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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Notas sobre a democracia moderna e o fenômeno da concentração de poder em poucas mãos

1.1) A democracia moderna - ensina-nos José Pedro Galvão de Sousa - falhou porque ela é uma herdeira da revolução, pois ela se inspira na idéia rousseauniana de que a 'vontade geral' é soberana.

1.2.1) Essa vontade é abstrata - por essa razão, não tem como ser representada.

1.2.2) Em um Estado liberal-democrata, a vontade abstrata é constituída do consórcio de muitas vontades individuais que teriam de ser representadas, por força de terem vencido a eleição e por serem consideradas as mais relevantes naquele momento em que houve a eleição, de modo a se promover o bem comum. Ela tende a levar em conta um provável "consenso".

1.2.3) Em um Estado social-democrata, a vontade abstrata é constituída do conjunto inteiro da sociedade que teria de ser representada.

2.1.1) Isso, evidentemente, é utópico.

2.1.2) A única forma de haver legítima representatividade - segundo ele - era por meio do municipalismo (princípio de subsidiaridade). Isso ajudaria a descentralizar o que devia ser descentralizado no Estado e a centralizar o que devia ser centralizado.

2.2) Com o surgimento da internet, na década de 90, essa falha no sistema democrático moderno, da qual falava Galvão de Sousa, parecia estar sendo solucionada com o surgimento dos blogs, os quais foram celebrados como a voz do indivíduo na sociedade, que finalmente seria ouvida.
No entanto, para Matthew Hindman - em seu livro 'O Mito da Democracia Digital' -, essas vozes eram muitas - e só algumas despontavam para o público com um interesse maior. Quando isso acontecia, logo passavam a ser subsidiados pelos clássicos representantes da elite política, fazendo com que a esfera alternativa dos blogs passasse, mais uma vez, a transmitir conteúdos idênticos aos da Big Mídia ou do Mainstream (tal como estamos a ver no caso dos blogs da esgotosfera).

2.3) Essa foi a primeira onda da internet: a idéia de que a internet ia causar o rompirmento do antigo modelo de Estado e de mídia Mainstream não aconteceu. Muito pelo contrário - o Estado continua o mesmo e a mídia Mainstream está mais viva do que nunca. Se a banda The Buggles entrasse na onda, diria na letra da sua música, mais uma vez, que a "internet killed the power and the big mídia stars", e erraria mais uma vez, como errou com o rádio.

 2.4.1) A segunda onda da internet vem com o surgimento de startups não-lucrativas, que prometiam estreitar as relações sociais na base do compartilhamento comunitário (TaskRabbit, eBay, Postmates, Lyft, Uber etc).

2.4.2) A dona Maria precisa de um saco de açúcar e pede à vizinha - ela não cobra nada pelo açúcar ou então pede à dona Maria que lhe dê apenas o valor que ela pagou por ele.

2.4.3) A dona Josefina precisa fazer uma compra mas não tem como ir ao supermercado. Então ela pede ao vizinho, que estava indo com a sua mulher ao mercado, para que aproveitasse a viage para trazer-lhe uma pequena compra, a qual seria paga assim que o casal vizinho voltasse.

2.4.4) O seu José precisa ir ao centro da cidade, mas não tem carro, então ele pede ao vizinho, que para lá estava indo, uma carona, cuja remuneração de custos o vizinho pode rejeitar ou aceitar.

2.4.5) Esse modelo da segunda onda da internet é chamado de 'economia de compartilhamento' - e isso foi celebrado no início como um novo meio de causar a ruptura com o modelo antigo, desta vez não dos velhos barões da política, mas dos velhos barões das grandes corporações monopolistas.

2.4.6.1) À medida que uma ou outra dessas startups ia crescendo em popularidade nas redes sociais, o Big Business - que nunca foi imbecil - começou a se interessar por elas. De 'não lucrativas' que eram passaram a ter uma tremenda lucratividade, a tal ponto que as relações sociais - em vez de serem aproximadas, solidificadas e aprofundadas - foram todas quantificadas e mercantilizadas depois que essas startups passaram a buscar o monopólio para o capital financeiro que as subsidiava.

2.4.6.2) Se havia uma grande chance de você obter um saco de açúcar com sua vizinha e não pagar nada por isso ou mesmo compensar o que ela pagou por ele, agora isso já não é mais possível. Se havia alguma possibilidade de o seu vizinho lhe dar uma carona sem custo, ou mesmo por um valor irrisório por isso, agora não há mais essa possibilidade.

2.4.6.3)Agora todas as relações sociais estão sendo quantificadas economicamente. A internet não só não entregou nada do que prometeu, tanto na política quanto na economia, como agravou a coisa extraordinariamente, concentrando ainda mais o poder dos velhos barões da política e do grande capital
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3.1) Não se iludam. Como já disse Bertrand de Jouvenel em seu livro "Du pouvoir : Histoire naturelle de sa croissance": O poder só cresce, seus bobinhos.

Roberto Santos (https://www.facebook.com/roberto.santos.3114/posts/10214827445303134)

Facebook, 3 de novembro de 2017. 

Devemos defender as minorias abraâmicas e não toda e qualquer minoria fundada no homem, pelo homem e para o homem

1) A única minoria que deve ser mesmo defendida é a minoria abraâmica. Mesmo que produza descendentes tão numerosos quanto as estrelas do céu, ela nunca vai ser tirana, pois vive em conformidade com o Todo que vem de Deus, uma vez que Este é bom.

2) A s demais minorias se fundam no homem. Por isso mesmo, defendê-las é filantropia - e é neste ponto que a política deixa de ser caridade e organizada de tal maneira a servir ao bem comum, uma vez que essa defesa se voltou para o nada. E é dessa filantropia que essas minorias se desenvolvem e se tornam tirania - como se fundam no homem, pelo homem e para o homem como a medida de todas as coisas, elas guardam de si a marca do pecado original, a tal ponto que fazem da terra uma sucursal do inferno.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2017.

Notas sobre a importância das minorias abraâmicas para se tomar o país como um lar em Cristo

1) Quando leio textos dizendo que o caráter do povo não é nobre, eu tendo a ver que o escritor que proferiu tal dizer em tinta é desonesto em suas análises, uma vez que isso é uma ofensa à minoria abraâmica que toma o país como um lar em Cristo, apesar dos apátridas que nasceram biologicamente na terra e que se acham majoritários no momento em que este produziu a análise. São esses majoritários que tomam o país como se fosse religião a ponto de negar a fé verdadeira, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. Quando falam que brasileiro é ingrato ou outra coisa parecida, isto tende a ser uma ofensa a mim, pois eu nasci no Brasil, mas não pratico os pecados que a maioria pratica.

2.1) Cristo disse que bem-aventurados são os mansos, pois herdarão a terra, ao tomá-la como um lar em Cristo de modo a servir a Ele em terras distantes, uma vez que Cristo quer um Império para si. E esses mansos vão se multiplicar por força dessa minoria abraâmica que há.

2.2) É por essa razão que prefiro dizer "os apátridas nascidos no Brasil, que constituem a maioria que dá legitimidade a um governo ilegítimo fazem x e y" a dizer "os brasileiros fazem x e y", pois isso é atribuir uma culpa que não decorre da minha conduta, pois nada de mal eu fiz ao meu país. Muito pelo contrário - desde que me converti à fé católica eu tentei ser santo a vida inteira, pois renunciei ao pecado e à apatria praticada pela maioria do povo.

3.1) O fato de essa minoria abraâmica existir já impugna qualquer afirmação generalista fundada no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. A maior prova disso é que a afirmação de que cada povo tem o governo que merece é uma ofensa grave a essa minoria abraâmica que sofre por conta da maioria que peca sistemática.

3.2) É por essa razão que odeio democracia, pois ela tende a ser tirania da maioria, quando o Estado, tomado como se fosse religião, conduz a vontade geral de modo a edificar uma liberdade com fins vazios, expulsando Cristo, a verdade em pessoa, da ordem pública. E é exatamente isto que está ocorrendo em toda a Europa, exceto Polônia e Hungria.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2017.

domingo, 12 de novembro de 2017

Você está pronto para essa aventura intelectual que é tomar o país como um lar em Cristo?

1) Tem gente que vai dizer que este assunto (nacionidade) é dificil e vai desistir.

2) Ele é mesmo difícil, assim como é difícil entrar pela porta que dá para o Céu, que é estreita. Por isso, se você não for persistente e não tiver o Santo Espírito de Deus como seu guia, então não compreenderá uma só vírgula do que eu digo.

3) Estudo este assunto desde 2004. Até hoje ele é difícil para mim, mas eu me esforço realmente em compreender isto, já que se trata de um verdadeiro mistério para mim. Tudo o que peço é sabedoria para poder compreendê-lo bem. É aí que os véus são removidos e posso discorrer sobre isso.

4) Estudar nacionismo atende a esta lógica: muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos. Esta é uma verdadeira aventura, uma verdadeira odisséia intelectual - passei 4 anos estudando esse tema e ele tende a ser inesgotável.

5) Se você esta à altura desse desafio, siga o meu exemplo: pegue sua Cruz, siga Cristo e vá servir em terras distantes de modo que o Brasil seja tomado como um lar em Cristo, da forma como isso foi estabelecido em Ourique, no fatídico dia de 25 de julho de 1139.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2017.

O que o vigário de minha paróquia e minha professora de Direito Constitucional têm a dizer sobre o meu trabalho?

1) Tanto minha professora de Direito Constitucional, Edilene Senna, quanto o Pe. Evandro, o vigário de minha paróquia, foram unânimes: meus textos são um verdadeiro desafio para quem os lê, pois trato de um assunto que lembra a porta estreita pela qual todos devemos passar e da qual Cristo sempre nos advertiu a respeito, quando esteve entre nós: devemos tomar o país como um lar em Cristo de modo a nos preparar para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu, uma vez que tomar o país como se fosse uma segunda religião de modo a revogar a Santa Religião, a primeira e derradeira, é a porta larga que nos leva à apatria, ao inferno na Terra.

2) Trata-se de um assunto realmente difícil e que deve ser estudado por quem esteja a buscar a sabedoria - por isso que dediquei quase 4 anos da minha vida a estudar este assunto da melhor forma possível.

3) Se o assunto é difícil até mesmo para mim, que estudo há mais de dez anos sobre ele, ele também não será fácil para quem é neófito na área. Para se compreender um assunto desta natureza, você precisa deixar que o Santo Espírito de Deus te conduza. Se você estiver somente interessado em acumular dados, ao invés de buscar a sabedoria, este estudo não é pra você.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2017.

O todo é maior do que a soma das partes - porque nacionidade não é metanacionalidade?

1.1) Aristóteles dizia que o todo é maior do que a soma da partes.

1.2) A maior prova disso é que, quando tomamos dois ou mais países como um mesmo lar em Cristo, uma cultura nova é formada a partir do casamento das virtudes de uma cultura com as virtudes da outra - e essas virtudes tendem a curar os vícios de uma cultura local, uma vez que o verdadeiro amor se funda no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

1.3) Assim como homem e mulher são complementares, as culturas são complementares: uma mulher que toma a Polônia como um lar em Cristo não é como uma mulher do Brasil, filha de militar e que toma o país como se fosse religião - e isso pode fazer dessa mulher da Polônia um perfeito complemento para um homem do Brasil que toma o país como um lar por força daquilo que houve em Ourique, uma vez que ele não tem os vícios daqueles que tomam o Brasil como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele - coisa que caracterizaria apatria, uma vez que o vínculo com o governo que rege esta terra, construído a partir da mentira armada para se romper com Portugal e com aquilo que se fundou em Ourique, é voltado para o nada.

2.1) Quando dois ou mais países são tomados como se fossem um lar em Cristo, a cultura que o Brasil tinha por força do que houve em Ourique é resgatada e reconstituída, assim como a cultura da Polônia tomada como um lar em Cristo é preservada como parte de memória da família, principalmente no que tange aos mortos dessa família serem sistematicamente lembrados, por terem agido com santidade, em relação a esta nobre causa.

2.2) É por essa razão que esse todo virtuoso não elimina as partes, que permanecem vivas. E é dentro do âmbito da família que toma dois ou mais países como um mesmo lar em Cristo que essa nova realidade é trabalhada e distribuída de modo a atingir aos semelhantes que se encontram na mesma mesa, na mesma vizinhança, na mesma paróquia, na mesma cidade, na mesma região ou mesmo na mesma província.

2.3.1) Quanto mais virtuosa e influente for esta família, maior a força do exemplo e maior a necessidade de tomar esses dois ou mais países como um mesmo lar em Cristo, na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.3.2) Acredito que dessa forma as pessoas não enxergarão o outro, o espelho de seu próprio eu, como uma imagem distorcida, a ponto de gerar independentismos ideológicos, tal como estamos vendo na Catalunha (ou no caso do Sul é o meu país).

3.1) É por essa razão que nacionidade não é metanacionalidade.

3.2.1) O problema do conceito de metanacionalidade é que ele parte sempre do pressuposto de que o Estado é sempre o problema, dado que este é tomado como se fosse religião, quando busca seu fim, sua sustentação ideológica, nele mesmo, independente das virtudes de outros povos, da legitimidade popular dos que tomam o país como um lar em Cristo ou mesmo da ajuda de Deus e de seu corpo intermediário maior, a Igreja Católica.

3.2.2) Como o Estado é sempre o problema, buscam acordos de livre comércio de modo a dissolver a soberania dos Estados e criar algo maior, a partir do multiculturalismo forjado a partir disso: a nova ordem mundial. Se as nações são dissolvidas, então o passado é todo apagado - o que é um crime.

3.3.1) É do relativismo moral e cultural - fundado no fato de que todo mundo têm direito à verdade que quiser, ainda que conservando o que é conveniente e dissociado da verdade - que temos esse genocídio cultural sistemático, feito especialmente para destruir a cultura ocidental e cristã, inviabilizando que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo.

3.3.2) E se o país não pode ser tomado dessa forma, então a família será a abolida, dado que não haverá mais referência à Sagrada Família de Nazaré a ser imitada ou ao amor que Cristo teve em relação à sua Igreja, coisa que os dois novos devem imitar na constância do casamento.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2017.

sábado, 11 de novembro de 2017

Notas sobre a igualdade de direitos relativa e o problema do muro de Berlim virtual que nos domina

1.1) Todos são iguais perante a lei. Se for em relação à lei brasileira, os que estão domiciliados aqui são iguais perante a lei - e isso é o que a carta constitucional de 1988 declara.

1.2) Os domiciliados podem ser estrangeiros ou gente nascida aqui. E por força dos termos da constituição, só os nascidos aqui têm direito de votar e de serem votados. E esses nascidos aqui nem sempre levarão em consideração as pessoas que não nasceram aqui e que poderiam contribuir de modo que o país seja tomado como um lar, por força daquilo que foi edificado em Ourique, coisa que esses nascidos ignoram e que tendem a conservar isso conveniente e dissociado da verdade, o que caracterizaria esquerdismo no seu grau mais básico.

2.1) A igualdade de direitos é relativa.

2.2) Há gente nascida aqui e não tem direito de jus sanguinis, tal como os descendente de italianos têm. Ora, se há desigualdade de direitos por força da desigualdade de circunstâncias, então esse negócio de que todos nasceram livres e iguais não passa de uma falácia.

3.1) Como já falei, o nascer biológico não gera necessariamente compromisso de modo a tomar o país como um lar em Cristo.

3.2) Assim como há o problema permanente dos islâmicos, o Brasil tem o problema que D. Pedro I criou ao ter rompido com Portugal, ao mentir que o Brasil foi colônia de Portugal e ter buscado todo um projeto de civilização fundado nessa mentira, renegando sistematicamente tudo o que decorreu de Ourique, do qual somos desdobramento.

3.3.1) Isso que D. Pedro fez gerou apatria sistemática, uma vez que somos vinculados a um Estado tomado como se fosse religião e que quer buscar grandeza servindo a si mesmo, tal como fez a Espanha. E essa pretensa civilização fundada num Império de domínio, renegando o Império de cultura criado por Portugal, já foi para o espaço faz tempo, dado que nada subsiste se não tiver conexão de sentido com Deus, com aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

3.3.2) O Brasil é desdobramento daquilo que houve em Ourique - por isso, nós fomos constituídos para defender e propagar a fé Cristã em terras distantes. Por essa razão, o pai da Imperatriz Leopoldina estava certo ao dizer que o Brasil não precisa de constituição, dado que isso rompe com o nosso mitologema e ainda edifica liberdade com fins vazios.

4.1) Se o país fosse tomado como um lar em Cristo, a política aqui seria bem complexa.

4.2) Além da herança portuguesa, o Brasil teria que dialogar com as heranças da Itália, da Alemanha, do Japão, da Espanha, da Polônia, da Ucrânia, da Síria e do Líbano de modo que todas juntas fossem tomadas como um mesmo lar em Cristo.

4.3) A política não seria mais ditada pelo que acontece em Brasília tão-somente, dado que certas coisas não se encerram lá - para certos brasileiros, as decisões tomadas em Roma, Lisboa, Varsóvia, Tóquio e outros tantos lugares afetam famílias que têm dupla nacionalidade - isso é matéria de ordem pública, dado que afeta famílias, vizinhanças ou mesmo a economia de uma cidade ou região do país - e isso afetará o Brasil como um todo, já que uma parte considerável da pátria tomada como um lar em Cristo foi afetada.

4.4) De certo modo, é no âmbito da família que devemos pensar a política levando dois ou mais países como mesmo lar em Cristo - e isso Brasília não pode suprir, pois essas coisas estão além dos cargos políticos.

4.5) É este detalhe da política, por conta de o Brasil ser um país de imigrantes e de emigrantes, que não é levado em conta. E é esta nuance da política não é narrada no manuais de ciência política e de direito constitucional, uma vez que ninguém teve a preocupação de separar nacionidade de nacionalidade, tal como Borneman fez, no seu livro Belonging in the Two Berlins.

5.1) A apatria fomentada por D. Pedro I fez com que portugueses e brasileiros se enxergassem como imagens distorcidas de um mesmo espelho. E isso se agravou: com a República, cariocas e paulistas se enxergam dessa mesma forma, assim como gaúchos em relação ao resto do país inteiro.

5.2) Isso criou um muro de Berlim virtual de proporções épicas - logo, podemos chamar isto de muro de Brasília - e o pior que esta cidade tem a pretensão de ser uma terceira Roma. Descrever esse muro e como derrubá-lo pediria um bom escritor que fosse capaz de trazer a realidade vivida pela Alemanha para essa realidade em que nos encontramos, que é muito mais complexa do que aquela que a Alemanha viveu. Será preciso um exercício de imaginação monstruoso, exercício esse que não sou capaz de realizar, mas que um exército de bons escritores de literatura é capaz de fazer. O Brasil precisa de uma literatura neste sentido - e sei que não estou à altura dessa tarefa, dado que não sou ficcionista imaginário.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 11 de novembro de 2017.