1.1) Quando foi restabelecida as eleições diretas para presidente da República, em plena era televisiva, os primeiros debates, ocorridos na eleição de 1989, foram realmente livres, sem regras - eles mais pareciam mais um Programa do Ratinho do que um programa feito para se discutir propostas, visto que os candidatos não eram pessoas sérias.
1.2) Com o tempo, os debates foram ficando engessados, cheios de regras estupidamente desnecessárias - o que denota não só a canalhice da imprensa mas também a estratégia das tesouras da época entre PT e PSDB - o que criava uma ilusão de polarização, que na verdade era uma hegemonia de dois partidos que mais se completavam do que propriamente rivais entre si.
1.3) Com a ascensão do fenômeno Bolsonaro e a derrota de todo esse mecanismo canceroso, com o tempo foi se consolidando um novo formato de debate que parece ser muito melhor do que o tradicional debate que marcou muitas eleições: a sabatina.
2.1) Surgida numa circunstância onde Lula fugiu dos debates, o presidente do Bolsonaro, candidato à reeleição, foi respondendo a todas as perguntas da imprensa revestido da autoridade própria de quem está revestido do cargo de presidente e de quem fez de tudo para aperfeiçoar a liberdade de muitos, não obstante a tirania dos governadores e do STF, sobretudo durante a pandemia.
2.2) Num cenário onde o político é sério e usa de toda a autoridade de seu ser para prestar contas de seu mandato, a sabatina se provou a melhor forma sondar a candidatura de alguém à reeleição. E este formato só vale para alguém que ainda está na ativa ou já foi presidente. Quando não há mais candidatos comprovadamente experimentados disponíveis, aí vale a forma do tradicional debate, tal como havia no tempo da redemocratização.
3.1) Dizia Santo Agostinho que, quando a questão se trata de necessidade - de observar a verdade, enquanto fundamento da liberdade, tal como temos nestes tempos atuais, onde tivemos a ameaça real de o Brasil virar uma nova Cuba ou Venezuela - a melhor forma de escolher o candidato se dá pela aclamação, pois o sabatinado está realmente revestido de Cristo, em razão de seu cargo, tal como podíamos ver nos reis de Portugal. Quando todos os candidatos são virtuosos e a escolha pelo melhor dentre deles é difícil, aí cabe o instituto do debate, pois a questão aí se funda em liberdade, de melhor proposta. Como nunca tivemos candidatos virtuosos, então esta fórmula nunca funcionou de verdade.
3.2) Se o debate for conduzido no formato dos podcasts - no estilo de conversas fluidas, sem fórmulas engessadas, como eram praticadas pela velha imprensa - certamente escolher o melhor candidato ao governo da nação será um verdadeiro prazer, não essa baixaria que sempre foi. Não é à toa que vejo Bolsonaro como a prefiguração da volta da monarquia, pois está criando uma cultura de debates que só tivemos na monarquia, coisa que nunca houve na república.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2022 (data da postagem original).
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