O Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, nomeou, nesta quarta-feira (12), um conselho composto por cinco integrantes para auxiliar o Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), padre Anderson Pedroso, a avançar na “prática sinodal em sua gestão” da universidade, considerada uma das melhores do Brasil.
A iniciativa decorre de mudanças pelas quais a PUC-RJ tem passado e que
têm gerado sinais de instabilidade na unidade de ensino superior,
segundo justificou Dom Orani em documento oficial da arquidiocese.
Com duração inicial de um ano, o conselho conta com as presenças do presidente e quatro diretores das Faculdades Católicas – mantenedora da universidade: padre Luís Correa Lima; Dom Antônio Luiz Catelan Ferreira, Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro; padre Ricardo Torri de Araújo; padre Waldecir Gonzaga e Carlos Alberto Serpa de Oliveira, membro da Comissão de Patrimônio e do Conselho Econômico da Arquidiocese do Rio, e dono da Cesgranrio.
No documento, o Cardeal do Rio afirmou que a criação do conselho teve o apoio do padre Mieczyslaw Smyda, Provincial dos Jesuítas no Brasil, que atendeu à sua solicitação de criar uma comissão para “realizar uma oitiva na universidade”.
O provincial é o chefe da congregação. Ainda no documento, Dom Orani
solicitou aos conselheiros que atuem junto a Anderson Pedroso, durante
as reuniões mensais, que devem ser registradas em ata e enviadas ao
Cardeal e ao Provincial dos Jesuítas.
A atuação do grupo, segundo Dom Orani, visa contribuir “no
discernimento das decisões a serem tomadas por quem de competência,
dentro da governança própria da Universidade e de seu modus operandi, de
acordo com o Estatuto vigente, nos âmbitos pedagógico,
administrativo-financeiro e de gestão”, destacou o religioso, acrescentando que os conselheiros devem ainda auxiliar o Reitor da PUC-RJ a avançar “na prática sinodal em sua gestão, garantindo ampla escuta e envolvimento da comunidade acadêmica”. Por fim, o Cardeal disse confiar na sabedoria do Reitor em acolher as contribuições dos novos conselheiros.
Procurado pelo Metrópoles para repercutir o documento, o padre Anderson Pedroso teria afirmando que a criação do conselho seria “absolutamente normal em qualquer universidade, um sinal de apoio do arcebispo”.
No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, a convite do Reitor, ministrou a Aula Magna, com tema “Revolução Tecnológica, Recessão Democrática e Mudança Climática: o mundo em que estamos vivendo”.
O auditório, montado no Pilotis da universidade, estava lotado e
contava com as presenças de duas reconhecidas cientistas: a pesquisadora
da Fiocruz, Margareth Dalcolmo; e Eliete Bouskela, primeira mulher eleita presidente da Academia Nacional de Medicina.
Em
sua apresentação, o ministro discorreu sobre alguns temas que considera
importantes na atualidade, entre eles as conquistas femininas. Barroso
ressaltou, no entanto, que há ainda direitos a serem conquistados, como o
“direito à liberdade sexual e reprodutiva das mulheres”,
defendendo o direito ao aborto em plena universidade católica, na
presença do Reitor – que assistiu impávido – e de um representante do
Arcebispo.
“E logo, ali, na frente. Assim que possível, nós
precisamos lutar e conquistar o direito à liberdade sexual e reprodutiva
das mulheres, que é um direito muito importante e que tem atrasado no
Brasil”, disse Luís Roberto Barroso, acrescentando: “É preciso
explicar para a sociedade. Eu peço a ajuda de todos. É preciso explicar
para a sociedade que o aborto não é uma coisa boa. O aborto deve ser
evitado. E, portanto, o Estado deve dar educação sexual, contraceptivos e
amparar a mulher que queira ter filho. E explicar às pessoas, que ser
contra o aborto; não querer que ele aconteça; tentar evitá-lo; não
significa que se queira prender a mulher que passe por esse infortúnio,
porque é isso o que a criminalização faz e impede que as mulheres pobres
usem o sistema público de saúde – portanto, se mutilem e passem por
imensas dificuldades. Essa é uma campanha de conscientização que nós
precisamos difundir pelo Brasil, para que possamos votar isso no
Supremo, porque a sociedade não entende do que se trata. Não se trata de
defender o aborto. Trata-se de enfrentar esse problema de uma forma
mais inteligente do que a criminalização, porque prender a mulher não
serve para nada”, finalizou o ministro, dando início à Aula Magna.
Com informações: Metrópoles e Poder 360
Patrícia Lima
Fonte: https://diariodorio.com/dom-orani-tempesta-intervem-na-puc-rj-nomeando-conselho-para-auxiliar-o-reitor/?fbclid=IwAR2pTYliokWyxVtKm7r0QB7ppcHTOamXoMwi4PswbpSMb_MT5mQ3pYrHXZw