1) A verdade é que a música eletrônica não é um mero tambor que o branco toca quando tenta imitar o africano, mas um verdadeiro bate-estacas, pois dentro de todo esse movimento por trás do ritmo há toda uma filosofia de natureza modernista, que renega a metafísica da arte. Ela destrói tudo de modo a construir alguma coisa no lugar, mas não se sabe o que é, pois ela não tem planos, por ser irracionalista na essência.
2.1) Os que apreciam tal música são como operários em construção (cuja mente é como uma tela em branco, onde você pode pintar qualquer rabisco tosco e sair por aí dizendo que é obra de arte - obra de arte moderna, diga-se de passagem).
2.2) Eles se enquadram na definição de criança, segundo Locke. E isso é uma espécie de dadaísmo musical.
3.1) O dadaísmo é uma arte caótica, onde as coisas são criadas ao acaso, sem uma intenção estética definida. Ela tem um aspecto primitivo e bárbaro, sem nenhum apreço ao belo, ao harmônico, que geralmente remete a Deus.
3.2) Como o diabo aprecia o feio e o disforme, ele foi usado como uma arte de protesto, uma vertente do movimento revolucionário. Desse movimento, surgiu uma nova arte naïf (arte ingênua), que é essa mesma arte, só que adota o mito do bom selvagem de Rousseau como um ideário estético a ser perseguido em si mesmo, uma vez que o homem nasce bom, mas a civilização o corrompe.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2019 (data da postagem original).
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