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quarta-feira, 1 de abril de 2015

A circunstância brasileira favorece a destruição da instituição familiar


1.1) Uma vez que Deus deixa de ser a causa de conformidade com o Todo, indivíduos começam a ter relações de dominação para com o seu semelhante - e conflitos de interesse qualificados pela pretensão resistida começam a surgir sistematicamente. 

1.2) O âmbito familiar foi o mais afetado com todas essas legislações decorrentes da falta da aliança entre o altar e o trono entre nós, causa da perversão das leis. Para dizer a verdade, a família, a instituição familiar, é a primeira vítima de tudo aquilo que decorre da cultura de se tomar o país como se fosse religião, onde tudo está no Estado e nada pode estar fora dele.

2) No caso brasileiro, a cultura de pose e afetação colaborou ainda mais para que se acirrasse o processo de abolição da instituição. A tal ponto que a nossa sociedade é uma das que mais sofre com o drama da impessoalidade, que despreza a formação do indivíduo e o papel que ele pode desempenhar na sociedade, através da vocação.

Sobre a falácia que é o "Novo" Direito de Família (Direito das Famílias)


1) Se o núcleo familiar tem a sua própria verdade, ele se reduz a um ídolo.

2) Se o núcleo familiar é ídolo, o amor é livre e longe da conformidade com o Todo que vem de Deus. Logo, núcleos familiares surgem a partir de conceitos desordenados, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. E as famílias desestruturadas começam a proliferar.

3) E isso vai sendo tomado como se fosse coisa, a ponto de haver a justificação de um "Direito das Famílias". 

4) Enfim, o "Direito das Famílias" é justificação jurídico-sociológica do projeto de abolir a família como a base da sociedade. É o Estado tomado como se fosse religião por excelência.

Tomar o fato social como coisa não é descrever, mas justificar


1) Quando se toma o fato social como se fosse coisa, você estará deixando de descrever a coisa, pois o descrever pressupõe que você diga as coisas tendo por base um ouvinte onisciente, que conhece você e sabe que você, para dizer a verdade, precisa estar em conformidade com o todo que vem de Deus. O que é a autobiografia de Santo Agostinho senão uma descrição de si mesmo perante Deus, de modo a estar conformidade o Todo? E ao você descrever a si próprio perante Deus, você confessa seus pecados, pois Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida - e Ele é o ouvinte onisciente, no confessionário, pois Jesus é Deus entre nós.

2) Se esse ouvinte onisciente estiver ausente da descrição, você não estará descrevendo, mas justificando a coisa de modo a que ela seja conservada, ainda que ela esteja dissociada da verdade.

3) Enfim, a sociologia, desde o positivismo, não é descrição - ela é justificação, pois você está tomando fatos sociais como se fossem coisa - e como essas coisas têm suas próprias verdades, você não pode fazer juízo de valor sobre isso.

4) Se essas coisas têm sua própria verdade e não se pode fazer juízos de valor sobre isso, você simplesmente está a promover ídolos. E um ídolo é qualquer coisa tomada como se fosse religião, de modo a nos afastar da conformidade com o Todo que vem de Deus.

A abolição da família nasce de um falso conceito de família

1) Dizem que família é aquela que se encontra no mesmo teto - trata-se de verdade sociológica, fundada a partir do fato social tomado como se fosse coisa, como se tivesse sua própria verdade.

2) Essas verdades sociológicas não são fundadas na conformidade com o todo que vem de Deus. Pois elas negam os conceitos de nação e de comunidade - coisas ampliadas, que vão além do conceito de teto e que nos levam à noção de vizinhança e de comunidade.

3) Não se pode confundir família (todo) com núcleo familiar (parte). O núcleo familiar é composto de pai, mãe e filhos morando no mesmo teto; a família, por sua vez, também inclui tios, primos, cunhados, sobrinhos, netos, afilhados, padrinhos e madrinhas. Os bens são reciprocamente considerados, de modo a que o acessório siga a sorte do principal - tudo deve estar em conformidade com o Todo que vem de Deus, pois a Igreja que se faz dentro de casa nasce de uma comunidade doméstica que dialoga com todas as outras até formar uma vizinhança, uma comunidade, uma nação. Sem isso, não há economia fundada na vida gregária, causa do livre mercado.

4) Se eu tivesse dois filhos crescidos com núcleos familiares estabelecidos, não seriam três famílias, mas uma família com três núcleos estabelecidos, pois a árvore ancestral gerou duas novas árvores. E se novas árvores fossem geradas, nós teríamos uma floresta. 

5) Se esses núcleos familiares dialogassem, oportunidades surgiriam e um senso de comunidade se fortaleceria, dando causa a que um país fosse tomado como se fosse um lar.

6) Confundir o todo com a parte é divinizar a parte. Pois o núcleo familiar foi tomado como se fosse religião, já que Deus e o Todo que ele criou foram excluídos da ordem social.

7) Eis a tragédia dessa falsa sociologia e dessa falsa antropologia, que reduzem a nossa intelecção ante as coisas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 01º de abril de 2015 (data da postagem original).

domingo, 29 de março de 2015

Renato Janine Ribeiro é um subginasiano

Estava ouvindo a íntegra dessa palestra do Renato Janine Ribeiro. Não agüentei nem 5 minutos. Como é que pode haver tantos merdas ocupando cargos importantes no Brasil? O lugar deles é varrendo rua ou lidando com lixo, pois é só lixo o que produzem.

Se a geração do Olavo (da qual se incluem Dirceu, Dilma etc) tivesse essa consciência que ele está despertando na minha geração - que é também a do Felipe Moura Brasil​, já que temos a mesma idade -, talvez eu não estivesse à margem, apesar de ter estudado e levado a sério os estudos, ao longo da minha vida de estudante. 

Enfim, aqui na Internet, estou seguindo os passos do mestre e fazendo do meu mural do facebook minha academia - e sendo remunerado por isso, por meio de algumas almas caridosas.

Logo, logo - quando os merdas forem expulsos -, serei chamado para ocupar o meu lugar de direito: a cátedra universitária. Essa é a minha vocação.

Enquanto vou ensinando, os espaços universitários vão sendo saneados e logo serei chamado para assumir o lugar que me é mais apropriado. Para isso, continuarei servindo aqui até ser convidado a assumir um posto, por mérito, em razão do trabalho.

Melhor isso do que fazer concurso público e ser um merda concursado, como o Renato Janine Ribeiro, um bundão de gabinete que só fala asneiras.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro,  29 de março de 2015 (data da postagem original).

Debate sobre o fim do desvio antropológico que reina na Ciências Sociais


1) Quando se toma o fato social como se fosse coisa, você tende a reduzir a sociologia a um método de catalogação das estruturas sociais, sejam elas humanas ou anti-humanas. 

2) O homem é criatura e seu destino é viver em conformidade com o todo que vem de Deus - quando se nega que a história da humanidade é uma luta constante de modo a que Deus nos salve do pecado original e dos vícios da desobediência, a história torna-se apenas uma mera catalogação, pois o materialismo histórico esvazia todos os fundamentos metafísicos sobre os quais se versa a vida humana, desvinculando a história de seu agente principal, assim como de toda a verdade que decorre de Cristo Jesus, que é o juiz de todos nós, por todos os séculos e séculos.

3) E é por conta desse materialismo, desse determinismo e do fato de a história se reduzir a um método que vise a mera catalogação das estruturas que Claude Lévi-Strauss disse que a história pode levar a qualquer caminho - a tal ponto que história deixa de ser narrada ou investigada e passa a ser justificada ideologicamente.

4) Eis aí porque não levo a antropologia de Claude Lévi-Strauss a sério, muito menos a sociologia de Dürkheim. Mas tem muita gente que se diz de direita, sobretudo liberal, que adora o pensamento desses dois.

Haroldo Monteiro:

1) Eu acho que o grande problema hoje é a tendência à adoção de metodologias cada vez mais mecanicistas ou behavioristas nas ciências sociais, que visam a meramente catalogar as coisas e a tentar definir se elas são humanas ou anti-humanas a partir daí, como se tivessem sua própria verdade. Tudo isso decorre de um fato que eu estou começando a perceber agora: do fato de que o homem, desde o inicio do quinhentismo, já não está mais ancorado nem na igreja e nem na idéia de império, assim como também não está sob o abrigo de um cosmos que nos leva à conformidade com o todo que vem de Deus.

2) Desde aquela época começou-se a difundir a crença de que o homem, com o advento dos estados nacionais, encontrava-se só, em um estado de natureza - e essa suposta solidão, fundada em sabedoria humana dissociada da divina, levou a humanidade a descrer nas sagradas escrituras, fundando no meio dela todo um viés gnóstico, como se estivessem afirmando o seguinte: "Bem, agora estamos sós e ninguém mais nos dá um sentido para a vida. Vamos começar tudo do zero!" 

3) Eis aí que surge um Descartes: ao formular o seu princípio, "penso logo existo", nesta época crucial, a humanidade acabou por perder a cognição crescente que vinha adquirindo sobre todas as coisas, enquanto vivia a vida em conformidade com o Todo que vinha de Deus. E esse vazio deu lugar à modernidade, gerando toda uma neurose que se agravou e que deu causa a uma era em que as ideologias passaram a ditar toda a nossa razão de ser.

4) Esse desvio antropológico só será sanado quando as ideologias perderem o momento, a sua razão de ser, abrindo aí a possibilidade de um retorno à substância dos símbolos que expressam a experiência humana universal e real. Enquanto isso não ocorre, a humanidade estará envolta em uma atmosfera conceitual que, em si mesma, é uma deturpação de tudo o que esses símbolos expressam; ao mesmo tempo, trata-se também de um reflexo inconsciente de que esse retorno clama aos céus, de modo a que isso realmente aconteça. 

5) A premissa básica tripartida do monge calabrês tem que ser demolida, pois só assim poderemos voltar a idéia de uma evolução que não é nem progressivista ou cronocêntrica - enfim, uma evolução que nos leva a uma perspectiva mais abrangente e mais consciente acerca da eternidade.

6) Confesso estar muito otimista quanto a estas novas gerações - elas estão encarando de frente tudo aquilo que decorre da neurose moderna. Logo, logo a consciência da humanidade estará tão aberta a tanta experiência histórica que até o menor dentre todos nós vai ser tomado como se fosse um gênio, para os nossos padrões - e isso será assombroso! No fim das contas, o imaulado coração triunfará!

José Octavio Dettmann: 

1) Não é à toa que percebi um ponto de contato entre a análise do Olavo sobre a teoria do Estado e o senso de se tomar o país como um lar, tal como se edificou em Ourique. Essa concepção, que nasce da nossa circunstância, vai restaurar esse entendimento. E aí o Brasil será uma importante civilização neste aspecto, se retomar esses fundamentos. 

2) O Brasil, desde a independência, abraçou tudo esse mal que nasceu da revolução francesa e da revolução liberal do Porto. E desde então o progresso aqui foi feito a base de se decair moralmente - e isso vem sendo feito de modo a descer ladeira abaixo.

Haroldo Monteiro:

1) Acho que o Brasil terá um papel crucial nesta guerra mundial contra as idoelogias O Mário Ferreira dos Santos já havia previsto isso - e o Olavo, mesmo dizendo que é pouco provável, muitas vezes deixa transparecer isso! 

2) O sincretismo que hoje corre nos subterrâneos da mente progressivista está todo sintetizado e resumido nas filosofias de Lavelle, Voegelin, Zubiri, Lonergan, Mário etc. Já existe todo um aparato conceitual para essa virada antropológica e o retorno à matriz cognitiva que fundou o ocidente. As monarquias começaram a voltar - e isso é incontornável!

3) A democracia foi apenas um arranjo intermediário e também ruirá, junto com a ruína do iluminismo que a plasmou!

José Octavio Dettmann:

1) Em meio a esse contexto, aquilo que se perdeu por volta do primeiro império vai ser restaurado: o permanente debate entre o partido português e o partido brasileiro, e isso se dará não no fundamento de país tomado como se fosse religião, mas no fundamento de que o país deve ser tomado como se fosse um lar em Cristo, dando marca a toda uma verdadeira natureza colaborativa que marca o governo parlamentar e constiucional. 

2) Não haverá duas ideologias antagônicas, fundadas em uma guerra entre facções, mas dois caminhos a seguir, onde a escolha de um implica a renúncia do outro até certo ponto: esses caminhos são o do Império independente, que será defendido pelo partido brasileiro, ou o do Reino Unido, tal como D. João VI havia criado, que será defendido pelo partido português.

3) O parlamento dá chance para o diálogo e para a escolha mais adequada de um caminho a seguir, de modo a Cristo seja bem servido nestas terras distantes. Pelo menos, esse é o verdadeiro o sentido de pátria que precisamos ser, de modo a renovar aquilo que se edificou em Ourique. 

4) Eu tenho analisado a vocação do Brasil, porque este é o caminho o que posso seguir, pois foi o que me sobrou. Quanto aos demais casos, eu não tenho como falar, pois não estudei. Enfim, meu forte é a História do Brasil e tento entender sua verdadeira vocação.

Haroldo Monteiro:

1) Sim, é verdade. E eu estou focado no problema espiritual mais geral da nossa civilização! O seu trabalho completa o meu.

Haroldo Monteiro: 

1) Essa restauração das coisas não somente ocorrerá no Brasil, mas também em o todo mundo! 

2) Estas rupturas abruptas um dia serão sanadas: 

2.1) Os franceses ao negarem a escolástica, afirmaram descartes; 

2.2) Os ingleses, negando o catolicismo, afirmaram Bacon;

2.3) Os alemães, deixando cair a evocação de império que eles geraram, apegaram-se a Kant. 

3) Enfim, esse mal das ideologias só veio apenas para ensinar a humanidade de que não há salvação fora da Igreja, muito menos caminho alternativo a ela, fundado em sabedoria humana dissociada da divina!

4) Hayek esta certo: grande o problema do ocidente foi que ele se afastou demais do cristianismo. Gasset também está certo quando diz que a Igreja Católica está perdendo o mando, o que desorientou os povos. A Igreja tem que voltar a mandar no mundo! Só assim a consciência de eternidade voltará!

sábado, 28 de março de 2015

Balanço de uma conversa que tive com o Professor Olavo de Carvalho

1) Eu levei muito a sério o que professor Olavo de Carvalho​ fala sobre dominar a linguagem.

2) Levei tão a sério o que mestre falou e cheguei à conclusão de aquele negócio de "pagador de impostos" que o Constantino tanto fala não pode ser levado a sério. 

3) Em primeiro lugar, o Constantino é conservantista, se contarmos os liberais como uma das facetas do movimento revolucionário, já que eles edificam liberdade para o nada. 

4) Em verdade, chamar gente com o Rodrigo Constantino de "liberal" é até atentatório contra a conformidade com o Todo que se dá em Deus - para gente como ele, o termo correto é "libertário", dado que eles conservam o conveniente e dissociado da verdade, já que eles buscam se libertar da liberdade em Cristo, uma liberdade com responsabilidade fundada na lei natural, que se dá na carne.

5) É por essas razões que eu prefiro o termo liberal usado por Leddihn, aquele que entende que liberal defende a liberdade em Cristo conservando a aquilo que decorre de Sua dor e morte de cruz, causa de uma civilização inteira. Liberdade fora disso, sem Cristo, é liberdade para o nada - e nesse ponto, Constantino é conservantista, como já falei.

6) A palavra "payer" em português tem três contextos: pagador, pagante e prestador.

7)  Se eu prezo a liberdade em Cristo e a aliança entre o altar e o trono que se edificou desde Ourique, por força da missão que Cristo Crucificado nos deu através de D. Afonso Henriques, nosso primeiro rei, então ser um pagador, me sacrificar pelo bem de minha nação, que deve ser tomada como se um lar, é um sacrifício que vale muito a pena, pois nela encontro a liberdade em Cristo.

8) Se sou pagador, sou também pagante, pois pago para que em troca o governo, que jurou servir a mim e a meu povo em Cristo, honre o compromisso assumido em Ourique, que é servir a Cristo nestas terras distantes.

9) O Janine Ribeiro fala que o povo tem o dever de respeitar as leis e o governo não. Para isso, temos prestadores impostos, os que pagam impostos por força de lei e não sabem a razão das coisas.

10) Tudo isso leva a país tomado como se fosse religião. E nacionalidade é o produto decorrente disso. Pasquale Mancini dizia que a nação é a mônada racional da ciência e que ela deve ser tomada como se fosse uma segunda religião (a ponto de esmagar a primeira). 

11) Enfim, não quero nação nenhuma tomada como se fosse religião, nem como primeira, tal como se dá no comunismo, e nem como segunda, tal como se dá no nacionalismo desse zé povinho que vive a pedir intervenção militar e a puxar o saco dos militares.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 28 de março de 2015 (data da postagem original).