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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Meditações sobre o sistema proporcional - o caso dos deputados federais

1) Certa ocasião, eu ouvi falar que na Europa, quando se vota em um determinado deputado para o Parlamento Nacional, você indica três opções. Se o primeiro nome já tiver sido eleito, seu voto vai para o segundo nome; se o segundo nome estiver eleito, vai para o terceiro nome.

2) Aqui no Rio de Janeiro, eu votei na Chris Tonietto para o cargo de deputado federal; como ela foi eleita, meu voto poderia ir para a Sara Winter ou mesmo para o Carlos Dias, que seriam minha segunda ou terceira opção.

3.1) Na França, por exemplo, se um deputado federal representa uma causa nacional, como a questão do direito à vida contra o aborto, então meu voto poderia ir para outro deputado federal, ainda que de outro estado, pois tal causa extravasa as divisões político-administrativas dos estados.

3.2) Vamos supor que Caio Bellote Delgado Marczuk tivesse se candidato ao cargo de deputado federal por Minas. Como a Chris Tonietto foi eleita, então meu voto iria para ele, partindo do princípio de que o deputado federal representa os interesses da nação como um todo - no caso, o direito à vida. Mesmo sendo de outro estado, ele me representa melhor do que um comunista eventualmente domiciliado em meu estado, pois esta graça de defender aquilo que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus é maior do que a lei que regula a representação política nos estados.

4) Enfim, estas são algumas coisas que poderiam ser implementadas, se houvesse uma reforma séria no sistema eleitoral, no tocante ao sistema proporcional.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de outubro de 2018 (data da postagem original).

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Sobre o princípio de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento - um comentário sobre isso

1) Olavo de Carvalho costuma reportar a Santo Tomás de Aquino, quando diz que o verdadeiro amigo é aquele que ama e rejeita as mesmas coisas que você.

2) Se você não estiver revestido de Cristo - que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a verdadeira medida de todas as coisas fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus -, então amar e rejeitar as mesmas pode se fundar sobre qualquer coisa que seja conservada de maneira conveniente e dissociada da verdade, a ponto de a unidade não ser cabível em um lugar onde o mundo é dividido entre eleitos e condenados, uma vez que tal proposta será servida com fins vazios. Afinal, jamais haverá unidade onde há consenso momentâneo fundado no amor de si até o desprezo de Deus, onde o Estado será tomado como se fosse religião, em que tudo estará no Estado e nada estará fora dele ou contra ele.

3) Não é à toa que o verdadeiro Deus e verdadeiro homem trouxe a espada para estabelecer de maneira definitiva o limite entre o que deve ser conservado por conta da dor de Cristo e o que é conservado por conta da insensatez das pessoas, que insistem em escolher o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de esse pecado fundado na estupidez e na soberba clamar aos céus.

4) E é com base nesse limite estabelecido por Cristo que você deve estabelecer laços de sangue com todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Se encontro uma mulher que conserva a dor de Cristo e é sensata, então eu devo me unir a essa mulher, ainda que eu não me sinta atraído por sua beleza física. O amor à verdade precisa ser maior que a concupiscência carnal - e é aí que se faz uma aliança a três fundada no casamento.

5.1) Quando me uno a alguém por conta de sua sensualidade, sem levar em conta se essa pessoa de fato é esquerdista, então a tendência é a aliança temporal se desmanchar, uma vez que se fundou em bases precárias.

5.2) A maioria das famílias estão divididas, portanto desestruturadas, porque não se uniram com base no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, mas por critérios fundados na matéria (seja a riqueza do pretendente, seja por conta do sex appeal da pretendida). E isso só reforça a cultura do divórcio, uma vez que não há unidade na luta contra o mal que se abate sobre a polis - e a divergência política é uma das causas de divórcio.

6.1) Enfim, não haverá nobreza se não houver famílias formadas a partir do princípio de que devemos nos unir amando e rejeitando as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, na conformidade com o Todo que vem de Deus - e esse princípio deve e precisa ser a razão que constitui a polis.

6.2) Os laços de amizade precisam se converter em laços de sangue - só assim é que o país será tomado como um lar em Cristo. Onde não houver famílias unidas neste fundamento, o Estado será tomado como se fosse religião, pois tudo estará no Estado e nada estará fora dele ou contra ele.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2018.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

A santificação através do trabalho leva ao renascer das guildas

1.1) Se o texto escrito serve para distribuir a experiência e a tradição entre os ausentes - no caso, o diálogo entre os mortos e os não-nascidos - e entre os que estão vivos, mas que estão distantes, então de maneira análoga ao texto escrito nós temos o princípio da associação, que deriva do direito de vizinhança e do principio da sociabilidade, através do diálogo que estão vivos e presente no mesmo lugar, em Cristo. Basta haver uma comunhão de interesses fundados no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento e por conta da santificação através do trabalho que se começa a haver a cultura da guilda.

2.1) Se eu como escritor tiver vizinhos que queiram percorrer o mesmo caminho de honras que meus pais seguiram como professores, então eu devo apresentar esses meus vizinhos aos meus pais de modo que aprendam com eles os segredos da profissão, a ponto de ouvir suas histórias, suas experiências de vida bem como suas técnicas de transmissão de conhecimento aos alunos.

2.2) E neste ponto, o vizinho passa a ser tomado como filho espiritual do meus pais na profissão, ampliando assim a noção de família, pois ter um irmão na profissão que fez o nome da minha família, mesmo que eu siga um caminho diferente daquele que foi percorrido pelos meus pais, é uma forma de manter vivo o legado deles, já que experiência na profissão é um bem intangível que deve ser transmitido a quem bem honrá-lo, ainda que não haja gente do próprio sangue disposta a seguir a mesma vocação, o mesmo chamado.

2.3) Quando isso é feito de maneira sistemática, o senso de tomar o país como um lar em Cristo se torna mais evidente, pois se torna uma necessidade descobrir os outros, uma vez que o costume de compartilhar os caminhos de honra entre os que nos são próximos é bom em si mesmo a ponto de ser observado por todos da comunidade, uma vez que da integração entre pessoas de fora da família que queiram seguir o mesmo caminho que meus pais seguiram surge a responsabilidade de servir a Cristo em terras distantes, a ponto de levar o nome da família a outros mares por nunca dantes navegados, já que a cada tempo, a cada geração surgem novos desafios e desses desafios surgem novas circunstâncias.

3.1) Da associação de várias famílias em torno de uma tradição de excelência,  fundada na santificação através do trabalho, surge uma guilda.

3.2) Na guilda, os associados tomam-se uns aos outros como parte da família.

3.3) Se eu, que sigo um caminho diverso ao dos meus pais, crio um nome de excelência na minha profissão, então há uma relação quase familiar entre a guilda de professores e a guilda de escritores - e isso se estende a toda e qualquer profissão que eventualmente surja ao longo do tempo. 
 
3.4) É por conta desse solidarismo familiar que se dispensa a necessidade de uma regulação estatal da profissão, uma vez que todos estão servindo a Cristo na própria terra ou em terras distantes, aumentando ainda mais o bom nome da guilda. E isso é uma forma extraordinária de multiplicação da nobreza, pois é o feliz casamento da aristocracia com a democracia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de outubro de 2018 (data da postagem original).

Meditação sobre a questão de honrar pai e mãe: o caso das heranças perdidas, por conta de não se seguir a mesma profissão do pai ou da mãe

1) Vamos supor que você é de uma família de médicos e resolva ser escritor.

2) Mesmo que você não tenha vocação para ser médico, é conveniente e sensato que você documente a experiência profissional dos seus pais num livro de modo que essa experiência seja passada para as futuras gerações.

3.1) Narrar a história da vocação de seus genitores, mesmo que você não siga o caminho deles, é a melhor forma de honrar pai e mãe, ao mesmo tempo em que você santifica sua profissão de escritor.

3.2) Além disso, por meio dos escritos, esta história pode ser distribuída a toda e qualquer pessoa que esteja na comunidade. Se uma pessoa de fora da família tiver o dom para ser médico e amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, então essa pessoa acabará se tornando filho espiritual de seus pais a ponto de seguir o exemplo deles e continuar o legado na medicina no seu lugar, enquanto você continua seguindo o caminho do jornalismo.

4.1) Descobrir pessoas, ainda que de fora da família, para continuar a tradição de seus ancestrais, mesmo que você não tenha o mesmo dom que eles para isso, é dar uma destinação útil a uma tradição nobre - assim essa tradição não será perdida, por conta da falta de herdeiros na família para continuar esse caminho.

4.2.1) Afinal, compartilhar tradições com aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento é um tipo de comunitarismo, sem mencionar que isso ajuda a combater a crescente atomicidade social decorrente do fato de os filhos não seguirem a carreira dos pais, fazendo todo esse legado, em termos de histórias e experiência profissional, ser jogado na lata do lixo.

4.2.2) Se houver uma pessoa de fora que continue a tradição da família na medicina, então essa pessoa de fora é filha espiritual dos ancestrais que foram médicos e continuará o culto doméstico decorrente de fazer da medicina uma profissão santa, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus - e isso, em certo sentido, é um tipo de adoção, pois isso é fazer do seguidor da tradição da família uma espécie de irmão.

4.3.1) É da atomicidade social decorrente de cada um perseguir seus próprios objetivos fundados no amor de si até o desprezo de Deus que a herança ancestral em uma profissão diversa que a sua vai sendo jogada na lata do lixo - e essa experiência poderia ser melhor servida a outra pessoa que atende ao mesmo chamado que seus pais.

4.3.2) Não passar essa experiência na forma de livro é desonrar pai e mãe, cujo pecado, por conta da omissão, clama aos céus. E mesmo que você não seja escritor, você precisa contratar gente que faça esse trabalho, nem que seja entrevistando seus pais em idade provecta de modo a se fazer uma biografia sobre eles. É preciso evitar a cultura da perda de uma chance por conta disso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de outubro de 2018.

A santificação através do trabalho leva à santificação da família, por vias indiretas - e isso é uma espécie de trindade

1) Patrimônio, em latim, quer dizer "recebido do pai". O termo tem profunda relação com tradição, em que as coisas são passadas de pai para filho.

2) No sentido econômico, contabilista e jurídico, patrimônio é o complexo de bens móveis e imóveis que podem ser convertidos em dinheiro. Por essa razão, está intimamente relacionado à herança. Não só bens tangíveis podiam ser transmitidos por herança, mas também bens intangíveis, como as habilidades e os segredos profissionais do pai. No caso desse patrimônio intangível, era preciso haver ações e omissões decorrentes das relações impessoais de mercado de modo que o herdeiro pudesse prosperar com as habilidades herdadas de seu ancestral.

3) Matrimônio, em latim, quer dizer "recebido da mãe". O termo está relacionado à noção da maternidade enquanto vocação. Da mãe nós recebemos os filhos, que certamente continuarão o nosso legado.

4) Quando digo que moro com os meus pais, isso quer dizer que moro com a minha mãe e com o meu pai, no mesmo teto que eles. Logo, da minha mãe eu também posso também receber patrimônio. Na Idade Média, quando a mulher tinha tempo livre, ela podia estabelecer uma atividade econômica organizada de modo a ajudar no sustento da família, até porque a função primordial da esposa é cuidar da família, sobretudo do marido. De certo modo, como herdeiro posso receber dela também patrimônio tangível como também patrimônio intangível, que são as habilidades profissionais dela.

5.1) Se uma pessoa conseguir sintetizar o que recebeu de seu pai e de sua mãe de um modo a melhor responder às suas circunstâncias de vida, então é possível dizer que ele descobriu sua própria profissão - e é através do serviço que ela presta aos seus semelhantes que santifica esta atividade descoberta. E nessa santificação, ela também santifica por vias indiretas seu pai e sua mãe, uma vez que honra o que recebeu deles de modo a promover tudo aquilo que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus.

5.2) Afinal, não conheço melhor maneira de honrar pai e mãe senão fazendo isso, nem que seja vendo o trabalho integrado à personalidade do pai como tese e o trabalhado integrado à personalidade da mãe como antítese de modo a fazer uma síntese a partir dessas coisas.

5.3) Eis uma trindade que pode ser feita de modo a agir colaborando com a construção do bem comum, de modo que a polis, a cidade dos homens, imite a Jerusalém celeste, a cidade de Deus, a ponto de fazer o país ser tomado como um em Cristo por meio desse exemplo, por via reflexa.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de outubro de 2018.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Notas sobre sedevacantismo em matéria de política

1) Nos Estados Unidos, desde que Reagan completou o mandato, o país teve 28 anos de maus governos (Bush Pai, Bush Filho, Clinton e Obama). Após todo esse tempo é que surgiu um sucessor à altura do legado de Reagan: esse presidente se chama Donald Trump.

2.1) Na República, é muito comum acontecer sedevacantismo em matéria de política, uma vez que Deus não é a medida de todas as coisas, mas o Estado, que é tomado como se fosse religião, a ponto de tudo estar nele e nada estar fora dele. Nem sempre o sucessor imediato de um excelente presidente é necessariamente seu sucessor espiritual, a ponto de honrar e expandir o legado deixado.

2.2) Se no único país do mundo onde a República deu certo eles precisaram de 28 anos para encontrar um sucessor à altura do Reagan, que dirá o Rio de Janeiro, o meu estado? Desde Carlos Lacerda não temos um governador à altura daquele que governou o Rio de Janeiro, que já foi capital do Império - e de certa forma, ainda é a verdadeira capital do país, em termos de símbolo.

3.1) Na monarquia, onde o vassalo de Cristo protege o povo dos maus governos, um mau governo é imediatamente dissolvido e novas eleições são convocadas. E neste ponto o Poder Moderador pode ser exercido como um ato de legítima defesa contra governos apátridas.

3.2.1) Esta, no meu entender, é a verdadeira justiça eleitoral - nenhum governo revolucionário vingará se houver um monarca imitador de D. Afonso Henriques como vassalo de Cristo.

3.2.2) Todo aquele que não ama e não rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento está necessariamente à esquerda do Pai - e por isso, não servirá ao povo no tocante a promover o bem comum, mas usará do cargo para promover a si mesmo à custa do povo.

3.3.1) O maior problema de uma monarquia está quando o soberano age como D. João II: age como se fosse o senhor do senhores e não como se fosse o servo dos servos em Cristo, tal como foi D. Afonso Henriques.

3.3.2) Se este monarca não for imitador de Cristo, ele deve e precisa ser destituído, uma vez que o povo não vê a Cristo na figura dele, mas o Faraó do Egito que escravizou a todo o povo de Israel, do qual veio Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

4) Enfim, uma monarquia, para ser estável, necessita e muito da aliança entre o altar e o trono, tal como foi estabelecida em Ourique, até porque essa aliança é vital para se expandir a fé cristã no mundo. Esta é a razão de ser das coisas que fazem o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves ser tomado como um lar em Cristo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de outubro de 2018.

domingo, 7 de outubro de 2018

Notas sobre a diferença entre nacionismo e nacionalismo em termos de cultura, em termos de matriz de consciência

1.1) No nacionismo, nós tomamos os que não nasceram aqui, mas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, como parte da nossa família, pois somos uma grande família de batizados, apesar das diferenças culturais. Os que têm pai brasileiro e mãe polonesa, por exemplo, aprendem a tomar o Brasil e a Polônia como um mesmo lar em Cristo por conta da dupla nacionalidade.

1.2) Como nós tomamos os dois países como um mesmo lar em Cristo, então acabamos multiplicando esse amor compartilhando esse senso com os que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento que se encontram dispersos pelo mundo afora.

1.3) Como servirmos a Cristo em terras distantes, então somos todos portugueses: temos o mundo como o lugar onde podemos descansar em paz, uma vez que fundamos um império de cultura em Cristo, por Cristo e para Cristo.

2.1) No nacionalismo, o pais é tomado como se fosse religião - e quem não nasceu aqui já é condenado de antemão. Até mesmo os que estão na barriga da mãe.

2.2) O nascituro é equiparado a um alienígena, a um estrangeiro, pois num mundo onde o princípio da não-traição àquilo que decorre da conformidade com o todo que vem de Deus não é observado ter expectativa de direito é o mesmo que não ter direito.

3) Eis a grande diferença entre nacionismo e nacionalismo, em termos de cultura, em termos de matriz de consciência. É uma diferença gigantesca! Não dá para tomar essas coisas como sinônimos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 7 de outubro de 2018.