1) Quando era criança, já havia se tornado costume transformar professora primária em "tia".
2) Trata-se de perversão da palavra, pois você deixa de ser pai indireto do filho de seu irmão para ser pai impessoal, pai de contrato que presta serviços de educação aos filhos de outros pais, cujo vínculo de amizade, de confiança, sequer existe. Neste caso, passo a ser tio de todos que me foram confiados sob contrato ou por força de lei e ao mesmo tio de ninguém, uma vez que esse serviço se tornou uma relação de consumo.
3.1) A figura da mãe ou do pai social (do tio ou tia da creche) é na verdade uma forma de abolição da família.
3.2) A estrutura dos vínculos sociais está muito bagunçada, a tal ponto que a palavra tio no lugar de professor está sendo servida com fins vazios.
3.3) Para você dar um trato nessa bagunça, é preciso que a figura do tio volte a ser associada a de pai indireto dos próprios sobrinhos e não de pai impessoal ou mediante contrato (pai de aluguel).
3.4) O pai indireto pode ser ampliado aos amigos, aos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. É ele que ensinará a verdadeira fé aos filhos dos amigos, ampliando assim a Igreja doméstica, a ponto de se tornar uma creche.
4) Enfim, o x da questão é a impessoalidade. Confundir relação indireta com impessoalidade é perda do senso das proporções.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2020.