Pesquisar este blog

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O espírito conservantista e zombeteiro dos apátridas nascidos nesta terra não merece perdão

1) Sidney Silveira falou que todo aquele se leva a sério demais não perdoa nada, nem ninguém.

2) No Brasil de 1822, há que se levar em conta esta realidade: num país onde nada que é mais sagrado é levado a sério, eu prefiro levar meu projeto de imitação de Cristo a sério, pois amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento exige compromisso com a excelência. E quem conserva o que é conveniente e dissociado da verdade não merece ser perdoado até que se tome conhecimento de que ele realmente se emendou.

3) Onde Cristo não é levado a sério, as pedras falam. E meu coração será de pedra de tal modo a falar a verdade para esses que zombam das coisas de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2020.

Carnaval 2020 - como estou sobrevivendo a ele

1) A respeito do carnaval, estou vivendo os dias como se isso nem existisse.

2) Não adianta fazer muita coisa fora de casa, exceto resolver apenas o que é necessário. Se ficar doente, vou ao médico; se for domingo e fizer um bom tempo, eu vou à missa.

3) Há quem diga que isso não é vida, mas é o que pode ser feito nestes tempos difíceis. E em tempos difíceis, a liberdade interior é o único bem que sobra - por isso que escrevo e dedico minhas energias à atividade intelectual, pois não há outra coisa a fazer.

4) Se o brasileiro desse valor à liberdade interior, ao único bem que sobra quando tudo sucumbe, certamente não estaríamos nessa desgraça em que estamos. O desprezo ao conhecimento é um verdadeiro câncer e ele deveria ser extirpado destas terras o quanto antes.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2020.

Do passado como prólogo para alguma coisa - comentários sobre isto

1.1) Sei que não se deve julgar um livro pela capa, mas os títulos, por si só geram, são capazes de gerar muitas reflexões. Um exemplo disso é o livro O passado como prólogo.

1.2) Existem vários fatos históricos paralelos - uns constituem ruptura com alguma coisa, ao passo que outros constituem continuidade à alguma coisa. Em algum ponto, a tradição de continuidade e a tradição de ruptura vão se chocar como se fossem placas tectônicas, causando um conflito inconciliável de interesses qualificado pela pretensão de resistir a tudo o que decorre do verbo que se fez carne - eis o fato gerador de uma guerra civil, marcada pela mentalidade revolucionária.

2.1) Tanto o que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus - o fato gerador da continuidade, da estabilidade, pautada na verdade, no verbo que se fez carne - quanto a tradição de ruptura com essa mesma verdade têm uma origem, um prólogo, pautada num fato que se deu no passado.

2.2) A maior prova disso é que, antes da Nova Aliança estabelecida por Deus através de Jesus Cristo, tivemos toda a tradição do Antigo Testamento, que já era milenar até o nascimento de Jesus - e o que Ele fez foi dar pleno cumprimento à antiga lei. Da mesma mesma forma, o marxismo enquanto movimento revolucionário tem sua origem nos movimentos gnósticos e materialistas, os quais constituem a pré-história da mentalidade revolucionária, cujo marco zero se dá na Revolução Francesa, em 1789, marcando o início da Idade Contemporânea.

3) Quando se tem duas tradições conflitantes, uma delas vai entrar em epílogo - e o Armageddon é onde ocorrerá a batalha final entre os exércitos leais a Cristo e os exércitos revolucionários. Como a verdade é fundamento da liberdade, então Cristo sempre vencerá até o fim dos tempos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2020.

Postagens relacionadas:

https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2020/02/da-esmola-como-prologo-de-uma-historia.html

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Notas sobre a diferença entre autobiografia e ego-história

1.1) Uma autobiografia pressupõe que você tenha consciência de todo o curso de sua vida, do nascer ao pôr-do-sol. Isso pressupõe manter um diário e reservar sempre um tempo para escrever suas experiências mais importantes.

1.2) Isso pede disciplina e um chamado da alma para fazê-lo - o que transformará você em escritor. Sua vida neste ponto será um port of call (um pequeno Portugal) para a santificação de muitos - por isso, você deve escrever de tal maneira a servir a Cristo em terras distantes, ainda que você esteja no conforto do seu lar.

2) Para escrever bem, é preciso que a alma esteja bem alimentada com eucaristia - e isso pressupõe ir à missa todos os dias e fazer confissão toda semana, a ponto de prestar contas a Deus de tudo o que foi feito, uma vez que seu dom de escrever pertence a Deus e ele precisa ser empregado de modo a edificar consciência reta, fé reta e vida reta em muitos.

3) Uma autobiografia pressupõe que você honre pai, mãe e todos os que viveram antes de você. Você é o representante vivo de todos os antepassados mortos - por isso, você precisa buscar incessantemente a santidade de modo que todos os outros tenham seus pecados amenizados no purgatório, já que você deve rezar pelos mortos. Trata-se de um caminho de honras a ser percorrido, fundado no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

4.1) Quando você não está pronto para escrever uma autobiografia, você pode escrever ego-histórias.

4.2.1) Uma ego-história é uma história que revela uma faceta da sua personalidade - ela geralmente indica um caminho de vida que você trilhou, uma profissão de fé.

4.2.2) Um homem sábio aprende a partir do erro dos outros - por essa razão, uma ego-história pode servir de ponto de partida de modo que outras pessoas aprendam o exemplo de outras pessoas tendo por mediação sua pessoa, que mostra o erro dos outros de modo a corrigi-los - por isso, você precisa morrer para si de modo que Deus fale através desta obra.

4.2.3) É neste ponto, portanto, que a terra toca o mar, a ponto de as caravanas serem navios no deserto, de tal modo a servir a Cristo em terras distantes, tal como foi estabelecido em Ourique. E neste ponto, a Arábia troca este demiurgo chamado Allah e passa a ter uma razão de ser como civilização em Cristo, a ponto de fazer dos desertos mares destinados a converter todos à vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. E minha pessoa, neste sentido, age como caravançarai, pois uso o exemplo dos outros como se fosse meu exemplo, o que me previne do pecado, pois o verdadeiro sábio aprende do erro dos outros.

4.2.4) Quando você já acumula bastantes ego-histórias, só aí você pode escrever uma autobiografia. Este projeto literário pede que você tenha muito domínio da língua e muita experiência de vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. Não pode ser feito por qualquer pessoa - ele só pode ser feito por pessoas de extrema amizade com Deus, realmente santas. Eis aí porque o legado de Santo Agostinho.

José Octavio Dettmann

Reabsorção de circunstâncias: notas sobre a relação entre o processo de escrever ego-histórias e o senso de tomar um país como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo

1) Certo está Ortega y Gasset, quando diz que um homem só pode ser definido pelo que ele é em suas circunstâncias.

2) O que é o homem senão a criatura que foi criada à imagem e semelhança de Deus, a ponto de ser a primazia da Criação? O que são as circunstâncias senão o meio social onde ele vive, como seu país, sua cidade, sua família, seus amigos e sua Igreja?

3) É certo que o mundo não está prontinho, moldado para que ele tome o país onde se vive como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo. Mas, se ele não se revestir de Cristo - de verdadeiro Deus e de verdadeiro Homem -, então como ele vai absorver estas circunstâncias de tal maneira a produzir ego-histórias tão necessárias para estimular os outros a tomarem o país como um lar em Cristo, a ponto de se imaginarem na mesma situação onde este se encontra, a ponto de sentirem o mesmo dilema que ele?

4.1) Uma vez que essa pequena autobiografia epistemológica é produzida para melhor explicar um pensamento filosófico em Deus fundado - que são as ego-histórias - o maior desafio do leitor que deseja imitar Ortega y Gasset é reabsorver suas circunstâncias pessoais tendo por modelo um caminho epistemológico previamente produzido, fundado numa experiência de vida que foi vivida antes da sua, mas que se mantém compatível com a realidade atual.

4.2) Isso certamente te forçará a uma releitura, a ponto de você perceber as nuances que haviam na época de Ortega y Gasset e o que há nos tempos atuais, o que certamente forçará a uma atualização constante dessa tradição de percorrer esses mesmos caminhos, observando o que havia antes, o que há hoje e o que haverá depois, na geração seguinte e em cada geografia onde se realizou este esforço filosófico.

5.1) Trata-se de uma espécie de trail blazing filosófico - escrevendo ego-histórias, você está sendo pioneiro em coisas que talvez jamais haviam sido exploradas antes, uma vez que dentro das suas circunstâncias de vida você é soberano, já que esta experiência de vida dificilmente será repetida. E a verdadeira ciência está em obter experiências que dificilmente se repetem porque cada vida humana é única, já que cada ser foi criado por Deus com muito amor.

5.2.1) É mais ou menos como se fazia viagem nos tempos antigos - enquanto não chegamos ao nosso destino, o saber, nós podemos observar o que iremos encontrar ao longo do caminho. O que se encontra ao longo do caminho não só pode como deve ser registrado, se ele nos causar uma impressão que nos leve a ainda mais conhecimento, a ponto de ganharmos ainda mais a amizade com Deus. E isso é realmente importante. 
 
5.2.2) Este mar só pode ser navegado para quem vive a vida sob a misericórdia de Deus - não pode ser feito por quem age como a Espanha: cheio de si e sem mandato do Céu, pois os mares só são livres com o intuito de servir a Cristo em terras distantes, tal como foi estabelecido em Ourique. Por isso, eles estão fechados para quem age com fins egoísticos, já que a pessoa conservará o que conveniente e dissociado da verdade.

5.2.3) Este mar não se navega com intuito de se buscar a si próprio - isso é sinal de vanglória. Você precisa saber quem você é - e para saber quem você é, você precisa estar diante de Deus contando tudo o que você descobriu, além da forma como você descobriu o que estava antes encoberto. Quanto mais você descobre, quanto mais você medita sobre como se descobre, mais Deus te conta sobre você, como pescador de homens e de idéias. E isso se dá através de constante confissão, seja no diário, seja no confessionário. Não há outro caminho.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2020.

Por que é tão importante ser uno e múltiplo no processo de se contar ego-histórias?

1) Como escritor, tenho muitas histórias para contar. Não só aquilo que produzo no campo das ciências sociais, mas também a maneira como eu adquiro idéias que me serviram de base para produzir o que produzo, a ponto de produzir uma literatura de base epistemológica, que induzirá toda uma imaginação necessária para se compreender melhor o meu esforço pessoal, em Deus fundado.

2.1) O lado escritor é uma das minhas facetas da minha personalidade - é a mais importante, mas não é a única. Eu também sou jogador de videogame e digitalizador de livros.

2.2.1) Como jogador de videogame, eu gosto muito de jogar jogos que me fazem pensar. Recentemente aprendi a fazer modificações para o Civilization V. Muitas anotações que fiz por conta de baixar e testar modificações feitas por outros jogadores me serviram de base para escrever os meus artigos. Com o tempo, aprendi a fazer minhas próprias modificações, a ponto de poder de contar histórias neste sentido.

2.2.2) Por essa razão, esse meu lado jogador me servirá de fonte para contar muitas histórias epistemológicas, pois é por meio delas que posso especular sobre certos fatos do passado conhecido, na falta do devido acesso às fontes oficiais.

2.3.1) O lado digitalizador de livros não só converte livro físico em livro digital - ele permite que eu leve minha biblioteca para o consultório médico, que é o outro momento que não a missa em que não estou no computador trabalhando. Ao invés de ficar lendo revistas de fofoca, fico lendo o que produzi - e com isso sobrevivo a esses ambientes. Foi através desse meu lado digitalizador que adquiri confiança suficiente para poder fazer modificações para o Civilization 5. Eu gosto muito de fazer as coisas por mim mesmo.

2.3.2) Além disso, expirados os direitos autorais, eu posso vender as cópias dos ebooks. E com isso nasce meu lado negociador e diplomata. Isso me prepara para os aspectos mais políticos da vida em sociedade.

3) Juntando essas três facetas da minha personalidade e a experiência acumulada que adquiri em cada caminho que trilhei, eu posso contar múltiplas histórias combinando esta ou aquela faceta, ou mesmo todas as facetas possíveis.

4.1) Imagine um homem renascentista, um polímata, capaz de fazer várias coisas por si mesmo. Imagine quantas ego-histórias ele poderá contar! Contanto que ele morra para si de modo que Deus possa contar muitas coisas interessantes acerca desses múltiplos caminhos que ele trilhou, o polímata é o mais sublime dos santos, pois se santificou através de múltiplos trabalhos, cujos caminhos se convergiram de modo a levá-lo à Roma, à conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.2) Ele é a própria representação da personalidade íntegra: ele foi uno em Deus e múltiplo em sua forma de ganhar o pão de cada dia. E isso é a conformidade com o Todo que vem de Deus: a busca pela excelência no uno e no múltiplo, sem conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, por ser fruto da insensatez, que é pecado fundado na vaidade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2020.

Da importância de escrever histórias epistemológicas ou notas sobre como desenvolver uma autobiografia menor a partir de suas ego-histórias

1) Um pouco antes de Kobe Bryant falecer, ele costumava dizer que queria contar histórias, quando terminasse a carreira dele de jogador de basquete.

2) Mais importante do que escrever uma idéia, é preciso contar uma história sobre como você teve essa idéia. E essa história pode ser interessante, a ponto de casar a epistemologia com a literatura e daí produzir um símbolo essencial de modo que isso que eu falo não seja esquecido.

3) Talvez este seja o melhor conselho que já recebi de alguém nos últimos anos: escrever histórias epistemológicas, toda uma literatura que complementa tudo o que falo no campo das ciências sociais.

4) Meus ex-colegas de faculdade diziam que eu sabia muito bem casar ciência com literatura. Sem saber, agi como Nossa Senhora agiu: guardei tudo no coração e deixei que Deus me revelasse um caminho, que foi este exposto por Kobe Bryant.

5.1) A série sobre mendicância talvez seja a primeira dessas histórias epistemológicas. E essas histórias epistemológicas revelam um pouco do que foi minha vida, um pouco do que foi minha relação com Deus e muitas outras coisas.

5.2.1) Não se trata de uma biografia completa, narrada do nascer ao pôr-do-sol da minha vida, uma vez que não tenho experiência de vida suficiente para fazer algo semelhante ao que fez Santo Agostinho, a ponto de tornar sua vida modelo de santidade - o que faz de sua autobiografia um dos projetos filosóficos mais bem-sucedidos da História da Cristandade. Tratam-se de fragmentos onde revelo a minha melhor parte ao mundo: a que está diante do pai - e é isso o que realmente conta. E minha melhor parte está no meu trabalho de escritor. Ninguém precisa conhecer a parte ruim da minha personalidade - só Deus pode conhecê-la, uma vez que tem o condão de endireitá-la - e esses reparos, que são dão no confessionário, ficam sob sigilo, o que é perfeitamente justo e necessário.

5.2.2) Estas ego-histórias, estas histórias epistemológicas, se dão a partir do momento em que me esvazio de mim mesmo de modo que Deus governe o meu trabalho de escritor de modo a escrever idéias de boa qualidade para os meus leitores.

5.2.3) Neste sentido, portanto, trata-se de uma autobiografia em escala menor, mas focando estritamente a minha melhor parte: aquela que eu quero que todos saibam. Quando escrevo, eu deixo que Deus aja em mim - por isso, eu me esforço para me esvaziar de mim mesmo e não terminar meus dias imitando o mau exemplo de Joice Hassellmann, que um dia descerá à mansão dos mortos, à danação eterna, por conta de seu ego inflado, uma vez que isso leva à morte eterna. No meu esforço pessoal, estou ajudando a construir um país, ao passo que ela está destruindo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2020.