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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Notas sobre a necessidade de estudar a teoria das côrtes gerais do Império Português

Contei uma coisa para o meu amigo Marcus Boeira:

_ Certa ocasião, quando examinava o milagre de Ourique, eu percebi que a questão de servir a Cristo em terras distantes pede toda uma teoria Constitucional e de Estado completamente diferente de tudo aquilo que já se concebeu - e não admite comparação com as outras, pois emana do próprio Cristo. E  essa teoria só vale para o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Meu amigo me disse:

_ Recomendo que leia Antônio Sardinha. O que ele diz coincide com o que você fala.

Não é a primeira vez que o que falo lembra esse autor português, embora eu nunca o tenha lido antes. Tempos atrás, um outro colega, o Fernando Rodrigues Batista, também apontou a mesma coisa.

Chegando na Estante Virtual, eis algo que me chamou a atenção: a Teoria das Cortes Gerais escrita por esse mesmo autor.

Eu me pergunto: por quê um autor que escreve sobre algo tão importante sequer é lido? E por quê ninguém nunca me falou dele, quando estava na faculdade? Se não fosse o facebook, eu morreria sem saber.

Graças a Deus que existe rede social! Se não fosse por isso, jamais encontraria essas vivas almas - se dependesse da minha circunstância geográfica, nem com uma vela acesa eu conseguiria as coisas de que estou precisando, fundadas no saber e no estudo sério.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 2016 (data da postagem original).

Um exame epistemológico da obra Bandeirantes e Pioneiros de Vianna Moog

1) Do ponto de vista epistemológico, a tentativa de se fazer um paralelo entre o bandeirante e o pioneiro esbarra num pequeno problema: que o Brasil nasceu no ano de 1500 - o que é claramente errado, pois o Brasil nasceu naquilo que se estabeleceu em Ourique. Vianna Moog, ao fazer seu livro, certamente recebeu a influência do pensamento de Oliveira Vianna - e ao fazer um paralelo entre essas culturas, ele tomou os fatos sociais como se fossem coisa, fazendo análise histórico-sociológica de forte viés materialista.

2) A análise de Moog não leva em conta o seguinte dado: é preciso se fazer um estudo histórico acerca da fundação do Brasil - desde Ourique até a descoberta em 1500, quando houve o desdobramento dessa tradição em terras americanas - e compará-lo com o surgimento dos EUA, enquanto conseqüência das tiranias do Rei Henrique VIII, passando pela república puritana de Cromwell. Este elemento espiritual está faltando, de modo a que se tenha um paralelo perfeito entre uma coisa e outra.

Notas sobre o Papa Francisco, o Papa paraconsistente

1) Se Deus pode conceder um não-A, quando pedimos A, então Ele pode perfeitamente nos conceder um Papa que não é exatamente o que queremos, mas que cai como uma luva para os tempos em vivemos.

2) Um Papa como Francisco, tão humano e tão falho quanto nós, nos faz lembrarmos de que precisamos ser humildes e estarmos sempre em constante exame de consciência de modo a estarmos em conformidade com o Todo que vem de Deus, no seu sentido mais pleno.

3) Enquanto para muitos este Papa é o do fim do mundo, para mim, em particular, ele me foi uma bênção, pois está me ensinando a ser um bom católico - trata-se de uma extensão do pontificado de São João Paulo II.

4) Essa conduta escandalosa de muitos, como fazem publicamente no facebook, só revela o conservantismo de muitos. E nisso estão à esquerda do Pai em seu grau mais básico.

Comentários sobre uma passagem do livro do Êxodo

1) Na época de Moisés, Deus se declarava ao seu povo da seguinte forma: eu sou aquilo que sou.

2) Se Deus é aquilo que Ele é e as coisas são concedidas com base no tempo d'Ele, então a contradição é própria da realidade, pois Deus fala através de palavras, atos e coisas.

3) Se eu peço a Deus A e Ele me concede um não-A, então esse não-A é uma graça de Deus - e eu devo fazer um exame de consciência de modo a estar em conformidade com o Todo que vem de Deus, pois o meu A pode não estar revestido de boas intenções ou será concedido em tempo oportuno. E talvez esse não-A me seja uma preparação para esse A que eu tanto quero.

4) A contradição não quer dizer negação da verdade, mas mostra a revelação de dados suplementares de modo a que eu tenha um entendimento completo daquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

5) Para eu conservar a dor de Cristo, eu preciso examinar o A e o não-A e ficar com o que é conveniente e sensato, pois isso é próprio do Pai. O caminho da conversão, do senso de se conservar a dor de Cristo, é conservando o que é conveniente e sensato - e é esse conservantismo sensato que nos leva a estarmos à direita do Pai no seu grau mais básico.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Até eu tenho dúvidas ou reservas quanto aos ensinamentos de certos papas

1) Tenho reservas quanto a um ou outro ensinamento do Papa? Tenho, em certos ensinamentos do Papa Francisco, assim como em Paulo VI - mas nem por isso vou sair pregando aos quatro ventos o que vejo, pois isso seria falta de caridade intelectual para com o meu próximo. Para quem tem 35 anos, minha vivência é menor do que a média dos que têm a minha idade ou um pouco menos - por esse motivo, não tenho o direito de dar pitaco em algo que não sei.

2) Além disso, não é do meu feitio abrir a boca se eu não estiver inspirado pela luz do Espírito Santo. Bem ao contrário de muitos que vejo por aí, que leram demais e se acham melhor entendedores da doutrina católica do que os Papas.

3) Meu perfil é público - e se eu quiser discutir essas coisas, eu faço isso em reservado, com gente que melhor entende o assunto do que eu, como a minha amiga Sara.

4) Essa má consciência, que em parte o Olavo estimula e que em parte zé povinho mimetiza, é a causa da ruína de todo um trabalho feito pelos sérios. 

5) Eu tenho certeza de que o mundo pós-Olavo vai estar preparado a não repetir os erros dessa conduta reprovável, pois seus textos terão ampla divulgação e a sensatez de alguns consagrados não fará imitação neste ponto - e crer na sensatez de quem não conheço é um ato de esperança e de caridade, pois é um ato de amor. Até lá, estarei vivo e fazendo o meu melhor.

6) Antes de falar o que penso, eu procuro meditar e procuro conhecer todos os fatos antes de fazer um juízo sobre esse assunto. Isso demanda tempo - e é esse tempo que não é respeitado. Mesmo uma pessoa experiente deve respeitar esse tempo, pois isso a Deus pertence.

Weber deve ser lido como um retrato da mentalidade revolucionária, mas não como um documento científico

1) Os libertários são eternamente desconfiados das intenções do Estado - por outro lado, eles querem buscar algo utópico, vazio, que é edificar uma liberdade fora da liberdade em Cristo. Neste ponto, eles são extremamente incoerentes, pois tudo o que eles pensam é fundado em sabedoria humana dissociada da divina.

2) O universo libertário-conservantista é marcado pelo hedonismo, pelo relativismo moral e pelo materialismo - como essa ordem de coisas pede dinheiro, eles acham que a riqueza e o trabalho duro são a base da salvação para o mundo, marcado pela ausência da fraternidade universal.

3) O libertarismo, seja em sua forma clássica ou radical, é filho do calvinismo e do luteranismo. Se a ordem fundada no amor ao dinheiro como se fosse um Deus nasce da visão de mundo protestante, então ela é essencialmente revolucionária, pois ela vai querer se impor à ordem natural e verdadeira por meios violentos e/ou fraudulentos, tal como é o marxismo - e ao tomar esta falsidade como se fosse coisa, por conta da influência do positivismo nas Ciências Sociais, o trabalho de Weber acabou se tornando um mero retrato do que é a mentalidade revolucionária, em seu estágio mais embrionário, enquanto construtor da longa estrada para o abismo que é o comunismo - e ele deve ser visto apenas dessa forma. Pois foram os próprios libertários mesmo que edificaram um Estado sem Deus, laico, em que este não sujeita suas leis à autoridade do Sagrado Magistério da Igreja. Eles tiveram como ponto de partida a negação que os protestantes fizeram da autoridade da Igreja - e isso foi o que pavimentou o agigantamento do Estado, de modo a ser capaz de destruir todo o senso de se tomar o país como se fosse um lar em Cristo e convertê-lo num senso de tomá-lo como se fosse religião, fazendo com que o poder e a legitimidade fossem servidos para fins vãos, vazios, de modo a só agradar aos caprichos dos tiranos, o que é extremamente odioso.

4) O trabalho de Weber só tem seu valor apenas como uma peça documental, um registro histórico - só tem valor informativo. Como registro científico, não tem valor algum, a não ser como uma pedra angular que, se for lida sem a devida orientação do Sagrado Magistério, serve para se edificar heresias e almas deformadas: se o protestantismo é revolucionário e seu subproduto -  o capitalismo, fundado na ética protestante - é revolucionário, então não faz sentido forjar um movimento político em algo que é fora da realidade, fora daquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

5) Tenho acompanhado muitos buscarem ler o trabalho de Weber, movidos pelo modismo intelectual que pulula pela Internet, pois o libertarismo mesmo se tornou uma moda intelectual, assim como o pseudoconservadorismo fundado na tradição anglo-americana, cujas bases não têm relação alguma com o Brasil, que foi fundado na Aliança do Altar com o Trono edificada desde Ourique. O sensato deve evitar esses modismos - se for para ler essa obra, ele deve buscar o apoio de pessoas experientes, formadas na Santa Tradição Católica, de modo a que possam aprender o máximo que puderem, sem correrem o risco de terem a alma deformada pela mentalidade revolucionária. Muitas pessoas são neófitas quanto a isso - e antes de se aventurarem nessas leituras, elas devem se pautar no apoio de gente mais experiente.

O tempo da vida intelectual é o tempo de Deus, o da eternidade

1) Em tempos como os nossos, uma expansão rápida tende a ser vista como sinônimo de sucesso. Se olharmos as coisas mais de perto, perceberemos que tudo o que é fundado no apelo propagandístico ou no amor ao dinheiro é meramente efêmero, vazio.

2) A verdade é que os trabalhos de melhor qualidade - os que oferecem conteúdo substancial a todo o povo, de modo a que ele tome o seu país como se fosse um lar, em Cristo - pedem uma enorme dedicação e muito esforço, de modo a que possam crescer naturalmente sustentados na verdade, naquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. Por conta disso, esse trabalho é mais demorado, pois exige que se carregue a cruz, que é pesada, e que siga a Jesus, de modo a servir a Ele em terras distantes.

3) Enfim, todo aquele que busca a fama e que fará qualquer coisa por isso, de modo a ter seus 15 minutos de fama, está buscando algo vazio, pois só conservará o que é conveniente e dissociado da verdade. E cedo ou tarde, isso tudo ao pó retornará.

4) O mundo moderno se tornou algo pragmático, utilitário, pois visa obter o máximo de resultados possível de modo a chegar ao sucesso o mais rápido possível. Perdeu-se o tempo da eternidade, perdeu-se a paciência, perdeu-se a esperança, bem como a caridade. E isso é algo muito triste.

5) O lado bom é que não estou sozinho nessa. Se tive a sorte de encontrar pelo menos 30 pessoas que compreendem tudo aquilo que tenho a dizer, então eu estou no lucro. Melhor essas pessoas, ainda que dispersas pelo país afora, do que 300, que não fazem outra coisa senão inflacionar o meu perfil. O dia em que eu tiver 5000 pessoas colaborando efetivamente comigo, aí posso me dizer que sou uma pessoa realizada. Aí surgirá o tempo de abrir um segundo mural, um terceiro - embora eu já tenha uma página de facebook, penso que ela só vale a pena se eu pelo menos lotar dois ou três perfis individuais, sem repetir os mesmos contatos. Pois a página é o ponto de encontro entre todos os que se encontram nos meus perfis.

6) No mundo virtual, usar métodos publicitários e de massificação são uma verdadeira tolice. A vida intelectual é evangelização - e isso pede que você converta as almas de uma a uma, através do contato pessoal, face a face. Mais recentemente é que conheci meu primeiro contato de facebook pessoalmente - e pretendo conhecer mais contatos online pessoalmente. Por enquanto, só posso atuar dentro do Rio de Janeiro. O dia que puder fazer isso em outros estados, aí a coisa ganha outro contorno.

7) Enfim, a vida cultural é a base da política. E isso implicará sempre evangelização, pois todos devem amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.