História Fictícia da Nação Simulada

1.1) Na Nação Sim, desde os tempos em que SimCity foi fundada, os sims - esses seres humanos simulados que Will Wright inventou - são polímatas e verdadeiros paus pra toda obra, pois atuam em todos os ramos do comércio. 

1.2) Por serem versáteis - tais como são os free colonists do jogo Sid Meier's Colonization - essa classe de trabalhadores habilidosos costuma vir às comunidades e nelas se instalar, por meio de livre e espontânea vontade, de modo a contribuir para o progresso de suas comunidades onde se acham instalados e fazê-las prosperar, uma vez que encontram nelas outros sims que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, o que é essencial para se se tomar o novo lugar como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo.

2.1) Afinal, a amizade entre os que povoam a nova terra como um lar nos méritos de Cristo é a base da sociedade política, uma vez que Cristo quis um império para Si de modo que seu Santo Nome fosse publicado em todos os quatro cantos do mundo, incluindo os reinos virtuais.

2.2) Durante o processo de povoamento da Nação Sim, o processo de formação de famílias nos novos territórios neste novo mundo se dava de duas formas: 

A) Ou casando as filhas dos chefes indígenas com os melhores da gente portuguesa de modo que surgisse uma nobreza local para que esta melhor tomasse o lugar em que nasceram como um lar em Cristo em razão do processo de mestiçagem - processo esse formado por conta da missão de se propagar a fé cristã dada em Ourique, tal como fizeram os portugueses;

B) Ou trazendo mulheres da Europa, de modo que elas possam ser casadas por pessoas da gente comum, de modo a fortalecer a raiz européia da região, como fizeram os franceses e os anglo-saxões.

3.1) Durante o processo de povoamento, os territórios foram terras de degredados - indivíduos eram deixados lá para cumprirem pena por conta de seus crimes na sua sociedade de origem, tal como fizeram na Austrália.

3.2) Na nova terra, esses desterrados assumiam uma condição de mendigos. Mas estes mendigos, por serem em geral oriundos da nobreza, vinham com instruções específicas: fazer amizade com os chefes locais de modo a colher informações sobre o potencial das novas terras recém-descobertas. 

4.1)) Como verdade conhecida é verdade obedecida, a porta de entrada para se ingressar numa nova comunidade - no caso a dos índios, a ponto de tomá-la como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo - é através do sexo oposto ao do degradado. No caso, é através da filha dos chefes. 

4.2) Se a filha do chefe se interessar pelo degredado, ele tem como levantar informações sobre esta pessoa nesta rede social que é a maloca dos índios, a ponto de tomar conhecimento de seus interesses, bem como de seus traços de personalidade, a ponto de ir se preparando de modo a ter uma boa conversa com eles e causar-lhes uma boa impressão, uma vez passado o baque de estar isolado numa terra distante, em degredo. Se o degredado tem um um amigo em comum com aquela pessoa, a filha do chefe, então ele convencerá essa pessoa a apresentá-la àquele que pretende conhecer - no caso, o chefe da tribo, pois uma abordagem direta pode ser interpretada erroneamente como stalking.

4.3) Como o degredado é do sexo masculino, ele deve entrar por essa porta do novo céu e da nova terra através da mulher que o ama, a ponto de acolhê-lo tal qual um Cristo necessitado. Ela provavelmente deve ter pais e irmãos e estes certamente serão os homens que naturalmente herdará dessa relação, a ponto de serem seus homens de confiança. Estes são os objetos acessórios que seguem a sorte desse principal, que é a relação que ele terá a dois com ela - e sobre estes o degredado lançará investigações paralelas de modo a se ter uma melhor noção desse todo em que eventualmente estiver metido, investigações essas de caráter econômico, sociológico e político.

5.1) Se o degredado, por exemplo, tem interesse em política, então ele está assumindo perante seus novos pares que a discussão deste assunto lhe é produtiva, a ponto de demandar amizades mais adequadas para o tipo de conversa que ele gosta de ter - e se as pessoas forem espertas o bastante para estudarem o perfil dessa pessoa nessa rede social que é a maloca, então elas estudarão mais este assunto a ponto de terem uma boa conversa o recém-chegado a ponto de conquistarem a amizade dele, nos méritos de Cristo. E para isso elas estudarão não só a política mas também assuntos relacionados à arte de bem servir ao bem comum: elas estudarão história, geografia, cultura, filosofia, literatura, guerra, medicina e muitos outros assuntos de modo a serem postos em discussão de maneira séria e responsável nas reuniões onde se discute onde o bem comum da tribo, uma vez que isso constituirá uma verdadeira comunhão de interesses, já que mercado é encontro, não sujeição. Eis a formação de um Estado-mercado, de uma comunidade revelada.

5.2.1) Se o degredado se reunir com pessoas que têm interesses semelhantes, com o intuito de juntas discutirem de maneira sadia os problemas da maloca para juntas resolverem a situação social e econômica da nossa terra, visando ao bem comum de todos nos méritos de Cristo, então haverá uma comunidade fundada em interesses elevados - e o motor da boa associação é o concurso de pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem por fundamento, que é o motor da verdadeira amizade, que é pautada nos méritos desse que deu sua vida para nos salvar do pecado e da morte eterna, a virtude por excelência, já que Ele não tinha pecado nenhum.

5.2.2) Em razão da cultura que esse degredado possuía, ele ganhava o respeito e a admiração dos índios, a ponto de casar com a filha do chefe local e formar uma nação por mérito próprio - o surgimento das capitanias hereditárias tem seu fundamento neste motivo. 

5.2.3) Por conta de servir a Cristo em terras distantes e por conta do trato que fez com o seu Rei, que era vassalo de Cristo, este degredado era primordial no processo de povoamento e desenvolvimento do território, a ponto de defendê-lo militarmente tanto das tribos hostis quanto das demais potências européias. Neste sentido ele se tornava uma autoridade, capaz de aperfeiçoar a liberdade de muitos, sobretudo dos que vinham ao Novo Mundo em busca de uma nova oportunidade de vida.

6.1) Conforme avançava o desenvolvimento da povoação, igrejas iam sendo construídas de modo a estimular pessoas a imigrarem do Velho Mundo para o Novo Mundo, assim como novas confrarias religiosas surgiram de modo a catequizar os índios ou ensinar ofícios profissionalizantes a todos os que fossem mais pobres e desvalidos nos novos territórios. 

6.2) Nessas confrarias religiosas existia até mesmo uma pastoral prisional dedicada a ensinar ofícios profissionalizantes aos que vinham para o Novo Mundo cumprir sentença. Isso era uma forma de recuperar a pessoa de seus pecados nos méritos de Cristo.

6.3) Num primeiro momento, a única via de se formar família era por meio das mulheres indígenas - como esse bem era escasso, estimulou-se a vinda de mulheres virtuosas da Europa de modo que fossem casadas entre os novos habitantes da região. Quermesses nas paróquias eram organizadas de modo a promover as moças e casamentos acabavam acontecendo a ponto de novas famílias surgirem e aumentar o processo de povoamento da região.

7.1) Na África, as tribos africanas faziam guerras entre si de modo a vender os cativos, essa nova mercadoria humana, no além-mar. O povoamento das Américas e o surgimento de novas mercadorias de luxo oriundas de lá fez com que muitos sultões e chefes africanos estruturassem seus impérios de domínio de modo a apresar seus rivais e mandá-los para a América. 

7.2) Traficantes de escravos trouxeram esta mercadoria em forma humana para a América - alguns eram tratados como se fossem animais a ponto de sofrerem as piores humilhações da escravidão, uma vez que certos senhores feudais do Novo Mundo eram tão arrogantes que tinham poderes de vida e de morte sobre os cativos, a ponto de passarem por cima sobre os ensinamentos de Cristo, ao passo que outros, por sua vez, compravam essas pessoas para libertá-las de seu destino terrível e estas, por sua vez, passaram a ser servas de uma família cristã piedosa, nos méritos de Cristo. Estes servos eram os equivalentes ao indentured servant do civilization classic.

7.3.1) Esses servos de cor, protegidos da nobreza cristã, podiam montar uma poupança e com ela pagavam o que deviam a essas famílias, porque tinham uma dívida de gratidão com elas.

7.3.2) Como eram pessoas de boa vontade, esses servos logo recebiam instrução especializada nas escolas mantidas pelas confrarias vicentinas de modo a se tornarem operários especialistas nas manufaturas da povoação e assim contribuírem para o processo de integração e desenvolvimento das cidades da povoação e assim se tornarem, juntas, uma sociedade organizada, integrada e bem desenvolvida nos méritos de Cristo. 

7.3.3) Quando a povoação era elevada à qualidade de província, de vice-reino, ou mesmo de Reino, nos méritos de Cristo, os habitantes da Nação Sim acabam contribuindo com o propósito fundado em Ourique, que é servir a Cristo em terras distantes, fazendo o senso de se tomar o Novo Mundo como um lar em Cristo seja distribuído de modo integral a todos os povos do continente. Esta é a razão de ser, portanto, de um partido brasileiro na Nação Sim, pois se santificavam através do estudo e do trabalho, a ponto de servirem a Cristo em terras distantes através de seu exemplo e nas obras de excelência que exportam para o exterior.

7.3.4) Foi dessa forma que surgiram os negros alforriados, os negros que foram salvos de um destino cruel através da ação dessas famílias piedosas. Eles passaram a ser cruciais no surgimento de uma classe intelectual formidável que tornou a Nação Sim, então um Império, famoso - para se ter uma idéia, nenhum país no mundo tinha uma classe de intelectuais negros tão notória quanto a do império do Brasil. Nosso maior escritor, Machado de Assis, é oriundo dessa classe de pessoas que se formou nesse período.

8.1) Ainda que alguém fosse mendigo e não tivesse condições de pagar a passagem para poder imigrar para o Novo Mundo e tirar proveito dessa terra de oportunidades, existiam comunidades muito piedosas, como os vicentinos, que se inspiram no exemplo de São vicente de Paulo. 

8.2.1) Esse homem foi um gênio, pois deu um passo além, a ponto de transformar a caridade em assistência social, a ponto de isso se tornar objeto da ciência política, uma vez que ensinava os mais pobres a sobreviver aplicando princípios do distributivismo (o mais católico de todos modelos econômicos), antes mesmo de ele existir.

8.2.2) Pelo que os historiadores mostram, ele foi economicamente crucial numa França já destruída pelas guerras. Suas confrarias foram pioneiras não apenas como instituições de assistência básica, mas de profissionalização. 

8.2.3) Inspirado na vida econômica medieval, ele, juntamente com Louise de Marillac, fundou o primeiro centro de instrução profissionalizante - dedicado apenas a velhos pobres reduzidos à mendicância e acometidos por debilidades físicas. Se falarmos por um viés economicista pura e simplesmente, um multidão de pessoas que antes eram invisíveis, porque eram improdutivas e desvalidas, passaram a ser notadas numa França que começava a se reerguer economicamente. Mendigos viravam tecelões, sapateiros, costureiros, rendeiros. 

8.2.4) No início, operários eram chamados para ensinar seus ofícios e as atividades se desdobravam em velocidade exponencial, a ponto de dividir o tempo entre catequeses e missas. Até onde fosse possível ajudar materialmente, a Confraria ajudava até eles caminharem com as próprias pernas. Como esses trabalhadores saíram da condição de ubogis para a condição de boagatys nos méritos de Cristo, isso criava uma cultura de gratidão e lealdade neles a ponto de passassem a ensinar a outros pessoas em condições piores nos méritos de Cristo (e esse compromisso era fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus, pois a verdade é o fundamento da liberdade).

9.1) Neste sentido, por derivação, a guilda é uma associação de famílias que se unem em razão de interesses em comum que são próprios da santificação através de um trabalho feito a partir de um caminho profissional legítimo, reconhecido aos olhos de Deus e do povo como honesto e digno de se obter o pão de cada dia.

9.2) Como nas guildas a cultura do debate faz da necessidade liberdade para se servir ao bem comum, nos méritos de Cristo, ainda que em terras distantes, é muito comum que estas associações formem clubes - redes de inteligência próprias de quem se reúne de modo a discutir assuntos relevantes, visando ao bem comum dos associados - como a literatura, as artes e as ciências. E a associação dos mais inteligentes, dos mais versados sobre um determinado assunto, de modo a discutirem de maneira permanente essas coisas se chama Estado-maior, a ponto de transformarem a discussão dos problemas do país em um ambiente de oportunidades de negócios para todos os associados, já que a natureza da guilda é subsidiar os associados de maneira discreta e sigilosa, uma vez que seu trabalho é feito tão-somente aos membros, de modo a ajudá-los em tempos de crise tal como ocorre numa família.

9.3) Esse compartilhamento do que é relevante constitui a pequena via do jornalismo. A grande via do jornalismo é quando você se torna uma autoridade capaz de aperfeiçoar a liberdade de muitos a ponto de anunciar a verdade, que é o fundamento dessa liberdade, na forma de notícias que te contam. 

9.4) Para proteger a fonte, o jornalista resguardar o sigilo da fonte. Eis a principal diferença de um comunicador social de um fofoqueiro - o comunicador social respeita a honra, a intimidade e a privacidade alheias, além de proteger suas fontes da perseguição de todos aqueles que só sabem conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. É por conta de haver nobres comunicadores sociais que se repudia a fofoca, que é isso servido com fins vazios, com intuito de se praticar assassinato de reputação.

9.5.1) Quando alguém se torna jornalista, a partir da guilda de escritores, este desenvolve sua capacidade profissional a ponto de descobrir outras pessoas, uma vez que pode entrevistar outras pessoas de modo a conhecer os traços de personalidade de cada uma delas. 

9.5.2) Como os traços de personalidade tendem a ser especializações do caráter fundadas no fato de que a pessoa com quem se lida é ela mesma em suas circunstâncias, nos méritos de Cristo, então este tipo de profissional pode encontrar a pessoa certa, seja na qualidade amigo ou de empregado. 

9.5.3) Como empregado de setor de RH, o jornalista, por conta de saber entrevistar pessoas, ele é o tipo de profissional ideal para um nobre empreendedor poder recrutar, de modo a preencher este setor de maneira produtiva. Ele entrevistará outras pessoas que se candidatam a trabalhadores da empresa desse nobre empreendedor a ponto poder recrutar os melhores, tanto em termos de traços de personalidade adequados às necessidades da empresa, como também em pretensão salarial.

9.5.4) Por essa razão, é fundamental ter sempre um jornalista morando sempre com você de modo que você exerça uma melhor influência sobre outras pessoas, pois conhecer a personalidade das mesmas é conhecer seus interesses e trazer para o influenciado amigos adequados ao seu desenvolvimento pessoal e profissional, a ponto de prestar-lhe um melhor serviço de assessoramento pessoal, já que a autoridade de um profissional de rede social tende a aperfeiçoar a liberdade de muitos nos méritos de Cristo.

10.1) Ao contrário do que Adam Smith diz, não se trata de conspiração contra o público - na verdade, aquilo que é uma lembrança de que a verdadeira fé foi perseguida - uma lembrança do tempo das catacumbas - trata-se de um mecanismo de defesa de tal modo que o mandonismo local não prejudique a verdade, o verdadeiro fundamento da liberdade.

10.2) Eis a prova cabal da importância das guildas para o protecionismo econômico, enquanto cultura. Quando os políticos conservam o que há de conveniente e dissociado da verdade, as catacumbas costumam ser o local onde a liberdade de mercado costuma ser praticada - ela é o ponto de partida para a organização da resistência. De um protecionismo educador, a verdade como fundamento da liberdade vem à tona e ela precisa do amparo de uma família.

10.3) Somente interesses elevados nos méritos do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem fomentam projetos que fazem da amizade a base da sociedade política, já que a verdade será o fundamento da liberdade desse povo, uma vez que Cristo é o caminho, a verdade e a vida.

10.4) Se os meus interesses não forem elevados e nobres, nem vale a pena o esforço de me associar a outras pessoas para juntas buscarmos o bem comum da nossa localidade nos méritos de Cristo, uma vez que não estou presente diante do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem para dizer sim a Ele diante desta nobre tarefa. 

11.1) Por essa razão, São Vicente é admirável, em razão de seu legado espiritual e material. Ele deveria ser contado como um Founding Father do Civilization Classic e do The Sims.

11.2) Foi por conta de seu legado que eu comecei a desenvolver a arte de conhecer alguém jogando The Sims 2, The Sims 3 e The Sims 4 - das observações que vinha fazendo do jogo fui adaptando para a realidade que vivo, que é muito mais complexa. Graças a isso, eu hoje consigo conquistar as pessoas que desejo conquistar - no caso, as pessoas das quais gosto de verdade. 

11.3) A parte mais difícil é a preparação espiritual para a conquista  - e isso pede uma luta árdua contra o pecado, pois o diabo me impele a pecar contra a castidade, ainda mais se o nosso interlocutor for uma mulher jovem, bonita e virtuosa. Confissão e comunhão freqüentes, além de amizades adequadas, são o melhor remédio contra esse mal objetivo.

11.4.1) Como diz o meu colega Silas Feitosa, conhecer uma pessoa é o exercício de uma verdadeira filosofia - o que implica que eu recolha um monte de informações sobre ela, incluindo seus costumes, suas relações de família, seus gostos de leitura, seus hábitos familiares - enfim, as chaves pessoais que conectam suas coisas na terra ao céu, seus interesses, aqueles determinados aspectos da realidade que chamam muito a atenção dessa pessoa em particular, sobre os quais esta dedicará muito do seu tempo e energia de modo a conhecer melhor essas realidades a ponto de ficar íntimo delas.

11.4.2) Devido ao tempo a que esta pessoa se dedica a um determinado assunto em particular, naturalmente a pessoa que é eventualmente objeto do meu interesse tenderá a falar mais sobre este assunto comigo - e eu devo dar toda atenção a ela, já que o conhecimento obtido por ela, a sua experiência na área, foi fruto de muito esforço pessoal, de muita labuta nesse setor. Como tempo é um bem escasso, sobra-lhe pouco tempo para o estudo dos demais assuntos, seja por conta de julgar esses temas pouco atraentes para ela, seja por conta de não ter disponibilidade para o estudo dessas áreas. Podemos até mesmo considerar falta de circunstâncias favoráveis para poder se dedicar bem ao estudo das demais questões interessantes.

12.1) O tempo dedicado à observação e ao estudo de alguns aspectos da realidade que interessam a uma pessoa em particular formarão o seu caráter, a ponto de esse conhecimento ser parte da sua essência, da sua razão de ser enquanto ser. 

12.2) Se esse conhecimento e o ser dessa pessoa formarem uma unidade inseparável, você consegue descobrir um traço da personalidade dessa pessoa a partir do que ela mais ama, pois esse traço será uma constante na vida dela até o fim de sua vida, já que este é um traço muito marcante de sua alma, pois isso define esta pessoa em relação às demais - o que permite que saibamos qual é o seu destino e se este se realizará ou não.

12.3) É investigando seus interesses que eu descubro se uma determinada pessoa possui determinadas habilidades técnicas ou não, entre outros fatores importantes - o que me levará a ir a servir a Cristo em terras muito distantes a ponto de tomar essas terras todas como um mesmo lar em Cristo quanto a terra de origem.

12.4) Quando vou conversar com alguém, eu antes estudo seu perfil, observo as conversas que esta pessoa tem com seus contatos - se há alguma coisa onde sinto que posso contribuir com essa pessoa de modo que ela seja ainda melhor do que já é, então tomo a iniciativa da conversa. 

12.5) Se eu não estudar as tendências da pessoa de modo a saber o que ela gosta, o que ela não gosta, assim como a experiência de pessoas que conheceram esta pessoa antes de mim, eu não poderei ter uma relação com esta pessoa, muito menos uma idéia sobre ela.

12.6.1) Eis o segredo fundamental da arte de se conhecer alguém, sobretudo na rede social, onde as informações sobre a pessoa estão mais expostas de modo a se conhecê-la melhor. Caso eu não faça este estudo cuidadoso, a conversa será improdutiva - dela não se produzirá nada de bom, pois do encontro entre vazios só haverá conflito e sujeição de A aos interesses de B ou vice-versa. 

12.6.2) A maior prova da importância deste assunto sobre o qual eu falo é que existem algoritmos na rede social que apuram nossas tendências e nossos gostos de maneira muito eficiente. A máquina está fazendo um trabalho que nós deveríamos fazer no campo da cultura - por preguiça ou mediocridade, nós delegamos às grandes companhias fazerem as coisas de modo a terem poder sobre nós de modo a nos dominarem.

13.1) É por conta de eu haver provado do gosto do fruto de diferentes árvores, alguns dos quais envenenados, que posso separar quem é bom de quem não presta - o que me leva escrever as coisas em um diário a ponto de prestar contas a Deus das coisas que eu descubro.

13.2) Por isso, escrever em um diário, ou praticar jornalismo pessoal, é descrever de maneira cronológica toda uma cadeia de fatos que se coordenam entre si de modo a nos contar a história de uma vida, a ponto de criar uma ponte entre o tempo cronológico ao tempo kairológico. 

14.1) Se os acontecimentos são verdadeiros processos que afetam o nosso jeito de ser em relação às nossas circunstâncias, então devemos descrever os fatos ao longo desses três tempos: o antes, o durante e o depois. 

14.2) Esse processo pode durar dias, meses ou até anos, dependendo da complexidade do evento, pois o processo de coordenar o antes, o durante e o depois leva ao desenvolvimento de toda uma unidade de três pessoas situadas em três tempos diferentes - e o meu eu é a unidade dessas três pessoas, pois um dia eu fui isso, hoje eu sou isto e amanhã serei aquilo e eles devem estar coordenados de modo que nossa vida seja ordenada e santificada, a ponto de ter um sentido para quem nos vê como exemplo a ser seguido, já que nossa vida é um legado que não pode ser esquecido por que nos ama - e isso é parte da ciência da cruz, pois, enquanto escrevemos, é como se confessássemos perante Deus tudo o que nós fizemos de modo que Ele nos conte quem nós somos. Por isso, escrever em um diário é a primeira via da vida intelectual, o que não é muito diferente da vida de oração, posto que ela se funda na vida contemplativa. 

14.3) Graças ao conselho do professor Rodrigo Gurgel de escrever em diário, eu passei a escrever cada vez mais e melhor, a tal ponto que isso se tornou parte do meu jeito de ser, da minha cultura pessoal.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 03 de abril de 2023 (data da postagem original).