1) Se houver clima frio e úmido, isso prejudica a semeadura do milho no hemisfério norte, sobretudo na região do corn belt - o que puxa o preço da commodity lá pra cima, na bolsa de Chicago.
2) Isto está dentro do que Carl Menger dizia com relação ao conceito de relações e omissões úteis, em seus Princípios de Economia Política. Uma ação da natureza que prejudica ou mesmo retarda o agronegócio nos EUA é uma ação útil para o Brasil e seus parceiros nos Brics, pois isso acaba beneficiando o agronegócio brasileiro, naturalmente falando, uma vez que estamos no clima mais quente, mais favorável ao cultivo desta commodity, enquanto eles estão num clima mais frio, que é mais refratário à produção, pois a primavera no hemisfério Norte é geralmente muito fria. Como estamos num clima mais quente, já estamos colhendo milho a ponto de exportá-lo para os EUA, pois estamos tirando o máximo de nossas vantagens comparativas em relação aos EUA.
3) Além disso, boa parte do milho nos EUA é usada na produção de etanol, uma vez que eles não têm cana-de-açúcar. O etanol é um bom substituto à gasolina, pois assim os EUA não ficam tão dependentes dos árabes, uma vez que a OPEP está fechando seus compromissos com a Rússia - e isso se torna um excelente negócio para nós, pois atendemos outros setores que precisam desse combustível, já que o agro americano vai perder mercado nesse quesito, por conta dessas circunstâncias.
4.1) Não só nós como também os indianos - eles já são os maiores produtores de cana-de-açúcar e, junto com o Irã, eles já estão investindo no agronegócio brasileiro de modo a terem fazendas produtoras de alimentos de modo a atender a demanda de sua gigantesca população por alimentos como também a demanda americana por etanol, se houver quebra da safra de milho em razão do clima frio.
4.2) Desde que houve a guerra na Ucrânia, a Índia tem sido chamada a ser um dos maiores produtores de trigo e de açúcar do mundo, em razão da proximidade geográfica com o EUA, por meio dos portos do Oregon e da Califórnia.
4.3) A demanda por etanol tende a se consolidar ainda mais no mercado nos próximos anos em razão da criação da NOPEP, já que Biden quer fazer passar uma lei no Congresso que dificulte as coisas para a OPEP.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2022 (data da postagem original).
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