1) Uma das primeiras coisas que eu aprendi no Sid Meier's Railroad Tycoon foi a fundar estações. Eu sempre busquei fundar terminais de modo a ter o alcance máximo. Sempre que a cidade se desenvolvesse, isso geraria novas demandas que levariam a um maior uso da malha ferroviária.
2.1) Como depots, estações e terminais têm alcances diferentes, eu observei que isso poderia servir de análogo a um limite cultural e territorial, tal como aquele que havia no civilization III.
2.2) Essa idéia podia ter sido explorada no Civilization I, mas isso não foi explorado. Não sei se foi por conta de limitação tecnológica ou uma opção de design mesmo, mas acho que isso já podia ter sido implementado já no próprio Civilization I - o que facilitaria e muito o próprio processo de fundação de cidades.
3.1) Em todo o caso, quando monto indústrias no território das estações - como uma refinaria, por exemplo - isso cria um lugar onde o petróleo produzido pelo poço de uma cidade próxima seja consumido, o que gera demanda por transporte ferroviário ferrovias, já que eles devem deslocar as mercadorias de um lugar para o outro.
3.2) Naturalmente, como toda oferta cria sua própria demanda, eu tratei de criar indústrias nas cidades onde tenho terminais de modo a melhor atender a demanda e assim maximizar meus lucros. A estratégia deu tão certo que isso me deixou ainda mais rico. E eu percebi que isso fez com que esses investimentos se autopagassem muito mais rapidamente.
3.3) Não é à toa que os magnatas de ferrovia eram empreendedores versáteis, pois eles investiam nos mais diferentes negócios de modo a terem o controle de toda a cadeia de produção. Como barões feudais, eles tinham um determinado território onde reinavam de maneira absoluta e protegiam esse mercado da influência de outras pessoas através de uma política de sigilo, como a do segredo industrial ou comercial.
4.1) Não é à toa também que a economia protecionista americana tinha natureza feudalizante e mercantilista, pois fazia da riqueza sinal de salvação, uma vez que esses magnatas concentravam em fortalecer suas próprias bases, antes de partirem para uma guerra com um outro adversário da indústria ou mesmo de outra indústria.
4.2.1) Essa guerra tinha um caráter de guerra total, o que constituiu o que viria a ser guerra nos próximos dois séculos: quem vencesse a guerra total, eufemisticamente chamada de competição, concentrava ainda mais os poderes de usar, gozar e dispor dos bens econômicos em suas poucas mãos, a ponto de ampliar ainda mais seu território e sua influência sobre a política.
4.2.2) A ameaça da influência do poder econômico sobre o poder político fez com que a América logo desenvolvesse uma legislação antitruste para proteger a democracia dessa influência nefasta, pois aquilo que os magnatas das ferrovias fizeram seria a pedra angular do totalitarismo de viés econômico tal como vemos hoje, com relação às big techs e big pharmas.
5) Por isso que este jogo, o Railroad Tycoon, de 1990, é um jogo de guerra econômica - hoje esta estratégia foi incorporada como estratégia militar, tal como vemos na China comunista. O jogo estava bem à frente de seu tempo. É um jogo que tem que ser jogado em conjunto junto com a Série Civilizatiion, Colonization ou mesmo Covert Action.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 2021 (data da postagem original).