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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Trocando os 11 da seleção pelos 11 do STF não é trocar seis por meia-dúzia

Premissas

1) A melhor forma de se medir o progresso social e civilizatório no Brasil é ver até que ponto os onze da seleção são trocados pela memória dos onze da atual composição do STF. 

2) A obrigação que os onze da seleção têm é de jogar bola - uma obrigação de meio, não de resultado; a obrigação dos onze do STF é de dizer o direito com justiça, pois a verdade é o fundamento da liberdade - e isso não está sendo feito.

 Conclusão:

A melhor forma de medir o progresso social e civilizatório no Brasil pode ser observada no deslocamento do imaginário popular: até que ponto a lembrança dos onze jogadores da seleção brasileira de futebol é substituída pela memória dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal? Essa mudança de foco indicaria um amadurecimento da sociedade, onde o interesse pelo funcionamento das instituições supera o entretenimento esportivo. No entanto, essa transição só seria um avanço real se acompanhada de um Judiciário verdadeiramente comprometido com a justiça.

No futebol, os jogadores possuem uma obrigação de meio: eles devem treinar, jogar com dedicação e buscar o melhor desempenho possível. A vitória, porém, não pode ser garantida, pois depende de fatores externos, como a habilidade dos adversários e as circunstâncias do jogo. Já os ministros do STF têm uma obrigação de fim: seu dever não é apenas aplicar o direito, mas fazê-lo com justiça, pois a verdade é o fundamento da liberdade. Quando esse compromisso falha, o sistema jurídico se torna uma ferramenta de arbitrariedade, corroendo a própria base da democracia.

Infelizmente, o Brasil tem vivenciado um cenário onde as decisões do Supremo muitas vezes parecem guiadas por interesses políticos ou ideológicos, e não pela busca imparcial da verdade e da justiça. A confiança na instituição se esvai quando suas resoluções não refletem princípios objetivos, mas sim uma leitura subjetiva e volátil do direito. O problema se agrava quando a população, antes indiferente às questões jurídicas, começa a perceber que aqueles que deveriam ser guardiões da Constituição atuam de forma que compromete a segurança jurídica e a liberdade individual.

Se um povo deixa de se preocupar apenas com o futebol para se interessar pelos rumos do país, isso pode ser um sinal positivo. No entanto, se ao voltar sua atenção ao Supremo Tribunal Federal, ele encontra um tribunal que não cumpre sua missão com justiça, a frustração e o descrédito nas instituições aumentam. Um verdadeiro progresso civilizacional exige não apenas uma sociedade mais politicamente consciente, mas também instituições que mereçam essa consciência e confiança. Caso contrário, a troca dos ídolos do futebol pelos protagonistas do Judiciário não será um avanço, mas apenas um sinal de que a crise atingiu outro patamar.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 2025 (data da postagem original).

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