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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Notas sobre política


1) Facção é uma palavra composta por aglutinação - ela deriva de fazer uma ação.

2) Fazer uma ação implica servir a todos os que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. E política implica servir de maneira organizada a todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, o que leva a promover a caridade como sendo a base da ordem do dia, que se funda na eternidade, na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Vários são os grupos que empreendem servindo ao próximo - várias são as facções, por conta da diversidade de atividades que são desempenhadas, mas una é a verdade. As facções estão geralmente relacionadas às atividades econômicas organizadas que fazem com que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo - e cada facção é sucedida por outra, desde que amparada na verdade sagrada. O mandato político se dá em ciclos (no sentido romano do termo, isso se chama revolução, pois cada época tem sua circunstância e vários são os desafios que devem ser encarados de modo a que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo).

4) Da mesma forma que existem facções que agem para o bem, há as facções que agem para o mal. Elas pregam a revolução no sentido germânico do termo, que é sinônimo de derramamento de sangue - e para que isso se edifique na imaginação das pessoas, esses grupos corrompem o significado de todas as coisas verdadeiras, ao pregar a mentira como se verdade - e vão repetindo isso até isso se tornar verdade. Se tudo esta no Estado e nada pode estar fora dele, a política para eles é no sentido maquiavélico do termo: pisar em todo mundo de modo a conquistar o poder e nele se manter a todo custo. Tais facções devem ser banidas e proibidas, pois tomam o país como se fosse religião. E quando não tomam o país como se fosse religião, elas tomam a economia como se fosse religião, pois amam muito ao dinheiro do que ao próximo.

5) Enfim, todos os que fazem ações voltadas para a esquerda do pai - seja no seu grau mais básico, seja no seu grau mais radical - devem ser banidos.

Comentários de Róger Badalum:

Santo Agostinho já nos alertava para o fato de que somente a substância boa é corruptível. É que, se não fosse boa, seria privada de qualquer bem, por ser incorruptível - e deixaria de existir. Logo, as substâncias corruptíveis que existem são boas! Cabe a nós desmascararmos as facções que apossaram de nossas substâncias boas!

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02) A ordem se edifica a partir dos poucos que te ouvem: http://adf.ly/c8q9b

03) Comentários sobre a política em Aristóteles: http://adf.ly/bmJVe

04) Sobre os quatro significados do mito da caverna de Platão: http://adf.ly/cBUUu

05) Da associação dos trabalhadores no âmbito da economia monopsônica: http://adf.ly/1PrpTO

06) A nacionidade leva à coalizão dos batizados: http://adf.ly/1PrpyY

Novas notas sobre a diferença entre empréstimo e investimento

1) Tempos atrás, São Tomás de Aquino estabeleceu a diferença entre empréstimo e investimento.

2) O investimento tem caráter produtivo - por essa razão, uma remuneração justa é devida, por força do dinheiro que foi aplicado na atividade investida e do tempo que foi dispendido na organização dessa atividade de modo a se obter os resultados desejados.

3) O investimento numa atividade econômica organizada tem caráter de servir a ordem pública. Por essa razão, é perfeitamente possível exigir a devida remuneração do dinheiro investido na atividade mercantil. Essa ordem faz o bem sem olhar a quem - por isso mesmo, é lícito por força da lei natural exigir os frutos decorrentes desse investimento.

4) Quando você empresta dinheiro a um amigo, de modo a que ele possa pagar uma dívida, esse dinheiro teve caráter produtivo, por força da caridade. Como isso se funda numa ordem privada, não é ético você exigir do seu amigo a remuneração do investido, sob pena de fazê-lo seu inimigo, já que você ama mais o dinheiro do que a ele. Se esse seu amigo tem Deus no coração, além de devolver o dinheiro que foi emprestado a ele, ele voluntariamente te dará alguma coisa a mais, que pode ser diversa de dinheiro (isso no direito se chama dação em pagamento).

5) Quando a Igreja condena o empréstimo com caráter não produtivo, ela necessariamente condena a cultura do dinheiro que chama dinheiro. Não é certo você fazer empréstimos de maneira impessoal, sem se envolver nos riscos da atividade produtiva. Pois o não envolvimento em algo implica que você não quer a amizade dessa pessoa, pois você não é capaz de ver o Cristo na pessoa que pede a sua ajuda. E ao seu irmão você não deve emprestar com usura.

5) O direito de hoje em dia veda a dação em pagamento como alternativa ao pagamento dos impostos justamente porque não crê na fraternidade universal. O direito de hoje em dia está contaminado pelas ideologias do amor ao dinheiro, do pragmatismo e da aliança da oligarquia econômica com a ordem burocrática, que adota práticas muito semelhantes àquelas praticadas nas indústrias.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A ideologia de gênero é filha da androgenia

1) Se na economia de massa os homens são substituíveis uns pelos outros, então pouco importa se o sujeito da espécie humana é do sexo masculino ou do sexo feminino.

2) A androgenia está intimamente ligada à massificação do homem, em que a fungibilidade foi consagrada ao nível do status quo, fundada numa liberdade fora da verdade que se dá em Cristo. Como o verdadeiro liberalismo implica viver na liberdade de Cristo, então buscar a liberdade fora dessa liberdade é buscar a ruína, a prisão - e isso é uma verdadeira ilusão.

3) Se pouco importa o sexo do homem massificado, então escolher o sexo com o fato de que isso é uma construção social é um pulo. A ideologia de gênero está intimamente ligada com a androgenia, coisa que marcou a cultura de massas nos anos 70 e 80.

O individualismo metodológico fundado no fato de que todos têm a sua verdade é falso

1) Uma das razões pelas quais a economia clássica não prosperou na Alemanha está no fato de que a utilidade das coisas está intimamente relacionada ao atendimento das necessidades humanas, levando-se em conta o custo e a oportunidade para se obtê-las. Esta observação derivava da observação direta da realidade, pois tudo isso decorre da própria experiência de se atuar na atividade mercantil. A Alemanha foi sede do Sacro Império-Romano Germânico e muitos de seus territórios foram parte da Liga Hanseática ou da Liga de Schmalkalde.

2) A economia mercantilista é por essência uma economia pragmática, fundada em resultados práticos. E esse pragmatismo é crucial de modo a atender necessidades humanas em larga escala. A experiência política dos romanos apontava isso - e aliança da política romana com a economia pragmática levou ao ressurgimento da ordem neopagã.

3) Enriquecida no individualismo metodológico, fundado em bases iluministas, neokantianas, não foi muito difícil para os industriosos e metódicos alemães erguerem uma economia próspera em muito pouco tempo, após a primeira unificação, em 1871.

4) A natureza pragmática e metodológica própria dos alemães teve seu eco na cultura do Estado tomado como se fosse religião, já que para Hegel o Estado é o ponto mais alto das realizações humanas. E o que é a exaltação do humanismo senão o pacto com o diabo, tal como vemos no Fausto, de Goethe?

5) Se o libertarismo leva a uma liberdade voltada para o nada, então os grandes erros da escola austríaca estão intimamente ligados aos vícios inerentes da cultura alemã da qual é originária. Se a doutrina de Kant é base para a mentalidade revolucionária, então o individualismo metodológico feito em bases kantianas é também viciado, senão herético.

6) O verdadeiro individualismo metodológico pede que se tome o país como se fosse um lar, e que se crie uma profissão com base nas circunstâncias em que os indivíduos se encontram - pois o individuo é ele mesmo e suas circunstâncias, como diria Ortega y Gasset. E a função empresarial está intimamente ligada às circunstâncias em que os indivíduos se encontram - ela não é pura, divorciada da realidade, pois o homem não é uma folha de papel.

7) Para se tomar o país como se fosse um lar, é preciso se estar em conformidade com o Todo que vem de Deus - e isso pede bases católicas e não bases libertárias, que buscam uma liberdade sem Cristo.

8) Se o pensamento austríaco for modificado em bases culturais diferentes daquelas da qual é originário, ele perderá seu caráter herético. Pois a sua heresia está na base kantiana e nos vícios inerentes da cultura alemã, da qual é originária.

Como a fungibilidade leva à concentração de poder

1) Quando você tem três fazendas, você precisa estar atento a uma grande quantidade de informações, de modo a que você possa tomar a melhor decisão possível, para o bem de cada uma delas. Por conta das circunstâncias, já que cada bem se encontra em lugares diferentes, tomar uma decisão sensata e correta pode ser difícil e ela tende a ser equivocada, pois há muitas variantes e muitas coisas a se levar em conta. Esse microgerenciamento inviabiliza a produção de riquezas - por isso que o centralismo não funciona, pois ele não leva em conta as circunstâncias locais, já que não tem ninguém que esteja próximo para cuidar daquilo que é preciso. Por isso também não foi possível um sistema similar ao comunismo na Idade Média.

2) Quando se tem três fazendas para se gerenciar, você deve preparar seus filhos de modo a que possam assumir o comando de cada uma delas e que possam prosperar com as suas próprias forças, pois a verdadeira riqueza vem da vocação, fundada no fato de servir a todos os que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Além de prepará-los para a sucessão, você ensina a eles a como cuidarem bem do que será um dia deles. Isso é distributivisimo fundado na generosidade e na própria autoridade de ser pai, coisa que é conforme o Todo que vem de Deus. E a função de pai é ser líder, pois é preciso preparar os filhos para a vida em liberdade, em conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Agora, quando se preza mais o dinheiro do que a vocação agrícola, você delega qualquer tipo de pessoa que tenha um MBA em administração de empresas de modo a que a fazenda possa lhe trazer mais dinheiro - e a teleogia da delegação libertária está centrada nisto: no amor ao dinheiro, que é tomado como se fosse um deus, a razão de ser de todas as coisas- e ao se delegar a fazenda a especialistas técnicos em produção de riqueza, eis que surge a economia de escala e a otimização dos custos. A infungibilidade fundada nas circunstâncias dos lugares se converte em dinheiro, em algo fungível - e a fazenda só valerá pelo que produz e não porque foi algo conquistado e batalhado pelos ancestrais que legaram esse bem a você. E o homem com isso vai perdendo os seus laços com a terra em que nasceu, pois o difícil trabalho de tomá-la como se fosse um lar foi perdido, por conta da ganância.

4) Para se converter bens infungíveis em bens fungíveis, você precisa de técnica e planejamento. E tudo é pensado e racionalizado em termos simples e repetitivos, tal como ocorre numa fábrica. Todo esse conhecimento, em vez de gerar sabedoria, só emburrece, aliena - e as pessoas tendem a viver as suas vidas na avareza, na vaidade, na pose, na ostentação, na cobiça, na soberba e na ganância.

5) O agronegócio, que substitui a economia agrícola familiar, é a fazenda administrada sob o prisma de uma fábrica. Pela oferta e demanda a comida produzida vira objeto de especulação - e o que é fora do padrão considerado bom é rejeitado e descartado. E isso foi condenado tanto por Bento XVI quanto pelo papa Francisco, pois é liberdade voltada para o nada, pois visa a se ter mais dinheiro e não para se enobrecer através do trabalho, da vocação, coisa que necessita da infungibilidade e da natureza diversa das circunstâncias de modo a que se possa prosperar.

6.1) Alimento em abundância, gerado pelo agronegócio, é crucial para se alimentar os exércitos de homens massificados das grandes cidades, de modo a que não haja uma revolução, por conta da carestia. Pois um dos grandes problemas ao longo da história da civilização é manter uma população numerosa tranqüila e satisfeita, tendo tudo o que precisa de modo a atender as suas necessidades massificadas, sejam elas concretas ou imaginárias, já que cada um tem a sua verdade. Não é à toa que o capitalismo adota métodos pragmáticos próprios dos romanos, pois se trata de uma economia de ordem pública, que visa a atender às necessidade do Estado Totalitário, onde o presidente é tomado como se fosse um Deus e o país é tomado como se fosse religião. E isso é algo tão nefasto quanto o comunismo, pois o amor ao dinheiro nega aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. Trata-se de um comunismo às avessas em sua versão mais light, mais próspera.

6.2) Do ponto de vista do poder, a economia fundada na fungibilidade faz concentrar as coisas em poucas mãos, pois é mais fácil administrar algo padronizado do que coisas diferentes por conta de suas diferentes circunstâncias e que precisam de cuidados específicos. Quanto mais você acumula riqueza derivada de algo simples e repetitivo, mais poder você tem - e menos você precisa pensar em microgerenciamento, o que forçaria a delegar poder a terceiros, a distribuir e repartir as coisas.

7) O poder totalitário só é possível porque o eixo da economia deixou de ser a terra, pois cada lugar da Terra tem a sua circunstância e o seu clima. Como o dinheiro é fungível, ele pode circular. E quanto mais você o tem, mais poder você terá. E aí começam os abusos, por conta da assimetria do poder.

Notas sobre o meu método filosófico

1) Quando eu leio um livro, eu leio linha por linha - eu vou bem devagar, sem pressa. Vou meditando de modo a compreender cada linha que li.

2) Embora eu não tenha lido nenhum livro de maneira completa, em compensação eu produzi mais de 1500 artigos sobre assuntos de altíssima complexidade. Simplesmente fui pegando uma idéia aqui, outra ali e uma outra acolá - e aí fui juntando as peças. A única metodologia de leitura que tenho é a da engenharia reversa - desmonto as coisas só pra saber como funciona e só depois vou combinando uma coisa com a outra, de modo a criar algo, sem inventar algo do zero.

3) Pelo que pude perceber, o que o Olavo fala sobre o método filosófico é mais fácil do que aquilo que vinha imaginando. Afinal, já o faço de fato, dentro das minhas possibilidades.

Dos perigos do MP único

1) No Brasil, só existe um MP, seja ele estadual ou federal.

2) Isso se explica porque os Estados não possuem autonomia verdadeira de modo a editar leis de modo a melhor reger a realidade local, pois a federação foi pensada desde cima, sem subsidiariedade.

3) MP único é a marca do centralismo. E outra marca do centralismo é que os membros do MP são substituíveis uns pelos outros - enfim, são homens marcados pela mancha da fungibilidade. Membros sem idéias, escravos da lei positiva, verdadeiros autômatos que só sabem repetir a lei, tal qual ela está no código penal, sem se importar se ela está ou não em conformidade com o Todo que vem de Deus.

4) Onde houver a marca da fungibilidade, não haverá a marca do indivíduo, da responsabilidade, própria da autoridade. Enfim, não haverá jurista, no sentido verdadeiro do termo.

5) MP único, fungibilidade, federação falsa, país tomado como religião de Estado da República, enfim os membros da instituição confundirão a fiscalização das leis com patrulhamento ideológico.