1) Se devemos partir do que é mais óbvio para o que não é tão óbvio, então ficaria patente saber que tomar o país como um lar em Cristo não é tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.
2) Para que isso se tornasse patente, seria preciso distinguir nacionidade de nacionalidade, coisa que só pôde ser feita por John Borneman, no livro Belonging in the Two Berlins, em debate que este teve com Ernst Gellner, que considerava a história de todo e qualquer povo é marcarda por uma série de nacionalismos e salvacionismos, em que a constituição escrita é reescrita diversas vezes criando uma história da nacionalidade por meio das sucessivas crises constitucionais, posto que a nacionalidade é o sub-produto desse nacionalismo em que o Estado é tomado como se fosse uma segunda religião, feita de modo a revogar por forças humanas a primeira e derradeira, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.
3.1) A distinção de Borneman permite exatamente fazer essa ponte do óbvio para o que não é tão-óbvio. O termo "nacionidade" é um neologismo decorrente da tradução de nationness (esse foi o termo usado nesse debate, constante na obra Belonging in the two Berlins) e que ainda não está dicionarizado em língua portuguesa. Isso tudo favorece o desenvolvimento de uma especulação filosófica nesta direção.
3.3) A única pessoa que conheço que está fazendo disso uma filosofia por enquanto sou eu (pelo menos, não conheço outra pessoa que faça um trabalho semelhante ao que faço).
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2017.
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