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terça-feira, 3 de novembro de 2020

O direito de propriedade nasceu do direito autoral

1) A rigor, o verdadeiro proprietário é aquele que ocupa o seu tempo criando algo que lhe é próprio, como as próprias ferramentas de trabalho, por exemplo. Por isso mesmo, por ser criador de propriedade a título originário, ele pode ser chamado de autor. Ferreiros, construtores, escritores, artistas e artesãos são autores, proprietários originários de suas criações, uma vez que as criam. 

2) Mas o dom deles de criar não é voltado para eles mesmos, uma vez que eles não são deuses mas criaturas a serviço de Deus - se isso fosse verdade, a liberdade de criar seria voltada para o nada, já que a verdade é o fundamento da liberdade. O trabalho desses artistas é voltado para o bem comum, visto esses artistas, por terem o dom da profecia, devem servir a Cristo em terras distantes, uma vez que Cristo sabe muito bem que um profeta não é muito bem quisto em sua própria terra. 

3.1) Por isso, esses artistas alienam suas criações a outras pessoas, que se tornam proprietárias a título derivado, a ponto de se tornarem administradoras de suas obras, de seu legado - e o objetivo desses administradores é dar a essas obras uma boa destinação de modo que elas apontem para Deus e assim o país ser tomado como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo.

3.2) Quando eles passam suas obras a título singular a outros sucessores que sejam capazes de dar justa destinação a sua criação, os artistas estão distribuindo os poderes de dar, gozar e dispor de suas obras a outras pessoas, a ponto de se tornarem criações comuns. E neste ponto, estes artistas constituem a linha de frente deste império de cultura fundado para se tomar o país como um lar em Cristo por Cristo e para Cristo, tal como foi edificado em Ourique. 

3.3.2) Esse império de cultura serve como modelo para outros povos seguirem seu modelo - e neste ponto surge um Reinado Social de Cristo-Rei, inaugurando uma nova ordem internacional chamada Cristandade, onde somos cristãos tomando não só nosso país, mas também todos os outros países como um mesmo lar em Cristo, a ponto de constituirmos família com esses outros que nos são postos sob nossa proteção e autoridade. Se não descobrirmos o outro, o espelho de nosso próprio eu, a vida não terá sentido neste mundo.

3.4) É da nacionidade que se vem a multiculturalidade católica - tudo isso nascendo da arte portuguesa de servir a Cristo em terras distantes, a ponto de se criar um império de cultura, um caso único na História dos povos civilizados. É um império do ser, fundado no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem - tem uma ontologia e uma razão de ser legítima, fundada numa aparição que Cristo fez a D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique. 

3.5) Eis o spiritus, o verdadeiro sentido pelo qual todas as coisas são constituídas no verbo que se fez carne. A propriedade não tem só corpus e animus - é preciso um sentido civilizacional que dê uma razão de vida para que haja um estilo de vida voltado para se tomar o país como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo. Como o estilo diz muito sobre o homem, então o homem virtuoso deve ser como foram os portugueses no tempo de Ourique. E a meu ver, não há jeito de ser melhor do que este - para mim, é o caminho definitivo, por ser verdadeiro.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 03 de novembro de 2020 (data da postagem original).

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