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segunda-feira, 21 de março de 2016

Carta que recebi de meu amigo Felipe Marcellino

Caro José Dettmann:

Um dia após ter recebido a sua recomendação da obra de Zacharias de Góes e Vasconcellos, falei com uma senhora paranaense que também mora em Évora, tendo ela me dito que nunca votou no PT e que a maior parte das pessoas que ela conhecia, no Paraná, era anti-petista.

Mais tarde, em casa, espontaneamente fui movido a abrir uma lista de governadores do estado do Paraná, e fiquei admirado ao ver que o primeiro presidente dessa antiga província foi justamente o Zacharias de Góes e Vasconcellos!

Faço a questão de notificá-lo sobre essa ocorrência, que considero um sinal do Pai para a relevância e continuação do estudo dessa obra.

Um abraço e um santo dia para si!

Felipe Marcellino

Pós-escrito:

Zacharias de Góes e Vasconcellos - Da natureza e dos limites do Poder Moderador (1978):
http://adf.ly/1YcbU0

domingo, 20 de março de 2016

Espírito feudal x espírito mercantil

1) Se o espírito feudal se funda na aliança do colono com o soldado, que por sua vez se funda na Aliança do Altar com o Trono - coisa que se funda na liberdade em Cristo -, durante a época das Grandes Navegações tivemos de conviver com outro espírito, trazido com o Renascimento Comercial: o amor ao dinheiro, coisa que leva à economia fundada nos monopólios, fundada no pecado da ganância. 

2) Se tudo se reduz ao dinheiro, então qualquer coisa pode ser mercantilizada. Os comerciantes portugueses compravam os escravos das tribos guerreiras africanas e os revendiam na América, como se fosse coisa. A Igreja combateu duramente a ação nefasta dos que praticavam a mercância, esta atividade marginal, fora daquilo que foi estabelecido em Ourique.

3) O espírito mercantilista se aperfeiçoou na economia de larga escalada trazida por conta da Revolução Industrial. Usando ´tecnicas publicitárias e associações com a atividade bancária. Esse mercantilismo gerou um verdadeiro modernismo, destruindo todas as fundações decorrentes do verdadeiro espírito Cristão.

4) A ordem fundada no amor ao dinheiro é essencialmente mercantil e não crê na fraternidade universal - além disso, quer poder absoluto sobre tudo e todos. A atividade mercantil, fundada no amor ao dinheiro, é uma atividade marginal, pois ela relativiza tudo o que é mais sagrado. 

5) Não existe uma luta de classes, mas uma luta de espíritos: o espírito da vida feudal, liberal e conservador, revolucionário no sentido romano do termo (já que a vida se dá em ciclos, como na agricultura), e o espirito da vida mercantil, libertário, conservantista e revolucionário, no sentido germânico do termo, fundado na corrupção e na violência, própria dos bárbaros. Este espírito bárbaro é que prepara o caminho para o comunismo, para o totalitarismo.
 
José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro, 20 de março de 2016 (data da postagem original).

Se a vida é feudal, ela começou a ser globalizada em Ourique

1) Se Cristo veio nos trazer a espada - e com a espada, o arado, em tempos de paz - então a vida, dentro do contexto Cristão, é essencialmente feudal.

2) É no feudalismo que vemos de maneira mais clara a aliança entre o colono e o soldado. Esta vida se espalhou para outros continentes, a partir do momento em que Cristo, na Aliança do Altar com o Trono edificada em Ourique, deu aos portugueses a tarefa de servir a Ele em terras distantes. 

3) Povos inteiros de continentes diferentes foram chamados a servir a Cristo em outros continentes, por força da missão edificada em Ourique. Africanos lutaram como soldados do Império Português, seja como guerreiros ou missionários - alguns foram servir em Portugal também como colonos. A mesma coisa também se deu na Ásia. Na América, tribos inteiras serviram aos portugueses nesta mesma qualidade. Enfim, Portugal globalizou o espírito feudal, próprio do Cristianismo, fundado na aliança do colono com o soldado, coisa que foi edificada na aliança do altar com o trono.

4) A noção de Império, em que há a aliança de povos inteiros, de continentes diferentes, fundada no Deus feito Homem, criou uma verdadeira continentalização das almas - um trabalho sem precedentes na história da humanidade. Estudar este império pedirá muitos anos de análise, de modo a que seja restaurado e tomado como se fosse um lar em Cristo. É um tesouro inestimável que merece ser restaurado. Eis o próximo desafio para a teoria da nacionidade. Por enquanto, não estou à altura dessa tarefa.

Notas para uma economia de larga escala fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus

1) Quando se é um bom servidor e quando se é famoso por conta da qualidade do serviço prestado, então é licito organizar-se de modo a produzir em larga escalada e de um jeito que não se perca a boa qualidade da produção, quando o método era artesanal.

2) Antes de você dizer sim a esse serviço, é preciso estudar e se preparar, ainda quando se é pequeno, e fazer as coisas quando a hora chegar, quando houver uma efetiva demanda por seus serviços para isso. Como isso implicará aumento dos custos, isso implicará um preço maior pelos serviços prestados. Eis a inflação de demanda - a única inflação verdadeira.

3) O segredo da economia de larga escala implica não impessoalizar os serviços, não deixar o dinheiro falar mais alto do que aquilo que se funda naquilo que é conforme o Todo que vem de Deus - como os valores de Deus se fundam na bondade, na excelência, então isso pede relações empresariais fundadas no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo, bem como no senso de se trabalhar junto, pois a empresa é também comunidade.

4) Servir em larga escala é um tipo de evangelização. E só é lícito fazer dessa forma se você for chamado a fazer isso, por conta do bom trabalho prestado. Como isso é trabalho típico de colono, então a divulgação dos serviços se fará de maneira reservada e no boca-a-boca, pois publicidade é ilusão, é fazer mentira tornar-se verdade, aplicada à economia de mercado - e o capitalismo, fundado no amor ao dinheiro, é também economia de guerra. Eis a ordem dos extrovertidos, dos verborrágicos, dos que falam sem agir de maneira comedida e fundada na caridade.

Notas sobre a falsa noção de sustentabilidade

1) Na ordem libertário-conservantista, o termo "sustentabilidade" está servido de maneira vazia. Como todos têm a sua própria verdade, a sustentabilidade será uma utopia, pois o servir aos outros é uma evangelização vazia, de modo a gerar um verdadeiro relativismo moral. Vocês já reparam que muitas empresas adotam discursos revolucionários e anticristãos?

2) Onde se ama o dinheiro, a economia fundada na prestação de bens e serviços não trará valor agregado, uma vez que se funda no fato de que as coisas não são feitas com amor e com carinho de modo a fazer do seu próximo, aquele ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, seu cliente. Onde se ama mais o dinheiro do que a Deus, as coisas são servidas de maneira genérica e padronizada - e nada é feito para durar.

3) Como nada é feito para durar, a legislação, a regulação tende a substituir o bom senso das pessoas, pois a verdadeira lei se funda na carne. Isso não só limita a liberdade como também a criatividade empresarial, além de aumentar os custos.

4) Não é com libertarismo econômico que se combate o totalitarismo - é com cristianismo puro e simples, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus, que se cria a verdadeira ordem econômica liberal e conservadora: o distributivismo, coisa que é fundada no comunitarismo.

Obs: Liberal aqui está no seguinte fato: se Cristo é a verdade, Ele é a liberdade. Se Ele deu pleno cumprimento à lei mosaica através do amor, então Ele foi liberal, magnânimo. E as coisas são dadas na bondade, na caridade. E o dar sistemático implica distribuir. Logo, é distributivismo.

Notas sobre debate público

1) Quando o professor Olavo de Carvalho fala de debate público, ele está dizendo que é preciso falar aquilo que é verdadeiro para todos de maneira indistinta, pois isso implica fazer o bem sem olhar a quem. Esta conduta leva não só ao risco da incompreensão, o menor do males, mas também ao martírio moral, tal como vemos hoje. Eis aí que o debate público e o maior dos serviços. Ele depende de soldados vocacionados para essa tarefa. 

2) O problema do debate público numa sociedade descristianizada está no fato de que cada um tem a sua verdade. Como isso nasce numa sociedade onde ninguém crê em fraternidade universal, então a possibilidade de você ser crucificado publicamente por falar a verdade é muito grande. É preciso muita coragem, muito amor ao próximo, de modo a fazer isso. 

3) Para quem tem um senso mais reservado, para quem está dentro do âmbito das catacumbas, o senso de público está na constante ampliação do espaço privado - e para isso ele precisa ter a sua disposição pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, de modo a que possa expandir seus serviços de uma maneira sustentada na verdade. À medida que o exército dos corajosos conquistam territórios, os reservados, os empreendedores que semeiam consciência de modo a que todos possam a estar em conformidade com o Todo que vem de Deus, vão colonizando as almas através da educação e das artes, de modo a Cristo faça nelas Santa Habitação. Como uma fé reta e uma consciência reta dependem de rica formação, esses reservados são exatamente as melhores pessoas para este trabalho, em tempos de paz. Esse trabalho, próprio dos colonos, completa o trabalho dos corajosos, os soldados de Cristo. E o trabalho do colono constrói o verdadeiro senso de público, aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus: pessoas em comunidade amando e rejeitando as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

4) Uma guerra espiritual não será completa se não houver colonos trabalhando ao lado dos soldados. Para cada território conquistado, o colono deve povoar espiritualmente as almas de modo a que o novo território seja tomado como se fosse um lar em Cristo. Ele é um empreendedor na educação e nas artes, base que produz uma fé ainda mais sólida. Ele depende da ação do missionário, do soldado, do conquistador de almas para Cristo, o verdadeiro forjador e destruidor de Impérios.

5) Cristo veio trazer a espada, o trabalho missionário. O que não se vê é que, em tempos de paz, ele também trouxe o arado, a marca do povoamento espiritual por excelência.

6) Tanto o trabalho do soldado quanto o do colono são santificadores. A santidade do corajoso é maior porque ele derramou seu sangue por Cristo, no bom combate. O colono, o menor no Reino dos Céus, ele se torna grande quando serve ou rege seu povo - e ao servir, ele faz com que os últimos se tornem os primeiros, corajosos. São dois trabalhos diferentes, mas extremamente relevantes - cada um serve a Cristo dentro de suas circunstâncias.

sábado, 19 de março de 2016

Por que uso os Partidos Português e Brasileiro como modelos teóricos, de modo a descrever o que penso?

1) Mesmo que os insensatos não criem o Partido Português e o Partido Brasileiro, pelo menos servem de modelo teórico para a teoria política do Império que estou construindo.

2) Ao contrário das teorias políticas que se fundam na abstração, esta teoria política é uma reconstituição acerca da nossa experiência política.

3) Se existe arqueologia política, o estudo dessa cultura política há muito perdida com a República, então é isso que estou fazendo.