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sexta-feira, 22 de maio de 2020

Notas sobre a relação entre teologia e filosofia


1) O que é a teologia senão amor à sabedoria a serviço da verdade, coisa que decorre do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem? O teólogo nada mais é do que um filósofo que se esvaziou de si mesmo de modo que Cristo reinasse em todas as suas reflexões e pensamentos, a ponto de apontar novos caminhos fundados na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2) Novas verdades vão sendo reveladas, permitindo-se que se aprimore a ainda mais o senso de obediência, uma vez que verdade conhecida é verdade obedecida. Eis o princípio pelo qual a autoridade desses pensadores aprimora a liberdade de muitos, posto que a verdade é o fundamento da liberdade.

3.1) Eles são os verdadeiros cavaleiros que manejam um outro tipo de espada, a pena - e nos tempos atuais, o teclado. E a partir da pena, do teclado, produtos como os livros vão sendo desenvolvidos de modo a livrar povos inteiros da ignorância, do senso de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, uma vez que a pena é tanto arma de luta quanto instrumento de trabalho, de modo a se cultivar a alma de muitos, a ponto de produzir cultura.

3.2.1) Não é à toa que são padres, pais de muitos. Esses fabricantes de livros são o escudo pelo qual se protege uma nação inteira da mentalidade revolucionária. A palavra em polonês para padre (ksiądz) lembra muito a palavra inglesa para escudo (shield), neste aspecto. Eles são os verdadeiros guerreiros de uma guerra cultural enquanto guerra justa, pois lutam na esfera espiritual, contra forças que não são deste mundo, mas que influem neste mundo em que vivemos.

3.2.2) Um bom teólogo é um necessariamente um bom filósofo - por isso, uma reserva moral não só para uma nação inteira, mas também para toda a Cristandade, que é a verdadeira ordem mundial. Afinal, ele serve a Cristo em terras distantes. 

3.2.3) É exatamente este tipo de pessoa que Cristo quis fosse fabricada na Terra de Santa Cruz, mas que maçonaria tratou de perverter, a ponto de converter esta árvore nova e promissora (ibirarama) em uma árvore velha e superada (ibirapuera) em muito pouco tempo.

José Octavo Dettmann

Rio de Janeiro, 22 de maio de 2020.

Notas sobre a guerra justa

1) Três eram os requisitos de uma guerra justa:

A) Que a guerra fosse de caráter defensivo.

B) Que fosse conduzida por autoridade legítima, a ponto de vermos Cristo na figura do governante (no caso um príncipe ou um monarca)

C) Que não produzisse mortes além do necessário. Não se podia matar pessoas inocentes (homens desarmados e indefesos) nem mulheres ou crianças, muito menos tomar os bens desses pessoas, na forma de pilhagem. 

2) A doutrina da guerra justa não via a res hostilium, a coisa do inimigo, como res derelictae, coisa abandonada. O inimigo pode ser algum povo cristão que esteja sendo governado por um tirano - por isso, a guerra se faz contra o tirano, não contra o povo, que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. E neste ponto, devemos amar os inimigos, a ponto de libertar o povo que é vítima da de um mau rei.

3) No caso de pessoas de outras religiões, devemos servir ordem no tocante a converter esses povos. E o verdadeiro ecumenismo implica levar todos a discutir os postulados da verdadeira fé de modo que todos amem e rejeitem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

4) A doutrina da guerra justa foi o que motivou as cruzadas e foi o que motivou a revelação de novas comunidades, como o Reino Latino de Jerusalém ou O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, a partir do milagre de Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 22 de maio de 2020.

Da guerra permanente dos protestantes à paz perpétua iluminista - notas sobre isso

1) É fato verdadeiro que o liberalismo decorreu de uma ordem protestante, principalmente de uma ordem calvinista, puritana.

2) A maior prova disso é não se pode falar em paz em perpétua sem antes falar da concepção de guerra permanente dos puritanos, visto que eles não acreditavam em fraternidade universal. Para eles, Jesus, por conta de vir ao mundo trazer a espada, era capitão de um exército, de uma milícia de anjos e arcanjos. Isso remonta ao Deus do Antigo Testamento, que era um Deus da guerra. Por conta dessa concepção, Deus amava a figura dos soldados.

3.1) Por conta da natureza corrompida do homem, essa guerra tinha natureza permanente e duraria até o fim dos tempos - e essa guerra não podia ficar nas mãos de um rei, enquanto homem - eis a gênese do republicanismo moderno que deu origem aos EUA. 

3.2.1) Eles ignoravam completamente a concepção aristotélica do homem como um animal que erra. Todo homem tem dentro de si o desejo de conhecer a verdade - e ao conhecer a verdade, o homem tende a se emendar e a se arrepender, a ponto de criar obras que atestem a sua conversão, criando um legado para as gerações futuras que servem como prova de seu testemunho. Por conta disso, por conta de rejeitarem as boas obras, os puritanos se tornaram os inimigos da antiga ordem fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, a ponto de serem os primeiros agentes da Nova Ordem da História, os primeiros revolucionários. 

3.2.2) O professor Olavo de Carvalho já falou que até mesmo uma má filosofia ou uma má teologia serve de pontapé inicial para projetos ainda mais nefastos - a maior prova disso é que os iluministas se valeram da concepção de guerra permanente dos puritanos e criaram a paz perpétua. E para isso precisavam acabar com todas as guerras, nem que seja desarmando toda a população ou entregando a tomada de decisão da vida das pessoas a especialistas, ignorando a natureza do homem como animal que erra e que do erro vem o aperfeiçoamento das coisas. 

3.2.3) Os iluministas até mesmo deturparam a doutrina medieval de guerra justa, alegando que a religião não é motivo suficiente para se proteger o ser humano da tirania, como se todas elas fossem más por si mesmas, a ponto de edificar liberdade com fins vazios. Para essa gente, a vida, a liberdade e a propriedade seriam os únicos elementos suficientes para se justificar uma guerra defensiva contra a ação do Estado. Eles nunca levaram em conta a verdade - e isso só confirma a tese esta ordem liberal só beneficia o homem enquanto animal que mente.

4.1) Eu estava assistindo a um vídeo do Loryel Rocha em que ele estava comentando um artigo escrito na Revista Época em que o referido autor, cujo nome não lembro agora, estava afirmando que o bolsonarismo é uma milícia religiosa nos mesmos moldes dos puritanos. De conservadores, eles não tinham nada - eles eram, nas palavras do autor, revolucionários.

4.2) Parece-me que Loryel e o referido autor lido por ele estão muito fora da realidade. Não vejo nenhum elemento revolucionário nos que seguem o Bolsonaro - eles o fazem de maneira genuína, movidos pelo sincero amor à pátria.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 22 de maio de 2020.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Das três fases da verdadeira ciência econômica

1) Em Adam Smith, a economia clássica esbarrou no problema do valor, que era medido no valor do trabalho.

2) Na Alemanha, a questão do valor nunca foi separada da utilidade, a ponto de surgir uma escola na Áustria que explica o valor pautado nas necessidades do homem, dando um aspecto psicológico ou subjetivo à economia.

3.1) Mas o mundo centrado no homem, pelo homem e para o homem é o mundo do animal que mente, o que faz com que os preços tendam a ser arbitrários.

3.2) A verdadeira medida de todas as coisas é Cristo, uma vez que Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Deus foi-nos igual a tudo, menos no pecado. Por isso Ele é a fonte de toda a justiça, uma vez que é a verdade em pessoa, o fundamento da liberdade.

3.3.1) É conhecendo o Cristo necessitado e suas circunstâncias que compreendemos as razões pelas quais o prestador de serviço aumenta e diminui de preço as coisas de modo a conquistar seus clientes. 

3.3.2) Quando ele aumenta o preço de seus produtos, devemos saber as razões pelas quais ele tomou esta decisão de negócio - se a decisão for justa, paguemos o que ele pede; se as razões forem injustas, isso caracteriza usura, e isso é pecado. O prestador de serviço que fizer isso deve ser repreendido de modo que não faça mais isso, dado que isso se trata de amor ao próximo, uma vez que devemos ver Cristo nessa pessoa.

4.1) O tripé da economia é este: valor, utilidade e justiça - e esses três elementos produzem uma trindade, um plano de salvação fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem como a medida de todas as coisas. E esta trindade visa atender às três necessidades do homem: as necessidades do corpo, da alma e do espírito. 

4.2) Isso faz da economia, enquanto ciência auxiliar da política, uma ciência a serviço da trindade, uma vez que a política, quando organizada, promove a caridade, o que leva à continuação da trindade, a ponto de a cidade dos homens ser um espelho da Jerusalém celeste.

.José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de maio de 2020.

Separando ciência econômica da ideologia: economia não é crematística

1) Algumas pessoas me apontaram um seguinte dado: deveria haver uma racionalidade maior dos agentes econômicos na hora de estabelecer o preço de seus produtos. Na maioria das vezes, vemos o preço aumentar de maneira irracional, tal como vemos no preço da gasolina.

2.1) Esse comportamento irracional é movido pela concupiscência e pela ganância. Platão criticava muito a sociedade de sua época por conta disso. Essa gente buscava a riqueza com prazer a ponto de gerar um sério problema ético. 

2.2) Eis o problema da crematística. Por isso que falo muito da economia - enquanto ciência auxiliar da política, no tocante à construção do bem comum - e da crematística como coisas diferentes. É preciso separar ciência séria da pseudociência, da ideologia. O que vemos hoje não é economia, mas pseudociência econômica, a crematística. E tudo isso é movido pela ética protestante e pela cultura da riqueza tomada como sinal de salvação, a qual Marx chamou de capitalismo.

3) A concupiscência nada mais é do que paixão desordenada pelos luxos e pela cobiça. E isso leva ao pecado e à prática da usura. Ela fala mais do homem cheio de si até o desprezo de Deus, a ponto de a economia acabar caindo num aspecto subjetivo, arbitrário. Isso diz muito do homem enquanto animal que mente, enquanto pior dos animais, separado do Direito e da Justiça.

4.1) A benevolência apela para duas das nossas maiores faculdades: a inteligência - que é a capacidade de aprender a realidade das coisas, uma vez que elas apontam para a realeza de Cristo - e a vontade, que é a capacidade de dizer sim  à verdade, uma vez que conhecemos as pelas quais as coisas foram criadas, baseadas no amor divino.

4.2) Na economia de benevolência, nós procuramos os motivos pelos quais os que ganham a vida prestando serviços à população aumentam ou diminuem os seus preços, de modo a conquistar os seus consumidores. Precisamos vê-los como uma espécie de Cristo que trabalha para ter o pão de cada dia. Ele é um Cristo necessitado dos favores da clientela, tanto quanto um mendigo. Para ele, o freguês sempre tem razão, pois ele vê nele um Cristo-príncipe. E esse Cristo-príncipe pode estar em qualquer classe social, até mesmo entre os mais pobres. 

5.1) Trata-se de uma questão cultural. E isso certamente afeta a maneira como se faz ciência econômica. 

5.2) Se buscamos a verdade, então busquemos uma economia pautada na ética cristã (leia-se católica); se buscamos conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, façamos da ciência econômica uma ideologia, a ponto de se nadar em dinheiro como se não houvesse amanhã, o que certamente não faz o menor sentido, já que o maior propósito da vida é a vida eterna.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de maio de 2020.

Da doutrina do preço justo como limite que separa os juros da usura

1) O termômetro do preço quantificado não é o indicativo suficiente para se saber se o preço cobrado é justo ou não. É preciso conhecer os motivos determinantes do vendedor - e só possível tendo uma conversa honesta com essa pessoa.

2) Às vezes um produto é mais caro do que um similar numa outra loja em razão de uma circunstância particular do vendedor - e esta razão pode ser justa, como ter uma melhor condição para ajudar no sustento da família. E isso já é motivo, por caridade, para se preferir um bem deste vendedor, que é um Cristo necessitado, ao de um outro mais barato, movido pelo amor próprio até o desprezo de Deus.

3) A economia não é subjetiva, no sentido de que ela é voltada para o homem cheio de si até o desprezo de Deus, esse animal que mente. A economia é pessoal e circunstancial.

4.1) Uma pessoa é um indivíduo. E o verdadeiro indivíduo está sempre diante de Deus, confessando todos os seus atos e prestando conta a Deus de tudo o que faz, pois tudo pertence a Deus.

4.2) A vida de uma pessoa é medida pelas suas circunstâncias e pela incerteza. Por essa razão a economia tende a se voltar para o bem comum, o que prepara as pessoas para a vida eterna. Tende a ser, portanto, economia de utilidade pública, pois ajuda a edificar ordem pública, a ponto de um país ser tomado como um lar em Cristo.

5)  A doutrina do preço justo, fundada no fato de que não devemos servir a nosso irmão com usura, é o que faz com que saibamos discernir quais preços são justos e quais preços são vis. E isso no pede que a gente conheça as razões pelas quais meu irmão aumentou o preço de um determinado. E você deve tomar conhecimento dessa decisão.

6) O fato de o aumento e a redução de preços se fundar numa decisão é a prova cabal de que a lei da oferta e da demanda não é um mecanismo, pois estas coisas não se dão de modo automático. Há uma tendência de aumento ou redução de preços que pode ser seguida ou não pelos que oferecem os produtos - e para isso precisamos conhecer suas razões, o que os levou a tomar tal decisão e não a outra. Se forem justas, pagaremos o preço justo; se injustas, isso caracteriza usura, o que é odioso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de maio de 2020.

Comentários sobre justiça e economia no tocante à preferência de bens presentes a bens futuros

1) Numa sociedade materialista, a maioria das pessoas preferirá os bens do presente aos bens do futuro, uma vez que há uma tendência de esses bens do futuro não chegarem, em razão de algum risco.

2) Quem tem bens do presente tenderá a cobrar um preço maior hoje, de modo a estimular a produção de bens futuros do mesmo gênero, quantidade e qualidade que os vendidos do presente, uma vez vendidos os bens do presente, garantindo assim a fungibilidade dos bens.

3.1) A cobrança de um preço adicional com o intuito de estimular a produção de bens futuros tem um fator justo, visto que ela é benéfica para toda a sociedade. Mas esta informação tem que ser passada para o consumidor de modo que ele possa colaborar com a atividade do produtor - e isso se dá através da negociação, onde na conversa essa informação é passada. 

3.2) Se esta informação for incutida no preço sem que haja uma negociação, sem que haja uma conversa prévia de modo a se tomar conhecimento dos motivos determinantes que levaram um determinado produto a ter ser seu preço aumentado, então tal cobrança tende a ser injusta, visto que estou coagindo de maneira moral alguém a pagar por um preço que, a primeira vista, não parece ser justo, o que caracteriza usura.

4.1) No mundo moderno, o fato de muitos compradores comprarem um produto sem negociar revela uma crise nos contratos, uma crise na capacidade de negociar - e isso faz com que a justiça dessa cobrança seja servida com fins vazios, em razão da cultura da impessoalidade que há nas relações comerciais de massa.

4.2) A mera cobrança de preço pode acarretar surpresa e eventual conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida, o que enseja processo. Eis aí a base para judicialização das relações de consumo, em razão dessa cultura de crise do contrato, fundada numa confiança precária.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de maio de 2020.