem se dá por meio do estelionato, quase sempre movida à propaganda, que a alma desse negócio do diabo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 2018 (data da postagem original).