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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Notas sobre as guildas e sobre a suposta alegação de que elas eram uma conspiração contra o público

1) O que é uma "conspiração" senão o ato de unir-se discretamente a outrem em prol de um objetivo em comum? Qual é a dificuldade em acreditar na existência de um fenômeno tão banal? Afinal, ser um jumento está na moda (Eric Ribeiro Silva).

2) A maior prova está no sistema de guildas. Adam Smith, em sua obra A Riqueza das Nações, disse que as guildas eram uma conspiração contra o público.

3) É verdade sabida que a maçonaria nasceu do progresso técnico que havia nas corporações de ofício. Com o advento da Reforma Protestante, a noção de riqueza tomada como sinal de salvação ganhou uma justificação teológica a partir do calvinismo, a tal ponto que associações discretas se tornaram secretas.

4.1) Costuma-se dizer que uma associação discreta ocorre quando ela é conhecida dentro do âmbito das famílias. Como a vida familiar e a honra são invioláveis, indevassáveis, então essas organizações eram entidades de direito privado e elas serviam para subsidiar as famílias, posto que eram corpos intermediários. 

4.2) Elas ganhariam ainda mais força em tempos de Igreja perseguida pelo Império Romano, nos tempos do paganismo. Muitos cristãos encontraram sustento trabalhando nas guildas, nas corporações de ofício. Quando o império Romano caiu, elas começaram o processo de reconstrução do mundo antigo tendo Cristo como o verdadeiro soberano desse mundo conhecido, pois a pedra rejeitada pelos judeus e pagãos tornou-se a pedra angular. O mundo clássico seria renovado, a tal ponto que a Idade Média é, na verdade, uma Antigüidade Tardia, retrabalhada à luz da verdade, enquanto fundamento da liberdade.

5) As associações secretas não são conhecidas por ninguém, mas somente pelos iniciados, os iluminados São entidades criadas por gente que conserva o que é conveniente e dissociado da verdade - elas visam a derrubar do poder tudo o que decorre do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Estas são as forças conspiradoras propriamente ditas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 2020 (data da postagem original).

Notas sobre a gênese do processo de centralização do poder ao longo da História - apontamentos sobre este assunto

1) No mundo antigo, os celeiros surgem a partir do conhecimento das técnicas de administração. É por meio da administração que se tem o planejamento e o controle do que é estocado, de modo a atender as demandas da população. 

2) É atendendo as demandas da população que você obtém os favores dela, a ponto de esta ficar dependente da sua autoridade - foi assim que os faraós do Egito Antigo construíram o seu poder, a sua legitimidade. É dessa forma que ocorre a transferência de poder da base para o topo da pirâmide.

3) Uma das primeiras formas de controle populacional se dava através da fome. Maus políticos desviavam o fornecimento de comida dos armazém públicos para os armazém privados de modo que surgissem do nada como heróis da pátria. Esta foi a conduta de Cleandro nos tempos de Cômodo, em Roma.

4) Por meio dos celeiros, quem tinha o controle da terra, da produção de alimentos, tinha o controle de tudo, já que as terras eram o alicerce do Estado - eis o modo de produção asiático.

5) Quando os gregos tomaram o Egito, eles viram que a idéia de celeiro era boa. Eles criaram uma espécie de celeiro para guardar o conhecimento, já que ele é a base do poder: a biblioteca. Isso fez com que o poder ficasse cada vez mais acima da sociedade.

6) Não foi à toa que surgiram os ptolomeus, reis do Egito de ascendência grega. Eles seriam a continuação do legado dos faraós do Egito Antigo.

7) É do casamento das tradições do Egito Antigo com a cultura grega clássica que surgiu o helenismo. E foi o helenismo justamente a base para a formação do Império Bizantino e da tradição cristã oriental, tanto da Igreja Copta quanto da Igreja Greco-Melquita, levando o mundo clássico a uma Antigüidade Tardia, enquanto o ocidente, com a queda de Roma, entrava numa era de transição, o que resultaria numa fracassada tentativa de renascimento do mundo antigo, mas que culminou na modernidade.

8) Logo após a queda de Constantinopla, em 1453, uma Nova Era surgiu na história da humanidade. Sábios bizantinos levaram todos os seus pergaminhos acumulados do mundo antigo e o elevaram até a Península Itálica. Cidades como Gênova, Milão, Florença, que já estavam vivendo o renascimento comercial, puderam patrocinar o estudo desses eruditos. 

9) Quando perceberam que o conhecimento era poder, eles perceberam que a melhor forma de obter esse conhecimento era acumulando capital para financiá-lo. E os bancos surgiram como um terceiro desdobramento da idéia de celeiro, fazendo com que o poder ficasse cada vez mais acima da sociedade.

10.1) A disseminação de celeiros financeiros fez a Igreja condenar a usura e o lucro excessivo. As mentes mais conservantistas, os que faziam da riqueza sinal de salvação, começaram a financiar a Revolução protestante, a heresia praticada por Martinho Lutero. 

10.2) Foi neste ponto que começou a surgir a modernidade, matando e muito o esforço do renascimento do mundo antigo, enquanto apogeu da civilização cristã que estava despontando desde os tempos do medievo.

11) Quando estudei Teoria do Estado com o professor José Ribas Vieira, ele dizia que na época de Maquiavel a noção de poder já se encontrava muito acima da sociedade, deslocada da realidade. Foi por conta dessa noção que Maquiavel concebeu sua obra O Príncipe - idéia essa que foi mais tarde aperfeiçoada por Gramsci e que resultaria numa teoria da tomada do poder pelos comunistas.

12) Tal como a inflação, cuja informação se dissemina de maneira escalar na cadeia produtiva por meio do sistema de preços, essa noção de poder acima da sociedade se deu em escalas ao longo da História. Ela começou com os celeiros no Egito Antigo, depois foi aperfeiçoada com a instalação de bibliotecas no Egito Potlomaico e depois foi aperfeiçoada com os bancos na Renascença, os celeiros de capital financeiro. 

13) Como diz Ítalo Lorenzon, do canal Terça Livre, impressão de poder, ainda que errônea, é poder. E isso leva a se buscar meios de intervenção sobre a natureza das coisas de modo a se conseguir mais poder. Não é à toa que o estudo da técnica tinha elementos de magia e gnose, coisa que remonta ao mundo antigo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2021 (data da postagem original).

Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 2021 (data postagem atualizada).

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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A verdade sobre a Lava-Jato ou a gênese da aplicação das técnicas de estrangulamento financeiro contra a população inocente

1) A forma pervertida de monarquia é a tirania, enquanto a forma pervertida de aristocracia é a oligarquia. Da mesma forma, a forma pervertida de politéia é a democracia, que é conduzida por demagogos. Esta verdade, ensinada por Aristóteles, é conhecida e deve ser sempre observada.

2) O toma-lá-dá-cá, ou o uso de dinheiro para se obter favores políticos, é como uma moeda. Se ela for usada para patrocinar a causa dos virtuosos e dos nobres, ela leva ao mecenato. Se ela é usada para financiar as causas revolucionárias dos conservantistas e de outros tantos animais que mentem, ela fomenta a corrupção como método para a obtenção do poder total e absoluto sobre todos.

3) Condenar a política do "é dando que se recebe" é ignorar o princípio mais básico das relações sociais: a negociação e obtenção de favores. Em muitos casos, o dinheiro é o meio necessário para se obter um fim bom.  O dinheiro, como meio, é neutro axiologicamente - já diziam os economistas. Confundir o mau uso do dinheiro, que é usado para patrocinar político inimigo dos valores cristãos, com a proibição de seu uso deve ter sido uma das maiores confusões demoníacas que já se plantou na cabeça do brasileiro.

4) Eu comecei a perceber esse problema quando comecei a jogar o jogo Old World. Muita coisa que vi naquele jogo me fez repensar certas coisas que geralmente são aceitas no país desde o advento da Lava-Jato - e a idéia de que um rico é um país sem toma-lá-dá-cá é uma delas.

5.1) Uma das principais conseqüências disso é o controle da população mundial através do dinheiro, conforme for implementado o dinheiro eletrônico. 

5.2) Essas técnicas de estrangulamento financeiro levarão a população inocente a ser responsabilizada criminalmente por sonegação de impostos e lavagem de dinheiro, ainda mais em tempos de Estado tecnocrático e tirânico.

5.3.1) Sonegar tributos a quem é ilegítimo ou proteger o patrimônio contra tirano revolucionário não é crime na lei natural, mas direito de resistência. 

5.3.2) Como a lei natural foi rejeitada pelo positivismo de Sérgio Moro, no final teremos um pan-penalismo, onde inocentes e culpados são igualados por conta da conduta, sem se levar em consideração as circunstâncias do caso concreto onde a pena é aplicada, uma vez que se buscou punir a corrupção em abstrato, como uma responsabilidade penal objetiva. E isso é perda do senso das proporções, da idéia de justiça.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2020 (data da postagem original).

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Notas sobre o jogo Old World, seguidas de meditações sobre alguns aspectos da História

1) Na língua portuguesa, chamar alguém na chincha é chamar alguém para uma conversa particular, reservada.

2) Se você é do tipo discreto e reservado, este hábito pode ser tornar uma árvore frondosa. De tanto você conversar de maneira discreta e reservada, você terá um pé de chincha.

3) Se muitas pessoas estão abrigadas neste pé de chincha, então elas devem favores a você, pois elas comeram do fruto dessa árvore, a ponto de se comprometerem a espalhar as sementes de sua espécie. Se essas pessoas são da classe mercantil, por exemplo, elas te oferecerão desconto nos produtos que vendem ou te dão o produto de graça, por conta do favor que elas devem a você. Eis uma verdadeira pechincha.

4) A cultura da conversa discreta e reservada leva à cultura de negociação. Os protegidos, os que devem favores a você, buscarão os meios para conseguir aquilo de que você necessita, de modo que tenham o poder que tanto buscam. Como tudo isto se funda numa cultura de confiança, numa cultura de catacumba, então isto é a base da sociedade política.

5.1) No jogo Old World, um jogo de estratégia que estou a jogar atualmente, relações sociais são relações de poder. Você precisa gastar pelo menos uma ordem investindo no relacionamento com membros das outras famílias oligárquicas de modo que você tenha poder adequado sobre elas. Se você tiver boas relações com os membros dessas famílias, elas se candidatam ao governo das províncias, eles se tornam comandantes dos seus exércitos e até cuidam das relações com outros povos por você. Por esse motivo, nunca negligencie este aspecto, que é o poder de uma boa amizade.

5.2.1) Se você exercer influência sobre outra pessoa no jogo, a chance de você forçar um evento envolvendo você e aquela pessoa é de 50%. Uma vez provocado o evento, você precisa de 240 talentos - isso é uma forma de investir nela de modo que ela exerça influência sobre o curso dos acontecimentos. Isso provocará outros eventos futuros.

5.2.2) Certa ocasião exerci influência sobre minha esposa - gastei 200 talentos para exercer influência e mais 240 para ela ficar em dívida de gratidão para comigo, já que estou protegendo essa pessoa. Ela me pediu cento e tantos talentos para mudar a decoração do palácio inteiro - para agradá-la, contratei um pintor. Ela desenvolveu o traço inspirador e ainda me deu um herdeiro. Ela desenvolveu suas habilidades e ainda me deu um herdeiro. Foi um excelente negócio.

5.2.3) Por essa razão, no começo do jogo, é sempre bom que você tenha uma família de mercadores como sendo uma das primeiras famílias reinantes das suas cidades, senão a primeira família, a que governa a capital. Você precisará de dinheiro de modo a obter os favores de quem você quer como amigo - e a família de mercadores é a que te dá os meios para você exercer influência sobre os outros. Se você obtém os favores dos membros das diferentes famílias de oligarcas, eles ficam devendo favores a você - e por deverem favores a você, elas tendem a colaborar contigo naquilo que você mais precisa. Eis a lealdade.

5.2.4.1) Quando você funda uma cidade, ela fica sob o comando de uma família - da mesma forma, as unidades militares da cidade, tal como acessório que segue a sorte de seu principal. Como os soldados são cidadãos dessa cidade governada por essa família, então eles são leais ao comando dessa família. Por isso, você deve tratar bem essa família reinante de modo que não haja rebelião na cidade, uma vez que eles têm os meios de ação para se rebelar contra você, já que a cidade é de propriedade privada deles. É isso que separa monarquia de tirania.

5.2.4.2) Isto explica porque no Civilization VI as cidades tinham laços de lealdade - elas eram controladas por uma família reinante de oligarcas. E você precisa do apoio deles de modo a exercer o poder, pois é deles que vem a legitimidade, já que são os primeiros cidadãos daquela cidade-Estado, a autoridade que a aperfeiçoa a liberdade de muitos.

6.1) Quando você escolhe dentre os membros dessa família de oligarcas os mais capacitados para comandar as legiões do exército e os mais capacitados para administrar a cidade como governadores, você está fomentando a aristocracia, pois só os melhores, os mais competentes, os mais virtuosos é que comandam os negócios públicos da cidade ou província, que é um conjunto de cidades que tem essa mesma família oligarca como primeiros cidadãos.  

6.2.1) À medida que os mais experientes e provados membros dessas famílias mostram o seu valor, aí eles são chamados a compor o senado, que é a reunião de todas as famílias reinantes de todas as cidades do império, pois é ali que se reúnem todos os chefes de família para discutir o bem comum do império. 

6.2.2) Afinal, o senado é o plenário, cujo todo transcende a soma de todas as partes. Lá estão reunidas pessoas experimentadas e plenamente capacitadas, pessoas sui iuris, seniores que ainda estão lúcidos, que ainda não sofrem de nenhuma doença degenerativa relativa à idade avançada, como o mal de  Alzheimer ou outras doenças afins. Só por conta disso, essas pessoas são dignas de admiração de todo o povo, pois elas têm muito a contribuir com o império em razão de sua valiosa experiência de muitos anos de vida pública (civil e militar). É a prefiguração do Conselho de Estado, órgão auxiliar do Poder Moderador do Império do Brasil.

7.1) Se formos levar em conta todo este background que observei no jogo Old World, a verdade é que não temos mais senado, uma vez que não temos nobreza. 

7.2) Como a opinião do sábio tem o mesmo peso que a opinião do ignorante, então só os piores são eleitos, visto que a quantidade de votos, e não os motivos determinantes do voto, é que determinam quem é mais votado. Por essa razão, o título de senador hoje é um título nominal, pois o que temos é um deputado de duas legislaturas, um superdeputado.

7.3) Muita gente, hoje em dia, condena o uso de dinheiro para se obter favores políticos, mas ele é preciso, pois você precisa dele para patrocinar as causas dos políticos mais virtuosos. Essa gente virtuosa precisa ficar devedora dos seus favores - do contrário, seremos obrigados a lidar com políticos maus, que devem favores a essa gente nefasta que promove a nova ordem mundial. 

7.4) O verdadeiro cerne da corrupção é este: o uso do dinheiro para patrocinar os maus, os inimigos dos valores cristãos. O uso do dinheiro para fomentar tirania levará certamente à cobrança de impostos, cujo dinheiro será aplicado em fins inúteis, questionáveis. E isso é usura, já que isso não atende aos interesses do bem comum.  

8.1) Antes mesmo de surgir uma classe ociosa que vive à custa desse dinheiro, os primeiros cidadãos das cidades-Estado eram excelentes artesãos, excelentes ferreiros, excelentes agricultores, excelentes mercadores ou mesmo campeões (soldados de elite).

8.2) Numa ordem social fundada na excelência, o estrato inferior tende a imitar o estrato superior. Se os melhores eram artesãos, a cidade inteira vai se notabilizar pelos seus artesãos, pois a família reinante é uma família de artesãos; se a família reinante fosse de ferreiros, a cidade se notabilizaria por seus ferreiros e assim sucessivamente. 

8.3) Como a autoridade do príncipe, do primeiro cidadão da cidade, tende a aperfeiçoar a liberdade de muitos, era muito comum haver uma associação de caráter público entre os príncipes e os cidadãos de modo a ensinarem a profissão e a se ajudarem mutuamente, já que a profissão se tornou tanto um estilo de vida quanto uma forma de se ganhar o pão de cada dia, uma forma de santificação através do trabalho. As guildas nasceram dessa associação, já que isso era voltado para o bem comum, já que a liberdade de bem servir estava associada à justiça, à idéia servir bem ao necessitado sem aviltá-lo, tal como faríamos se víssemos o Cristo necessitado nos consumidores.

8.4.1) À medida que havia uma maior integração das cidades comandadas pelas diferentes famílias de oligarcas por meio do comércio, os cidadãos das diferentes classes se misturavam entre si, por meio de casamentos interclasses, já que as diferentes famílias de primeiros cidadãos também se casavam desse modo. 

8.4.2) Logo, um novo princípio de governo surgiu: o do bem comum, o da concórdia entre as classes. Eis aí que a monarquia de caráter familiar passou a ganhar um contorno mais republicano e mais universalizante, a ponto de que nenhum homem podia ser escravo de outro homem. Novos gênios surgiriam, pois os filhos dessas uniões interclasses descobririam novos caminhos a partir do conhecimento reunido dos caminhos de vida tanto do pai quanto da mãe. Quanto mais variedade de caminhos, mais conhecimento, mais verdades conhecidas poderiam ser conhecidas e armazenadas ao longo das gerações a ponto de serem cada vez mais obedecidas e observadas, a ponto de isso apontar para a conformidade com o Todo que vem de Deus. Eis a tradição.

8.4.3) A partir do momento em que a nobreza foi aperfeiçoada, a ponto de surgir uma geração de polímatas, começou a surgir uma profusão de polímatas em todas as cidades, entre os cidadãos comuns, sem título de nobreza. Não foi à toa que Roma, um dos berços do mundo antigo, foi o berço dessa cosmologia cosmopolita - e foi nessa cosmologia que se deu o ponto mais alto da história da civilização humana, em termos de cultura e técnica. Ela levaria certamente ao Renascimento do mundo antigo se não fosse adotado como moda um novo tipo de paganismo, o que desgraçou o mundo inteiro. E é esse paganismo o germe do liberalismo, essa ideologia satânica.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2020 (data da postagem original).

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2021 (data da postagem atualizada).

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Notas sobre a pomba e a águia (ou notas sobre Cristo enquanto príncipe da paz e enquanto construtor e destruidor de impérios)

1) Em gramática, o advérbio tende a modificar o verbo, o adjetivo ou o próprio advérbio.

2) Quando o sabelianismo institui que as pessoas na trindade são modos, não pessoas,  o herege está se declarando um advérbio, a ponto de pretender modificar o verbo que se fez carne de antemão. E tudo o que é sólido acabará se tornando líqüido, a ponto de assumir a forma de seu recipiente hospedeiro, sem o compromisso de formar com ele uma só unidade a ponto de refletir uma só verdade, uma só essência, um jeito de ser fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus, dando sentido a todas as coisas que são próprias da Criação.

3) Os conservantistas são capazes de todo tipo de ardil, a ponto de transmutar magicamente um urubu numa pomba da paz, a ponto de promover o pacifismo. E para isso desarmam a população civil de modo que ela fique incapaz de resistir diante da tirania do comunismo.

4.1) Mas Cristo tem duas naturezas: Ele é Deus e homem. A pomba da paz é só a ponta do iceberg, pois na verdade Ele veio trazer a espada; se quisermos a paz em Cristo, o arado para a prosperidade no tempo comum, devemos nos preparar para guerra, para os tempos de crise. 

4.2.1) E a águia, o símbolo dos Romanos e dos Americanos, é o símbolo das civilizações que se notabilizaram na arte da guerra. 

4.2.2) O primeiro estágio para se dominar a arte da guerra foi o domínio da falcoaria, da caça. É conhecendo bem o terreno que se derrota o inimigo, uma vez que não há outro caminho - e a caça permite isso, esse conhecimento íntimo da natureza em tempos de crise, em tempos extremos. 

4.2.3) Logo, por trás da pomba, da Pax, vem a águia. Por isso, devemos ver o que não se vê.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 05 de janeiro de 2021.

Notas sobre a ressurreição de Cristo, o mito da ave fênix e a definição platônica de homem como bípede implume - uma relação entre essas idéias

1) Considerando que o ser humano, segundo Platão, é um bípede implume, uma ave, então Cristo é como a pomba que trouxe um raminho de oliveira após o dilúvio: o anúncio de uma nova aliança com os homens. Afinal, Ele é o caminho, a verdade e a vida, posto que ninguém vai ao pai senão pelo filho, assim como ninguém vai ao filho senão por sua mãe, posto que é o atalho mais prático para se chegar à verdade, a porta da esperança que leva ao Céu.

2) Como nada pode deter a verdade,  pois é o verbo que se fez carne, então esta ave, que é o símbolo da paz, é capaz de renascer das cinzas. Não só das próprias cinzas, posto que não foi capaz de pecar, mas também das cinzas do homem arrependido que pediu perdão a Deus e foi perdoado, a ponto alimentar-se de Cristo através da Santa Eucaristia.

3) Agora, quando socialistas como o Brizola dizem ser como a ave fênix, na verdade eles não renascem da cinza, mas da própria merda. Essas aves não renascem como pombas, mas como urubus, a ponto de se alimentarem de restos de comida ou mesmo carne podre. É por isso que esses animais que mentem não ressuscitam em três dias e nem vão ressuscitar, pois são todos falsos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 05 de janeiro de 2021 (data da postagem original).

Notas sobre a filosofia anti-humana de Kant

1) A definição de Kant é simetricamente oposta à definição aristotélica.

2.1) O homem, como animal que erra, esteve uma vez separado da justiça e da lei natural, a qual remonta a Deus.

2.2) Mas como Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, a natureza mesma fez com que o homem não esquecesse o seu Criador, uma vez que ela religou o homem à idéia de Deus, de conformidade com o Todo que vem de Deus. 

2.3.1) Com o tempo, todo um caminho precisou ser pavimentado até que o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem viesse a nós na forma de criança e estabelecesse uma nova antropologia.  

2.3.2) Sendo Cristo igual a nós em tudo, menos no pecado, ele se tornou o modelo pelo qual devemos imitar a Deus, quando assume a forma humana, se quisermos ser humanos melhores ou santos. Por isso mesmo, Cristo é tanto rosto divino no homem quanto rosto humano de Deus. Eis a Cristologia enquanto antropologia aperfeiçoada.

3.1) O homem como animal que mente vive em conformidade com o nada que vem da serpente, que incutiu na mente do primeiro casal de que seríamos deuses, se comêssemos do fruto proibido. Para os filhos da serpente, o mau é bom e e o feio é belo.

3.2.1) Quando se erra, uma vontade, fundada no amor de  si até o desprezo de Deus, reprime o sentimento de arrependimento.

3.2.2)  Essa vontade, fundada no orgulho, é o motor para se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, pois nela o homem, e não Deus se torna a medida de todas as coisas. Quanto mais divinizado o homem, quanto mais humanista é uma filosofia, mais revolucionária ela se torna, por conta de estar conservando coisas convenientes e dissociadas da verdade. 

3.2.3) Sem Deus, o homem que se basta é a medida do anti-humano, uma verdadeira pseudociência antropológica. Ela é um verdadeiro horror metafísico. Por isso mesmo, Kant é o definidor do anticristo, pois o homem como animal que mente é servo do pai da mentira, que é o diabo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 05 de janeiro de 2021.

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